Descrição
O audiovisual nas redes sociais, o Jornalismo audiovisual e o processo de produção de vídeo para mídias móveis.
PROPÓSITO
Conhecer o processo de desenvolvimento do audiovisual no ambiente online e sua circulação nas redes sociais é fundamental para melhor compreender como o vídeo jornalístico se encaixa nesse contexto, assim como produzir um conteúdo mais adequado para as mídias móveis.
Preparação
Para o módulo 2, será necessário um smartphone com um aplicativo de edição de vídeos instalado. Utilizaremos o KineMaster para o sistema Android, que possui uma versão gratuita.
OBJETIVOS
Módulo 1
Identificar aspectos do conteúdo audiovisual em diferentes plataformas de redes sociais
Módulo 2
Descrever as etapas de desenvolvimento de vídeos para mídias móveis
MÓDULO 1
Identificar aspectos do conteúdo audiovisual em diferentes plataformas de redes sociais
WebTVs, TVs Online e os vídeos na reportagem para web
Com o advento da internet em banda larga de alta velocidade, a possibilidade da transmissão online de vídeo era vista com otimismo. Ao contrário da transmissão de TV aberta, feita por ondas de rádio, na internet não havia limite de canais. É nesse contexto que surgem as primeiras TVs online e WebTVs ao redor do planeta, experiências pioneiras que exploravam o potencial da rede mundial de computadores para a comunicação por meio do audiovisual.
Nós podemos entender a TV Online, ou WebTV, como uma transposição da lógica do broadcast para a internet.
Nas primeiras iniciativas, surgidas principalmente em meados dos anos 2000, não havia uma adaptação da estética e da lógica de produção e transmissão da TV para as potencialidades e funcionalidades da mídia digital e da web.
Broadcast
É um termo em inglês que se refere à transmissão de TV em ondas longas de rádio. Tem a ver com a forma de disseminação da TV, mas também se tornou uma maneira de falar das emissoras de TV aberta, seu modelo de negócios e sua estética.
Iniciativas como Terra TV, do portal de internet Terra, e allTV, pioneira na produção de conteúdo exclusivamente para a internet, são exemplos de WebTVs que surgem no Brasil nessa época. Ambas têm foco em notícias e entretenimento, com uma grade de programas muito próxima em temáticas e formatos das TVs tradicionais. Tanto Terra TV como allTV funcionam com transmissão contínua ao longo do dia, com programas entrando no ar em horários específicos, como em uma TV aberta.
Com os avanços tecnológicos relacionados à transmissão de vídeo online e a crescente disponibilidade de internet de alta velocidade no mundo inteiro, as TVs online e WebTVs foram se tornando cada vez mais numerosas, embora a forma de acesso ao conteúdo tenha se modificado, deixando para trás a transmissão contínua, na maior parte dos casos, concentrando-se em oferecer bibliotecas de conteúdo para acesso do usuário a qualquer momento.
Plataformas como o iTunes, da Apple, e o Google Play Vídeo se tornaram muito relevantes na venda individual de programas de TV, e empresas como Netflix e Amazon começaram a oferecer serviços baseados em assinatura, transformando definitivamente o cenário da televisão online.
No Brasil, temos diversos exemplos de TVs online que ainda operam com transmissão contínua de seu conteúdo. Por exemplo, desde 2015, a TV Globo oferece acesso ao mesmo conteúdo transmitido para TV aberta por meio do aplicativo Globoplay, em tempo real e de forma gratuita. A empresa também começou a oferecer em 2020 a possibilidade de assistir à programação ao vivo de canais de TV a cabo com uma assinatura pelo mesmo aplicativo.
Você sabia
Boa parte das TVs públicas do país oferece de alguma maneira a sua transmissão online, como as TVs legislativas e do Judiciário. A TV Brasil também está disponível online, bem como outras TVs públicas e educativas ao redor do país.
Como você pôde perceber, TV online ou WebTV são termos que se referem à transmissão do conteúdo televisivo na internet. Ao longo dos anos, a tecnologia foi se aprimorando, e os hábitos do usuário se modificando a partir das possibilidades apresentadas para o consumo de vídeo online, chegando ao cenário atual em que temos à disposição acesso tanto ao conteúdo ao vivo da TV tradicional quanto individualmente a determinados programas na hora em que quisermos.
O aumento do uso da internet faz com que os veículos tradicionais de imprensa (jornais, revistas, redes de TV e rádio) criem seus sites a fim de disponibilizar o conteúdo nesse novo meio. Em um momento ainda anterior à disponibilidade mais ampla da banda larga e ao acesso móvel à internet, o formato do conteúdo disponibilizado ainda estava muito ligado ao que é tradicionalmente feito nas mídias impressa, televisiva e radiofônica. Nesse contexto, o uso do vídeo na reportagem para a web passa por um processo de reconfiguração até estabelecer uma linguagem que dialogue com os aspectos e as potencialidades da internet como meio.
Esse formato tende a trazer reportagens em vídeo que atendam a diretrizes tradicionais do Jornalismo impresso, de rádio e TV. O uso do lide ainda é muito comum, ou seja, quando, no início do vídeo, as seis questões principais da matéria são respondidas:
O quê?
Quem?
Quando?
Onde?
Como?
Por quê?
Outro paradigma ainda recorrente é o da pirâmide invertida, quando o fato vai sendo progressivamente detalhado ao longo do texto, por ordem de importância.
No Telejornalismo, é comum que se atendam a essas regras também, embora para o ambiente da internet e das redes sociais esse nem sempre seja o modo mais eficiente de engajar o usuário/espectador.
Esse modelo de reprodução é descrito por Pavlik (2001) como shovelware, termo que não possui uma tradução direta, mas que se refere a conteúdos “jogados” de uma mídia para outra. Podemos pensar que o autor quis identificar um conteúdo jornalístico que é transposto da mídia tradicional para o ambiente online sem uma preocupação com a lógica específica da mídia digital e interativa que é a internet.
Atenção
O vídeo na reportagem para a web então pode se apresentar apenas como reiteração ou ilustração de informações textuais — uma utilização simplista e pouco rica desse recurso. Com frequência, imagens de câmeras de segurança, cinegrafistas amadores e afins estão incorporadas na notícia apenas para demonstrar alguma informação já introduzida pelo texto escrito.
A seguir veremos como o Jornalismo na internet começa a se adequar às lógicas e potencialidades próprias do contexto online e das redes sociais.
Mobile first e o jornalismo audiovisual
No contexto atual de uso intenso da web em dispositivos móveis, é preciso pensar na produção de notícia em uma perspectiva mobile first. Hill e Bradshaw (2018) apontam que essa abordagem indica que deve ser privilegiada a criação de conteúdo que funcione primeiro em dispositivos móveis e depois seja adaptada para computadores de mesa e outros dispositivos. Ou seja, uma abordagem que coloque em primeiro lugar a experiência do usuário de smartphones, tablets e outros aparelhos portáteis.
Isso porque essa é a característica da fase mais recente do Jornalismo na internet e, de maneira geral, a maior parte dos acessos à internet é feita em dispositivos móveis.
Segundo Fabbri Júnior e Ormaneze (2014), o Jornalismo na internet passa por três fases:
Primeira fase
Apenas se reproduz aquilo que é publicado em outras mídias.
Segunda fase
Em meados dos anos 2000, começa a se produzir especialmente para a web.
Terceira fase
É a fase atualmente em curso, quando essa produção possui uma preocupação com a interatividade e a adequação à linguagem e às potencialidades próprias da internet e sobretudo das redes sociais.
Canavilhas (2014) percebe que, nesse contexto, a internet juntou palavra, som e imagem, acrescentando-lhes a interatividade facultada pelo hipertexto. Você pode perceber então que as características principais de um Jornalismo adequado à internet são: multimidialidade, interatividade e hipertextualidade.
Hipertextualidade
Hipertexto é um texto que se liga a outro. Na internet, isso é visto com os links, por exemplo, que nos levam de um site a outro.
Bock (2011) vê a questão do mobile journalism, ou Jornalismo móvel, a partir da perspectiva do jornalista. Para a autora, um jornalista móvel seria um profissional polivalente, que cumpriria diversas funções anteriormente designadas a profissionais diferentes, utilizando as tecnologias móveis para esse fim. Esse indivíduo atua em um contexto de mercado no qual novas funções emergem a partir das mudanças e demandas no ambiente da internet. A autora cita os novos papéis que surgem na redação, como o de editor de mídia social, desenvolvimento de audiência e gerenciamento de comunidade.
No contexto mobile first, isto é, dispositivos móveis como principal forma de acesso à internet da maior parte da população, torna-se fundamental pensar a produção da notícia e de todo conteúdo digital com foco especificamente em determinadas plataformas e adequados contextos de consumo. Assim, a organização tradicional da narrativa jornalística, com o lide e a pirâmide invertida, muitas vezes dá lugar a outras formas de estruturação da informação.
O que se pode perceber a partir dessa discussão é que o conteúdo noticioso na internet, para ser convidativo ao usuário, deve aproveitar todos os aspectos relacionados às potencialidades materiais e contextuais da mídia digital.
Ou seja, aproveitar-se das características multimidiáticas da internet, bem como dos hábitos de consumo e da disponibilidade do conteúdo ao usuário. Portanto, deve-se pensar o Jornalismo audiovisual na internet e no contexto das redes sociais aliado a todos esses elementos.
O primeiro aspecto a ser destacado é o tempo. Na internet, o tempo disponível para a duração do vídeo é muito mais flexível do que em um telejornal, pois o vídeo online pode ser visto a qualquer momento e está disponível para o usuário sob demanda; já na TV tradicional, uma reportagem em vídeo precisa se encaixar em um programa que tem hora para começar e acabar.
O vídeo no telejornal ainda precisa se adequar às regras do lide e da pirâmide invertida, justamente pelo pouco tempo e pela necessidade de comunicar toda a informação da maneira mais objetiva possível para um espectador muitas vezes distraído. Nesse sentido, a reiteração da imagem pelo som e vice-versa também se faz fundamental.
Telejornal
É necessário produzir rapidamente por conta do horário de exibição e pelo fato de, em geral, tratar-se de notícias recentes, muitas vezes acontecimentos do mesmo dia.
Jornalismo audiovisual na internet
De modo geral, pode contar com tempos de produção mais longos, pois não precisa cumprir o mesmo papel da TV e suas notícias mais urgentes.
O papel do vídeo no Jornalismo continua central, mas o formato tradicional do Telejornalismo não é mais a norma, pelo menos na internet. Para Lancaster (2013), é mais comum encontrarmos na rede o Jornalismo documentário, que é mais cinematográfico, pode se engajar em estudos de personagem mais profundos e é um suporte para um Jornalismo visual forte.
Enquanto no Telejornalismo é mais comum para o repórter conduzir toda a reportagem através da locução ou aparecendo em tela (a chamada passagem), em uma posição de mediador entre o espectador e a informação; no Jornalismo de tom mais documental, é comum que não haja intervenção direta do repórter, deixando os personagens falarem por si. Quando há a presença do repórter, este desempenha um papel diferente, colocando-se muito mais na posição de um interlocutor do espectador, em um tom mais conversacional e informal.
Exemplo
Os canais no Youtube do New York Times, Washington Post, TV Folha, O Globo e Agência Pública tendem a produzir conteúdos mais próximos ao formato de documentário, sem a presença do repórter, com um cuidado na narrativa visual mais apurado e um aprofundamento maior nos temas retratados. Já canais como Vox ou BBC Brasil possuem alguns vídeos com uma abordagem mais centrada em um repórter que atua na frente da câmera, no tom informal e de conversa abordado anteriormente, próximo ao formato do vlog tão comum no YouTube como um todo.
Vlog
O vlog é uma abreviação de video blog e refere-se a vídeos que possuem uma pessoa como fonte principal de informação, em geral falando diretamente para a câmera em um ambiente doméstico.
A partir de toda essa discussão, você pode perceber como é fundamental pensar o Jornalismo audiovisual de acordo com as características próprias das redes sociais.
Saiba mais
Segundo Rein e Venturini (2018), um dos marcos na produção de conteúdo especificamente para essas plataformas e que atualmente é uma das maiores fontes de entretenimento e notícia nas redes sociais é o BuzzFeed. O site, lançado ainda em 2006, foi um dos primeiros a produzir o chamado “conteúdo nativo”, ou seja, pensado para cada plataforma de rede social especificamente.
Compreendendo o papel da organização do conteúdo em cada rede e a importância de seus algoritmos de recomendação de conteúdo, o BuzzFeed é pioneiro em desenvolver conteúdo de notícia e entretenimento adequado para cada rede, criando canais social-only, algo como “apenas na rede social”, como o famoso Tasty, focado em culinária.
O que podemos ter certeza é que, enquanto a tecnologia avançar e se modificar, o audiovisual vai se adaptar. O essencial é compreender o contexto em que os vídeos serão produzidos e vão circular, e para isso vamos falar sobre as principais características do vídeo nas redes sociais a seguir.
Redes sociais que aceitam vídeo e seus diferenciais
Quais são as redes sociais que você mais usa?
Quer conhecer as mais usadas no Brasil?
Segundo o Digital News Report, de 2020, do Instituto Reuters, as redes sociais mais usadas são:
A seguir, falaremos brevemente sobre essas redes e sua relação com o vídeo.
O WhatsApp é uma rede social que difere de outras já citadas pelo seu caráter primeiramente de troca de mensagens. Não há funcionalidades relevantes de postagem e criação de perfil, no entanto, o aplicativo é um espaço muito importante de troca de informações, notícias e vídeos no Brasil, sobretudo nos grupos privados e semipúblicos tão numerosos na plataforma.
O YouTube tem sua dinâmica totalmente baseada no vídeo como elemento de engajamento e conexão entre os usuários. No site, é possível se inscrever em um canal e comentar vídeos, não há uma dinâmica de laços de amizade ou troca de mensagens diretas.
Para a autora Jean Burgess (2014), "é necessário ver vídeos como mediadores de ideias que são colocadas em prática nas redes sociais, não como textos discretos que são produzidos em um lugar e depois consumidos em outro por indivíduos isolados ou massas sem consciência".
O YouTube se torna aos poucos uma plataforma altamente orientada para nichos de público, com contínua profissionalização de certos canais a partir de seu crescimento. A criação de comunidades e o engajamento com o público são fatores fundamentais para o funcionamento e sucesso dos canais no site, que conta tanto com canais gerenciados por empresas de mídia já estabelecidas, quanto por pessoas que se profissionalizam a partir do sucesso na plataforma e por amadores.
O Facebook, após a grande reformulação feita no news feed da rede em 2012, traz o vídeo cada vez mais como uma peça central de conteúdo, conforme Tandoc Junior e Maitra (2018) percebem. Os autores apontam que essa mudança traz a priorização do conteúdo audiovisual nativo, ou seja, os vídeos postados diretamente na plataforma. A função de auto-play, ou reprodução automática, também é fundamental na reorganização do lugar do vídeo na rede, fazendo com que ele seja apresentado independentemente da vontade do usuário, com a forma padrão sendo o som desligado.
Essa escolha de design do Facebook influencia enormemente a produção audiovisual voltada para a plataforma, que deve levar em conta o formato do news feed, privilegiando vídeos com uma proporção mais próxima do quadrado, e o fato de o som estar desligado por padrão.
Exemplo
Um bom exemplo de adequação de conteúdo a essas restrições são os vídeos da página Tasty, ligada ao BuzzFeed. Os vídeos de culinária se constroem a partir do texto em tela, sem necessidade do som para compreensão da receita.
Outro elemento relevante do cenário audiovisual do Facebook são as transmissões ao vivo. Essa funcionalidade tornou-se disponível para todos os usuários em 2016 e desde então tem sido fonte de muito conteúdo no site. Tandoc Junior e Maitra (2018) afirmam que esse tipo de vídeo, aliado aos comentários em tempo real, pode promover altos níveis de engajamento dos usuários.
O Instagram é uma rede que sempre teve como base a fotografia, embora tenha se voltado para o vídeo desde sua aquisição pelo Facebook. Nessa rede social é possível criar um perfil público ou semipúblico, postar fotos e vídeos de até 60 segundos no feed, postar vídeos de até 60 minutos no IGTV (o aplicativo de vídeos dessa plataforma) e de até 30 segundos no reels.
O diferencial do Instagram para fotos sempre foi a disponibilidade de filtros e ferramentas de edição de imagem para fotografia diretamente no aplicativo. Assim, os perfis de maior sucesso na rede tendem a ser mais ligados ao estilo de vida, à personalidade e ao cotidiano, com certo apuro estético e uma valorização dos padrões de beleza.
Com o advento do IGTV e do reels, com uma série de ferramentas de edição de vídeo, áudio e aplicação de efeitos na imagem, é possível uma criação audiovisual altamente elaborada com poucos recursos.
O Twitter é uma rede social muito mais focada em texto do que em vídeo e imagem, de modo geral. Hermida e Hernández-Santaolalla (2018) apontam que a plataforma é mais popular entre jovens, profissionais de mídia e acadêmicos, com uma penetração menor em outras comunidades e uma amplitude de público bem menor do que as outras redes mencionadas até agora.
A circulação do vídeo no Twitter tende a ser de conteúdos mais curtos, geralmente trazidos de outras plataformas, mesmo que postados de forma nativa no site. O grande diferencial da circulação de imagem e audiovisual no Twitter é que eles tendem a passar por um processo de curadoria e serem “empacotados” pelos usuários, ou seja, o conteúdo normalmente já vem com opiniões e juízos de valor incorporados.
O Tik Tok é uma rede social que tem crescido em popularidade desde 2017 no Brasil, sobretudo entre os mais jovens. A plataforma tem um foco quase exclusivo em conteúdo gerado por usuário. É uma produção de baixo custo, utilizando basicamente as ferramentas disponíveis no próprio aplicativo. O Tik Tok conta com ferramentas básicas de edição de vídeo e áudio, efeitos e filtros especiais do aplicativo, elementos que o Instagram transportou para o reels.
Até aqui você pôde entrar em contato com algumas das principais redes sociais voltadas para o vídeo e suas características mais marcantes. A seguir, vamos discutir a questão do conteúdo gerado por usuário e seu impacto na estética dos vídeos em circulação nas redes sociais.
Conteúdo gerado pelo usuário: renovação da estética audiovisual
A questão da audiência na internet tem configurações específicas que são próprias do meio e do momento em que a sociedade se encontra. Se no contexto do broadcast, da TV aberta, a preocupação era falar com o máximo possível de pessoas – de diferentes idades, classes sociais e regiões –, no contexto da internet e principalmente das redes sociais, há um processo de criação de nichos, conteúdos que apelam a públicos bem específicos.
Chris Anderson (2019), em seu livro A cauda longa, defende que o futuro dos produtos está na maior diversidade e no apelo a pequenos, mas numerosos, públicos diferentes. Quando falamos de conteúdo midiático, isso se torna ainda mais relevante, pois, desde o advento da TV por assinatura e a ampliação do número de canais, o caminho da produção de conteúdo tem sido esse.
Na internet isso se intensifica e nas redes sociais toma novos contornos. Com o trabalho de Henry Jenkins (2008) sobre a questão da convergência dos meios, podemos compreender melhor como isso se dá. O autor propõe o conceito de cultura participativa para tentar explicar o conteúdo online e nas redes sociais em especial. A cultura participativa seria uma lógica de produção e circulação de conteúdo em que a troca entre criadores e consumidores acontece de maneira mais próxima, a fronteira separando-os é menos clara e cada novo produto criado a partir de determinada fonte avança na sedimentação de novas convenções estéticas.
A cultura participativa é mais sobre um ambiente de criação e troca do que sobre o conteúdo criado individualmente. Nesse sentido, estamos falando basicamente do conteúdo gerado por usuários.
Esse é um termo amplo que se aplica às mais diversas produções dentro e fora da internet, mas quando falamos de vídeo gerado pelo usuário, estamos pensando em conteúdo produzido por não profissionais, ou seja, pessoas que não trabalham com a produção midiática, mas que produzem vídeo, seja para registrar momentos íntimos, capturar algum fato curioso ou até mesmo para alcançar a fama.
A quantidade e a rapidez da produção audiovisual online fazem emergir um “ecossistema”, no qual o vídeo toma um caráter vernacular (quase como uma língua falada entre os produtores e os usuários) e iterativo (algo que se repete e ganha novas características a cada vez que é produzido). Burgess (2014) aponta que o valor de cada vídeo está muito mais em sua função de elo na cadeia de produção da cultura participativa online, convidando a participação dos outros usuários e fazendo avançar uma estética muito particular das redes sociais.
Aqui podemos pensar como as comunidades que emergem nessas redes sociais se tornam fonte para novas configurações estéticas e de conteúdo.
As empresas e os veículos de comunicação e profissionais de mídia então passam a contar com a massa de produção audiovisual nativa das plataformas para orientar sua produção e garantir que ela se insira de maneira mais orgânica no contexto desejado.
Exemplo
É possível perceber como as marcas se apropriam de memes e vídeos virais que circulam nas redes sociais para fazer propaganda de seus produtos. E mais do que isso, esse conteúdo gerado por usuário de forma coletiva e participativa em grande medida orienta os padrões estéticos de toda a produção nas plataformas de redes sociais e mesmo fora delas.
Tomando o YouTube como um estudo de caso, é possível perceber como a estética do vlog é central para os vídeos da rede, desde conteúdos jornalísticos, passando por estilo de vida, vídeos educativos e até propagandas.
Esse contexto todo aponta, sem dúvida, para a necessidade de compreender as dinâmicas próprias de cada rede social, bem como os conteúdos que circulam dentro delas, para melhor planejar e produzir seus produtos audiovisuais. Com esse conhecimento em mente, é possível produzir, com mais propriedade, conteúdo audiovisual para mídias móveis!
Assista ao vídeo e saiba mais sobre a aceitação e apropriação da estética “amadora” no conteúdo audiovisual.
Verificando o aprendizado
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MÓDULO 2
Descrever as etapas de desenvolvimento de vídeos para mídias móveis
Apesar de ter aspectos próprios, o processo de realização em mídias móveis guarda muitas similaridades com os métodos produtivos do audiovisual de maneira geral. Neste módulo, vamos entender quais são as questões técnicas do meio digital, entender quais as etapas de desenvolvimento de um vídeo e quais as melhores práticas para captura e edição de material em mídias móveis.
Características técnicas do processo de realização em mídias móveis
A imagem digital tem uma série de questões importantes a serem levadas em conta na hora de produzir vídeos, em especial utilizando o smartphone. A câmera da maior parte dos smartphones funciona em grande medida como qualquer outra câmera digital, a grande diferença está em algumas limitações por conta do tamanho reduzido disponível para o dispositivo.
Em primeiro lugar, a maior parte das câmeras de celular possui uma ou duas lentes fixas, ou seja, não é possível mudar a distância focal. O zoom que somos capazes de dar utilizando os smartphones é, comumente, um zoom digital, ou seja, não é a lente que produz a aproximação da imagem, mas sim o sistema que amplia mais a imagem formada pelo sensor da câmera.
Distância focal
A distância focal é a característica da lente de uma câmera que permite maior ou menor aproximação da imagem, delimitação de campo de visão e, em combinação com outras regulagens (diafragma e obturador, além da sensibilidade do sensor), permite maior ou menor profundidade de campo (isto é, se haverá uma maior ou menor área em foco na imagem).
Nesse sentido, o sensor – que é onde a luz é projetada para formar a imagem – de um celular em geral é muito pequeno, menor que o sensor de câmeras fotográficas amadoras ou semiprofissionais. Por conta desse tamanho diminuto, é necessária muita luz para formar uma imagem bem exposta, fato pelo qual é difícil tirar boas fotos à noite ou em situações de pouca luz com câmeras de celular.
Saiba mais
Existem aparelhos com sensores maiores e tecnologias avançadas que aproveitam mais a luz disponível, como os iPhones, da Apple, ou a linha Galaxy S, da Samsung. No entanto, eles estão dentre os aparelhos mais caros do mercado.
Apesar dos microfones integrados dos celulares serem cada vez mais avançados, ainda é uma dificuldade, para a produção com aparelhos móveis, a captação de som satisfatória. Uma boa captação de som exige certa proximidade do microfone com a fonte sonora, tornando, em geral, o uso do microfone integrado uma opção pouco eficiente, especialmente em ambientes ruidosos, pois o celular costuma estar distante da pessoa que está falando, na maior parte das vezes. Mais à frente, veremos alternativas para uma boa captação de som nesse contexto.
Atenção
É preciso ficar atento aos formatos de captação de vídeo disponíveis no aparelho usado. De maneira geral, os celulares mais recentes captam vídeo em resolução full HD, ou seja, de alta definição. Essa resolução é adequada para as redes sociais e é mesmo maior do que o padrão da TV digital. Muitos telefones já contam com a opção de filmagem em 4K, que é o dobro da resolução full HD; no entanto, quanto mais resolução de vídeo, mais espaço em disco será necessário para armazenar os arquivos.
Outro aspecto primordial da captação de vídeo nos smartphones é a taxa de quadros.
Taxa de quadros é a quantidade de quadros por segundo de filmagem, o padrão de cinema são 24 e de TV, 30 quadros por segundo. Alguns aparelhos mais modernos ainda possuem a capacidade de filmar em taxas mais altas, como 60 ou 120. Essas taxas de quadros mais altas permitem que o vídeo seja reproduzido em câmera lenta.
Todos esses ajustes devem estar disponíveis no aplicativo padrão de câmera do seu smartphone, no entanto, existem outros parâmetros que nem sempre estão à disposição do usuário de forma nativa. Aspectos como abertura do diafragma, velocidade do obturador e sensibilidade à luz do sensor costumam estar escondidos. Muitos aparelhos possuem o modo “profissional” em seus aplicativos padrão de câmera, que dão acesso a alguns desses parâmetros, mas outros não. De toda maneira, é possível instalar aplicativos de terceiros para possibilitar um maior nível de controle da câmera do seu smartphone. A opção depende da familiaridade com esses recursos. Em muitos casos, pode ser melhor deixar todas as configurações no modo automático.
Diafragma
Funciona como a pupila dos olhos, e sua abertura permite entrar mais ou menos luz no sensor na câmera, o que repercute em tipos diferentes de imagem, interferindo, por exemplo, na profundidade de campo.
Obturador
É o obturador que define por quanto tempo o sensor será exposto à imagem capturada, também gerando diferentes tipos de imagem – uma imagem menos nítida ou com impressão de movimento, por exemplo, quando se tratar de fotografia de um objeto se movimentando e com uma velocidade baixa do obturador, ou ainda uma imagem com luz “estourada”.
Aplicativos de terceiros
No sistema Android existem diversos aplicativos mais robustos para o uso de câmera e que são gratuitos, como o Open Camera, o Better Camera e o Google Camera.
Todos esses aspectos técnicos ligados à produção com dispositivos móveis devem servir como guias para o melhor uso dos aparelhos. Não deixe o celular impor o que você pode fazer, você deve determinar como ele pode melhor servir às suas ideias, dentro das limitações que possui.
Processo de desenvolvimento de audiovisual em mídias móveis
O processo de desenvolvimento em mídias móveis não difere muito das etapas presentes no desenvolvimento do audiovisual como um todo, em contextos de cinema, televisão e do Jornalismo. Embora existam especificidades para cada um desses contextos, a lógica permanece bem similar. Vamos entender ponto a ponto como uma ideia se torna um vídeo finalizado.
A produção audiovisual é principalmente um trabalho em equipe, com um alto grau de especialização e dividida em áreas interdependentes. Apesar de o tamanho das equipes ser diferente para diversos produtos e contextos, é quase sempre um trabalho coletivo. No âmbito da produção para as redes sociais, no entanto, podemos nos deparar com canais que são produzidos por uma única pessoa.
As etapas da produção audiovisual são:
Desenvolvimento
Pré-produção
Produção
Pós-produção
Cada momento tem suas demandas específicas de equipe e trabalho.
Na etapa do desenvolvimento, começamos a partir de uma ideia que é desenvolvida para se tornar um roteiro, ou um formato de programa, ou a partir de uma pauta começa a se trabalhar em uma reportagem jornalística. Essa etapa pode demorar meses ou anos, no caso de um filme, ou algumas horas se for um vídeo para as redes sociais.
Com o roteiro ou a pauta de reportagem em mãos, é hora de começar a pré-produção, que é o momento em que tudo deve ser preparado para as filmagens: os lugares onde vai se filmar, os atores precisam ser contratados, se for uma reportagem ou um documentário, é preciso entrar em contato e agendar com as pessoas que darão a entrevista, por exemplo.
Com tudo preparado, chega o momento da produção, quando as filmagens efetivamente acontecem. Nessa etapa, a equipe de filmagem deve estar a postos e todos os equipamentos e outros insumos necessários, disponíveis. Essa etapa pode durar vários meses ou apenas algumas horas, dependendo do produto.
Depois de toda a captação de imagem e som realizada, é o momento da pós-produção. Nessa etapa, é feita a edição das imagens e a finalização do som e da cor do vídeo. Ao final, temos o produto, que vai ser exibido em cinemas, TV ou colocado em um site de rede social.
Esse processo de desenvolvimento não precisa ser totalmente replicado na hora de produzir para as redes sociais, mas é fundamental dar conta de tudo o que está envolvido nessas etapas. Mesmo com equipes pequenas, ou de uma só pessoa, é essencial pensar sobre o que vai ser produzido, e por isso é preciso desenvolver bem as ideias e planejar.
Bons vídeos sempre começam com bons roteiros, então pensar o melhor modo de abordar o assunto de que se vai tratar é muito relevante para o sucesso da produção. Assim, tenhamos em mente alguns aspectos significativos na hora de fazer um roteiro:
Se você decidir que fará um vídeo inspirado no formato vlog, por exemplo, é importante pensar no que vai falar. É possível elencar alguns tópicos a serem desenvolvidos na hora da filmagem, ou escrever falas detalhadas no roteiro.
De maneira geral, mesmo fora do formato vlog, é necessário optar por escrever o roteiro como um texto corrido, em tópicos, ou no padrão de TV, que pode ser proveitoso para a organização do vídeo. O padrão de roteiro para TV é organizado em duas colunas, a da esquerda para o vídeo e a da direita para o áudio. Na coluna do vídeo, entra a indicação de todas as imagens que vão aparecer em tela, de preferência com indicações detalhadas. Na coluna do áudio, entram música, efeitos sonoros, narração e indicação de trechos de falas de entrevistas ou diálogos.
Se uma ou várias entrevistas forem realizadas, recomenda-se pensar previamente nas perguntas a serem feitas e em como esses depoimentos vão se encaixar no restante do vídeo. Nesse caso, o trabalho de roteirização não termina antes da filmagem, ele continua depois, na hora de escolher que trechos da entrevista vão entrar no vídeo. No meio de uma entrevista, pode surgir um dado inesperado e que mereça mais atenção do que o planejado. Mas esse é um assunto da edição, a ser explorado a seguir.
O mais importante é pensar bem na estrutura do seu roteiro, quais informações entrarão em que momentos e de que jeito você pode engajar mais seu espectador a partir dessa organização. Nesse sentido, ao se produzir para as redes sociais, é imprescindível pesquisar as tendências e os formatos relevantes de cada rede, dialogar com a comunidade do seu canal, pensando estratégias específicas de engajamento dos usuários.
Qualquer que seja o caminho que você escolha para o seu vídeo, é essencial pensar nas etapas mencionadas: sempre dedique tempo ao desenvolvimento do roteiro, planeje a produção de modo que tudo que é necessário para a captura de imagem e som esteja disponível, tenha certeza de que você filmou tudo que é preciso para editar o vídeo e se organize bem para fazer a edição de seu vídeo da melhor maneira possível, lembrando que o seu roteiro é um guia importante, mas, na hora da edição, tudo pode mudar.
Captura de imagens e início da pós-produção
Antes de realizar a captação de imagens, recomenda-se decidir a proporção do quadro do vídeo final. Como visto, as redes sociais possuem diversos padrões de vídeo e devemos levar isso em consideração ao fazer nossas filmagens.
Dica
É sempre bom saber para quais redes estamos produzindo para dar conta das suas características específicas. No Instagram, por exemplo, é possível postar vídeos na vertical, horizontal e de proporção quadrada, já o YouTube aceita todos os formatos de vídeo, mas a tendência é o vídeo horizontal na proporção 16:9, padrão da resolução da TV digital.
A proporção do vídeo é uma razão entre largura e altura. Quando falamos em vídeo na proporção 16:9, significa que, a cada 16 unidades de tamanho na largura, temos 9 unidades na altura, ou seja, é um vídeo retangular, mais largo do que alto.
Com a proporção definida e escolhido o local da filmagem, é fundamental ter uma preocupação estética com esse espaço. Cuidar do cenário ou do ambiente onde se filma é crucial para produzir uma imagem mais agradável ao espectador. Mesmo que em um vídeo jornalístico, é fundamental pensar no que aparece ao fundo, ou ao redor da pessoa ou do objeto que está sendo filmado.
Atenção
A iluminação também merece um olhar atento. Se você tem acesso à iluminação artificial, como luzes de LED próprias para filmagem, ótimo! Mas se você possui apenas o celular, existem alternativas para conseguir um vídeo bem iluminado. Posicionar a pessoa que vai ser filmada próxima a uma janela é uma delas. No entanto, é necessário tomar cuidado com as mudanças de posição do sol ao longo da filmagem. Se você estiver filmando ao ar livre, tenha em mente que os horários do início da manhã e do fim da tarde têm a luz do sol mais suave. Buscar locais com sombra também é uma boa alternativa.
Como o que está em produção é uma obra audiovisual, a parte do áudio tem tanta importância quanto a imagem. Assim, preste atenção à captação de som, cuidando para filmar em locais silenciosos e utilizando, de preferência, um microfone externo. Pode-se utilizar um microfone de lapela, aqueles que ficam presos na blusa das pessoas. Há microfones de lapela que se ligam diretamente ao aparelho celular. Mas, na falta dele, é possível usar o próprio fone do celular, que em geral conta com um microfone integrado.
Com tudo arrumado para começar a filmagem, agora é o momento de se atentar ao roteiro, ou às perguntas ou aos tópicos preparados.
Caso esteja trabalhado com um roteiro em texto mais completo, uma alternativa é gravar em blocos de texto, decorando pequenos trechos, outra é utilizar um aplicativo de teleprompter no smartphone. Nas entrevistas, as anotações em um celular e mesmo um bloco de notas são recursos comuns.
O planejamento também permite elaborar uma listagem para conferir se foram captadas todas as imagens necessárias à produção antes de passar para a etapa da edição.
Com todo o material filmado, é hora de seguir para a pós-produção. Antes de começar a editar, é fundamental cuidar da organização do seu material bruto. A organização desse material permite encontrar mais facilmente o que se deseja na hora da edição. É importante também, sempre que possível, fazer um backup dos arquivos utilizados. Pode-se fazer uma cópia em outro celular, ou no seu computador, ou em um site de armazenamento como o Google Drive.
Com todos os arquivos da filmagem organizados, é o momento de buscar outros vídeos e outras fotos que possam ser necessários para a edição. Às vezes não é possível filmar tudo o que se deseja para incluir no vídeo. Pode ser necessário, por exemplo, usar imagens de arquivo ou de outras obras no nosso vídeo. As possibilidades são muitas.
Teleprompter
O teleprompter é um aparelho utilizado principalmente no Jornalismo televisivo, composto de um espelho que vai na frente da lente da câmera e uma tela que vai rolando o texto para o apresentador ler.
Material bruto
É o nome dado aos arquivos de vídeo completos vindos diretamente da câmera, sem cortes.
Dica
Nesse sentido, existem diversos bancos de imagem gratuitos disponíveis na internet, como Pexels, Pixabay, Wikimedia Commons e The Internet Archive. São sites que colocam à disposição vídeos feitos especificamente para serem utilizados na produção audiovisual, bem como imagens em domínio público ou com a licença Creative Commons.
É primordial atentar para o tipo de licença que cada material possui, algumas permitem uso comercial, enquanto outras só permitem uso sem fins lucrativos. Para além desses sites, você pode fazer buscas no YouTube ou no Google Imagens ativando o filtro para só mostrar imagens com licença Creative Commons.
E, mesmo nesses casos, será que é importante citar o nome do autor?
Sim! É importante dar o crédito ao produtor original ou do site no qual você encontrou a imagem a ser utilizada, ainda que seja de uso gratuito. Se for preciso usar trechos de programas de TV, filmes ou qualquer obra produzida por outras pessoas, é necessário sempre dar crédito ao produtor original também. Vale destacar que, mesmo dando crédito e utilizando trechos, às vezes os algoritmos de proteção de direitos autorais das redes sociais podem bloquear o vídeo.
Com as imagens e os vídeos organizados, você pode escolher uma música para o seu vídeo. Existem vários sites que disponibilizam músicas sem a cobrança de direitos autorais, começando pelo próprio YouTube, que tem uma biblioteca de áudio, com músicas e efeitos sonoros, disponível para os usuários através do YouTube Studio. Outros exemplos de banco de músicas e efeitos sonoros são Bensound e Free Sound. E a BBC também disponibilizou gratuitamente uma enorme biblioteca de efeitos sonoros de sua divisão de rádio.
Edição em smartphones
Agora está tudo pronto para começar a editar! Usaremos no exemplo o aplicativo KineMaster para Android como ferramenta para nossa edição, mas as etapas a serem cumpridas são universais, para qualquer edição, em qualquer sistema.
A edição é basicamente um processo de seleção e combinação de trechos de vídeo e áudio. Para começar, é preciso antes separar e escolher os trechos que desejamos usar de cada vídeo bruto, fazendo uma atividade que chamamos de decupagem. Essa decupagem é feita tanto nas imagens que contêm alguma fala, como entrevistas ou vlogs, quanto em imagens que usaremos para “cobertura”.
Depois de decidir quais trechos de entrevistas ou vlog serão usados, podemos colocá-los em uma ordem. Com essa ordenação planejada e encaminhada, é possível usar ainda outros recursos, como imagens de cobertura, que são vídeos ou fotos colocados de modo que não se veja a pessoa que fala, e sim essas imagens. Elas podem ter relação mais direta com o que é falado e serem usadas para ilustrar algum ponto, ou podem ter uma ligação menos direta com o texto.
No KineMaster, especificamente, há um procedimento bem simples para realizar esses processos.
Após abrir o aplicativo, você pode começar um novo projeto. Perceba que é necessário escolher a proporção da qual falamos, e o aplicativo possui várias possibilidades, de acordo com as redes sociais específicas.
Depois de escolhida a proporção, chega-se à tela principal de edição, que traz a “linha do tempo”, na qual serão organizados os clipes de vídeo e áudio na edição, o monitor para visualização do que está sendo editado e o círculo à direita, para onde podemos trazer novos vídeos, arquivos de áudio e novas imagens para a linha do tempo e aplicar efeitos e transições.
Você pode seguir o seu roteiro ou escrever um roteiro de edição com o material que foi capturado. A partir desse roteiro de edição, o processo é um tanto mecânico ou repetitivo, de escolha e combinação, puxando novos vídeos e novas imagens para a linha do tempo, construindo aos poucos o vídeo final.
Para adicionar músicas e efeitos sonoros, existe um comando de “áudio”. É possível cortar um clipe em qualquer posição utilizando o ícone da tesoura. É fundamental, ao longo da edição, pensar na modulação do vídeo, com momentos de aumento e queda de intensidade, e também no ritmo das imagens com a música e das imagens entre si. Ou seja, o tempo que cada imagem fica em tela é significativo, assim como o momento dos cortes e sua relação com o ritmo da música.
Outro recurso possível são as transições entre dois vídeos, e o KineMaster torna esse processo bem fácil. Quando são adicionados dois vídeos, um ao lado do outro, na linha do tempo, um botão com o símbolo de adição aparece, sendo necessário apenas tocar nesse botão para revelar o painel de inserção e controle de transições.
Para adicionar texto, é só utilizar o comando “camadas” e depois “texto”; é possível adicionar adesivos com o comando “adesivos” também.
Para modificar o volume ou as propriedades de transparência e cor de uma imagem ou um som, é necessário tocar no clipe correspondente na linha do tempo. Com essa seleção, será aberto o painel de controle do clipe, que conta com opções para modificar cor, opacidade, volume, velocidade, entre outros parâmetros.
Alguns desses parâmetros podem ser modificados utilizando keyframes, ou quadros-chave, que são pontos ao longo de um clipe onde definimos o valor de determinado parâmetro, como, por exemplo, o volume. Podemos então adicionar keyframes para aumentar ou diminuir o volume, determinando seu valor em cada ponto.
Após a seleção, a combinação de todos os clipes de vídeo e áudio necessários para o vídeo e a aplicação de transições e efeitos, você terá completado o chamado primeiro corte. É muito comum que nesse primeiro corte não haja ainda a aplicação de efeitos, pois ele provavelmente mudará. É uma versão inicial com todos os clipes de vídeo e áudio em seus lugares.
Essa primeira versão normalmente é vista e comentada por membros da equipe. Caso esteja trabalhando sozinho, você pode mostrar para colegas, amigos ou familiares. É sempre importante ter outras opiniões. A partir dos comentários, então é elaborado o segundo corte e assim por diante até chegar a um resultado satisfatório para todos os envolvidos. Esse é um processo iterativo, ou seja, a cada nova versão pequenos ajustes e novas adições ou remoções vão sendo feitos.
Dica
No contexto de produção para as redes sociais, muitas vezes não há tempo para múltiplas versões, e o tempo entre elas também pode ser muito curto, mas é sempre importante fazer mais de uma versão.
Com a última versão definida, ou seja, quando se julga que não será mais realizada nenhuma edição de som e imagem, chega-se ao momento de finalizar o vídeo, efetuando apenas ajustes de volume e cor. Deve-se atentar para o nivelamento do volume no vídeo como um todo, tomar cuidado para não haver diferenças muito grandes de intensidade entre clipes distintos e para o volume da música não ficar mais alto que o das falas. O KineMaster possui uma ferramenta que automatiza o volume do vídeo, mas também é possível ajustar individualmente cada clipe.
É possível manipular brilho, contraste e saturação dos clipes individualmente, bem como aplicar filtros de imagem parecidos com os disponíveis no Instagram. O importante é garantir um padrão entre os clipes do vídeo como um todo.
Com os ajustes finais no som e na imagem, chegamos ao momento de exportar o vídeo para postagem na rede social de sua escolha. O KineMaster faz desse processo algo muito simples e rápido. Em sua versão gratuita, só é possível exportar vídeos de até 1280x720 pixels, que não chega a ser uma resolução full HD, mas é adequada às redes sociais. Na tela de exportação, que pode ser acessada tocando no ícone com um quadrado e uma seta no canto superior direito, é possível definir a resolução, a taxa de frames (taxa de quadros) e a taxa de bits.
Atenção
Esse último parâmetro é importante, pois se refere à quantidade de dados que será gravada no arquivo final do vídeo. Quanto mais alto esse número, maior a qualidade do vídeo final, mas também resultará em um arquivo mais pesado, exigindo maior capacidade de armazenamento.
Após a exportação, você pode compartilhar o seu vídeo na rede social de sua preferência! Nesse momento, é importante pensar bem no título, na descrição e no thumbnail (ou unha do dedo, em inglês) de seu vídeo. O thumbnail é a imagem que representa o seu vídeo antes de ele começar a ser reproduzido. Em redes como o YouTube, é um dos itens mais importantes, ao lado do título, para o convencimento do usuário a assistir ao vídeo.
Assista ao vídeo e saiba mais sobre edição em mídias móveis.
Verificando o aprendizado
ATENÇÃO!
Para desbloquear o próximo módulo, é necessário que você responda corretamente a uma das seguintes questões:
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Conclusão
Considerações Finais
Conhecemos as TVs Online e WebTVs, as diferentes fases da produção de vídeo para reportagem online e as características do Jornalismo audiovisual em um contexto mobile first. Foi possível ainda distinguir as características centrais de cada uma das principais redes sociais que aceitam vídeo, assim como entender a importância do conteúdo gerado por usuário para o ambiente da internet como um todo.
Compreendemos como colocar em prática a realização audiovisual em mídias móveis, entendendo o processo de desenvolvimento de vídeo e os fluxos de trabalho em captação e edição de imagem utilizando smartphones.
Podcast
CONQUISTAS
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