Definição

O contexto cultural e estético do cabelo e a sua relação com os indivíduos. Os diferentes tipos de cabelos.

PROPÓSITO

Entender a importância do cabelo para o indivíduo em diferentes culturas, relacionando os diversos tipos de cabelo presentes no Brasil.

OBJETIVOS

Módulo 1

Identificar a importância cultural e estética do cabelo na História

Módulo 2

Relacionar cabelos com a identidade e as questões psicológicas e étnicas

Módulo 3

Identificar biologicamente os diferentes tipos de cabelo

Introdução

Poderíamos dizer que, desde que habitávamos as cavernas, já nos preocupávamos com esse componente de nosso corpo. Biologicamente, o cabelo serve para proteger a cabeça dos raios solares e de traumatismos; porém, essa mesma proteção virou alvo da criatividade do homem. Vide os diferentes formatos das cabeleiras humanas, que eram também usadas como adornos sexuais importantes.

Atualmente, dizemos que não existe um único padrão que domine os nossos cabelos, mas o mesmo não se pode dizer de épocas passadas, quando os cortes e penteados eram reproduzidos de acordo com a forma determinada e a característica de cada cultura.

MÓDULO 1


Identificar a importância cultural e estética do cabelo na História

“Não passa um dia sem que pense no cabelo. Se deve cortar muito, pouco, cortar logo, deixar crescer, não cortar mais, raspar, rapar a cabeça para sempre. Não existe uma solução definitiva. Está condenado a lidar, volta e meia, com o assunto. Assim, escravo do cabelo, quem sabe, até bater as botas. Mas aí também. Pois não tinha lido que […] o cabelo […] continua crescendo? Ou seriam as unhas?”

(Trecho do livro História do cabelo, de Alan Pauls).

Este trecho mostra que o cabelo ocupa a mente do personagem, assim como sempre ocupou a mente das pessoas ao longo da História. Neste tema, veremos como as pessoas lidavam com os cabelos no Ocidente através dos tempos históricos, ou seja, da Pré-História, passando pela Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna, até chegar à Idade Contemporânea, a partir de 1789.

Os cabelos podem ter significados religiosos; ser símbolo de identidade de grupo; ser usados em sacrifícios; ter importância maior ou menor para homens e mulheres; ser compridos; curtos; lisos; ondulados ou encaracolados. Além disso, hoje, podem ser como quisermos. Porém, nem sempre foi assim.

Nosso foco será a história do cabelo no Ocidente, embora saibamos que, nas variadas culturas, esse olhar se transforme e que, de acordo com o visagismo, o importante é buscar o que nos fará mais belos enquanto indivíduos.

Vamos entender o que é visagismo?

O termo visagismo tem origem na palavra francesa visage, que significa rosto, e foi criado pelo maquiador e cabelereiro francês Fernand Aubry, em 1936, com o intuito de integrar a arte de fazer uma imagem pessoal através da valorização do rosto. Com o slogan “Não há mulher sem beleza, mas só belezas escondidas que não estão cientes disso”, Aubry criou “LE VISAGISME”, técnica que adequa a imagem à personalidade e trata cada pessoa como única, buscando identificar seu tipo físico, seus traços de personalidade, sua profissão, suas preferências, para somente depois definir como realizará seu trabalho (LOPES, 2019, p. 6).

Assista ao vídeo sobre o conceito de visagismo e sua aplicabilidade na área de estética e beleza.

Você sabia

Vem do Egito antigo as primeiras notícias do uso de produtos para os cabelos. Além disso, também são egípcias as representações de imagens que mostram cabelos cortados dentro de um padrão que se repete em todas as pinturas daquela cultura.

Os egípcios não só cortavam os cabelos de forma parecida segundo a classe social, como também usavam ornamentos especiais, além de manter hábitos estéticos, como o uso de cortes, tranças, penteados, tingimento e raspagem de cabelos, usando, ainda, adornos e apliques, que já movimentavam um mercado consumidor de cabelos humanos e perucas.

Também era comum rasparem a cabeça, com medo de piolhos, e, por isso, aquele povo usava perucas. O corte mais encontrado nas representações é o reto, na altura da orelha.

O contato da civilização egípcia com a grega foi intenso. No entanto, o formato de cabelos era diferente. Em Creta, ilha grega mais próxima da África, os cabelos crespos eram moda, e, para torná-los mais ondulados, usava-se ferro quente.

Saiba mais

Para deixar os cabelos brilhantes, os cabeleireiros do Egito Antigo aplicavam gordura de rabo de jacaré. Se quisesse refinar o penteado, a pessoa poderia optar pelo uso de um cone de cera no alto da cabeça e esperar que ele derretesse por inteiro.

Bem, e na Grécia?

Predominava o cabelo claro, e o quase loiro era o ideal, mas isso não quer dizer que se tratasse de um cabelo natural. Para pintar os cabelos, era usada água de lixívia (um alvejante da época), ou enxugavam os cabelos com flores amarelas ou água de macela.

Como mostram as figuras de esculturas, que eram baseadas em modelos reais, predominavam, nos penteados, os pequenos coques entre as mulheres e os cortes arredondados entre os homens.

Você sabia

Segundo historiadores, os gregos criaram os primeiros salões de cabeleireiro (koureia), que ficavam em Atenas e funcionavam na Ágora (praça pública). Os “Embelezadores de Cabelo”, ou kosmetes, em grego, eram escravos especiais que faziam esse serviço e circulavam livremente.

Exemplos de bustos gregos com seus cabelos

Em Roma, temos um acontecimento importante. Sabe qual é? O surgimento do barbeiro profissional.

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Homens

Muitos romanos usavam barba, e o profissional deveria cortar também os cabelos. As primeiras cabeleireiras também surgem, sendo chamadas de cometae, nome dado às escravas que ajudavam as damas a se embelezarem.

Mulheres

Para as mulheres, tal como hoje, havia grande variedade de estilos: coque atrás ou no topo da cabeça; toucas enfeitadas com fitas, camadas, cachos e giros etc. Os tutulus ou flavianus eram os mais usados; eram feitos com um emaranhado de cacho que formava uma tiara e se acomodava num coque apertado. Nos cabelos sem volume, usavam-se apliques e tranças postiças ou, então, eram presos por uma fita vermelha (VITA, 2008).

O surgimento das ornatrix

As primeiras cabeleireiras da História, as ornatrix, ajudavam nos penteados e na maquiagem dos mais ricos de Roma. Posteriormente, essas profissionais ganharam certa liberdade, podendo trabalhar para outras pessoas fora da condição de escravas, ganhando pelo trabalho que faziam.

E os homens, como eram seus cabelos?

Ter cabeças peladas, raspadas, significava que eram hierarquicamente inferiores, escravos, por exemplo, ou de outra classe mais baixa.

IDADE MÉDIA

Na Idade Média, os cabelos são pouco explorados e, normalmente, cobertos por toucas ou capuz.

Veja a seguir:

As mulheres deveriam se inspirar na Virgem Maria, já que o modelo era o cristão, moralista. Os cabelos eram escondidos por toucas durante o dia e para dormir; esse adereço só era tirado longe da presença dos homens, pois o cabelo solto tinha conotação erótica.

Para os homens, na Idade Média, os cabelos podiam ser usados compridos, na altura dos ombros, em devoção também à Virgem Maria, e representavam virilidade. Logo, percebemos que, conforme o simbolismo, em épocas mais religiosas, o cabelo adquire design e conotações diversos.

RENASCIMENTO

Com o Renascimento, já se vê nas representações um cabelo mais livre, embora os penteados fossem presos.

Vamos falar da Itália, um país de muito glamour atualmente?

Trata-se do berço do movimento renascentista. As mulheres de cabelos negros usavam pós-descolorantes feitos à base de açafrão e limão, para ficarem loiras, semelhantes ao mel e ao ouro, atendendo, assim, ao padrão estipulado.

Você sabia

Arte biondeggiante é conhecida pela arte de deixar os cabelos louros.

O que podemos perceber até aqui?

Agora você deve completar o texto relacionando os termos que o complementam. Para isso, complete a frase com as palavras do quadro.

Na imagem, temos o Rei Luís XIV, da França, que queria disfarçar sua calvície e criou, para isso, uma peruca. As perucas permaneceram na História e na moda, embora as mais elaboradas e trabalhosas custassem muito dinheiro para serem mantidas.

Saiba mais

Para montar as perucas, os fios eram retirados do rabo dos cavalos, e, para fazer os cachos, usava-se cilindros aquecidos em forno de padaria.

Mesmo depois de saírem de moda, após a Revolução Francesa, em alguns espaços da nobreza, as perucas continuaram sendo usadas, como no Parlamento Inglês. Veja, a seguir, modelos de perucas longas e encaracoladas.

SÉCULO XVIII

Chegamos ao Iluminismo. O que há de diferente? Vamos analisar juntos?

Neste século, temos então um padrão que traz alguns excessos, principalmente nos cabelos, que eram penteados formando verdadeiras esculturas que mediam até 80cm e eram empoados – passava-se pó nos cabelos, para deixá-los em um tom acinzentado, loiro-acinzentado ou com outras cores.

Maria Antonieta, rainha da França, lançou moda com seus penteados escandalosos, que tinham ainda adornos de plumas e pérolas.

Você sabia

Empoar o cabelo (cobri-lo com pó de farinha de trigo para dar o efeito branco). Esse ato virou moda em muitos lugares da Europa, gerando até crise de abastecimento do trigo.

A França assumiu, naquele momento, não só o papel de ditar a moda, mas também novos pensamentos de liberdade, igualdade e fraternidade.

Outros penteados empoados surgiam com mechas despenteadas nos cabelos encaracolados com laços de fitas, flores, toucas, chapéus e outros acessórios. Vejamos as imagens a seguir!

Você sabia

Mais uma curiosidade: a aplicação de pó no cabelo também ajudava a protegê-lo de descoloramento. Além disso, esse pó podia ser perfumado com flor de laranjeira e outros perfumes e ter cores em tom pastel.

E os homens?

No cabelo dos homens, o tom de pó mais usado era o branco, que também era o mais recorrente nas perucas, que eram feitas de crina (pelagem de certos animais) ou rabo de cavalos, o que exigia muitos cuidados.

Século XIX! Época de grandes avanços!

  • Proposta de industrialização.
  • Surgimento da indústria de cosméticos.
  • A moda ganha espaço.
  • Cabelos ficam sem os excessos do período anterior

Os cabelos, como visto nas figuras a seguir, eram:

Outros penteados levavam fitas ou eram trançados na nuca, alguns cobriam as orelhas, e outros continham adornos, para embelezar ainda mais o rosto.

Segundo historiadores, os cabelos eram lavados apenas a cada dois meses, conforme recomendavam os ingleses. No inverno, as mulheres usavam chapéus, às vezes com abas largas, ornado com rendas e fitas.

Posteriormente, o cabelo foi coberto com uma faixa larga que cobria as orelhas e mostrava o rosto com as sobrancelhas mais grossas.

O que era visto em 1900?

  • Penteados ganharam mais volume, seja na frente, seja nos lados da cabeça, e já era possível ver cabelos grandes soltos.
  • O rosto já não era mais tão emoldurado e era possível ver certo volume caindo sobre a testa.
  • As orelhas já apareciam descobertas.
  • Fitas e adereços ainda eram usados.

SÉCULO XX

Chegamos ao século XX! Vamos observar os acontecimentos importantes?

  • Saída da mulher para o mercado de trabalho;
  • Tanto a roupa quanto os cabelos exigiam praticidade, logo não era possível perder horas montando penteados;
  • Necessidade de agilidade do corpo e a leveza no movimento ditaram os cortes e os penteados, assim como a maquiagem;
  • Influência do cinema na construção do padrão de beleza.

O corte la garçonne ganhou a cabeça das mulheres na década de 1920. Era curto, reto e com a franja marcada, podendo ser feito tanto em cabelos lisos quanto em ondulados, que eram colocados de lado, sem franja. Em todos, a nuca estava de fora.

Os penteados variavam de acordo com os acessórios: fitas, apliques em forma de tranças sobrepostas. Outro modelo de corte utilizado era ainda mais curto, o que hoje chamamos de corte Joãozinho, que se equiparava aos modelos de cortes masculinos.

As figuras públicas que incentivavam as mulheres a adotarem tal corte eram as atrizes Louise Brooks e Mary Pickford e a estilista Coco Chanel, que faria escola com seu estilo de roupas que caíam muito bem com tal corte.

Louise Brooks

Mary Pickford

Coco Chanel

Com a moda dos cortes, a profissão de cabeleireiro foi impulsionada, e o número de salões abertos em uma década, na França, era de 25 mil.

Nota-se que o fato de querer se parecer com os homens mostrava o início de consciência de que as condições masculinas eram destoantes das femininas; buscava-se, como ainda acontece hoje em dia, equiparação dos sexos. As mulheres não queriam ser homem; desejavam apenas os mesmos direitos.

O feminino não quer ter sua feminilidade ligada à sexualidade, por isso, naquele momento, os cabelos longos, que eram símbolos de sedução, deveriam ser cortados a favor da equiparação dos sexos.

Décadas de 1930 e 1940

As décadas de 1930 e de 1940 foram marcadas por questões históricas que influenciariam todo o mundo, como a ascensão do Nazismo, na década de 1930, culminando com a II Guerra Mundial. Entretanto, não podemos dizer que a beleza ficou descuidada naquele tempo.

As estrelas de cinema eram copiadas e exerciam grande poder de opinião. Greta Garbo e Marlene Dietrich eram os maiores ícones e possuíam padrões muitos marcantes. Embora seus cabelos fossem pintados de loiro, às vezes, a cor variava, em virtude das personagens que representavam.

Marlene Dietrich

Greta Garbo

O corte também variava e era um pouco maior que o da década anterior (1920). Os penteados se multiplicavam, às vezes lisos, às vezes presos, com volume nas pontas, com alguns adornos, como chapéus.

As revistas femininas marcavam presença com conselhos e tratamentos para os cabelos descoloridos, e as empresas de cosméticos voltavam sua propaganda ainda mais para esse seguimento, com slogans como: “Eles preferem as loiras e casam-se com elas... Por quê? Os sentimentos que inspiram são profundos, e a admiração, é durável”. A L’Oreal, indústria que crescia a passos largos, incentivava a tendência de fazerem as mulheres comuns serem como as divas do cinema, loiras e fatais, ou ruivas, como a diva Rita Hayworth:

O grande filme que marcou a época foi Casablanca, feito em meio à guerra, que traz as atrizes Ingrid Bergman, com chapéus e modelitos lindíssimos, e Madeleine Lebeau, com penteados em cabelos curtos e com volume.

Também são dos anos 1940 o uso de lenços amarrados como “turbantes”, que eram incentivados principalmente nos locais de trabalho, como nas fábricas, para a segurança das mulheres. O turbante foi bastante usado por Carmem Miranda em filmes e em shows, tornando-se símbolo da mulher guerreira, forte, trabalhadora.

Logo, era claro que a indústria da beleza sobrevivia graças à influência do cinema, e Hollywood fazia a cabeça das mulheres.

Anos 1950 – pós-guerra

Terminada a guerra, às portas dos anos 1950, o período era de reconstrução, e os cabelos aparecem armados com laquê e de todas as cores, graças à indústria e aos cabelereiros, que, ao ousar na cabeça das divas, influenciavam as mulheres do mundo todo. Marilyn Monroe, Grace Kelly e Sophia Loren eram ícones de beleza.

Marylin Morroe

Sophia Loren

Grace Kelly

Para os homens, os cortes eram curtos, chamados à escovinha, ou curtos com brilhantina ou gel. Às vezes, usava-se um topete, inspirado nos atores Marlon Brando e James Dean.

James Dean

Marlon Brando

Década de 1960

O formato era mais despojado tanto para mulheres quanto para homens, e a valorização de uma beleza adolescente, jovem, entra em vigor, como a da modelo Twiggy, um tanto quanto andrógina:

Minissaia, pernas à mostra, cabelos longos e com franja e olhos muito maquiados eram o novo modelo. Os Beatles inspiram também a moda com o corte tigela, do cabeleireiro Vidal Sasson, que homens e mulheres usavam, dando início ao modelo unissex.

Os Beatles

Brigitte Bardot

Em cena, a sexy Brigitte Bardot, com seus cabelos compridos e rebeldes, preso, às vezes, num coque extravagante, e Mia Farrow, loira com cabelos cortados bem curtos, como na imagem a seguir.

Anos 1970

Nos anos 1970, um corpo musculoso e estilizado convive com os cabelos que se libertam, e isso inclui tanto homens quanto mulheres, como também os diferentes tipos de cabelo, de acordo com a filiação genética dos povos.

Os negros foram os mais beneficiados por essa grande conquista da liberdade, pois eles não precisavam mais alisar os cabelos. O modelo black power faz história junto à beleza desse povo.


Mulheres negras tornaram-se top models e produtos especiais para esse tipo de cabelo começam a ser criados.


Os cortes feitos à navalha deixavam os cabelos semelhantes a jubas de leões, como os da atriz Farrah Fawcett. O corte pigmaleão, além de outros geométricos, estavam presentes nas cabeças de homens e mulheres.


No final de 1970, o movimento dos punks traz cabelos desalinhados ou à moda porco-espinho, tingidos de azul, vermelho, laranja ou verde.


Outro movimento que aparece no contexto dos anos 1960 e 1970 é o hippie, com seus cabelos livres, tanto para homens quanto para mulheres, seguido do rastafári, estilo de Bob Marley, com tranças e miçangas africanas.

Anos 1980

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A influência do mundo da música nos anos 1980 aumentou ainda mais a diversidade das cabeleiras. Madonna, cantora americana, torna-se ícone da época, com olhos pintados, cabelos loiros de raízes pretas, luvas com dedos à mostra, roupa-lingerie, objetos pendurados pelo corpo.

Era época do exagero, e os cabelos podiam ser volumosos, com permanentes, topetes, ou ter o aspecto molhado, graças ao gel e a mousses específicos, que davam o volume desejado e definiam os cachos. As famosas “xuxinhas” (em referência à apresentadora Xuxa), ou frufrus, proliferaram-se em penteados ou apenas para amarrar os cabelos.

A princesa Diana, Lady Di, fazia, com seu corte, o contraponto com as estrelas, que exageravam no visual volumoso.

Podemos dizer que, no Brasil, seguia-se esses modelos até os anos 1990; entretanto, verifica-se, depois da descoberta de produtos para relaxamento e alisamento, uma febre de escovas progressivas, que deixam os cabelos como se fossem naturalmente lisos.

Anos 1990

Na década de 1990, a tendência continua a ser ditada por personagens de filmes e novelas, como Jennifer Aniston, que usa mechas marcadas em três ou mais cores, a balayage (antes era usada a nomenclatura de luzes com algumas características diversas) no cabelo liso e sem volume e com cortes um pouco mais curtos que os feitos à navalha e excessivamente volumosos das décadas anteriores

Logo, abre-se espaço para todos os tipos de cortes: curtos, médios e longos, identificando o estilo de cada um com a liberdade de escolha, ainda mais presente, para determinar o que se quer usar.

Em 1990, o visagismo torna-se um estudo importante.

Você sabia

Visagismo “consiste em usar o alfabeto da linguagem visual para compor a imagem de uma pessoa, de acordo com seus desejos, usando seus próprios atributos físicos.” (LOPES, 2019,p.15)

No século XXI, a tendência é ser mais natural, o que é visível principalmente nas mulheres mais velhas, que assumiram suas cabeleiras grisalhas ou brancas, deixando de lado a química e a escravidão de precisar pintar os cabelos semanalmente, e nos cabelos afro, que fazem parte de todo um processo de aceitação e reconhecimento de identidade.

A procura agora é por técnicas que facilitem os serviços e sejam mais práticas que as anteriores. Alisamento, relaxamento e escovas progressivas substituíram formas elaboradas de penteados e são muito comuns no Brasil e no resto do mundo.

Os influenciadores digitais exercem o papel das estrelas e vendem tudo o que é possível, principalmente para um público cada vez mais jovem. Aplicativos e simuladores também favorecem o processo de escolha de cortes e tinturas, que podem ser experimentadas em fotos, dando uma prévia do resultado.

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MÓDULO 2


Relacionar cabelos com a identidade e as questões psicológicas e étnicas

Diante de tanta história, tecnologia, experimentos e tendências no campo dos cabelos, percebe-se que eles são, hoje, vistos como elementos que relacionam os indivíduos com suas identidades, como também com as questões psicológicas e étnicas.

Podemos dizer que, nos séculos XX e XXI, as ciências humanas passaram a se preocupar mais em refletir sobre os efeitos do belo na mente e no bem-estar dos indivíduos. Ou seja, a abordagem não é filosófica, o que, desde a Antiguidade, fez-se presente; surge uma nova forma de atentar para aspectos antropológicos e psicológicos, preocupando-se em saber como estes afetam o sujeito no dia a dia.

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Lopes (2019), citando Eco (2014), diz que, na Contemporaneidade, os conceitos de beleza e feiura estão se fundindo e são mais relativizados numa questão de ponto de vista do que em conceitos assimilados entre culturas diversas, ou impostos pela sociedade.

Dessa forma, vemos, na prática, como determinados grupos sociais, ou etnias, descobrem-se e passam a valorizar suas características biológicas, reafirmando sua identidade.

Identidade é um conceito definido historicamente e diz respeito aos aspectos e elementos que “surgem de nosso pertencimento a culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e, acima de tudo, nacionais”

(HALL,2003, p. 8).

Entretanto, no que diz respeito à reflexão sobre o cabelo e o corpo, podemos dizer que, além de uma identidade cultural, temos aquela que biologicamente nos faz pertencer a um grupo. Como exemplo, temos os cabelos ondulados, a cor da pele e o formato de corpo das diversas etnias africanas; o cabelo da Ásia, com diferenças entre China, Japão, Índia etc.; o cabelo dos europeus e sua forma corporal; o cabelo dos indígenas das Américas, sua cor de pele e suas feições.

Identidade negra

Quanto aos cabelos, assunto deste tema, essa questão diz respeito, principalmente, aos negros, que se viam obrigados a alisar os cabelos para terem garantidos seus direitos e espaços sociais.

Isso acontecia porque, dentro de uma visão racista, o cabelo liso do branco europeu era associado a características positivas – ao cabelo “bom” –; por outro lado, o cabelo crespo do negro se associava a características negativas – ao cabelo “ruim”. Ou seja, na visão equivocada, os cabelos crespos eram vistos como inferiores aos lisos. Sem dúvida, tais classificações geraram estigmas sociais e preconceitos raciais.

Os negros americanos

Um exemplo de preconceito e discriminação social em relação a cabelos marcou época nos Estados Unidos, quando, próximo do fim da escravidão, ter cabelos mais lisos podia significar vantagens sociais e econômicas para o negro.

Você sabia

Ao alisarem seus cabelos, os escravos de pele mais clara conseguiam se fazer passar por homens livres. Além disso, o alisamento podia significar “menos trabalho e esforço físico, uma vez que escravos com feições mais “atenuadas” eram escolhidos para trabalhar nas casas grandes, exercendo atividades menos extenuantes, enquanto os demais eram obrigados a trabalhar na lavoura.

Percebemos, então, que o favorecimento dos cabelos mais lisos e da pele mais clara estabeleceu uma hierarquia entre os escravos, onde os de pele mais clara e cabelos mais lisos eram mais desejados e valorizados – custando quase cinco vezes mais em leilões de escravos – que aqueles de pele mais escura e cabelos crespos (QUINTÃO, 2013).

Madam C. J. Walker, primeira mulher negra empresária, com seus cabelos alisados.

Hoje, lutamos para que essa forma de pensamento que avalia a pessoa pelo seu cabelo ou pela forma de seu corpo não exista mais; entretanto, essa consciência chegou tardiamente e foi alvo de movimentos ao longo da História. A consciência passa a ter mais visibilidade com o Movimento Black Power, na década de 1970, e ganhou força ao longo dos últimos anos.

É importante dizer que esse movimento não diz respeito apenas aos cabelos, mas a um processo de entendimento, aceitação e conscientização da negritude, principalmente nos países fora da África, onde o preconceito e a discriminação sempre foram muito maiores, como no Brasil, por exemplo.

Em nosso país, a questão é ainda mais complexa, pois o preconceito e a discriminação, além de racial, é social. Por sermos um povo miscigenado, encontramos fenótipos étnicos misturados em todos os espaços do país, mas o preconceito e a discriminação persistem em nossa sociedade, e não é à toa que o modelo de cabelo liso e loiro continua em alta entre as mulheres.

A importância dos cabelos

A relevância dos cabelos ultrapassa a simples abordagem estética, indo direto ao campo da qualidade de vida do indivíduo: sua saúde mental, seu bem-estar psicológico dentro da sociedade.

Como exemplo, temos os casos de alopecia por depressão, a queda de cabelos por conta de quimioterapia ou por estresse, situações que transformam a autoimagem da pessoa e que devem ser tratadas com muito cuidado pelo profissional de Estética.

A construção de uma imagem por um visagista, diz Lopes, “deve partir do conhecimento do próprio corpo e de seus limites, do conhecimento consciente de si mesmo e do meio em que se vive ou almeja conviver, para, então, não deixar que a aparência física seja motivo de exclusão, mas um motivo para gerar emoções positivas, que possibilitem ao indivíduo reconhecer suas capacidades e possibilidades, seu potencial e seu poder”(2019, p. 48).

Também podemos dizer que o psicológico do indivíduo não passa imune quando ele sofre algum tipo de discriminação social: racial, religiosa, sexual, étnica e estética. Esta última acontece quando se intensifica ou diminui uma característica de alguém para excluir, constranger ou afastar as pessoas que geralmente fogem do padrão de beleza aceito pela sociedade (BARROS, 2008).

Assista ao vídeo para entender a evolução dos tipos de cabelo.

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MÓDULO 3


Identificar biologicamente os diferentes tipos de cabelos

Biologicamente, o cabelo, além de adorno, é um elemento que protege o crânio dos raios solares. Tal proteção é feita, sobretudo, pela melanina da composição capilar, que também é a responsável pela cor. O cabelo tem, ainda, receptores nervosos, que funcionam como sensores.

Estrutura do cabelo

No ser humano, o cabelo é um filamento de queratina que nasce nas cavidades em forma de sacos, os folículos, que vêm desde a derme até a epiderme pelo estrato córneo.

Cada folículo é como um órgão em miniatura que contém componentes glandulares e musculares. O diâmetro dos fios humanos mede ente 15 e 120mm, dependendo da etnia, e cada fio possui três camadas: cutícula (a camada externa), córtex (onde fica situada a queratina) e medula (camada mais interna do folículo).

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A proteína de forma espiralada (a α-queratina) dá sustentação ao cabelo e fica imersa na matriz, que é composta por células proteicas ricas em tirosina e S.

O cabelo cresce a uma velocidade média de 1mm a cada 3 dias, cerca de 1 a 1,5cm por mês, ou 12 a 15cm por ano.

A forma do folículo determina a estrutura do cabelo:

Folículo redondo: dará origem ao fio liso;

Folículo oval: dará origem ao fio ondulado;

Folículo chato: dará origem ao fio encaracolado.

Forma dos cabelos

A determinação genética diz se os cabelos terão formas lisas, muito lisas, onduladas, cacheadas ou crespas e de espessura fina ou grossa.

O cabelo crespo masculino ou feminino apresenta a textura mais grossa, tende a ser armado, torcido e com aspecto ressecado e opaco; nascem espiralados desde a raiz; apresentam excesso volume; são mais difíceis de pentear e mais sujeitos à formação de nós.

Cabelo cacheado masculino ou feminino apresenta-se bem desenhado, com cachos bem definidos, que podem ser mais abertos ou fechados, possui certo frizz e tende a ser mais ressecado, embora seja de fácil moldagem.

Cabelo ondulado masculino ou feminino apresenta-se nem totalmente liso nem totalmente cacheado; possui ondulações que dão volume ao fio e mais espessura; são mais sedosos.

Cabelo liso masculino ou feminino apresenta-se com um fio fino, bem alinhado e organizado. Parece mais hidratado, e o volume é bastante reduzido.

Entendendo as classificações das formas (desenhos) de cabelos

Atenção

Atentem para o fato de que, nos cosméticos e produtos de limpeza capilar, existe uma confusão entre textura e forma. Forma é o desenho do cabelo, como na tabela anterior, e textura é o que sentimos ao passar a mão, tem relação com a secura e oleosidade do cabelo.

Vamos entender? Hoje, essa classificação está presente em muitos rótulos de cosméticos para o cabelo.

Essa primeira classificação diz respeito à curvatura do fio; dessa forma, o número 1 é o tipo de cabelo liso, e o número 4 abrange os fios crespos.

Já a segunda classificação é representada pelas letras a, b e c. Elas são responsáveis por apontar as diferentes texturas que o próprio fio pode ter – mais grosso ou mais fino. No Brasil, com a miscigenação, são muitos os tipos de cabelos encontrados.

Textura dos cabelos

Quanto à textura, os cabelos podem ser:

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Secos ou ressecados

Por tratamento químicos (tingidos, com permanente ou alisados) ou origem genética; nestes, o sebo, cujo papel é hidratar o couro cabeludo, desempenha pouca ou nenhuma função, fazendo com que o cabelo perca a elasticidade, tornando-se opaco e quebradiço e bifurcando-se facilmente. A irritação do couro e a coceira são frequentes.

A secura também pode ser causada por agressões externas (sol, vento, mar e água da piscina, poluição, químicas), ou por maus hábitos de beleza (elásticos muito apertados, escovação muito enérgica e frequente, ar muito quente), ou pelo uso de produtos mal adaptados.

Características: pouca hidratação, sem elasticidade, opaco e quebradiço.

Oleosos

São aqueles cujo teor de gordura produzido pelas glândulas sebáceas do couro cabeludo é excessivo, deixando os cabelos com uma textura diferente, parecendo, muitas vezes, que estão úmidos. Não é difícil perceber quando os cabelos estão sujos; todavia, quando o problema é outro, já é mais complicado de se ver.

A oleosidade pode ter início na puberdade, por conta da maior presença de hormônios androgênicos, ou pode também estar ligada ao estresse ou, no caso das mulheres, à existência de cistos nos ovários.

A oleosidade pode ainda se dar por uma questão de não regularidade na higiene, como o uso errado de produtos para os cabelos e a exposição à umidade, com alto teor de vapores de gordura.

Características: aparência oleosa e compacta, sem volume.

Mistos

São cabelos cuja aparência é de oleosidade na raiz e secura nas pontas, exigindo muito cuidado para corrigir o problema.

Vários fatores podem influenciar os fios a serem de característica mista: o clima, os raios ultravioletas, o uso de químicas, como tinturas e alisamentos, shampoos e condicionadores inadequados e o uso frequente de secadores e chapinhas.

Além disso, os cabelos muito longos podem apresentar essa característica, pois a gordura não alcança as pontas.

Características: raiz oleosa e ponta seca.

Normais

São cabelos que possuem um nível de oleosidade equilibrado, são brilhosos e não necessitam ser lavados muitas vezes para manter a boa aparência.

Com a ação do sol, vento, cloro e de outros agentes externos, podem ser danificados, mas, com uso correto de produtos, podem manter a normalidade.

Características: aparência equilibrada, nem seco, nem oleoso, brilhosos e sedosos.

Assista o vídeo para entender mais sobre formas e texturas de cabelos, e cuidados básicos.

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Conclusão

Considerações Finais

Vimos a importância da aparência física (corpo e cabelo) para a construção da autoestima do sujeito e da sua identidade de grupo e entendemos que, ao longo da História, os cabelos passaram por padrões diversos, desde completamente presos, como na Idade Média, até totalmente soltos, como hoje.

Assim, poder usar penteados diversos só é possível graças às mudanças que tivemos na forma de cuidar dos cabelos. Atualmente, dispomos de muito mais produtos e técnicas para realizar todo tipo de intervenção com cuidados.

Agora, é possível identificarmos os tipos de cabelos e como eles variam de acordo com a genética da pessoa, entendendo sua forma e composição. Entretanto, fica claro que países de população miscigenada tendem a ter mais variedades de cabelos e cores, o que determinará a identidade dos grupos sociais de cada local.

Podcast

CONQUISTAS

Você atingiu os seguintes objetivos:

Identificou a importância cultural e estética do cabelo na História

Relacionou cabelos com a identidade e as questões psicológicas e étnicas

Identificou biologicamente os diferentes tipos de cabelo