Descrição
Estudo anatômico dos elementos ósseos, articulares e musculares do tórax.
PROPÓSITO
Compreender a construção anatômica do tórax de modo que os aspectos anatômicos possam ser relacionados com a prática do profissional na área de Saúde.
Preparação
Para melhor compreensão do tema, faz-se necessário o uso de um Atlas de Anatomia Humana, independente do autor.
OBJETIVOS
Módulo 1
Descrever os conceitos gerais da estratigrafia do tórax em suas diversas regiões
Módulo 2
Descrever a arquitetura articular do tórax
Módulo 3
Descrever a arquitetura muscular do tórax
MÓDULO 1
Descrever os conceitos gerais da estratigrafia do tórax em suas diversas regiões
Introdução
O tórax é a parte superior do tronco do corpo, situado acima do abdome e abaixo do pescoço. É composto por um arcabouço musculoesquelético bastante resistente, de modo que consiga proteger órgãos nobres, como o coração e os pulmões – situados, dentro da “caixa” torácica (TESTUT E JACOB, 1952). Além dessa função de proteção, o tórax é essencial na dinâmica respiratória, visto que os seus elementos musculares e ósseos auxiliam durante os movimentos de inspiração e expiração. O objetivo aqui é fornecer as bases teóricas que permitam o entendimento da constituição anatômica da região torácica, especificamente, a respeito dos elementos ósseos, articulares e musculares do tórax, assim como relacioná-los com a prática clínica.
O tórax
A partir de agora, iremos estudar a arquitetura óssea do tórax. Este, como já dito, é formado por um arcabouço ósseo que, por sua vez, forma uma espécie de “caixa” (ou “jaula”). As peças ósseas que constituem a parede torácica são as 24 costelas (12 de cada lado) e o esterno, osso ímpar situado anteriormente. A caixa torácica torna-se completa com o advento da porção torácica da coluna vertebral, situada posteriormente. Este último elemento não será objeto de discussão deste tema, porém, é importante saber que a coluna vertebral articula-se posteriormente com as costelas (TESTUT E JACOB, 1952).
As costelas são ossos longos, finos e curvados. Articulam-se posteriormente com as vértebras torácicas e anteriormente com o esterno. Existem 12 costelas (I-XII) do lado direito e 12 costelas (I-XII) do lado esquerdo. As costelas podem ser classificadas em verdadeiras e falsas (espúrias), dessas últimas, duas são flutuantes. Essa classificação é dada de acordo com a articulação de uma determinada costela com o esterno.
• As sete primeiras costelas (I-VII) são ditas como verdadeiras (ou típicas), pois articulam-se individualmente através de suas respectivas cartilagens costais diretamente com o esterno.
• A oitava, nona e décima (VIII-X) são classificadas como costelas falsas (ou atípicas), pois se articulam com o esterno através da cartilagem costal da costela sobrejacente.
• Já as duas últimas costelas (XI-XII), a décima primeira e décima segunda são consideradas costelas flutuantes, por não possuírem qualquer tipo de articulação em sua porção anterior.
As costelas possuem características comuns, que são encontradas em todas, independentemente de sua posição no tórax. É importante notar que as costelas não são ossos horizontais, pois elas se dirigem de forma oblíqua à coluna vertebral, de um plano mediano posterior, para o centro anterior da parede torácica. Veja as características comuns das costelas a seguir:
Extremidade posterior
Em contato com as vértebras torácicas, a extremidade posterior de uma costela possui a cabeça, que se articula com os corpos das vértebras; uma tuberosidade, que se articula com o processo transverso das vértebras; e um colo, situado entre os elementos supracitados e que serve como ponto de fixação de ligamentos.
Corpo
Achatado em sentido transversal. Pode ser observada uma face externa, convexa, e uma face interna, côncava, que possui relação com a cavidade torácica. Também podem ser evidenciadas duas margens (bordas), uma superior, que ancora os músculos intercostais e uma inferior, que possui o sulco costal (aloja os vasos e nervos intercostais).
Extremidade anterior
Apenas apresenta uma borda que se articula com a cartilagem costal correspondente.
Veja abaixo os principais acidentes anatômicos das costelas:
A primeira, segunda, décima primeira e décima segunda costelas possuem algumas características distintas das demais. Elas serão estudadas separadamente a seguir:
Possui uma orientação diferente das demais, visto que as faces de seu corpo são denominadas de superior e inferior (ao invés de externa e interna). Apresenta em sua face superior um sulco para artéria subclávia e um sulco para a veia subclávia, separados por um tubérculo, denominado de tubérculo escaleno (tubérculo de Lisfranc), que é ponto de inserção para o músculo escaleno anterior. Essa costela não possui ângulos, nem sulco costal.
Suas faces são ligeiramente oblíquas, como se fossem de transição entre a primeira costela e uma costela típica. Também não possui sulco costal. Apresenta uma área rugosa, a tuberosidade do músculo serrátil anterior, que garante fixação a esse músculo.
Articulam-se somente com o corpo de uma única vértebra. Desse modo, a cabeça dessas costelas possui somente uma face articular, ao invés de duas. Não possuem tuberosidade, pois carecem de articulação costotransversa. São quase retilíneas. A décima segunda se distingue da décima primeira, pois é menor e frequentemente não possui sulco costal.
NOTA CLÍNICA: Costelas cervicais e lombares
O número de costelas pode variar devido à presença de costelas supranumerárias. Essas costelas podem se desenvolver como variação anatômica na região cervical ou lombar, sendo esta última mais frequente, porém, menos relevante clinicamente.
Na região cervical, essa costela supranumerária articula-se com a sétima vértebra cervical e pode causar síndromes compressivas de elementos neurovasculares, como o plexo braquial, a artéria e veia subclávia. Uma costela cervical, pode ser uma mera epífise em seu processo transverso, porém, mais frequentemente, ela apresenta uma cabeça, um colo e um tubérculo. Quando o corpo está presente, ela é de comprimento variável e se estende anterolateralmente para dentro do triângulo posterior do colo, onde pode terminar livremente ou se unir à primeira costela ou cartilagem costal, ou até mesmo ao esterno.
Nessa variação anatômica, ela pode ser parcialmente fibrosa, mas seus efeitos não estão relacionados ao tamanho de sua parte óssea. Se ela for longa o suficiente, suas relações são aquelas de uma primeira costela torácica: o plexo braquial (usualmente o tronco inferior) e os vasos subclávios são superiores e aptos a sofrer compressão em um ângulo estreito, entre a costela e o músculo escaleno inferior. Por isso, as costelas cervicais podem ser primeiramente reveladas por sintomas nervosos e vasculares, particularmente aqueles causados por pressão sobre o oitavo nervo cervical e o primeiro nervo espinal torácico (STANDRING, 2010). Essas costelas surgem devido à falha no processo embrionário, que, em condições normais, impede que os elementos costais, tanto das vértebras cervicais, quanto lombares, se desenvolvam (GARDNER et al., 1978; HENRY et al., 2018).
Os espaços intercostais são intervalos entre uma costela e outra. São numerados de acordo com a costela que forma a margem superior do espaço. Por exemplo: o quinto espaço intercostal situa-se entre a quinta e a sexta costela. Existem, ao todo, 11 espaços intercostais e 11 nervos, artérias e veias intercostais. Abaixo da décima segunda costela, o espaço intercostal é denominado de espaço subcostal e o nervo ali presente é o nervo subcostal. Esses espaços são preenchidos por músculos e membranas intercostais, assim como vasos e nervos intercostais.
É importante frisar que esses vasos e nervos se situam na margem superior dos espaços intercostais. É necessário ter em mente essa relação anatômica em procedimentos como toracocentese.
NOTA CLÍNICA: Lesões dos nervos intercostais
A sublocação das articulações intercondrais entre as cartilagens costais inferiores (últimas costelas) pode prender os nervos intercostais, causando dor abdominal referida. O ramo cutâneo posterior de um nervo intercostal pode se tornar encarcerado à medida que ele penetra na fáscia do músculo eretor da espinha. Isto produz uma área de entorpecimento, usualmente com parestesias dolorosas, a qual se estende aproximadamente por 10 cm a partir da linha mediana lateralmente e 10 cm em comprimento (meralgia parestésica); a área entre a borda medial da escápula e a coluna vertebral é comumente afetada.
Saiba mais
Os ramos cutâneos anteriores dos nervos intercostais podem ficar encarcerados à medida que penetram na fáscia do músculo reto do abdome e isto produz uma área de entorpecimento no abdome, geralmente, com parestesias dolorosas, a qual se estende a partir da linha mediana lateralmente a 10 ou 12 cm – síndrome do músculo reto do abdome (STANDRING, 2010).
O outro osso que compõe a parede torácica é o esterno. O esterno (do grego, peito) é um osso plano (chato) que possui um formato similar a uma espada curta utilizada pelos romanos. É um osso ímpar, situado anteriormente na parede torácica e que se articula com as clavículas e com as 7 primeiras costelas. Possui três porções distintas, o manúbrio, o corpo e um processo xifoide (TESTUT E LATARJET, 1958).
A superfície anterior do esterno é plana e ligeiramente convexa verticalmente. Está diretamente em contato com a pele e dá origem às fibras do músculo peitoral maior. Possui diversas linhas transversais que são vestígios da união das esternébras durante o período embrionário.
A face posterior do esterno está em contato com as vísceras torácicas, as mesmas linhas transversais podem ser evidenciadas nesta face. As margens (bordas) laterais do esterno possuem um formato ligeiramente similar à letra “S”. Nessas margens, podem ser observadas faces articulares para as sete primeiras cartilagens costais. Entre estas faces, podem ser observadas faces não articulares que correspondem aos seis espaços intercostais.
No manúbrio do esterno, há três incisuras: uma ímpar, situada na porção superior, denominada de incisura jugular (antiga fúrcula esternal); e duas incisuras situadas lateralmente no manúbrio, chamadas de incisuras claviculares, com suas faces (superfícies) articulares para as duas primeiras cartilagens costais.
O corpo do esterno apresenta faces articulares em sua margem lateral para a articulação com as cartilagens costais da segunda até a sétima costela. Em alguns casos, o corpo do esterno possui um orifício (tamanho de um botão de camisa) de importância clínica, denominado de forame esternal (BABINSKI et al., 2012; BABINSKI et al., 2015).
O processo xifoide é uma projeção em forma de espada, ligeiramente côncava anteriormente. É frequentemente variável: pode ser bífido ou ser encontrado em estado cartilaginoso em indivíduos adultos. O processo xifoide apresenta duas fendas triangulares de Larrey (ou de Morgagni) que servem de passagem para vasos, bem como ponto de reparo anatômico para pericardiocentese. O forame esternal pode estar presente no processo xifoide (BABINSKI et al., 2012). Em geral, o processo xifoide está no nível da nona vértebra torácica.
O esterno serve como ponto de origem (fixação) de oito músculos, a saber:
Músculo esternocleidomastoideo
Músculo peitoral maior
Músculo reto do abdome
Músculo esterno-hioideo
Músculo esterno-tireóideo
Músculo transverso do tórax
Músculo diafragma
Aponeurose do músculo transverso do abdome
NOTA CLÍNICA:
Entre o manúbrio e o corpo do esterno, existe uma articulação (manubrioesternal). Nessa região, há uma ligeira projeção do esterno anteriormente, que pode ser sentida mais facilmente em indivíduos magros. Esse ponto de reparo anatômico é denominado ângulo esternal (ângulo de Louis) e é um importante marco para determinar o mediastino e estruturas intratorácicas, bem como, lateralmente a esse ângulo, a segunda cartilagem costal pode ser encontrada (GOSS, 1977; MOORE et al., 2019).
NOTA CLÍNICA:
Entre o corpo e o processo xifoide, encontra-se o ângulo subcostal (ou infra-esternal, ou ainda, ângulo de Charpy), utilizado para classificar indivíduos em normolíneos, longilíneos e brevilíneos.
NOTA CLÍNICA:
O esterno, durante o período embrionário, desenvolve-se a partir de duas barras verticais, chamadas de barras esternais. Essas barras se unem no plano sagital mediano. Em alguns casos, há falha nessa união, em especial, nas porções mais inferiores do esterno. Essa falha forma uma deformidade denominada de fenda (ou fissura) esternal, podendo estar associada à hérnia de coração ou demais defeitos de linha média – Pentalogia de Cantrell (CHIA; YEOW, 2014).
NOTA CLÍNICA:
O forame esternal, apesar de ser uma variação anatômica sem manifestações clínicas, pode causar problemas caso esteja presente durante uma punção de medula óssea no esterno ou procedimentos de acupuntura, visto que a agulha pode perfurar o pericárdio ou o coração (BABINSKI et al., 2012; BABINSKI et al., 2015).
Topografia da parede torácica
A parede torácica mantém relações importantes com estruturas e órgãos nobres, como por exemplo, o plexo braquial em sua porção superior, o coração e pulmões em sua porção média, e o fígado em sua porção inferior. O limite superior do tórax é denominado de estreito superior do tórax. É formado posteriormente pela margem superior da primeira vértebra torácica, anteriormente pela margem superior do manúbrio e lateralmente pelo primeiro par de costelas e suas cartilagens costais.
NOTA CLÍNICA:
Nessa região, em especial entre a primeira costela e a clavícula (desfiladeiro cervicotorácico), pode haver compressão das estruturas neurovasculares ali presentes (plexo braquial, artéria e veia subclávia) que levam a sinais e sintomas para o membro superior do lado acometido. O desfiladeiro cervicotorácico apresenta estreitamento em três regiões: o trígono interescaleno, espaço costoclavicular e espaço subcoracóide, sendo, no trígono escaleno, o local mais comum desses estreitamentos. Compressões nessas regiões podem ser causadas por diversos fatores, como a presença de uma costela cervical, alguma anomalia da primeira costela ou até tumores. Esse distúrbio neurovascular é denominado de síndrome do desfiladeiro torácico e pode gerar sintomas como parestesia, edema, dor e formigamento e atrofia muscular distal do membro superior (BOEZAART et al., 2010; STANDRING, 2010; JONES et al., 2019).
O limite inferior do tórax é chamado de abertura inferior do tórax. Ela é formada pela 12ª vértebra torácica, pelas últimas costelas (XII) de cada lado, pelas margens livres dos pares de cartilagens costais inferiores e pela articulação xifoesternal. Além disso, o tórax pode ser dividido a partir de diversas linhas, a saber:
É a linha do plano sagital mediano sobre o esterno, anteriormente.
O cruzam verticalmente à metade da clavícula, assim como o mamilo.
São linhas produzidas pelas pregas da axila.
Linhas que passam verticalmente pelo ângulo inferior da escápula.
É a linha do plano sagital mediano sobre a coluna vertebral, posteriormente.
Atenção
De modo a relacionar o estudo da parede torácica com a prática clínica, é importante o profissional compreender as relações anatômicas desta com os órgãos, lembrando sempre que as informações relacionadas à topografia de uma determinada estrutura está sujeita a variações de acordo com as dimensões de um indivíduo.
Os ápices dos pulmões situam-se no estreito superior do tórax, ligeiramente acima da primeira costela, esse fato anatômico encontra relevância clínica. Mantém contato com as 7 ou 8 primeiras costelas, enquanto a pleura se estende até a nona ou décima (GOSS, 1977).
NOTA CLÍNICA:
O ápice do pulmão direito encontra relevância clínica em duas situações: a) nas punções venosas profundas (veia subclávia direita) que podem levar a um pneumotórax; b) na possibilidade do tumor de Pancoast avançar para região cervical e comprometer a cadeia simpática cervicotorácica, levando à Síndrome Claude-Bernard-Horner (MOORE et al., 2019).
O coração está situado entre o terceiro e o quinto espaço intercostal. Algo em torno de ¾ do coração está situado no lado esquerdo da parede torácica. Essa projeção do coração na parede é denominada de precórdio (ou região precordial). A margem superior do coração pode ser determinada por uma linha vertical na terceira articulação esternocostal, enquanto a margem inferior pode ser determinada por uma linha levemente inclinada para a esquerda sobre a junção xifoesternal. O ápice do coração (apex cordis) está situado no quinto espaço intercostal, à esquerda, em geral, logo abaixo do mamilo (GOSS, 1977).
O fígado ocupa um grande espaço na cavidade abdominal e está em contato com a cúpula (direita) diafragmática. Sendo assim, mantém relações com as costelas inferiores e o processo xifoide. O baço situa-se entre a nona e a décima primeira costela. Os rins estão localizados na parede posterior do abdome; o rim esquerdo tem relação com a décima primeira e o esquerdo com a décima segunda costela.
O tórax
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MÓDULO 2
Descrever a arquitetura articular do tórax
Introdução
As costelas articulam-se posteriormente com as vértebras torácicas e anteriormente com o esterno, através das cartilagens costais. Alguns desses meios de união precisam ser resistentes, para conferir rigidez e proteção aos órgãos da cavidade torácica e outros precisam conferir mobilidade, de modo a darem possibilidade do tórax se expandir durante a respiração. Agora, vamos estudar todas essas articulações.
Artrologia do tórax
Articulação costovertebral
É a articulação entre a costela e a coluna vertebral. É formada por dois tipos de articulações: 1) as da cabeça da costela com o corpo vertebral e o disco intervertebral; 2) as articulações costotransversas, entre o tubérculo da costela e o processo transverso da vértebra torácica de mesmo número.
Essa articulação é sinovial do tipo plana. Sendo assim, possui uma cavidade articular e um ligamento de reforço, o ligamento radiado da cabeça da costela, além do ligamento intra-articular. A cabeça de cada costela típica articula-se com hemifóveas ou fóveas costais de duas vértebras torácicas adjacentes, assim como, o disco intervertebral situado entre elas. Exemplificando, a cabeça da quarta costela irá se articular com a parte superior do corpo da quinta vértebra torácica, da parte inferior do corpo da quarta vértebra torácica e o disco entre essas vértebras. As exceções a essa regra podem ser encontradas na primeira, décima primeira e décima segunda costelas.
Nessa articulação, o tubérculo de uma costela típica se articula com a fóvea costal do processo transverso da vértebra de mesmo número. São articulações sinoviais do tipo plana e que possuem como reforço os ligamentos costotransverso lateral e superior, assim como o ligamento do colo da costela e ligamento do tubérculo da costela. Essa articulação permite movimentos não só de deslizamento, mas também como elevação e depressão das extremidades esternais das costelas nos planos sagital e transverso, resultando nos movimentos de “braço de bomba” e “alça de balde”, essenciais para a dinâmica respiratória. As costelas flutuantes (décima primeira e décima segunda) carecem dessas articulações e ligamentos.
São articulações cartilaginosas. As costelas possuem uma face em sua extremidade esternal que recebe uma barra de cartilagem hialina (cartilagem costal). São firmes, pois existe continuidade entre o periósteo da costela com o pericôndrio da cartilagem costal. Em geral, são desprovidas de movimento.
São dadas entre a sexta e a sétima, a sétima e oitava e a oitava e nona cartilagens costais. São do tipo sinovial plana e possuem uma pequena cavidade sinovial. Entre a nona e a décima cartilagem costal, a articulação é fibrosa.
Aqui, as sete primeiras cartilagens costais se articulam com o esterno: a primeira se articula somente com o manúbrio; a segunda com o manúbrio e o corpo; da terceira até a sexta, somente com o corpo; e a sétima se articula com o corpo e com o processo xifoide. A primeira articulação esternocostal é classificada como uma sincondrose (articulação cartilaginosa), enquanto as demais são classificadas como articulações sinoviais planas. Nestas últimas, há um reforço ligamentar fornecido pelos ligamentos esternocostais radiados. Por permitirem movimentos, são importantes na dinâmica respiratória.
É uma articulação sinovial plana. Formada pela extremidade esternal da clavícula, o manúbrio do esterno e parte da cartilagem costal da primeira costela. É reforçada por 4 ligamentos: esternoclavicular anterior, esternoclavicular posterior, interclavicular e costoclavicular. Possui um disco articular que se interpõe entre as superfícies articulares da clavícula e do esterno.
O manúbrio do esterno está conectado ao corpo do esterno por fibrocartilagem, sendo assim, classificada como uma sínfise. É uma articulação resistente e que permite pouquíssima mobilidade. Como vimos anteriormente, o manúbrio e o corpo do esterno não estão situados no mesmo plano; essa união produz uma ligeira angulação que pode ser sentida na palpação de indivíduos magros, denominada de ângulo esternal ou ângulo de Louis, ponto de reparo para localizar a segunda cartilagem costal (GOSS, 1977; BABINSKI et al., 2012).
Pode ser considerada como uma sínfise. Situa-se entre a margem inferior do corpo do esterno e a margem superior do processo xifoide. Na maioria das pessoas, ele ossifica com a idade, fusionando-se totalmente aos 40 anos e formando uma verdadeira sinostose (ALENT et al., 2018).
Articulações da região do tórax
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MÓDULO 3
Descrever a arquitetura muscular do tórax
Introdução
Até agora, podemos notar que o tórax tem diversas funções, dentre elas, a proteção das vísceras torácicas, a respiração e faz parte do eixo do corpo humano, atuando como raiz do membro superior. Nesse sentido, a musculatura presente na região age, tanto no tórax propriamente dito (respiração) e/ou, quanto acionando o membro superior. A partir disso, podemos dividir essa musculatura de acordo com sua função (GOSS, 1977; MOORE et al. 2018). No primeiro momento, vamos descrever os músculos presentes no tórax, mas que atuam de forma acessória na respiração ou não possuem qualquer papel nesta ação. No segundo momento, vamos descrever os músculos que atuam de forma principal na respiração.
Miologia do tórax
Músculos que unem o membro superior ao tórax e músculos acessórios da respiração
É o maior músculo da região peitoral e cobre-a quase que em toda sua totalidade. Situa-se posteriormente às mamas. Possui um formato de leque no qual suas fibras se originam da extremidade esternal da clavícula, do manúbrio e do corpo do esterno, das cartilagens costais da terceira à sétima costela verdadeira. Suas fibras convergem em direção oblíqua e lateral para terminar em um tendão espesso para se inserir na crista do tubérculo maior do úmero (lábio lateral do sulco intertubercular). Flete, aduz e gira o braço medialmente. Fixa o úmero (é o principal responsável em manter o braço anexado ao tronco) e pode deprimir e abduzir a escápula. É inervado por ramos do plexo braquial (nervos peitorais, medial e lateral).
O músculo peitoral menor apresenta formato triangular, situado profundamente no músculo peitoral maior. Surge das margens superiores e das superfícies externas da terceira, quarta e quinta costelas e se insere através de um tendão plano no processo coracoide da escápula. É capaz de tracionar a escápula anterior e inferiormente, assim como é capaz de realizar a adução do braço. Na inspiração forçada, o músculo peitoral menor eleva a terceira, quarta e quinta costelas, de modo a aumentar o volume da caixa torácica. Inervado pelo nervo peitoral medial.
É um músculo cilíndrico e pequeno, situado entre a clavícula e a primeira costela. Nasce de um tendão curto da primeira costela e sua cartilagem costal, dirigindo-se lateralmente para se inserir na superfície inferior da clavícula. Traciona o ombro para frente e para baixo. Durante a inspiração forçada, eleva a primeira costela. É inervado pelo nervo para o músculo subclávio, um ramo do plexo braquial.
O músculo serrátil anterior é formado por uma fina camada muscular que nasce de digitações musculares das faces externas e das margens superiores das primeiras oito ou nove costelas. As quatro últimas digitações se relacionam com os fascículos superiores do músculo oblíquo externo do abdome. O músculo serrátil anterior se insere na margem medial da escápula, fixando-a à parede torácica. É inervado pelo nervo torácico longo (ramo do plexo braquial) e, além de fixar a escápula, é capaz de mobilizá-la durante movimentos de flexão e abdução completa do braço.
NOTA CLÍNICA:
Lesão no nervo torácico longo causa perda de função do músculo serrátil anterior e dá origem à uma condição conhecida como escápula alada.
O músculo latíssimo do dorso, também conhecido como músculo grande dorsal, é amplo, como o seu nome indica. Situa-se inferiormente ao músculo trapézio e ocupa a porção lombar da região dorsal. Desse modo, o músculo latíssimo do dorso se origina através dos processos espinhosos das vértebras lombares, da aponeurose toracolombar, da margem externa da crista ilíaca e das faces laterais das quatro últimas costelas. Esse músculo se estende até a região axilar e se fixa no sulco intertubercular do úmero. É inervado pelo nervo toracodorsal (eferente) e de forma sensorial pelos ramos dos nervos intercostais mais inferiores e ramos dos nervos espinais lombares. É irrigado pela artéria toracodorsal.
O músculo latíssimo do dorso tem como função principal realizar a rotação medial e adução do braço. Auxilia também na elevação do tronco e extensão do braço. Devido às suas origens nas costelas inferiores, pode se tornar um músculo acessório da respiração.
Situa-se profundamente no pescoço, lateralmente à coluna vertebral. Surge dos tubérculos anteriores dos processos transversos da terceira, quarta, quinta e sexta vértebras cervicais e segue verticalmente para se inserir no tubérculo escaleno (de Lisfranc) na primeira costela. Tem como função elevar a primeira costela (atuando, assim, na inspiração forçada) e inclinar ligeiramente o pescoço. Inervado pelos ramos dos nervos espinais cervicais inferiores.
Nasce dos processos transversos das seis últimas vértebras cervicais e se insere na primeira costela, entre o tubérculo do músculo escaleno anterior e o sulco da artéria subclávia. É o maior e mais longo dos três escalenos. Tem como função elevar a primeira costela (atuando, assim, na inspiração forçada) e inclinar ligeiramente o pescoço. Inervado pelos ramos dos nervos espinais cervicais inferiores.
Nasce dos tubérculos posteriores dos processos transversos das duas ou três últimas vértebras cervicais e se insere na superfície externa da segunda costela. É o menor dos três músculos escalenos e pode estar fundido com o escaleno médio. É inervado por ramos ventrais dos três últimos nervos espinais cervicais. Possui ação de elevar a segunda costela (atuando na inspiração forçada), além de inclinar ligeiramente o pescoço.
Músculos intrínsecos da respiração
Músculos intercostais externos
São onze de cada lado. Surgem dos tubérculos das costelas até as cartilagens costais, preenchendo grande parte do espaço intercostal. Após encontrarem as cartilagens costais, os músculos deixam de existir e ali começa uma membrana fina, denominada de membrana intercostal anterior, que se prolonga até o esterno.
Os intercostais externos se originam também da margem inferior de uma costela e se inserem na margem superior da costela subjacente. Suas fibras são oblíquas. Na região posterior do tórax, possuem direção ínfero-lateral, sendo que, mais anteriormente, essas fibras adquirem direção ínfero-medial. Agem tracionando as costelas adjacentes para cima, aumentando o volume da cavidade torácica durante a inspiração. São inervados pelos nervos intercostais.
Músculos intercostais internos
Também são onze de cada lado. Vão desde o esterno até os ângulos das costelas dorsalmente e ali se prolongam como uma membrana fina, denominada de membrana intercostal posterior. Originam-se do sulco costal e da cartilagem costal da costela correspondente e se inserem na margem superior da costela subjacente. Suas fibras são oblíquas, mas possuem direção oposta à dos músculos intercostais externos. Tracionam as costelas para baixo, diminuindo o volume da cavidade torácica durante a expiração. Também são inervados pelos nervos intercostais.
Músculo intercostal íntimo
São onze músculos finos. Estão situados profundamente aos intercostais internos e, por isso, alguns autores consideram estes músculos como a parte profunda do intercostal interno. Possuem a mesma função de tração inferior das costelas na expiração. Surgem da superfície interna do sulco costal das costelas e se inserem na margem superior da costela subjacente. São mais desenvolvidos nos espaços intercostais inferiores.
Músculos subcostais
São fascículos musculares e aponeuróticos mais desenvolvidos na parte inferior do tórax. Originam-se da superfície interna de uma costela, nas proximidades de seu ângulo e se inserem na superfície interna de duas ou 3 costelas abaixo. Suas fibras possuem a mesma direção dos músculos intercostais internos, agindo em conjunto com esse músculo. Inervados pelos nervos intercostais.
Músculo transverso do tórax
O músculo transverso do tórax é constituído por uma fina lâmina de fibras musculares e tendinosas e está situado na face posterior (interna) do esterno. Origina-se de cada lado do terço inferior do esterno, da face posterior do processo xifoide e das extremidades esternais nas cartilagens costais da quinta, sexta e sétima costela.
Emite diversas fibras que se dirigem lateralmente e que irão se inserir nas margens inferiores das cartilagens costais da segunda até a sexta costela. As fibras mais inferiores desse músculo se confundem com as do músculo transverso do abdome. É bastante diverso, podendo ter variações no lado oposto de um mesmo indivíduo (TESTUT; LATARJET, 1958). Traciona inferiormente as costelas, diminuindo o volume da caixa torácica. É inervado pelos nervos intercostais.
Músculo levantador da costela
Surge dos processos transversos de vértebras C7 e T1 até T11. Possui direção lateral oblíqua e se dirige inferiormente para o tubérculo da costela abaixo. Quando contrai, eleva a costela. São 12 no total e são inervados por ramos dorsais de C8 a T11.
Músculo serrátil póstero-superior
É um músculo fino, que surge da parte inferior do ligamento nucal e dos processos espinhosos de C7 até T3. Insere-se na margem superior da quarta até a sexta costela, elevando-as. É inervado pelos ramos anteriores do segundo ao quinto nervos intercostais.
Músculo serrátil póstero-inferior
Também é um músculo fino. Origina-se dos processos espinhosos de T11 a L3 e insere-se na margem inferior da nona até a décima segunda costela. É um músculo situado profundamente ao latíssimo do dorso e possui função de depressão das costelas nas quais se insere. É inervado por ramos anteriores de nervos espinais torácicos de T9 a T12.
NOTA CLÍNICA:
O ápice do pulmão direito, a extremidade superior arredondada, faz protrusão acima da abertura torácica, onde faz contato com a pleura cervical e é coberto, por sua vez, pela membrana supra pleural. Em consequência da obliquidade da abertura, o ápice se eleva 3-4 cm acima do nível da primeira cartilagem costal; posteriormente, ele fica no nível do colo da primeira costela. Seu topo fica 2,5 cm acima do terço medial da clavícula. O ápice localiza-se, portanto, na raiz do pescoço. Discute-se que, por não se elevar acima do colo da primeira costela, o ápice é de fato intratorácico e que é a superfície anterior que sobe mais alto na inspiração. A artéria e veia subclávia pode variar com um arco superior e lateralmente sobre a membrana supra pleural, sulca a superfície anterior do ápice próximo a seu topo e a separa do músculo escaleno anterior, oferecendo risco na punção venosa profunda – pneumotórax. O gânglio simpático cervicotorácico (estrelado), o ramo ventral do primeiro nervo espinal torácico e a artéria intercostal superior se localizam todos posteriormente ao ápice. Nesse caso, no lado direito, o gânglio estrelado, assim como o plexo braquial, estão em risco na presença do tumor de Pancoast, trazendo exuberância clínica – Síndrome de Claude-Bernard-Horner.
Músculo diafragma
O nome diafragma tem origem do grego dia (através) juntamente a phragma (tabique). O diafragma é septo músculo-tendinoso (lâmina músculo-fibrosa curvada) que separa a cavidade torácica da cavidade abdominal. Possui uma concavidade voltada para a cavidade torácica, na qual podem ser observadas duas hemicúpulas (uma direita e outra esquerda). Sua face superior convexa está voltada para o tórax e sua face inferior côncava está voltada em direção ao abdome. As posições das cúpulas do diafragma são extremamente variáveis, porque elas dependem da estrutura do corpo e da fase da ventilação. Deste modo, o diafragma estará em posição mais alta em pessoas baixas e obesas do que em pessoas altas e magras e a insuflação excessiva do pulmão, como ocorre no enfisema, por exemplo, causa uma marcante depressão do diafragma (STANDRING, 2010).
O diafragma é o principal músculo da respiração. Traciona o centro tendíneo inferiormente, por consequência, aumentando o volume e diminuindo a pressão da cavidade torácica, ao mesmo tempo que diminui o volume e aumenta a pressão da cavidade abdominal. Na inspiração, o diafragma abaixa e, com isso, diminui a pressão torácica. Dessa forma, o ar é forçado para dentro dos pulmões devido à diferença de pressão em relação à pressão atmosférica. Nesse momento, o diafragma aumenta a pressão da cavidade abdominal e, quando se contrai junto à musculatura do abdome, causa evacuação do conteúdo das vísceras abdominais, levando à micção ou evacuação. Origina-se através de diversos pontos, a saber:
Da face posterior do processo xifoide (fibras esternais), das superfícies internas das seis últimas costelas de cada lado (assim como suas cartilagens costais) – fibras costais.
Dos ligamentos arqueados (medial e lateral), assim como por dois pilares (direito e esquerdo), situados nas vértebras lombares – fibras lombares.
Considera-se que o diafragma é um músculo digástrico (com dois ventres), intermediados por tendões, os quais formariam o centro tendíneo. Desta maneira, o músculo possui uma porção muscular periférica e uma porção aponeurótica central. Sua porção muscular periférica pode ser agrupada em três regiões: esternal, costal e lombar:
Possui fascículos musculares oblíquos com origem na borda interna das seis últimas costelas, sendo que na 7ª, 8ª e 9ª costelas, a inserção dos fascículos musculares é condral, através de feixes musculares entrelaçados do músculo transverso do abdome e na 10ª, 11ª e 12ª costelas a inserção é unicamente óssea. Posteriormente, as fibras musculares se fixam nos arcos de Sénac, formados por tecido aponeurótico entre a 10ª e 11ª e entre a 11ª e 12ª costelas. A porção costal é responsável pela formação dos hemidiafragmas ou cúpulas direita e esquerda, que se movem durante a respiração e são visíveis em radiografias de tórax.
Possui um segmento medial e outro lateral. O segmento medial é composto pelos pilares (em latim: pernas) diafragmáticos direito e esquerdo. Já o segmento lateral é composto por dois arcos aponeuróticos, chamados lombocostais lateral e medial.
Está representada por dois fascículos musculares verticais, com origem na margem posterior do apêndice xifoide e terminação na porção anterior da cúpula diafragmática, no nível do centro tendíneo. Em cadáveres, esta porção parece frequentemente elevar-se a partir de sua origem, devido ao relaxamento e ascensão do diafragma após a morte. Entre cada uma destas fitas musculares, há um espaço avascular anteromediano, em forma de fenda, denominado hiato de Marfan. Já lateralmente a estas fitas musculares, há um espaço anterolateral, também em forma de fenda, conhecida como hiato esternocostal (hiato de Larrey atual forame de Morgagni).
Todas essas fibras convergem e formam uma região no centro do diafragma chamada de tendão central (ou centro tendíneo), em formato de trevo de três folhas. Nesse sentido, podem ser identificados três folhetos (ou folíolos), um direito, um esquerdo e um medial (GOSS, 1977). Os arcos lombocostais laterais (ligamentos arqueados laterais), de concavidade inferior, são espessamentos da lâmina anterior da fáscia toracolombar, sobre as partes superiores dos músculos quadrados lombares. Tem como origem o processo transverso da vértebra L1, estendendo-se até a 12ª costela ipsilateral. Entre a porção diafragmática costal e o ligamento arqueado lateral, de cada lado, existe uma região diafragmática fina, que é preenchida por membrana, sendo chamada de trígono vertebrocostal (trígono lombocostal). Nesta região, pode-se formar uma brecha, com o nome de hiato costolombar de Henlé (forame de Bochdalek), que favoreceria a comunicação dos tecidos adiposos subpleural e renal posterior.
O diafragma possui três grandes orifícios que permitem a passagem da aorta (hiato aórtico), da veia cava inferior (forame da veia cava inferior) e do esôfago (hiato esofágico) da cavidade torácica para a cavidade abdominal. Os ramos do nervo vago passam pelo hiato esofágico. Já a veia ázigo e o ducto torácico passam pelo hiato aórtico (GOSS, 1977).
O hiato aórtico é o mais inferior e mais posterior das grandes aberturas e é encontrado no nível da margem inferior da décima segunda vértebra torácica e o disco intervertebral toracolombar, ligeiramente à esquerda da linha mediana. Ela é uma abertura ósseo-aponeurótica definida pelos pilares diafragmáticos lateralmente, pela coluna vertebral posteriormente e pelo diafragma anteriormente. O hiato aórtico permite a passagem da aorta, do ducto torácico, de troncos linfáticos derivados da porção inferior da parede posterior do tórax e, às vezes, das veias ázigo e hemiázigos (STANDRING, 2010).
O hiato esofágico está localizado no nível da décima vértebra torácica, acima, à frente e um pouco à esquerda do hiato aórtico. Ele permite a passagem do esôfago, de nervos gástricos, de ramos esofágicos dos vasos gástricos esquerdos e de alguns vasos linfáticos. A abertura elíptica tem um eixo longo ligeiramente oblíquo e está delimitada por fibras musculares, que se originam na parte medial do pilar direito e cruzam a linha mediana, formando uma “chaminé” de aproximadamente 2,5 cm de comprimento, a qual acomoda as porções terminais do esôfago.
O forame da veia cava, a mais alta das três grandes aberturas, encontra-se no nível do disco entre a oitava e a nona vértebras torácicas. A abertura tem formato quadrilátero e está localizada na junção do folheto direito com a área central do tendão, de modo que suas margens sejam aponeuróticas. Ela é atravessada pela veia cava inferior, a qual se adere à margem da abertura e por alguns ramos do nervo frênico direito.
Atenção
Existem duas aberturas menores em cada pilar: uma permite a passagem para os nervos esplâncnicos direitos maior e menor (pilar direito) e para os nervos esplâncnicos esquerdos maior e menor e a veia hemiázigos (pilar esquerdo). Os troncos simpáticos com seus gânglios normalmente entram na cavidade abdominal por trás do diafragma, abaixo do ligamento arqueado medial. Aberturas para minúsculas veias ocorrem frequentemente no centro tendíneo (GOSS, 1977; STANDRING, 2010).
NOTA CLÍNICA:
Hérnias congênitas diafragmática com eventração. Órgãos abdominais, usualmente, o estômago, podem se herniar através do diafragma para dentro do tórax. Existem três locais, nos quais hérnias podem ocorrer: póstero-lateral (de Bochdalek), subcostoesternal (de Morgagni) e esofágica. A mais comum é uma hérnia póstero-lateral (de Bochdalek), que ocorre como o resultado de um defeito na parte posterior do diafragma, na região da décima ou décima primeira costela. Ela é mais comum à esquerda e se apresenta com conteúdo abdominal no hemitórax esquerdo ao nascimento; casos clinicamente significativos desenvolvem hipoxemia e insuficiência respiratória ao nascimento. Uma radiografia de tórax demonstra o desvio mediastinal para o lado contralateral e a presença de conteúdos gastrintestinais no tórax; o diagnóstico deve ser feito no ultrassom pré-natal de rotina. A hérnia subcostoesternal, primeiramente descrita por Morgagni, é incomum e ocorre através de um defeito na parte anterior do diafragma, imediatamente lateral ao processo xifoide. Ela é frequentemente assintomática (STANDRING, 2010).
Inervação da musculatura diafragmática
O nervo frênico se origina dos ramos ventrais dos segmentos C3 a C5 e é responsável por todo o suprimento motor para cada hemicúpula que recebe inervação de forma individual. Além disso, são fibras sensoriais para dor e propriocepção para a maior parte do músculo, sendo o restante periférico suprido pelos seis ou sete nervos intercostais posteriores, nervo subcostal e o nervo subclávio – também conhecido como nervo frênico acessório. O nervo frênico apresenta ainda função sensorial das seguintes estruturas: pleura mediastinal, pleura diafragmática, pericárdio e peritônio parietal sobre o diafragma. A pleura parietal costal e a diafragmática são inervadas por nervos intercostais. Uma irritação dessas áreas leva a uma dor torácica ou abdominal, de acordo com a região atingida. A pleura parietal, em suas áreas mediastinal e diafragmática central, recebem ramos do nervo frênico. Nestas regiões, os danos geram dor na parte inferior do pescoço e no ombro (dermátomos C3 e C4). Enquanto isso, a pleura visceral é inervada por aferentes viscerais acompanhantes de vasos brônquicos. Espasmos do diafragma produzem os soluços.
O suprimento arterial
A face superior (superfície) do diafragma é dada através das artérias frênicas superiores, que têm origem na aorta torácica, e de ramos da artéria torácica interna, artérias musculofrênica e pericardiofrênica. A face inferior (superfície) do diafragma é suprida por ramos provenientes das artérias frênicas inferiores, ramos da aorta abdominal.
A drenagem venosa
A face superior do diafragma é dada através das veias musculofrênica e pericardiofrênica, que desembocam nas veias torácicas internas. As veias frênicas inferiores, que drenam a face inferior do diafragma, desembocam na veia cava superior, quando direita, ou na veia suprarrenal esquerda, quando esquerda. Algumas veias da curvatura posterior diafragmática drenam para as veias ázigos e hemiázigos.
NOTA CLÍNICA: Hérnia de hiato
Devido a um aumento da pressão da cavidade abdominal ou fraqueza no hiato esofágico, parte do estômago pode ascender por esse orifício. As hérnias de hiato podem causar refluxo gástrico e pirose (azia), levando a danos na mucosa esofágica (SFARA; DUMITRASCU, 2019).
Mecanismo da respiração
A respiração é um ato fundamental para a manutenção da vida. A respiração permite que aconteça a troca de gases em nível alveolar (hematose), além de regular o pH do corpo humano, funções executadas em conjunto pelo sistema cardiovascular e sistema respiratório. A entrada e saída de ar da cavidade torácica é regulada por elementos já estudados anteriormente: os ossos, articulações e músculos do tórax. Isso é dado pela diferença de pressão dentro da cavidade torácica em relação à pressão do ar atmosférico.
A respiração pode ser dividida em dois movimentos distintos: a inspiração e a expiração, porém, é sabido que em determinadas situações, como por exemplo numa corrida, um indivíduo necessita de uma expansão maior da cavidade torácica para captar ou expelir mais ar, são chamadas de inspiração e expiração forçadas (GOSS, 1977; ALIVERTI, 2016). Iremos estudar todas essas situações a seguir.
É, em geral, dada pelo músculo diafragma, que se contrai e aumenta o diâmetro no sentido vertical da caixa torácica. Apesar disso, alguns indivíduos utilizam a musculatura costal ou uma mistura de ambos. Na inspiração calma, a primeira e a segunda costela permanecem imóveis e as demais, com exceção das duas últimas, elevam-se ligeiramente para aumentar o diâmetro látero-lateral do tórax; enquanto o esterno se eleva e move ligeiramente no sentido anterior, aumentando o diâmetro anteroposterior do tórax, movimentos já conhecidos como alça de balde e braço de bomba, respectivamente.
É conseguida sem esforço muscular, somente com o relaxamento do músculo diafragma que faz com que aumente a pressão da cavidade torácica à medida que a pressão da cavidade abdominal diminui. Aqui, as costelas e o esterno retornam de seu deslocamento devido à própria elasticidade dos ligamentos e cartilagens que mantém esses elementos em posição.
É uma ampliação da inspiração calma. Nela, há um deslocamento das duas primeiras costelas, através dos elementos acessórios (como os escalenos e até o esternocleidomastoideo). As demais costelas são elevadas com maior intensidade pelos levantadores das costelas e pelos serráteis posteriores.
Pode ser observada em pacientes com falta de ar (dispneia). Neste caso, há um emprego significativo da musculatura acessória, como o músculo peitoral menor e o músculo serrátil anterior. Para isso, há necessidade dos músculos do dorso, como os romboides e o levantador da escápula para fixá-la com maior firmeza.
Aqui, a musculatura necessita entrar em ação (ou seja, não somente conta com o relaxamento natural dos músculos). As costelas são tracionadas para baixo pelos intercostais e serráteis posteriores e os músculos da parede abdominal forçam a subida do diafragma.
O músculo diafragma e o mecanismo de respiração
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Conclusão
Considerações Finais
Neste tema, exploramos a região torácica e os elementos constituintes da sua parede. Pudemos notar que o tórax possui diversas funções, como a proteção de órgãos nobres e o fato de servir como raiz para os membros superiores.
Estudamos, inicialmente, a arquitetura óssea da parede torácica, que forma uma verdadeira caixa protetora com o auxílio da coluna vertebral na região posterior. Em seguida, vimos que algumas articulações do tórax permitem certo grau de mobilidade, enquanto outras não permitem muitos movimentos, conferindo assim, rigidez e resistência à caixa torácica.
Por fim, pudemos analisar a construção complexa da musculatura torácica. Como o tórax é uma região central do corpo humano, músculos de diversas regiões distintas se encontram em partes ali. No caso do tórax propriamente dito, estudamos os músculos que são protagonistas ou que auxiliam de forma acessória o ato da respiração. Vimos que graças à disposição da musculatura, com suas inserções nas costelas e que graças às articulações entre as costelas, esterno e coluna vertebral, o tórax é capaz de realizar movimentos de inspiração e expiração, agindo, assim, em conjunto com o sistema respiratório.
Durante a abordagem de todos esses elementos, estudamos os aspectos clínicos de diversos elementos anatômicos, como por exemplo a relação anatômica da parede torácica com órgãos da cavidade torácica e abdominal.
Podcast
CONQUISTAS
Você atingiu os seguintes objetivos:
Descreveu os conceitos gerais da estratigrafia do tórax em suas diversas regiões
Descreveu a arquitetura articular do tórax
Descreveu a arquitetura muscular do tórax