Definição
Desenvolvimento e princípios de construção do corpo animal. Planos e eixos anatômicos. Mecanismos de homeostase.
PROPÓSITO
Apresentar a estrutura e a construção do corpo animal, desde o período embrionário até os processos de manutenção do equilíbrio de suas funções.
OBJETIVOS
Descrever o desenvolvimento embrionário de vertebrados
Relacionar os princípios de construção do corpo dos vertebrados
Distinguir as cavidades e as regiões corpóreas, além de seus limites anatômicos
Identificar o processo de homeostase em animais
Introdução
A anatomia é a ciência que estuda a forma e a localização das estruturas que compõem o corpo dos organismos, enquanto a fisiologia se dedica à análise das suas funções. O estudo dos organismos sob essas duas perspectivas, portanto, se chama morfofisiologia.
O estudo comparado das estruturas que compõem o corpo das diferentes espécies animais é denominado anatomia comparada; o de suas funções, fisiologia comparada. Base do nosso estudo, a morfofisiologia comparada é composta pela análise conjunta deles.
A análise comparativa é considerada fundamental na Biologia, pois o estabelecimento dela auxilia no desenvolvimento de hipóteses evolutivas e na análise das respostas adaptativas dos animais ao meio.
Módulo 1
Descrever o desenvolvimento embrionário de vertebrados
Gametas feminino e masculino
O estudo do desenvolvimento do corpo dos animais é capaz de fornecer informações úteis não somente ao estudo anatômico micro ou macroscópico, assim como o das estruturas que o compõem, mas também se revela importante no estabelecimento das relações evolutivas. Afinal, algumas delas já estão evidenciadas durante o estágio de formação embrionária.
No entanto, não podemos iniciar nossos estudos sobre a embriologia comparada sem compreender melhor algumas diferenças estabelecidas antes mesmo da formação do embrião. Trata-se daquelas relacionadas aos gametas feminino e masculino.
Gametas
Células reprodutivas dos animais.
Células haploides, os gametas feminino e masculino precisam se encontrar para a formação de um novo indivíduo. A união do seu material genético resulta numa célula diploide.
Gameta masculino
O gameta masculino (ou espermatozoide) apresenta formas variadas nas espécies de vertebrados, mas ele comumente é composto por:
Cabeça
Além do material genético, pode estar presente nela uma estrutura denominada acrossomo. Ela é rica em enzimas que auxiliam na penetração no gameta feminino.
Colo
Porção que conecta a cabeça à cauda.
Cauda
Apresenta um ou mais flagelos, conferindo mobilidade ao gameta.
Exemplo
Nos vertebrados, os espermatozoides geralmente apresentam um único flagelo.
Gameta feminino
O gameta feminino (ou ovo) pode conter:
Vitelo
Substância rica em carboidratos, proteínas e lipídeos que busca nutrir o embrião durante o período no qual ele não consegue obter acesso a outras fontes de nutrientes.
Observaremos a seguir como os ovos das diferentes espécies animais podem ser classificados segundo sua quantidade de vitelo:
Oligolécitos (ou isolécitos)
Apresentam pouca quantidade. São os gametas femininos de diversos invertebrados, como as minhocas e as estrelas do mar.
Mesolécitos (ou heterolécitos)
Reúnem uma porção moderada, o que ocorre nos gametas femininos de anfíbios.
Telolécitos (ou megalécitos)
Possuem uma grande parcela de vitelo em quase todo o ovo. É o caso, por exemplo, dos gametas femininos de aves e répteis.
Centrolécitos
Sua localização fica ao redor do núcleo do ovo. Exemplo: gametas femininos dos insetos.
Comentário
Existem ainda os alécitos, que não contêm a substância. Trata-se dos gametas femininos dos mamíferos placentários, como, por exemplo, o homem e o cão.
Envelopes
Além do vitelo, o gameta feminino pode apresentar camadas envoltórias. Denominadas envelopes, elas lhe conferem proteção e nutrição.
Os envelopes podem ser:
Clique nos botôes a seguir.
Sintetizados pelo próprio oócito.
Sintetizados pelas células foliculares.
Sintetizados pelos órgãos do aparelho reprodutor.
Exemplo
Os ovos das aves contêm os três tipos de envelope: a membrana vitelínica é o primário; o albúmen (clara), o secundário; e a casca, o terciário.
As seguintes condições, portanto, refletem uma adaptação das diversas espécies ao tipo de ambiente no qual haverá a formação e o desenvolvimento do embrião:
- Presença (ou não) de vitelo;
- Quantidade de vitelo;
- Envoltórios presentes nos diferentes tipos de ovos animais.
Fertilização e clivagem
A formação do zigoto ocorre logo após a fertilização, tendo início um processo de clivagem, ou seja, a divisão de uma única célula inicial em várias outras denominadas blastômeros.
Fertilização
União do material genético (pró-núcleo) dos gametas feminino e masculino.
A presença (ou não) de vitelo no interior do ovo faz com que a clivagem ocorra de modo diferente entre as espécies animais. Dessa forma, o zigoto pode sofrer uma clivagem total (holoblástica) ou parcial (meroblástica).
Verificaremos as formações e os surgimentos decorrentes desse processo:
Mórula
Com a progressão das clivagens, surge a mórula. Trata-se de uma massa sólida com determinada quantidade de células – geralmente, ela se situa entre 16 e 64 blastômeros – segundo cada espécie de vertebrado.
O formato da mórula varia de acordo com o processo de clivagem da espécie. Esse processo, por sua vez, depende da quantidade de vitelo no interior do ovo.
Blastulação
Após alcançar o estágio de mórula, os blastômeros continuam a sofrer mitoses e tomam a direção da periferia do zigoto, formando uma cavidade contendo líquido conhecida como blastocele. Neste momento, a mórula passa a ser chamada de blástula.
Você pode estar se perguntando: a blástula é igual em todos os animais?
Como a clivagem ocorre de diferentes modos segundo a presença e a quantidade de vitelo no ovo, a forma assumida pela blástula também muda. Vejamos as figuras a seguir:
Gastrulação
Analisaremos agora a estruturação dos órgãos dos animais. Após a formação da blástula, as células passam por diversos rearranjos e divisões. Como consequência, isso resultará na formação de:
- Estruturas do sistema nervoso central (neurulação);
- Três folhetos germinativos (gastrulação): endoderma, mesoderma e ectoderma.
Assista a este vídeo para entender como ocorre o processo de clivagem e gastrulação nas diferentes espécies animais.
Esses folhetos dão origem a todos os órgãos e tecidos do corpo do animal.
Entenda os folhetos germinativos primários presentes nos embriões e algumas estruturas derivadas deles:
Folheto germinativo |
Estrutura derivada |
---|---|
Ectoderma |
Epiderme e seus anexos, glândulas mamárias, sudoríparas e sebáceas, hipófise, ouvido interno, cristalino, retina, esmalte dentário, parte medular da adrenal e estruturas do sistema nervoso central e periférico. |
Mesoderma |
Esqueleto, músculos, derme, gônadas, glândulas sexuais acessórias, sangue, baço, coração e parte cortical da adrenal. |
Endoderma |
Porções epiteliais de traqueia, brônquios e pulmões, faringe, tireoide, paratireoides, tonsilas, cavidade timpânica, tuba auditiva e trato gastrointestinal, além de fígado, pâncreas e bexiga. |
Perceba como o desenvolvimento embrionário apresenta estruturas bem parecidas em diferentes espécies de animais:
Peixe
Réptil
Pássaro
Humano
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Módulo 2
Relacionar os princípios de construção do corpo dos vertebrados
Princípios de construção corpórea em vertebrados
A formação do corpo animal observada durante o período de embriogênese e organogênese segue princípios comuns que regem a construção de todos os organismos vertebrados.
Eles nos permitem perceber a existência de um padrão de desenvolvimento do corpo presente em todos esses animais, auxiliando na identificação de semelhanças e de divergências existentes entre as estruturas anatômicas de diversas espécies.
Esmiuçaremos a seguir os quatro princípios básicos do processo de constituição dos corpos vertebrados e seus três tipos de plano anatômico.
Constituição dos corpos
Ocorrida durante o desenvolvimento embrionário, a construção do corpo dos animais vertebrados segue os seguintes princípios de construção corpórea:
Antimeria (ou zigomorfismo)
O corpo de um vertebrado é dividido em duas metades simétricas denominadas antímero direito e antímero esquerdo.
A partir desse princípio, observa-se a existência de órgãos pares (ou homótopos), como olhos, orelhas e pulmões. Eles já estão presentes nos dois antímeros do animal.
Essa simetria, contudo, não é perfeita, já que a posição, a forma e o tamanho deles podem variar num mesmo indivíduo, o que é considerado normal.
Exemplo
É possível que os mamíferos apresentem tetas opostas com tamanhos diferentes. Além disso, uma pode até produzir mais leite que a outra sem que isso signifique a ocorrência de uma anomalia estrutural ou funcional.
Nota-se ainda a existência de órgãos ímpares ou únicos, como fígado, baço e pâncreas. Isso indica que eles se encontram em apenas um antímero do animal.
Órgãos ímpares ou únicos
A presença deste tipo de órgão também colabora para que a simetria entre os antímeros não seja perfeita.
Metameria
Seguindo uma disposição longitudinal da cabeça à cauda, as estruturas presentes no corpo animal formam segmentos chamados de metâmeros.
Por isso, suas estruturas anatômicas se localizam em segmentos distribuídos ao longo do corpo entre os polos cranial e caudal.
Exemplo
Concentração de estruturas do sistema nervoso no polo cranial e do sistema reprodutor no caudal.
Paquimeria (ou tubulação)
O organismo é composto por três tubos (paquímeros):
Clique nas setas para ver as informações.
Estratimeria (ou estratificação)
As estruturas que compõem o corpo animal estão dispostas em camadas. Dessa forma, elas podem ser superficiais, como o tegumento, ou profundas, que é o caso dos pulmões.
Isso acontece porque, como já vimos, a organogênese ocorre a partir dos três folhetos embrionários (endoderma, mesoderma e ectoderma) dispostos em diferentes estratos.
Qual é a importância prática desses princípios?
O conhecimento sobre eles possibilita a identificação de estruturas homólogas entre as diferentes espécies animais. A despeito da mesma origem embrionária e conformação básica, essas estruturas se caracterizam pela apresentação de funções diferentes.
Exemplo
Estrutura dos membros de diversas espécies animais com diferentes funções, como a caminhada, o nado e o voo.
A análise de estruturas homólogas revela a ocorrência de órgãos vestigiais ou rudimentares, ou seja, que não se desenvolvem completamente em algumas espécies, mas, em outras, sim. De um ponto de vista utilitário, eles podem ser considerados afuncionais.
Exemplo
O cóccix dos humanos seria um remanescente da cauda presente na maioria dos demais mamíferos, não apresentando função além da inserção de músculos.
Tais órgãos, porém, também apresentam uma função adaptativa, como as asas dos avestruzes, cujo tamanho é relativamente pequeno para permitir o voo, embora elas as ajudem a manter seu equilíbrio.
A ocorrência de estruturas homólogas em diferentes espécies animais denota a existência de um ancestral comum, constituindo, portanto, um processo de irradiação adaptativa. Trata-se de um processo evolutivo no qual se registra um rápido aumento no número de espécies com grande diversidade morfológica e ecológica originadas a partir de um ancestral comum.
Essas diversificações, portanto, são provenientes da adaptação dos organismos às novas condições ecológicas.
Exemplos
- Irradiação iniciada há 66 milhões de anos no grupo de mamíferos basais em formas adaptadas para correr, pular, escalar, nadar e voar;
- Os marsupiais australianos;
- Os tentilhões de Galápagos observados por Darwin.
Darwin
O naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) é considerado o pai da teoria da evolução das espécies. Ele anteviu os mecanismos genéticos e fundou a Biologia moderna.
Fonte: (FRAZÃO, 2020)
Também é possível identificar nas espécies animais estruturas análogas. A despeito do desempenho de funções semelhantes, elas possuem uma origem embrionária e uma conformação básica diferentes, como, por exemplo, as asas presentes em insetos e em morcego.
A existência dessas estruturas aponta a inexistência de um ancestral comum, revelando, assim, um processo de convergência adaptativa. Trata-se da evolução de estruturas similares ou análogas em diferentes linhagens, ainda que elas não possam ser atribuídas a um ancestral comum. O fato de as estruturas serem análogas não significa que elas sejam homólogas.
Exemplos
- Desenvolvimento de asas em aves e mamíferos;
- Adaptação sensorial de ecolocalização em morcegos e cetáceos.
A identificação de analogias e homologias – incluindo a presença de órgãos vestigiais – entre as espécies animais permite avaliá-las evolutivamente e estudar o seu processo de adaptação ao meio.
Conheça neste vídeo as seguintes variações anatômicas: raridade, anomalia, holotopia, sintopia, idiotopia, histotopia, distopia e heterotopia.
Planos anatômicos
Os planos anatômicos correspondem a linhas imaginárias que cortam o corpo do animal e auxiliam no estudo detalhado das estruturas anatômicas presentes. Para traçarmos esses planos, devemos considerar o animal em posição anatômica, o que significa a manutenção da seguinte postura:
- Em estação;
- Sobre quatro apoios;
- Membros esticados e apoiados no solo;
- Pescoço posicionado num ângulo de 145° em relação ao dorso;
- Cabeça erguida;
- Narinas e olhos dirigidos frontalmente;
- Orelhas eretas.
Listaremos a seguir os três tipos de plano anatômico:
Linha imaginária que, seguindo o princípio da antimeria, divide o corpo em duas metades: antímero direito e antímero esquerdo.
As estruturas anatômicas mais próximas deste plano são chamadas de mediais; as mais distantes, de laterais. O plano mediano institui o eixo medial e o lateral.
Exemplo
O nariz é considerado uma estrutura medial em relação aos olhos, enquanto estes constituem estruturas laterais em relação com aquele.
Planos traçados paralelamente ao mediano são chamados de planos sagitais.
Linha imaginária que, seguindo o princípio da metameria, divide o corpo em duas metades: metâmero cranial e metâmero caudal.
As estruturas anatômicas mais próximas da cabeça são denominadas craniais; as mais distantes, caudais.
Exemplo
Considera-se o estômago cranial em relação à vesícula urinária, que é caudal se comparada ao estômago.
Planos traçados paralelamente ao transversal são chamados de planos axiais.
Linha imaginária que, seguindo o princípio da paquimeria, divide o corpo em duas metades: paquímero dorsal e paquímero ventral.
São denominadas dorsais e ventrais as estruturas anatômicas respectivamente mais próximas e mais distantes da coluna vertebral.
Exemplo
O reto é dorsal em relação à vesícula urinária, enquanto ela é ventral em relação a ele.
Planos traçados paralelamente ao frontal são chamados de planos coronais.
Cabeça
No caso das estruturas anatômicas localizadas na própria cabeça, chamá-las de craniais seria redundante; portanto, devemos utilizar os termos rostral para as aquelas mais próximas à face e caudal para as mais distantes. Neste caso, o nariz é rostral em relação às orelhas, enquanto estas são caudais em relação àquele.
Dorsais e ventrais
No que diz respeito aos membros, os termos dorsal e ventral não devem ser aplicados, pois tais estruturas não estão no tronco do animal.
Por isso, utiliza-se o termo proximal para as estruturas mais próximas ao tronco e distal para as mais distantes.
O fêmur, por exemplo, é proximal em relação à tíbia, enquanto ela se revela distal em relação a ele. Da mesma forma, em vez de empregar o termo ventral nas regiões de mãos e pés, utilizam-se, respectivamente, os termos palmar e plantar.
Reto
Última porção do intestino grosso.
Mas, afinal, qual é a aplicação prática desses princípios?
Esses planos são bastante utilizados em estudos anatômicos aplicados a exames de imagem, como, por exemplo, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
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Módulo 3
Distinguir as cavidades e as regiões corpóreas, além de seus limites anatômicos
Cavidades e regiões corpóreas
Os eixos e planos anatômicos são essenciais para a localização das estruturas presentes no corpo animal, possibilitando, dessa forma, o estudo da anatomia comparada.
Como vimos, o corpo dos animais vertebrados pode ser dividido anatomicamente em duas grandes cavidades, uma dorsal e outra ventral. Trata-se do princípio da paquimeria abordado no módulo anterior.
Cavidade corpórea dorsal
Inclui as cavidades craniana e vertebral (ou espinhal).
Cavidade corpórea ventral
Contém a cavidade torácica e a abdominal.
Essas cavidades têm a função de proteger e acomodar as estruturas anatômicas presentes nelas.
O corpo animal, portanto, é composto por quatro grandes cavidades bem delimitadas e didaticamente divididas em diferentes regiões. Estão localizados nelas os órgãos, os quais, por sua vez, apresentam formas e funções distintas, integrando os distintos sistemas corpóreos presentes nos animais.
Por isso, analisaremos agora os limites anatômicos e a anatomia topográfica das cavidades corpóreas, além de demonstrarmos as diferenças que elas possuem. Por fim, exibiremos a classificação morfológica dos órgãos.
Limites anatômicos das cavidades corpóreas
Como sabemos onde começam e terminam as cavidades corpóreas?
Pensemos nelas como espaços que contêm estruturas anatômicas, assim como um quarto conta com uma cama, uma escrivaninha e um guarda-roupas. Da mesma forma que um recinto precisa ter paredes que limitem seu interior, as cavidades anatômicas também devem apresentar limites que demarcam o espaço delas. São os chamados limites anatômicos.
Dessa forma, destacaremos a seguir os limites destas cavidades corpóreas:
Ela é limitada por diversos ossos do crânio e alguns da face.
Encontra-se limitada pelas vértebras.
Vê-se limitada:
- Dorsalmente pelas vértebras torácicas;
- Ventralmente pelo osso esterno;
- Lateralmente pelas costelas e pelos músculos da parede lateral do tórax;
- Cranialmente pelos músculos da base do pescoço;
- Caudalmente pelo músculo diafragma.
Ela fica limitada:
- Dorsalmente pelas vértebras lombares e sacrais;
- Ventral e lateralmente pelos músculos da parede abdominal;
- Cranialmente pelo músculo diafragma;
- Caudalmente pelo osso coxal.
A limitação entre as cavidades abdominal e pélvica (originadas de uma divisão da cavidade abdominopélvica em duas) é questionável, pois ambas realizam uma comunicação direta. O conteúdo delas pode, inclusive, variar de localização dependendo do estado fisiológico do animal.
Exemplo
O útero alcança a cavidade abdominal quando a fêmea está gestante e permanece na pélvica caso não haja uma gestação.
Seria como se o quarto que comentamos logo acima constituísse uma suíte sem porta de divisão entre o banheiro e o quarto. Portanto, para evitarmos essas incertezas, abordaremos aqui a cavidade abdominal sob uma perspectiva mais generalizada, ou seja, contendo a pélvica. Por isso, ela é denominada cavidade abdominopélvica.
Anatomia topográfica
Como podemos localizar as estruturas anatômicas dentro de cada cavidade corpórea?
Atendo-nos ainda ao exemplo do quarto, sabemos que há nele uma cama, uma escrivaninha e um guarda-roupas, mas não definimos exatamente a disposição dos móveis no interior dele nem como eles foram colocados lá.
Para imaginá-lo o mais próximo possível da realidade, alguém precisa dizer como estão posicionados esses itens, ou seja, se a cama está à direita e a escrivaninha, à esquerda, se o guarda-roupas está encostado na parede – enfim, deve ser feita uma descrição completa! Essa lógica também vale para as estruturas anatômicas presentes nas cavidades corpóreas.
Exemplo
Não contribui muito saber que o baço, o fígado, os rins e o estômago estão presentes na cavidade abdominal.
Para conhecermos realmente essa cavidade, precisamos situar cada estrutura dentro dela, permitindo que exista a real noção de sua disposição anatômica. Por isso, os eixos anatômicos são empregados para a localização das estruturas no interior da cavidade corpórea.
De modo geral, existem, em todas essas cavidades, nervos, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e linfonodos (somente em mamíferos), além das estruturas que serão citadas a seguir.
Na cavidade craniana, estão presentes:
- Cérebro;
- Tronco cerebral;
- Cerebelo.
Esta cavidade é subdividida ainda em calota craniana e base do crânio.
Por se tratar de uma região mais extensa, a base do crânio também pode ser separada em três partes.
Elas são compostas pelas fossas:
Agora já podemos imaginar melhor a disposição das estruturas anatômicas presentes na cavidade craniana! A espinhal, por sua vez, abrange a medula espinhal.
Já a torácica (ou tórax) conta com:
- Pulmões;
- Coração;
- Timo;
- Traqueia;
- Esôfago.
Atenção
Para facilitar a localização dessas estruturas, a cavidade torácica deve ser virtualmente fracionada em três regiões:
- Lateral torácica esquerda;
- Lateral torácica direita;
- Mediastino.
Cada pulmão ocupa quase inteiramente a sua respectiva região lateral, enquanto a cranial (ou pré-cardíaca) do mediastino é ocupada pelo timo, pela traqueia e pelo esôfago.
A traqueia e o esôfago também ocupam, ao lado do coração, o mediastino médio (ou cardíaco). Já sua região caudal (ou mediastino pós-cardíaco) corresponde à área que integra o espaço entre o coração e o músculo diafragma.
Vejamos agora os componentes da cavidade abdominal (ou abdômen):
- Esôfago;
- Estômago;
- Intestinos;
- Rins;
- Glândulas adrenais;
- Pâncreas;
- Fígado;
- Vesícula biliar;
- Baço;
- Ureter;
- Uretra;
- Vesícula urinária.
No caso dos machos, as glândulas anexas ao sistema reprodutor masculino também estão presentes na cavidade abdominal, como a próstata. Nas fêmeas, tal cavidade ainda alberga os ovários, a tuba uterina, o útero e a vagina.
Alguns órgãos do sistema reprodutor são extracavitários, isto é, estão localizados fora das cavidades corpóreas, como os testículos e o pênis nos machos e a vulva nas fêmeas.
Para facilitar a localização dessas estruturas, a cavidade abdominal é, assim como a torácica, subdividida.
Dessa subdivisão, surgem nove regiões – delimitadas por duas linhas imaginárias verticais e outras duas horizontais – denominadas quadrantes abdominais:
- Hipocôndrio direito;
- Xifoidal;
- Hipocôndrio esquerdo;
- Lateral direita;
- Umbilical;
- Lateral esquerda;
- Inguinal direita;
- Pélvica ou púbica.
- Inguinal esquerda;
Comentário
Como a localização das estruturas anatômicas nesses quadrantes varia em função das características anatômicas particulares de cada espécie, preferimos aprofundar esse assunto nos próximos temas quando formos estudar a anatomia de cada sistema orgânico isoladamente.
Diferenças entre as cavidades corpóreas dos animais
As espécies domésticas não possuem as mesmas cavidades corpóreas.
As aves, os anfíbios, os répteis e os peixes não apresentam o músculo diafragma; logo, não existe neles uma divisão entre as cavidades torácica e abdominopélvica.
Disposição geral dos órgãos na cavidade celomática em répteis (vista ventral). Note a ausência do músculo diafragma.
Disposição geral dos órgãos na cavidade celomática em anfíbios (vista ventral). Veja a ausência do músculo diafragma.
Disposição geral dos órgãos na cavidade celomática em aves (vista lateral esquerda). Observe a ausência do músculo diafragma.
O que encontramos nelas é uma única cavidade denominada celomática. Ela aloja todos os órgãos encontrados nas cavidades torácica e abdominopélvica das outras espécies a despeito da ocorrência de algumas particularidades, já que tais espécies não apresentam uretra ou próstata.
Exemplo
A vesícula urinária está presente apenas em anfíbios e alguns répteis (à exceção de serpentes, crocodilos e alguns lagartos).
Além disso, ao contrário dos mamíferos, seus testículos não se localizam na bolsa escrotal (extracavitários). Eles, portanto, são intracavitários, ou seja, ficam no interior da cavidade celomática. Em contrapartida, há órgãos ausentes em mamíferos, como, por exemplo, os sacos aéreos das aves e a bexiga natatória dos peixes.
Classificação morfológica dos órgãos
Apontaremos agora as diferenças entre as estruturas anatômicas presentes no interior das cavidades corpóreas. Tais diferenças correspondem aos elementos orgânicos que somos capazes de visualizar e distinguir a olho nu. Trata-se, portanto, dos órgãos que integram os sistemas do corpo animal.
Por conta disso, essas estruturas – ou seja, os órgãos – assumem diversas formas e funções diferentes. O estudo de sua forma é denominado morfologia, enquanto o de suas funções em condições normais denomina-se fisiologia.
Os órgãos, em geral, são compostos por:
Tecido externo
Túnica serosa, adventícia ou fibrosa.
Tecido médio
Túnica muscular.
Tecido interno
Túnica mucosa.
Trata-se, assim, do princípio da estratificação abordado no módulo anterior.
Do ponto de vista morfológico, os órgãos podem ser classificados, segundo a presença ou não de espaço no interior da sua estrutura anatômica, denominado luz ou lumen, como:
Trata-se daqueles que apresentam luz, podendo ser:
- Tubulares: A luz é circular e restrita, como o esôfago, a traqueia e os intestinos;
- Cavitários: Ela é ampla, como o coração e o estômago.
Alguns autores não consideram o estômago um órgão cavitário, e sim um tubular. Considera-se que, como ele compõe o tubo digestório, sua luz mais ampla seria apenas uma área de dilatação desse tubo.
Formados por tecido compacto, estes órgãos não apresentam luz, como, por exemplo, o fígado, baço e pâncreas.
Certos órgãos de aparência compacta contam com espaços diminutos formados por túbulos (pequenos tubos) que os percorrem. Por isso, eles são classificados como pseudoparenquimatosos.
Exemplo: Testículos, rins e pulmões.
Acompanhe este vídeo sobre as serosas, as meninges e os seus líquidos.
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Módulo 4
Identificar o processo de homeostase em animais
Homeostase em animais
Os diversos órgãos distribuídos nas cavidades corpóreas dos animais vertebrados são compostos por células. Portanto, a célula é a unidade funcional básica do corpo animal, e cada uma apresenta características particulares que permitem o desempenho de determinada função.
Na verdade, as células se unem na composição de tecidos, que, estando juntos, formam os órgãos. Unidos, tais órgãos geram diferentes sistemas; uma vez somados, eles compõem o corpo animal.
Dessa forma, um conjunto de células que compõe um animal deve trabalhar de modo equilibrado e regulado para promover o alcance da chamada homeostase.
Abordaremos a seguir o conceito e a estruturação da homeostase, discorrendo sobre o funcionamento da comunicação celular e seus mecanismos de feedback. Além disso, falaremos sobre a adaptação dos animais ao meio onde habitam.
Conceito e estruturação
A homeostase é o estado de equilíbrio dinâmico das funções corporais estabelecido por meio de diversos sistemas de controle locais e sistêmicos a partir da ativação e/ou inibição de fatores que influenciam a atividade das células. Essa influência gera uma reação em cadeia, pois ela afeta os órgãos, os sistemas e, por fim, o próprio organismo como um todo.
Quando o corpo é exposto a uma mudança externa ou interna, pode ocorrer uma perda da homeostase. Como consequência disso, diversos mecanismos compensatórios são desencadeados.
Se eles tiverem sucesso, a homeostase é novamente alcançada e o corpo permanece em seu estado saudável. Caso esses mecanismos falhem, o equilíbrio entre as funções orgânicas é perdido e ocorre a perda de seu estado saudável.
Para que suas células consigam realizar adequadamente as funções delas, o corpo animal precisa, entre outros parâmetros fisiológicos, se manter numa determinada faixa de:
Quando tais parâmetros são perdidos, as células realizam suas funções de modo inadequado, o que gera um mau funcionamento de todo o organismo. É nesse momento que os mecanismos compensatórios buscam o:
- Retorno do parâmetro fisiológico perdido;
- Restabelecimento do equilíbrio do meio interno do corpo do animal;
- Bom funcionamento do organismo, ou seja, a homeostase.
Essa necessidade de constância do meio interno dos organismos vivos para que suas funções, a despeito de quaisquer alterações externas, ocorram de modo adequado foi descrita pela primeira vez por Claude Bernard em 1859. Segundo Bernard (1859):
Claude Bernard
O médico francês Claude Bernard (1813-1878) é considerado o pai da fisiologia experimental.
“Todos os mecanismos vitais, apesar de sua diversidade, têm apenas uma finalidade, a de manter constantes as condições de vida no ambiente interno”.
Apenas 70 anos depois houve uma descrição dos mecanismos que levam à manutenção dessa constância. Eles foram nomeados como homeostase por Walter Cannon. Para Cannon (1929):
Walter Cannon
O médico norte-americano Walter Cannon (1871-1945) é o autor de quatro postulados que regem a homeostase.
“Os fatores que operam no corpo para manter a uniformidade costumam ser tão peculiarmente fisiológicos que qualquer sugestão de explicação imediata em termos de mecânica relativamente simples parece enganosa. Por essas várias razões, o termo homeostase foi selecionado”.
Comunicação celular
Como as diferentes células do corpo conseguem trabalhar em conjunto para a manutenção da homeostase?
Elas precisam se comunicar, ou seja, as que perceberem as modificações externas ou internas ao organismo deverão sinalizá-las às demais células do corpo para elas trabalharem na execução das funções que colaborem na restauração do equilíbrio orgânico.
Para garantir a ocorrência de respostas compensatórias que promovam o equilíbrio das funções orgânicas, se faz necessária a comunicação celular.
Ela ocorre graças à presença de moléculas sinalizadoras denominadas ligantes ou mensageiros, podendo ser proteínas, aminoácidos e ácidos graxos.
Essa comunicação entre as células pode ser:
Endócrina
Seus mensageiros são os hormônios, ou seja, substâncias químicas produzidas por células distantes da célula alvo, que, por sua vez, apresenta receptores para eles na superfície de sua membrana plasmática ou no seu citoplasma ou núcleo. Mesmo que sua transmissão seja mais lenta, a ação derivada dela é mais duradoura.
Sináptica
Os mensageiros são neurotransmissores produzidos por neurônios e recebidos por outros neurônios e demais células do corpo. A transmissão é mais rápida e menos duradoura.
Basicamente, dois sistemas regulam a homeostase no organismo humano:
- Nervoso (comunicação mais rápida e curta);
- Endócrino (mais lenta e duradoura).
Observe os componentes dos sistemas de controle homeostático apresentados neste vídeo.
Mecanismos de feedback
As respostas compensatórias desencadeadas por esses sistemas são reguladas por intermédio de um mecanismo dinâmico conhecido como feedback. Trata-se de um mecanismo de retroalimentação no qual eventos são desencadeados em função de outros, garantindo, assim, a homeostase.
Um feedback pode ser:
Exemplo (box positivo)
Quando os níveis de cálcio no sangue aumentam, eles provocam a liberação do hormônio calcitonina pela glândula tireoide, fazendo com que o excesso de cálcio seja depositado nos ossos e excretado na urina. Ou seja, os níveis altos de cálcio sanguíneo desencadeiam reações que levam à diminuição desses níveis.
Modal em Exemplo (box negativo):
Quando o filhote mama e provoca a liberação do hormônio ocitocina pela neuro-hipófise da mãe, isso estimula a ejeção do leite pelas suas mamas. Ou seja, quanto mais ele realizar a sucção, mais leite será ejetado por elas.
Homeostase e adaptação ao meio
Os mecanismos químicos e físicos de compensação do equilíbrio das funções orgânicas garantem a capacidade de adaptação ao meio ambiente, tornando possível a sobrevivência dos seres vivos independentemente das condições externas do meio que os cerca. Por conta disso, alguns deles apresentam mecanismos compensatórios que lhes garantem a sobrevivência em condições nas quais, para outras espécies, é impossível a manutenção da homeostase, levando-as até mesmo ao óbito.
Quanto mais satisfatórios forem os mecanismos reguladores dela, maiores serão as chances de sobrevivência face às alterações ocorridas no meio. Analisaremos a seguir alguns casos em que o mecanismo de homeostase pode ser observado:
Diminuição da temperatura ambiente
Pense em um animal homeotérmico que apresenta temperatura corporal constante, como os cães.
Sua temperatura corporal deve ser mantida entre 38 e 39°C a fim de que suas funções orgânicas ocorram de modo equilibrado.
Esse é o parâmetro fisiológico da temperatura corporal em cães.
Agora imagine que um cão está num ambiente cuja temperatura é de 10°C. De acordo com a segunda lei da termodinâmica, o calor tende a fluir de um corpo com uma temperatura mais alta para outro com uma mais baixa. Desse modo, ele perde calor para o ambiente e a sua temperatura corporal diminui, o que compromete suas funções orgânicas.
Neste momento, uma sequência de eventos ocorre na tentativa de retomar a temperatura fisiológica do cão: o hipotálamo detecta a queda de temperatura corporal, enquanto o animal tem a sensação do frio. Assim, seu corpo promove tanto a constrição dos vasos sanguíneos superficiais, diminuindo a perda de calor, quanto a contração de músculos esqueléticos, provocando tremores para produção dele.
Caso esses mecanismos consigam fazer com que a temperatura corporal do cão retorne ao seu parâmetro fisiológico, ele irá recuperar a sua homeostase. Se isso não ocorrer, o equilíbrio das funções orgânicas será comprometido, podendo gerar um distúrbio que o leve a uma doença ou até mesmo ao óbito.
De modo geral, os animais podem ser:
Homeotérmicos
São os que apresentam mecanismos de regulação da temperatura corporal a despeito das variações da temperatura do meio. Eles, portanto, conseguem habitar diversos ambientes, como as aves e os mamíferos.
Pecilotérmicos
São os que não apresentarem esses mecanismos. Por isso, eles precisam se estabelecer em ambientes cuja variação de temperatura seja compatível com a temperatura corporal necessária para o desempenho de suas funções orgânicas, o que torna sua distribuição espacial mais restrita. É o caso de anfíbios, peixes e répteis.
Desequilíbrio hídrico do organismo
Este caso também serve para ilustrar os mecanismos de homeostase do corpo e a adaptação das espécies animais ao meio onde vivem.
Pensemos juntos: o que leva um animal a buscar água para beber?
A água é o maior constituinte do corpo dos animais, participando praticamente de todos os processos metabólicos do organismo. Desse modo, existe a necessidade de equilíbrio entre a quantidade ingerida e a que fica perdida por conta da respiração, sudorese, urina etc.
Quando a quantidade de água no corpo dos animais diminui, ocorre um aumento da concentração de moléculas e íons. Neste momento, uma sequência de eventos ocorre na tentativa de retomar os níveis de água fisiológicos dele, ou seja, o parâmetro fisiológico do equilíbrio hidroeletrolítico.
O hipotálamo detecta a diminuição da quantidade dela no organismo, fazendo com que o animal tenha a sensação de sede. Desse modo, o hormônio antidiurético liberado pela neuro-hipófise faz com que menos água seja eliminada pelos rins.
Caso esses mecanismos consigam restabelecer o parâmetro fisiológico do equilíbrio hidroeletrolítico do animal, ele poderá recuperar a sua homeostase. Se isso não ocorrer, o equilíbrio das funções orgânicas ficará comprometido, podendo gerar um distúrbio que leve a uma doença ou até mesmo ao óbito.
A quantidade de água em cada vertebrado varia, assim como sua capacidade de minimizar as perdas e de regular o consumo hídrico. Dessa forma, alguns animais são capazes de sobreviver em ambientes com escassez hídrica, como os répteis e os camelos, enquanto outros não conseguem fazê-lo, como os bovinos.
Restrição de alimento
Os mecanismos de manutenção da homeostase também podem ser bem evidenciados neste exemplo. Imaginemos agora um animal caçador, como uma raposa.
O que faz com que ele saia em busca de alimentos? O que o estimula a caçar suas presas para se alimentar?
Os animais precisam obter energia tanto para execução de atividades aparentemente mais simples, como a mastigação, quanto para aquelas consideradas mais complexas, como a reprodução.
Essa energia é obtida a partir dos nutrientes presentes nos alimentos ingeridos por eles, como a glicose.
Se a nossa raposa ficar sem se alimentar por um determinado período, os níveis de glicose no seu sangue diminuirão, o hipotálamo detectará essa queda e ela terá a sensação de fome. Essa sensação, portanto, indica que:
- Os níveis de glicose estão baixos;
- A energia necessária para o desempenho das funções orgânicas está comprometida;
- A homeostase fica prejudicada.
Para que a homeostase seja recuperada, o animal precisa se alimentar e fornecer às células as moléculas necessárias provenientes dos nutrientes ingeridos, como a glicose. Quando ele se alimenta, a distensão da parede de seu estômago e o nível aumentado de glicose em seu sangue são percebidos pelo hipotálamo, obtendo ele, por fim, uma sensação de saciedade.
Quando os níveis de glicose sanguínea aumentam, o pâncreas libera um hormônio denominado insulina. Isso faz com que as moléculas de glicose deixem o sangue para serem utilizadas pelas células com o objetivo de obterem energia ou ficarem estocadas no fígado.
Glucagon
Responsável por fazer com o que o fígado disponibilize a glicose estocada.
Com isso, os níveis de glicose vão decaindo e ficam baixos, recomeçando o processo. Até que o animal se alimente novamente, o pâncreas libera glucagon, que induz o fígado a liberar a glicose estocada até o alimento ser encontrado.
Durante o processo de evolução das espécies, algumas desenvolveram mecanismos de aproveitamento e armazenamento de energia proveniente dos nutrientes, estando mais bem adaptadas a condições de restrição alimentar.
Como um animal não pode controlar as alterações que ocorrem externamente ao seu corpo – ou seja, no meio em que vive –, o sucesso dos mecanismos de homeostase é o grande responsável pela manutenção da sua vida, estando relacionado ao processo evolutivo e à adaptação das espécies ao meio.
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Conclusão
Considerações Finais
Durante nosso estudo, foi possível perceber que o desenvolvimento do corpo dos animais vertebrados segue determinados padrões já observados desde o período embrionário. Além disso, conseguimos verificar que tais padrões se refletem tanto na sua anatomia final quanto no funcionamento integrado de seus sistemas orgânicos.
O estudo da morfofisiologia comparada permite, portanto, uma análise detalhada acerca das semelhanças e diferenças encontradas entre as estruturas anatômicas dos animais e as funções desempenhadas por elas. Isso definitivamente contribui na identificação de seus aspectos evolutivos e adaptativos.
Podcast
CONQUISTAS
Você atingiu os seguintes objetivos:
Registrou o desenvolvimento embrionário de vertebrados.
Verificou os princípios de construção do corpo dos vertebrados.
Distinguiu as cavidades e as regiões corpóreas, além de seus limites anatômicos.
Identificou o processo de homeostase em animais.