Descrição

Estruturas do sistema músculo esquelético dos membros superiores; ossos que o compõem os membros superiores; articulações dos membros superiores; músculos dos membros superiores.

PROPÓSITO

Conhecer os componentes estruturais do sistema músculo esquelético responsáveis pelos movimentos, e manutenção da postura dos diversos segmentos do membro superior, é essencial para a sua atuação como profissional de saúde.

Preparação

Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha acesso a um atlas de anatomia humana, disposto em livro físico ou em ambiente virtual.

OBJETIVOS

Módulo 1

Identificar os ossos e acidentes anatômicos do sistema esquelético dos membros superiores

Módulo 2

Identificar os principais componentes articulares dos membros superiores

Módulo 3

Reconhecer os músculos e as ações musculares dos membros superiores

Introdução

O movimento do corpo humano é inerente a todas as atividades cotidianas. Todas as ações que demandam mover ou manusear algum objeto, seja ele para deslocar grandes massas, ou até mesmo ações de coordenação motora fina, como escrever à mão ou digitar um texto, dependem da atividade conjunta dos sistemas esquelético, articular e muscular. Esses três sistemas juntos formam o sistema músculo esquelético.

O sistema esquelético é formado por um conjunto de ossos com diferentes formatos e com a composição básica de minerais, como: cálcio e fósforo, fibras colágenas tipo 1 e proteoglicanos. Os ossos do membro superior são importantes alavancas ósseas, que, através da ação ativa dos músculos, servem como uma haste rígida para mover os seguimentos e os objetos que ali estão apoiados. No membro superior, o sistema esquelético é dividido em quatro segmentos com seus respectivos ossos:

  • 1º Segmento - cintura escapular (escápula e clavícula)
  • 2º Segmento – braço (úmero)
  • 3º Segmento – antebraço (rádio e ulna)
  • 4º Segmento – mão (carpo, metacarpo e falanges)

O sistema articular, estudado na Artrologia, é a área da anatomia que estuda a conexão das partes rígidas, representada pelos ossos do corpo humano e suas respectivas características estruturais e funcionais. Sabe-se que, no membro superior, a maioria das articulações são classificadas funcionalmente como diartrose e estruturalmente como sinovial. A articulação classificada funcionalmente como diartrose tem como característica a ampla mobilidade articular. Esse tipo de articulação também é classificado estruturalmente como sinovial, pois apresenta como característica os seguintes componentes articulares: cápsula fibrosa, membrana sinovial, líquido sinovial, estruturas articulares associadas como bursas e discos articulares, cartilagem articular (Hialina) e, em alguns casos, fibrocartilagem articular. A mobilidade articular do membro superior é de suma importância nas atividades funcionais, seja no trabalho, em casa ou no exercício físico, permitindo combinações de movimentos articulares e gestuais motores desde o mais simples aos mais complexos.

O sistema muscular representa a parte ativa do movimento, formado por fibras musculares capazes de se contrair de forma sincronizada, permitindo a ação de encurtamento do músculo e, consequentemente, o movimento da articulação e do segmento. Os músculos são estruturas que podem cruzar uma ou mais articulações e estão fixados, em sua maioria, no sistema esquelético. Além de produzir movimento, o sistema muscular também é capaz de controlar posturas estáticas (quase estática) e de produzir calor. No membro superior, os músculos são responsáveis por mover as estruturas ósseas da cintura escapular, do segmento do braço, antebraço e mão.

MÓDULO 1


Identificar os ossos e acidentes anatômicos do sistema esquelético dos membros superiores

Sistema esquelético dos membros superiores

O esqueleto apendicular superior é formado por 64 ossos, são eles:

Arraste para os lados. Arraste para os lados.
Escápula
Clavícula
Úmero
Rádio
Ulna
Ossos do carpo
Metacarpo e falanges

Atenção

Os ossos dos membros superiores têm como principal função participar, juntamente com os músculos, da movimentação dos segmentos do membro superior, o que pode representar desde movimentos elaborados, altamente complexos e delicados, ou até mesmo com alta implementação de força, potência e de coordenação motora grossa.

Cintura escapular

Agora vamos abordar o segmento da cintura escapular, também conhecido como cíngulo do membro superior, o qual forma o primeiro segmento do membro superior e apresenta dois ossos:

Clavícula

Escápula

A principal função da cintura escapular é conectar o esqueleto apendicular superior ao esqueleto axial, e permitir que o segmento do braço se movimente a uma maior amplitude nos planos de movimento. A clavícula é um osso longo em formato de “s”, localizado na região ântero-látero-superior em relação ao tórax e se articula com o esterno e a escápula. Veja na figura abaixo.

Figura 1: Cintura escapular.

A clavícula é o osso responsável por conectar o esqueleto apendicular superior ao axial através da articulação esternoclavicular. Essa articulação é formada pela extremidade esternal da clavícula e a incisura clavicular do esterno. Próximo à extremidade esternal da clavícula identifica-se a impressão do ligamento costoclavicular, acidente anatômico responsável pela fixação do ligamento costoclavicular. Já o sulco do m. subclávio é um sulco localizado na superfície inferior da clavícula que tem como função a fixação do músculo subclávio. O tubérculo conoide e a linha trapezoide estão localizados próximos à extremidade acromial da clavícula e têm como função a inserção dos ligamentos conoide e trapezoide, respectivamente. Veja abaixo.

Figura 2: Acidentes anatômicos da clavícula.

Por estar localizada na parte anterior do tórax, a clavícula se coloca em uma posição de certa exposição para possíveis lesões associadas a impactos externos. Defroda et al. (2019), investigaram a incidência de fratura na clavícula e mecanismo de lesão apresentados aos departamentos de emergência dos Estados Unidos (EUA). Em um período de 8 anos, identificou-se 14.795 exposições a fraturas na região da clavícula, com uma incidência de 22,4 lesões por 100.000 pessoas/ano.

Atenção

As causas mais comuns para esse tipo de lesão foram associadas à atividade desportivas (50% dos casos), principalmente, ciclismo, futebol e futebol americano, bem como foram apresentadas incidências relacionadas às atividades do cotidiano: queda da cama, da escada e perda do equilíbrio em pisos escorregadios. Os pacientes com maior risco de fratura da clavícula foram pessoas do sexo masculino de 0 a 19 anos de idade.

A ocorrência dessa fratura, geralmente, acontece a partir de uma queda sobre o ombro ipsilateral, que resultará em uma sobrecarga intensa especificamente na clavícula, pois é o único osso de suporte de carga que estabiliza a articulação glenoumeral. Veja abaixo:

Figura 3: Fratura da clavícula.

Outro osso desta região é a escápula. Esse osso tem um formato triangular e achatado classificado como osso plano ou chato. A escápula está localizada na região póstero-latero-superior em relação ao tórax e se articula com a clavícula e o úmero. Além dessas duas articulações, a escápula também se relaciona com o tórax, formando uma articulação funcional, a escapulotorácica.

Atenção

Apesar de não existir contato de osso com osso entre as costelas e a escápula, essa articulação funcional é muito importante, pois proporciona maior mobilidade para o conjunto de articulações da cintura escapular, principalmente, a glenoumeral.

Veja a escápula destacada na imagem abaixo:

Figura 4: Escápula em 3D.

A escápula é um osso que apresenta alguns acidentes anatômicos importantes na organização estrutural do cíngulo do membro superior, bem como na funcionalidade das articulações do ombro. As fossas supra espinhal, infraespinhal e subescapular são elementos ósseos importantes na fixação dos músculos supraespinhal, infraespinhal e subescapular, respectivamente.

Atenção

Além disso, os tubérculos supraglenoidal e infraglenoidal são acidentes anatômicos importantes na fixação dos músculos bíceps e tríceps braquial cabeça longa, respectivamente.

Tais exemplos mostram a importância na fixação de diversos músculos, além dos citados, na movimentação da escápula em relação ao tórax e da articulação glenoumeral que é formada pela cavidade glenoidal da escápula e a cabeça do úmero. Veja abaixo os principais acidentes da escápula em vista anterior e posterior.

Figura 5: Acidentes anatômicos da escápula.

Assim como a clavícula, a caracterização da incidência de fratura na escápula promove um panorama importante sobre a lesão e auxilia no processo de prevenção.

Saiba mais

Para isso, Tatro et al. (2019) buscaram descrever a incidência, o perfil populacional e o mecanismo de lesão no período de 10 anos em hospitais de traumatologia dos EUA. Um total de 106.119 casos de fratura na escápula foram diagnosticados no período de 2002 a 2012, tendo um aumento da incidência de 1% para 2,2% no período entre 2006–2007. Os principais mecanismos de fratura na escápula foram associados aos acidentes com veículos automotores representando 40,7% de todas as fraturas da escápula em 2002 e uma taxa de 27,8% em 2012. Em relação ao perfil populacional, o acidente com veículo automotor foi a causa dominante de lesão no sexo feminino (45%), seguido pela queda (19%). Já no sexo masculino, os acidentes com veículos automotores (28%) e com motocicletas (26%) foram as principais causas de fratura na escápula.

Apesar de as informações serem dos EUA, o entendimento sobre os aspectos de mecanismo e incidência de lesão na escápula é de suma importância para prospectar a melhora das ações de prevenção, diagnóstico e reabilitação em diferentes populações e faixas etárias.

Veja abaixo a imagem de uma fratura da escápula esquerda:

Figura 6: Fratura escapular esquerda.

Segmento do braço

A partir de agora nós vamos descrever o segmento do braço, região que é formada pelo maior osso longo do membro superior, o úmero. Esse osso é formado por duas epífises (proximal e distal) e uma diáfise, relacionando-se de forma proximal com a escápula e distalmente com a ulna e o rádio, formando as articulações glenoumeral, umeroulnar e radioulnar, respectivamente. Veja abaixo a imagem do úmero em 3D.

Figura 7: Úmero em 3D.

O úmero apresenta diversos acidentes anatômicos com uma grande variedade de funcionalidade.

Na extremidade proximal, encontra-se a cabeça do úmero, elemento ósseo arredondado que se articula com a cavidade glenoide da escápula.

Na epífise proximal também estão presentes os tubérculos maior e menor do úmero, elementos ósseos importantes para a fixação dos músculos do manguito rotador (m. supra espinhal, m. infraespinhal, subescapular e m. redondo menor).

Entre esses dois tubérculos identifica-se o sulco intertubercular, região de passagem do tendão do m. bíceps braquial cabeça longa.

Ainda na epífise distal encontra-se o colo anatômico e o colo cirúrgico, e próximo a diáfise, a tuberosidade deltoidea. Na extremidade distal, visualiza-se três fossas, duas na face anterior (fossa radial e coronoidea) e uma na face posterior (fossa do olecrano), que têm como função alojar (fossas da face anterior) o processo coronoide e a cabeça do rádio durante a flexão máxima de cotovelo, e alojar (fossa da face posterior) o olécrano durante a extensão máxima de cotovelo.

A tróclea e o capítulo do úmero, localizados distalmente no úmero, são acidentes anatômicos responsáveis por se articular com a ulna e o rádio, respectivamente.

Ainda na epífise distal, verifica-se a presença de dois epicôndilos, medial e lateral, ambos com a função de fixar diversos músculos do antebraço.

Ainda na epífise distal, encontra-se a crista supraepicondilar lateral e medial.

Figura 8: Acidentes anatômicos do úmero.

As fraturas na epífise proximal do úmero são o terceiro tipo de fratura osteoporótica mais comum observadas em pacientes idosos, perdendo apenas para as fraturas de punho e quadril.

Saiba mais

Launonen et al. (2015) investigaram os dados epidemiológicos de fratura proximal do úmero, procurando avaliar a incidência, morfologia da fratura e o método de tratamento. Nesse estudo, identificou-se uma incidência de 82 por 100.000 pessoas-ano, 114 e 47 por 100.000 pessoas-ano em mulheres e homens, respectivamente. Além disso, o aumento da idade foi um fator determinante para a maior incidência de fratura proximal de úmero. Dentre as características morfológicas, as fraturas em duas partes foram as mais comuns (62%) e na maioria das fraturas (78%) o tratamento não foi cirúrgico, utilizando-se tipoia. A incidência de fraturas do úmero proximal nesse estudo apresentou um aumento proporcional com a idade, algo importante a se atentar, pois tais condições causam morbidade considerável entre os idosos e, consequentemente, o consumo de recursos da saúde também aumenta. Veja abaixo os raios X do úmero com uma placa de titânio implantada após cirurgia.

Figura 9: Raios X de úmero com placa de titânio.

Segmento do antebraço

A partir de agora vamos entender quais ossos formam o antebraço, seus principais acidentes anatômicos e a sua abordagem prática no dia a dia. O segmento do antebraço é formado por dois ossos, medialmente a ulna e lateralmente o rádio. Ambos os ossos são classificados como longos e consequentemente cada um deles apresenta duas epífises e uma diáfise. O rádio e a ulna articulam entre si, proximal e distalmente, além disso a epífise proximal de ambos se articulam com o úmero e a distal do rádio com os ossos do carpo.

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Ulna

A ulna é o osso do antebraço que apresenta o maior comprimento e tem o formato parecido com uma chave inglesa. A sua epífise proximal apresenta os acidentes anatômicos olécrano, incisura troclear e processo coronoide que se relacionam, respectivamente, com a fossa do olécrano, tróclea do úmero e fossa coronoidea, formando assim a articulação umeroulnar. Além disso, a ulna se articula de forma proximal com o rádio, através da incisura radial. Nessa mesma epífise, vemos a presença da tuberosidade da ulna e a crista do músculo supinador, ambos com a função de fixar os músculos braquial e supinador, respectivamente. Já na epífise distal identifica-se a circunferência articular e a cabeça da ulna, ambos elementos anatômicos que se articulam com o rádio. Presente próxima à articulação do punho vemos o processo estiloide da ulna.

Figura 11: Ulna.
Radio

O rádio é um dos dois ossos do antebraço que está localizado na direção do dedo polegar. Na sua epífise proximal, identifica-se um elemento ósseo no formato de um disco com a sua face superior em um formato côncavo (fóvea articular) chamado de cabeça do rádio, estrutura importante que se articula com o úmero e a ulna. Um pouco abaixo encontra-se o colo e a tuberosidade do rádio, sendo este o ponto de fixação do m. bíceps braquial. Na epífise distal, vemos a incisura ulnar e a face articular carpal, ambos representam uma superfície articular para a ulna e os ossos do carpo, respectivamente. Ainda nessa mesma epífise, encontra-se o processo estiloide do rádio, importante ponto de fixação do m. braquiorradial.

Figura 12: Face articular carpal.

Veja acidentes anatômicos da ulna e rádio:

Figura 13. Acidentes anatômicos da ulna e rádio.

As fraturas nos ossos do antebraço estão presentes no cotidiano esportivo. Dentre os esportes, o futebol americano se destaca pela incidência dessa lesão óssea, sendo a fratura mais comum do membro superior e que na maioria dos casos necessitam de procedimento cirúrgico.

Saiba mais

Essa lesão pode causar um efeito negativo no desempenho pós-operatório, por isso Sochacki et al. (2018) buscaram investigar a taxa de retorno dos jogadores que fizeram cirurgia após a fratura no antebraço, a duração da carreira, quantidade de jogos e o desempenho pós-operatórios comparado a jogadores (grupo controle) que não realizaram procedimento cirúrgico. Dos 36 atletas identificados no período do estudo que passaram pelo procedimento cirúrgico, 33 retornaram para os jogos na NFL (National Football League) em uma média de 152.1 ± 129.8 (média ± desvio padrão) dias. Em comparação ao grupo controle, os atletas que operaram apresentaram uma carreira mais curta e jogaram menos jogos no período após o procedimento cirúrgico. Entretanto, em termos de nível de desempenho, não houve diferença significativa.

A caracterização dos atletas no período pós-cirúrgico é muito importante para se entender o panorama e prospectar novas técnicas cirúrgicas, bem como métodos de reabilitação.

Figura 14. Fratura da cabeça do rádio.

Fratura da cabeça do rádio

Figuras 15: Raios X de fraturas do ulna e rádio.

Raios X de fraturas do ulna e rádio

Segmento da mão

Nesse momento, vamos entender quais ossos formam o segmento da mão e as suas principais características funcionais. Nesse segmento, encontramos três grupos de ossos: carpo, metacarpo e falanges. O segmento da mão é o mais importante do membro superior, pois esta é multifuncional, sendo capaz de realizar:

Escolha uma das Etapas a seguir. Escolha uma das Etapas a seguir.

Movimentos de coordenação motora grossa

Puxar, empurrar, carregar e segurar

Movimentos de coordenação motora fina

Manusear ferramentas e instrumentos, acenar, apontar e realizar gestos e sinais de comunicação.

Na região do carpo, identificam-se 8 ossos, todos classificados como ossos curtos. Essa região é separada em:

Escolha uma das Etapas a seguir. Escolha uma das Etapas a seguir.

Fileira proximal

Forma a articulação do punho e apresenta os seguintes ossos: escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme.

Fileira distal

Articula-se com os ossos do metacarpo e apresenta os seguintes ossos: trapézio, trapezoide, capitato e hamato (uncinado).

Veja abaixo os raios X de uma mão esquerda saudável.

Figura 16. Raios X da mão esquerda.

Na região do metacarpo, é possível ver cinco ossos, sequenciados de primeiro a quinto metacarpo, de lateral para medial. Esses ossos são classificados como longo, apresentando uma diáfise (corpo), a epífise proximal (base) que se articula com os ossos do carpo e a epífise distal (cabeça) que se articula com a falange proximal, veja abaixo:

Figura 17: Ossos da mão.

Os dedos da mão são formados pelas falanges. Do segundo ao quinto dedo (de lateral para medial), identifica-se três falanges: proximal, média e distal. Já no primeiro dedo (polegar) identifica-se apenas a falange proximal e distal.

A fratura em ossos das mãos de crianças é uma rotina comum em seu cotidiano. Esse fato pode ser explicado, pois a mão é o principal meio em que as crianças utilizam para vivenciar e conhecer o mundo, deixando-a vulnerável a possíveis lesões. De acordo com Feller et al. (2014), a incidência desse tipo de lesão durante a infância apresenta dois momentos de pico, um no período pré-escolar e o outro na adolescência. No entanto, a prática de esportes, aumentando a exposição, pode alterar os períodos desses picos. Feller et al. (2014) citam que a consolidação óssea em crianças ocorre mais rapidamente, por isso, a intervenção médica deve ser rápida e eficiente, solicitando exames detalhados e, na maioria dos casos, evitar a intervenção cirúrgica. Se o diagnóstico da lesão não for bem feito e, consequentemente, a intervenção, a chance de agravamento irá aumentar.

Acidentes ósseos do membro superior

Verificando o aprendizado

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MÓDULO 2


Identificar os principais componentes articulares dos membros superiores

Sistema articular dos membros superiores

O estudo das articulações dos membros superiores será divido em 4 partes, em um sentido proximal-distal, para facilitar o entendimento de cada componente. Primeiramente, estudaremos o complexo articular do ombro, depois, o complexo do cotovelo e antebraço, passando ao complexo articular do punho e finalmente analisaremos as articulações da mão.

Complexo articular do ombro

A partir de agora, vamos estudar as articulações que compõem o complexo articular do ombro. Essa região do membro superior é a que promove a maior mobilidade articular, permitindo que o membro superior tenha a capacidade de realizar as mais complexas ações, desde pegar um copo em um armário alto, levantar altas sobrecargas na sala de musculação ou até mesmo auxiliar na realização de trabalhos manuais como fazer crochê.

Articulação esternoclavicular

A articulação esternoclavicular (figura 18) é responsável por conectar o esqueleto apendicular ao axial. Essa articulação é classificada como sinovial plana e/ou selar e é formada pela conexão entre a extremidade esternal da clavícula com a incisura clavicular do esterno.

Figura 18: Movimentos da articulação esternoclavicular.

Atenção

Essa articulação permite ampla mobilidade nos movimentos de deslizamento da clavícula em relação ao esterno, cujos movimentos de elevação (30 a 40 graus de mobilidade) e depressão (5 a 10 graus de mobilidade) ocorrem no eixo obliquo, os movimentos de rotação (30 a 40 graus de mobilidade) no eixo longitudinal e os movimentos de prostração (15 graus de mobilidade) e retração (15 graus de mobilidade) no eixo vertical.

Figura 19: Articulação esternoclavicular.

Assim como as articulações sinoviais, a esternoclavicular apresenta diversas estruturas estabilizadoras da articulação. Dentre os componentes estruturais, destaca-se o disco articular, que tem como função melhorar o encaixe e o amortecimento dos choques articulares. Como elementos estabilizadores/limitadores do movimento, essa região também é formada pela cápsula articular, lig. esternoclavicular (anterior e posterior), costoclavicular e interclavicular.

Atenção

Lesões no complexo articular do ombro ocorrem com muita incidência em esportes de alto impacto e, por consequência, geram períodos importantes de inatividade. Entretanto, por mais que seja possível encontrar relatos sobre lesões da articulação esternoclavicular em esportes, em comparação às outras articulações do complexo do ombro, são mais raras.

De acordo Hellwinkel et al. (2019), a classificação da lesão na articulação esternoclavicular depende do grau e da direção do deslocamento articular, pois a alteração da posição da clavícula em relação ao esterno pode afetar estruturas intratorácicas, que em alguns casos pode ser fatal.

Atenção

Para melhor diagnóstico, é necessária a visualização radiográfica ou até mesmo imagens de ultrassom.

Dependendo do diagnóstico a partir dessas imagens, a redução (recolocação do osso na sua posição anatômica) da luxação poderá ser feita através de métodos invasivos (cirurgia) caso haja dor persistente ou compressão significativa das estruturas dos tecidos moles intratorácicos (HELLWINKEL et al., 2019). Por isso, é muito importante se atentar a esse tipo de lesão e consequentemente ao seu tratamento pós-diagnóstico. Veja o ponto de dor nesta articulação na figura ao lado.

Figura 20: Ponto de dor na articulação esternoclavicular.

Articulação acromioclavicular

A articulação acromioclavicular é formada pelo acrômio da escápula e pela extremidade acromial da clavícula, sendo uma articulação plana.

Atenção

Essa articulação apresenta um nível de instabilidade importante, o que ocorre pelo fato de as suas estruturas anatômicas articulares não apresentarem um encaixe estável e pela presença de poucos e frágeis ligamentos.

Essa articulação permite movimentos de rotação superior e inferiormente (60 graus de mobilidade), movimentos de protração e retração (30 a 50 graus de mobilidade) e elevação e depressão (30 graus de mobilidade). Veja essa articulação em maior detalhe nas figuras abaixo.

Figura 21. Movimentos da articulação acrômioclavicular.
Figura 22. Articulação acromioclavicular e glenoumeral.

Como citado, a articulação acromioclavicular apresenta frágeis elementos articulares estabilizadores. Dentre as estruturas articulares, encontram-se:

Escolha uma das Etapas a seguir. Escolha uma das Etapas a seguir.

A cápsula articular

Lig. acromioclavicular (feixe trapezoide e conoide), que é um componente importante na limitação da rotação da escápula

O ligamento coracoacromial

O disco articular (nem sempre presente nas articulações) importante para aumentar a congruência articular

Figura 23: Articulação escapulotorácica.

Articulação escapulotorácica

A articulação escapulotorácica, diferente das anteriores, não possui uma relação óssea direta entre a escápula e as costelas, apresentando músculos entre elas, sendo então classificada como articulação funcional. Essa funcionalidade articular promove maior estabilidade e amplitude de movimento da articulação glenoumeral. Para tal, a escápula realiza os seguintes movimentos:

Escolha uma das Etapas a seguir. Escolha uma das Etapas a seguir.
Elevação e depressão

8 a 10 cm de amplitude de movimento

Abdução e adução

13 a 15 cm de amplitude de movimento

Rotação externa e interna

60 graus de mobilidade

Figura 24. Movimentos da articulação escapulotorácica.
Figura 25: Escápula.

Articulação glenoumeral

Outra articulação que compõe o complexo do ombro é a glenoumeral. Por ser classificada como sinovial esferoide, essa articulação apresenta ampla mobilidade articular, permitindo movimento para todos os eixos anatômicos (figura 26). Essa articulação é formada pela cavidade glenoide da escápula e a cabeça do úmero. A glenoumeral permite movimentos de flexão (180 graus) e extensão/hiperextensão (40 a 60 graus) no eixo laterolateral, abdução (180 graus) e adução (75 graus) no eixo anteroposterior, rotação medial (70 a 80 graus) e lateral (90 graus) no eixo longitudinal, abdução (135 graus a partir da linha média do ombro) e adução (45 a partir da linha média do ombro) horizontal no eixo longitudinal e circundução no eixo oblíquo.

Figura 26: Movimentos da articulação glenoumeral.
Figura 27: Articulação glenoumeral.

Atenção

Em função da área da cabeça do úmero ser maior que a da cavidade glenoide, faz-se necessária a presença de diversos elementos articulares para a manutenção da estabilidade da articulação glenoumeral. Dentre esses elementos o lábio glenoidal (anel fibrocartilaginoso) promove o aumento da profundidade da cavidade glenoide, aumentando a área de contato e a congruência articular.

A articulação ainda possui outros elementos estabilizadores, como:

Cápsula articular

Lig. Glenoumeral superior

Lig. Glenoumeral médio

Lig. Glenoumeral inferior

Lig. Coracoumeral

Fixado nos tubérculos do úmero, o ligamento transverso do úmero mantém o tendão da cabeça longa do bíceps braquial no sulco intertubercular. Além dos elementos estabilizadores, é possível encontrar próximo à articulação glenoumeral as bolsas da articulação glenoumeral, subescapular e subacromial, tendo como função principal reduzir o atrito dos tendões com as estruturas ósseas próximas. Veja abaixo.

Figura 28: Articulação do ombro.

O complexo do ombro durante a prática desportiva apresenta um alto índice de lesão, principalmente em esportes que têm como característica atividades com movimentos de arremesso ou rebatidas (como beisebol, tênis, handebol e voleibol) acima da linha da cabeça. Em função dessa demanda, Cools et al. (2015) buscaram responder os principais fatores de risco para essa lesão e determinar as variáveis a serem controladas durante o treinamento. Em geral, Cools et al. (2015) verificaram que o déficit articular (limitação articular) de rotação interna do ombro, diminuição de força no manguito rotador, resistência dos músculos rotadores externos e a instabilidade da articulação escapulotorácica são os principais fatores de risco e as variáveis a serem levadas em consideração no treinamento de prevenção do atletas.

Figura 29: Ponto de dor da articulação glenoumeral.

Complexo articular do cotovelo e antebraço

O complexo articular do cotovelo (figura 30) é formado pela articulação umeroulnar, umerorradial e radioulnar proximal.

Atenção

Por mais que a articulação radioulnar proximal faça parte do complexo do cotovelo, esta, junto com a radioulnar distal, participa diretamente dos movimentos do antebraço.

Junto com o complexo do ombro, o cotovelo e as articulações do antebraço, exercem um papel importante no posicionamento da mão no espaço e, consequentemente, na realização das principais funções do membro superior.

Figura 30: Articulação umeroulnar, umerorradial e radioulnar.
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Articulação umeroulnar

É formada pela tróclea do úmero e a incisura troclear.

Articulação umerorradial

É formada pelo capítulo do úmero e pela cabeça do rádio (fóvea articular), ambas são classificadas como sinovial gínglimo. Os movimentos que ocorrem nessa articulação, partindo da posição anatômica, são os de flexão e extensão no eixo laterolateral (0-150 graus de mobilidade). Como elementos articulares estabilizadores do complexo do cotovelo, destacam-se a cápsula articular, o ligamento colateral lateral (radial) e o ligamento colateral medial (ulnar), veja na figura 30. Assim, o antebraço é formado pelo rádio e pela ulna, articulando-se nas suas duas extremidades.

Articulação radioulnar

Na epífise proximal, a articulação radioulnar é formada pela cabeça do rádio e a incisura radial da ulna. Já na epífise distal essa articulação é formada pela cabeça da ulna e a incisura ulnar do rádio, ambas extremidades articulares classificadas como sinovial trocoide.

Em função da estrutura cilíndrica da cabeça do rádio, esta é capaz de rodar em relação à incisura radial da ulna realizando a pronação (0-80 graus de mobilidade) e a supinação (0-90 graus de mobilidade) no eixo longitudinal. A extremidade proximal é estabilizada pela cápsula articular do complexo do cotovelo, pelo ligamento anular (mantém a cabeça do rádio em constante contato com a incisura radial da ulna) e pela corda oblíqua. Além disso, ainda é possível identificar, entre os ossos do antebraço, uma membrana interóssea.

Figura 31. Rádio e ulna.
Figura 32. Pronação e supinação do antebraço.

O complexo articular do cotovelo apresenta a importante função de mover o antebraço em relação ao segmento do braço. Essa ação pode ser repetida diversas vezes no cotidiano ou até mesmo em atividades esportivas.

Uma lesão bastante conhecida nessa articulação é a epicondilite lateral ou “cotovelo de tenista”. Essa lesão é caracterizada pela dor ou sensibilidade ao redor da origem extensora comum do cotovelo. A incidência dessa lesão é de 1 a 3% da população adulta, ocorrendo, principalmente, no braço dominante e ocasionado por uma ação de esforço repetitivo ou uma lesão aguda local, normalmente, um impacto externo. O termo “cotovelo de tenista” para a lesão no complexo articular do cotovelo advém pelo fato dessa lesão acometer cerca de 50% de todos dos tenistas, em função de diversos fatores, como: movimento ineficiente da técnica swing, desequilíbrio muscular ou até mesmo pela raquete pesada (CUTTS et al., 2020). O reconhecimento da lesão e da sua origem é de suma importância para a reabilitação e a prevenção.

Figura 33. Cotovelo de tenista.

Complexo articular do punho

O complexo articular do punho é uma articulação distal do membro superior, responsável por posicionar e estabilizar a mão (membro efetuador) de forma adequada para que realize a ação de preensão. O complexo do punho é formado pela articulação radiocárpica e radioulnar distal.

Escolha uma das Etapas a seguir. Escolha uma das Etapas a seguir.
Articulação radiocárpica

É formada pela face articular carpal do rádio e os ossos do carpo.

Articulação radioulnar distal

É formada pela cabeça da ulna e a incisura ulnar do carpo.

O complexo do punho permite movimentos de flexão (0- 90 graus de mobilidade) e extensão (0- 70 graus de mobilidade) no eixo laterolateral, movimento de abdução (0- 20 graus de mobilidade) e adução (0- 45 graus de mobilidade) no eixo anteroposterior. Compondo esse complexo articular, identifica-se:

Cápsula articular

Disco articular

Posicionado entre a cabeça da ulna, o rádio e os ossos do carpo

Ligamentos estabilizadores da articulação

Lig. radiocárpico dorsal e palmar, lig. ulnarcárpico dorsal e palmar, lig. radioulnar dorsal e palmar, ligamento colateral medial (ulnar) e lateral (radial).

Figura 34: Anatomia do complexo articular do punho.

Complexo articular da mão

Como vimos anteriormente, a mão é o segmento de maior importância para o membro superior. O valor dado a esse segmento advém da sua complexidade estrutural e funcional. Quando se interpreta as características funcionais da mão, assim como já foi destacado anteriormente, percebe-se a sua pluralidade nas aplicações do cotidiano, variando desde a ampla capacidade sensorial até a extensa habilidade motora. Contudo, para dar suporte às aplicações funcionais, a mão depende de um complexo articular formado a partir da conexão de 27 ossos e cinco grupos articulares: articulação intercarpal, carpometacarpal, intermetacarpal, metacarpofalangeana e interfalangeana.

Articulação intercarpal

É uma articulação presente entre as fileiras proximal e distal dos ossos do carpo. A interação entre essas duas regiões caracteriza uma articulação do tipo deslizante. Para a manutenção da estabilidade articular entre os ossos do carpo, identifica-se o lig. intercarpal dorsal, lig. intercarpal palmar e lig. intercarpal interósseo. Fixado na região palmar dos ossos do carpo, encontra-se o retináculo flexor ou ligamento transverso do carpo (figura abaixo), uma membrana fibrosa responsável pela formação do túnel do carpo e pela estabilidade de 9 tendões e o nervo mediano que irá controlar as ações motoras da mão.

Figura 35: Articulação do punho e mão.

Como ilustrado na figura 36, o retináculo flexor é uma membrana fibrosa que forma o túnel do carpo e protege um conjunto de tendões e o nervo mediano. Essa região é acometida por uma patologia chamada síndrome do túnel do carpo, que é uma neuropatia consequente da compressão do nervo mediano. Um dos diagnósticos para essa síndrome é o formigamento e a dormência local, o que gera, em muitos casos, a necessidade de afastamento das atividades cotidianas, por exemplo do trabalho.

Saiba mais

Por isso, Pourmemari et al. (2018) buscaram estimar a prevalência ao longo da vida e a incidência anual da síndrome do túnel do carpo. Foram investigadas pessoas de mais de 30 anos vinculadas a informações de centros hospitalares no período de 2000 a 2011. Nesse estudo, identificou-se a prevalência de 3,1% da síndrome do túnel do capo ao longo da vida e uma taxa de incidência de 1,73 por 1000 pessoas-ano. A maior incidência foi no sexo feminino, com idade entre 40-49 anos, mostrando, também, uma alta correlação da presença dessa síndrome com a obesidade e/ou osteoartrite na mão.

Tais achados são importantes para uma melhor interpretação da prevalência e incidência dessa síndrome. Permitindo que o sistema de saúde identifique a importância do desenvolvimento de diretrizes necessárias para a prevenção e tratamento, fato necessário para reduzir os custos das grandes empresas e melhorar a qualidade de vida da população.

Figura 36. Retináculo flexor.

Articulação carpometacarpal

É formada por 5 articulações determinadas pela conexão do primeiro ao quinto metacarpo com os ossos do carpo. Essas articulações são estabilizadas pelos ligamentos carpometacárpicos palmar e dorsal. Nessas 5 articulações, destaca-se a articulação carpometacarpal do polegar ou trapeziometacarpal, classificada como sinovial selar, que permite movimentos (flexão, extensão, abdução, adução e circundução) mais amplos e mais complexos em relação as outras articulações capormetacarpais. Para as outras articulações capormetacarpais, classifica-se como sinovial deslizante.

Figura 37: Articulações sinoviais deslizantes da mão.

Articulação metacarpofalangeana

Representa a conexão óssea entre os ossos do metacarpo e as falanges proximais. Essas articulações são unidas e estabilizadas pelos seguintes ligamentos: lig. colaterais, lig. transversos profundos, lig. palmares e a cápsula articular metacarpofalângica. Essa articulação permite movimentos limitados de flexão, extensão, abdução e adução.

Articulações interfalangeanas

Essas articulações conectam as falanges proximal com a média, e a média com a distal, sendo classificadas com sinovial gínglimo. Para a manutenção da estabilidade articular nessa região, encontra-se o lig. palmar, lig. colateral e a cápsula articular. Essas articulações permitem movimentos de flexão e extensão. A figura abaixo demonstra a articulação com inflamação.

Figura 38: Pontos de dor nas articulações falangeanas.

Principais movimentos articulares dos membros superiores

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MÓDULO 3


Reconhecer os músculos e as ações musculares dos membros superiores

Sistema muscular membro superior

A partir de agora, nós vamos identificar o nome, a origem, a inserção e a ação dos músculos do membro superior. O sistema muscular representa a parte ativa do movimento, capaz de mover alavancas ósseas em consequência da ação de tração do músculo na sua inserção óssea. Além da capacidade de gerar movimento, os músculos também controlam a estabilização da postura e do ângulo articular, o que aparentemente representa uma ação estática. Esse sistema é constituído por células capazes de transformar energia química em movimento, a partir da contração muscular.

Sistema muscular da região escapular

Como visto, a articulação escapulotorácica é capaz de mover a escápula em relação ao tórax em diversas direções. Como sabemos, essa articulação é classificada como funcional, por não apresentar relação óssea direta da escápula com os ossos do tórax. Na articulação escapulotorácica, vemos os seguintes movimentos da escápula:

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Elevação

No movimento de elevação, a escápula se desloca superiormente em relação ao tórax sendo uma ação dos seguintes músculos (ver tabela abaixo): m. Trapézio fibras superiores e m. levantador da Escápula.

Depressão

Para o movimento de depressão da escápula, identifica-se os seguintes músculos (ver figura abaixo): m. trapézio fibras inferiores, m. peitoral menor e m. subclávio.

Rotação externa

Na rotação externa, os seguintes músculos são acionados: m. trapézio fibras superiores e m. serrátil anterior.

Rotação interna

A rotação interna é controlada pelos músculos: m. romboide maior e menor e m. peitoral menor.

Abdução/Adução

A abdução escapular tem a ação dos músculos: m. serrátil anterior e m. peitoral menor. Já a adução da escápula ocorre pela ação dos seguintes músculos: m. trapézio fibras transversais, m. romboide menor e maior.

Figura 39. Músculos da região escapular e posteriores da glenoumeral.

Tabela 1: Origem e inserção dos músculos escapulares. Fonte: O autor.

Nome do músculo

Origem

Inserção

M. Trapézio

Osso occipital, ligamento nucal e proc. espinhosos de C7 a T12

1/3 lateral da clavícula, acrômio e espinha da escápula

M. Romboide Menor

Proc. espinhosos de C7 a T1

Margem medial da escápula

M. Romboide Maior

Proc. espinhosos de T2 a T5

Margem medial da escápula

M. Levantador da Escápula

Proc. transversos de C1 a C4

Ângulo superior da escápula

M. Peitoral Menor

Proc. coracoide

Face anterior das costelas

M. Serrátil anterior

Face externa da 1ª à 9ª costelas

Face ventral da margem medial da escápula

M. Subclávio

Face ext. da 1ª costela

Porção lat. da clavícula

Sistema muscular da região do ombro

Nesse momento identificaremos quais músculos (lista abaixo) cruzam a articulação do ombro e as suas respectivas funções.

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Flexão

• M. deltoide anterior (clavicular)
• M. coracobraquial
• M. peitoral maior
• M. bíceps braquial

Extensão

• M. latíssimo do dorso
• M. deltoide posterior (espinal)
• M. redondo maior
• M. redondo menor
• M. tríceps braquial cabeça longa

Abdução

• M. deltoide médio (acromial)
• M. supraespinhal

Adução

• M. latíssimo do dorso
• M. redondo maior
• M. redondo menor
• M. peitoral maior
• M. coracobraquial

Rotação medial

• M. peitoral maior
• M. subescapular
• M. latíssimo do dorso
• M. deltoide anterior (clavicular)
• M. redondo maior

Rotação lateral

• M. deltoide posterior (espinal)
• M. redondo menor
• M. supraespinhal
• M. infraespinhal

Articulação glenoumeral

A principal articulação dessa região é a glenoumeral, formada pela cabeça do úmero e a cavidade glenoide. A glenoumeral apresenta um conjunto importante de músculos (Figura 40) que têm como função realizar os movimentos e estabilizar a articulação.

Figura 40. Músculos que cruzam a articulação do ombro.

Manguito rotador

É um grupo muscular que se destaca, junto com os componentes articulares, na estabilização da articulação glenoumeral. O manguito rotador é formado por quatro músculos: m. redondo menor, m. supraespinhal, m. infraespinhal e m. subescapular. A função de estabilizar essa articulação está atrelada à manutenção do encaixe articular da cabeça do úmero na cavidade glenoide. Além da importância da estabilidade articular, os músculos que cruzam a glenoumeral são essenciais para a sua ampla mobilidade, permitindo movimento para todos os eixos anatômicos.

Figura 41: Músculos do manguito rotador.

Os músculos que cruzam o complexo articular do ombro são muito utilizados durante os programas de treinamento de força.

O supino reto (figura 42) é um dos exercícios mais utilizados na sala de musculação, seja para treinamento recreativo, treinamento desportivo, powerlifting ou reabilitação. Esse exercício tem característica de alta complexidade da parte superior do corpo, no qual grandes cargas externas podem ser levantadas, exigindo alta atividade neuromuscular. Para se avaliar a atividade muscular durante os exercícios, a eletromiografia (instrumento da biomecânica) é bastante utilizada.

Figura 42: Exercício supino reto.

Saiba mais

Por isso, Stastny et al. (2017) avaliaram quais músculos mostram maior atividade durante a realização do supino reto. Nesse estudo de revisão, verificou-se que os músculos, tríceps braquial e peitoral maior apresentaram atividade semelhante durante a realização do supino reto, sendo maior a atividade muscular em comparação ao músculo deltoide anterior. No mesmo estudo, verificou-se que a atividade muscular durante o supino reto pode alterar de acordo com a intensidade do exercício, velocidade do movimento, fadiga, foco mental, fase do movimento e condições de estabilidade. Isso mostra a grande variabilidade do controle muscular de acordo com o estímulo dado durante o exercício, sendo necessário levar em consideração a importância de cada músculo para cada condição.

Nome do músculo

Origem

Inserção

M. supraespinhal

Fossa supraespinhal da escápula

Tubérculo maior do úmero

M. infraespinhal

Fossa infraespinhal da escápula

Tubérculo maior do úmero (posteriormente ao supraespinhal)

M. redondo menor

Margem lateral da escápula

Tubérculo maior do úmero (posteriormente ao infraespinhal)

M. subescapular

Fossa subescapular da escápula

Tubérculo menor do úmero

M. peitoral maior

Clavícula (parte medial) esterno, cartilagens costais

Tubérculo maior do úmero

M. latíssimo do dorso

Proc. espinhosos de T6 a L5, sacro e crista ilíaca posterior

Margem medial do sulco intertubercular do úmero

M. deltoide

Terço lateral da clavícula, acrômio e espinha da escápula

Tuberosidade deltoidea do úmero

M. redondo maior

Ângulo inferior da escápula (dorsalmente)

Tubérculo menor do úmero

M. coracobraquial

Proc. Coracoide da Escápula

Porção média do úmero, face medial

Tabela 2: Origem e inserção dos músculos da articulação glenoumeral. Fonte: O autor.

Sistema muscular da região do cotovelo

A articulação do cotovelo é formada pela união dos ossos no úmero, ulna e rádio, formando as articulações umeroulnar, umerorradial e radioulnar. O cotovelo permite a movimentação do antebraço em relação ao braço realizando a flexão e a extensão. Se considerar a articulação radioulnar proximal como do complexo articular do cotovelo, essa articulação também permite os movimentos de pronação e supinação.

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Flexão do cotovelo

Acontece a partir da aproximação do antebraço com o braço, reduzindo o ângulo relativo do cotovelo. Durante a flexão de cotovelo, os seguintes músculos (figura 43) são acionados: m. bíceps braquial cabeça longa, m. bíceps braquial cabeça curta, m. braquial e m. braquiorradial.

Figura 43: Músculos que realizam a flexão de cotovelo.
Extensão do cotovelo

É o movimento oposto, representado pelo aumento do ângulo relativo da articulação. Ambos os movimentos acontecem no plano sagital e no eixo laterolateral. Na extensão (tabela abaixo) de cotovelo são acionados os músculos: m. tríceps braquial cabeça longa (biarticular), m. tríceps braquial cabeça lateral (uniarticular), m. tríceps braquial cabeça medial (uniarticular) e m. ancôneo.

Movimento de pronação e supinação

Ocorre quando o rádio gira cruzando sobre a ulna, já a supinação o rádio gira retornando para a posição em paralelo em relação à ulna. O movimento de pronação é controlado pela ação dos seguintes músculos: m. pronador redondo e m. pronador quadrado. Já a supinação depende da ação dos seguintes músculos: m. supinador, m. bíceps braquial cabeça longa e m. bíceps braquial cabeça curta.

Nome do músculo

Origem

Inserção

M. Bíceps Braquial

Tubérculo supraglenoidal (cab. longa) e processo coracoide (cab. curta) da escápula

Tuberosidade do rádio

M. Braquial

Metade distal do úmero

Tuberosidade da ulna

M. Braquiorradial

Crista supracondilar lateral do úmero

Proc. estiloide do rádio

M. Tríceps Braquial

Tubérculo infraglenoidal da escápula (cab. longa), e face posterior do úmero acima (cab. lateral) e abaixo (cab. medial) do sulco do nervo radial

Olécrano da ulna

M. Ancôneo

Epicôndilo lateral do úmero

Face lateral do olécrano

Tabela 3: Origem e inserção músculos do braço. Fonte: o autor.

Sistema muscular da região do punho e mão

Os músculos que controlam as articulações do punho e da mão são agrupados como músculos de controle de movimentos brutos e os de funções motoras finas. Devido à diversidade das características funcionais da mão, para controlar essas ações, é possível identificar diversos músculos na parte anterior e posterior do antebraço, bem como na mão.

Na parte anterior e posterior do antebraço, é possível identificar um conjunto de músculos superficiais e profundos com as seguintes ações:

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Flexão de punho

• M. Flexor radial do carpo
• M. Palmar longo
• M. Flexor ulnar do carpo
• M. Flexor superficial dos dedos
• M. Flexor profundo dos dedos

Extensor de punho

• M. Extensor radial longo do carpo
• M. Extensor radial curto do carpo
• M. Extensor dos dedos
• M. Extensor ulnar do carpo

Abdução de punho

• M. Flexor radial do carpo
• M. Extensor radial longo do carpo
• M. Extensor radial curto do carpo

Adução de punho

• M. Flexor ulnar do carpo
• M. Extensor ulnar do carpo

Flexão das falanges

• M. Flexor superficial dos dedos
• M. Flexor profundo dos dedos

Flexão Polegar

• M. Flexor longo do polegar

Extensão dos dedos

• M. Extensor dos dedos
• M. Extensor do dedo mínimo
• M. Extensor do indicador
• M. Extensor longo do polegar
• M. Extensor curto do polegar

Além dos músculos do antebraço (figura 45) controlando os movimentos da mão, é possível identificar os músculos específicos desse seguimento.

Figura 45: Músculos do antebraço, do punho e da mão.

Na região da mão, identifica-se os músculos (figura 46) tenares, hipotenares e os mediopalmares. Os músculos tenares são:

Escolha uma das Etapas a seguir. Escolha uma das Etapas a seguir.

m. oponente do polegar, responsável pela flexão e abdução do polegar

m. flexor curto do polegar, participa da flexão do polegar

m. abdutor curto do polegar, age na abdução do polegar

Já os hipotenares são formados pelos seguintes músculos:

Escolha uma das Etapas a seguir. Escolha uma das Etapas a seguir.

m. oponente do dedo mínimo, participa da adução do dedo mínimo

m. abdutor do dedo mínimo, responsável pela abdução do dedo mínimo

m. flexor curto do polegar, age de acordo com o seu nome

Os músculos mediopalmares são:

Escolha uma das Etapas a seguir. Escolha uma das Etapas a seguir.

m. interósseos dorsais

Abdução e flexão das falanges

m. interósseos palmares

Adução e flexão das falanges

Figura 46: Músculos da mão.

A atividade muscular do antebraço (Tabela 4) é uma importante ação de controle dos movimentos do punho e dos dedos.

Saiba mais

Para avaliar essa informação, Forman et al. (2019) examinaram a atividade muscular do antebraço durante a execução preensão manual utilizando a eletromiografia. Ao final do estudo, os autores puderam verificar que os extensores do punho foram mais ativados em comparação aos flexores do punho durante as tarefas de preensão manual. Esses resultados sugerem que os extensores do punho fornecem a maior contribuição para a estabilização e controle da articulação do punho em tarefas motoras complexas e de alta intensidade. A identificação dos componentes neuromusculares durante essa ação motora é de suma importância para diversas populações, desde idosos ou indivíduos que se encontram realizando algum tipo de reabilitação no segmento da mão, ou até mesmo atletas que demandam de alta intensidade de atividade e controle muscular de preensão manual.

Nome do músculo

Origem

Inserção

M. Pronador Redondo

Epicôndilo medial do úmero, proc. coronoide da ulna

Face lateral da diáfise do rádio

M. Flexor Radial do Carpo

Epicôndilo medial do úmero

Face ventral do 2º e 3º metacarpos

M. Palmar Longo

Epicôndilo medial do úmero

Aponeurose palmar

M. Flexor Ulnar do Carpo

Epicôndilo medial do úmero, olecrano e face posterior da ulna

Pisiforme, hamato e 5º metacarpo

M. Flexor Superficial dos Dedos

Epicôndilo medial do úmero, processo coronoide da ulna e face anterior do rádio

Face palmar das falanges médias do 2º ao 5º dedo

M. Flexor Profundo dos Dedos

Epicôndilo medial do úmero, proc. coronoide e face ventral da ulna

Face ventral das falanges distais do 2º ao 5º dedo

M. Flexor Longo do Polegar

Face ventral do rádio e membrana interóssea

Falange distal do polegar

M. Pronador Quadrado

Face ventral distal da ulna

Face ventral distal do rádio

M. Extensor radial longo do carpo

Crista supracondilar lateral do úmero

Face dorsal do 2º metacarpo

M. Extensor radial curto do carpo

Epicôndilo lateral do úmero

Face dorsal do 3º metacarpo

M. Extensor dos dedos

Epicôndilo lateral do úmero

Face dorsal das falanges do 2º ao 5º dedo

M. Extensor do dedo mínimo

Tendão do extensor dos dedos

Tendão do extensor dos dedos no dedo mínimo

M. Extensor ulnar do carpo

Epicôndilo lateral do úmero

Base do 5º metacarpo

Extensor do indicador

Face posterior da ulna (distal) e membrana interóssea

Tendão do extensor dos dedos para o dedo indicador

M. Supinador

Epicôndilo lateral do úmero

Face lateral da diáfise do rádio (proximal)

M. Extensor Longo do polegar

Face posterior do meio do rádio e membrana interóssea

Base da última falange do polegar

M. Extensor curto do polegar

Face posterior do meio do rádio e membrana interóssea

Base da primeira falange do polegar

M. Abdutor longo do polegar

Face posterior do meio do rádio e ulna e membrana interóssea

Base do 1º metacarpo

Tabela 4: Origem e inserção músculos antebraço. Fonte: o autor.

Principais ações musculares dos membros superiores

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Conclusão

Considerações Finais

O conhecimento do sistema músculo esquelético é muito importante para o entendimento dos conceitos básicos do movimento humano. A partir das informações estruturais e funcionais adquiridas nessa disciplina, você será capaz de aplicá-las utilizando conceitos mecânicos do movimento e, consequentemente, realizar uma análise mais completa dos gestuais motores em geral. Por isso, é importante saber localizar os ossos do membro superior, os componentes articulares de cada junção óssea e os músculos que geram movimento nessas articulações.

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