Órteses para tronco e pescoço

Descrição

Órteses e próteses de tronco e pescoço, prescrição e seus objetivos terapêuticos.

Propósito

As órteses têm papel importante na recuperação funcional de um segmento articular ou membro afetado por dor ou incapacidade, e é necessária uma adaptação a esses equipamentos, uma vez que, mesmo confeccionados sob medida, podem incomodar no início. Este é um dos objetivos do fisioterapeuta: traçar junto ao seu paciente um programa de reabilitação efetivo, para que ele reestabeleça sua independência funcional em suas atividades de vida diária.

OBJETIVOS

Módulo 1

Reconhecer os principais tipos órteses para tronco

Módulo 2

Identificar as órteses para escoliose e hipercifose

Módulo 3

Listar as principais órteses para região cervical

Introdução

“Orthos” significa direito, reto, normal. É uma palavra grega que define o principal objetivo das órteses, que é restabelecer a normalidade de algum segmento afetado. Sendo assim, de maneira geral, podemos definir órtese como um dispositivo exoesquelético que, quando é aplicado a um ou vários segmentos do corpo, tem a finalidade de proporcionar o melhor alinhamento possível, buscando sempre uma melhor posição funcional, ou seja, aquela mais adequada. As órteses podem ser utilizadas em diversas áreas dos membros ou do tronco, com a finalidade de promover funcionalidade ou apenas proporcionar conforto para alívio das dores.

Por serem dispositivos aplicados externamente ao segmento corpóreo, as órteses têm como finalidade proporcionar melhora funcional devido a algum tipo de disfunção ou necessidade de suporte, auxiliando em uma recuperação mais segura, rápida e eficaz junto a indivíduos com comprometimento neuromusculoesqueléticos, com alterações funcionais temporárias ou permanentes. A órtese pode ser definida como uma peça ou aparelho de correção, ou complementação de membros ou órgãos do corpo. Ela pode ser fixada como qualquer material permanente ou transitório, que auxilie as funções de um membro, órgão ou tecido, portanto, sua colocação ou remoção não pode requerer a realização de ato cirúrgico.

Este conteúdo tem como principal objetivo abordar os diferentes tipos de órteses existentes para tronco e pescoço, assim como correlacionar a evolução com o que há de mais moderno na atualidade. Também falaremos sobre a reabilitação funcional das pessoas que fazem uso dessas órteses, enfatizando sempre a realização das atividades de vida diária. E, claro, o fisioterapeuta será parte importante desse processo.

MÓDULO 1


Reconhecer os principais tipos órteses para tronco

Classificação das órteses

As órteses, de maneira geral, auxiliam um segmento do corpo na presença de dor ou incapacidade funcional, e são uma ferramenta importante que o profissional de saúde pode prescrever como parte do tratamento proposto após uma boa avaliação.

As órteses são classificadas quanto à função e à maneira como são confeccionadas.

Função

Estáticas

Quando imobilizam e/ou limitam e posicionam as articulações.

Dinâmicas

Compostas de várias partes para promoverem movimentação articular, neutralizando forças deformantes e promovendo manutenção e fortalecimento da musculatura envolvida.

Maneira como são confeccionadas

Órteses pré-fabricadas

Quando confeccionadas e fabricadas em larga escala e disponíveis em tamanhos padronizados.

Órteses sob medida

O molde é elaborado sobre o próprio corpo do paciente.

Uma órtese é todo equipamento que dará assistência mecânica ou ortopédica ao paciente e, portanto, elas podem ser:

Externas

Meios auxiliares como bengalas, muletas e andadores são consideradas órteses, assim como os colares cervicais, coletes, aparelhos auditivos, lentes de contato, aparelhos ortodônticos, palmilhas ortopédicas, joelheiras, munhequeiras.

Internas

Marca-passo, instrumentos para estabilizar a coluna, bombas de infusão.

Exploraremos aqui as principais órteses que são utilizadas para estabilização e funcionalidade do tronco.

Materiais para confecção das órteses

As órteses foram evoluindo com passar dos anos e, de acordo com a história, podemos observar que a madeira não é mais utilizada para essa confecção. O gesso começou a ser empregado para confecção de órteses a partir do século X, e é usado em alguns casos até hoje, embora com menor frequência, em virtude de produtos com novas tecnologias. O tecido, metal e os termoplásticos são os materiais mais utilizados atualmente para a confecção de órteses, mas possuem maior custo.

O emprego do plástico (termoplástico ou termorrígido) na fabricação de órteses teve início em 1960. Os elásticos, o neoprene, o silicone, o poliuretano e as espumas são materiais citados em algumas confecções de órteses. Geralmente, são considerados por alguns autores como borracha e borracha sintética.

De maneira geral, os materiais usados para confecção de órteses são:
Gesso (comum) - calhas, talas, coletes etc.
Gesso sintético - calhas, talas etc.
Elástico - rotadores internos e externos para membros inferiores.
Tecido - ceda, brim, lona, malha.
Neoprene - elastômero sintético.
Couro e camurça - fino, grosso, de boi, de carneiro.
Madeira - faia, freixo e choupo são as mais usadas; esponjosa e leve, para fabricação de talas.
Borracha e espuma - neoprene, silicone, poliuretano.
Metal - magnésio, alumínio, ferro, aço, titânio.
Plástico - polipropileno, PVC, que podem ser termoplástico, termorrígido ou inflável, para órteses infláveis.
Fibras - de algodão, de vidro, de carbono.

As órteses confeccionadas com material termoplástico se deformam com calor e ficam rígidos novamente após serem resfriadas. Esse procedimento pode ser repetido por diversas vezes. Essas órteses termoplásticas podem ser denominadas como:

De baixa temperatura

São as órteses que amolecem e ficam maleáveis para serem moldadas no próprio segmento corporal. A temperatura utilizada pode chegar a uns 80°C (180°F). Esse tipo de confecção é muito utilizado para órteses para membro superior.

De alta temperatura

São as órteses com plásticos mais resistentes, que também se deformam com calor, no entanto, necessitam de temperaturas mais altas, por exemplo a 160°C (350°F). Alguns materiais utilizados podem ser: acrílico, polietileno, polipropileno, policarbonato, PVC (polyvinyl chloride), PVA (polyvinyl alcohol, polyvinyl acetate).

Existe também a possibilidade de as órteses serem confeccionadas em material termorrígido, que são materiais em plástico ainda mais resistentes, porém, mais difíceis para modelagem, além de alguns de seus componentes apresentarem a possibilidade de provocar fenômenos alérgicos em contato com a pele humana, como o poliéster e os epóxis. Portanto, são menos utilizadas quando comparadas às termoplásticas.

Uma órtese pode ser usada de maneira temporária, por um tempo determinado – curto, médio ou longo prazo. Esse prazo será por tempo finito, e o paciente não a usará mais. Por outro lado, também pode ser usada de maneira definitiva, por tempo indeterminado, para melhor segurança do paciente. Considerando a origem dessa incapacidade, essa órtese será usada para sempre.

Portanto, para indicar e prescrever órteses corretamente, é muito importante que o profissional de saúde saiba dimensionar o uso dentro do contexto de “começo, meio e fim”, quando se trata de órtese para uso temporário. Esse fim, que é a fase da retirada da órtese, pode ser de maneira lenta e diária, com dias alternados, ou em períodos alternados do dia.

Pensamos, geralmente, em órteses para a coluna vertebral (tronco) quando citamos dois termos:

Colete

É uma órtese de consistência mais rígida, confeccionada em metal (Ex.: colete de Knight) ou polipropileno (colete de Boston).

Cinta

Trata-se de uma órtese mais maleável, com maior quantidade de tecido/brim, elástico, neoprene (Ex.: cinta de Putti para a região lombar) e menos material rígido ou semirrígido.

Então, levando em consideração os tipos de materiais utilizados, as órteses para tronco têm objetivos de estabilizar o tronco, suportar e sustentar a descarga de peso, imobilizar em caso de fraturas, prevenir e corrigir deformidades articulares e aliviar a dor. Sendo assim, a seguir, vamos explorar os principais tipos de órteses para tronco.

Principais órteses para tronco

As órteses para tronco são usadas primordialmente para restringir o movimento de segmentos da coluna vertebral. Elas se constituem, na maioria das vezes, como dispositivos externos aplicados ao corpo. Podemos destacar como principais aplicações o auxílio na recuperação de lesões ósseas e ligamentares, redução da dor e prevenção de deformidades progressivas na coluna.

O movimento pode ser restringido por uma órtese, e isso pode ocorrer de maneira relativa, pois as forças de tensão não são aplicadas diretamente sobre as estruturas ósseas, mas através da pele e dos tecidos moles, alterando os vetores de força conforme suas características elásticas. Dessa maneira, por exemplo, pessoas obesas terão maior mobilidade quando usarem as órteses de tronco quando comparadas a pessoas mais magras.

A indicação de uma órtese para a coluna submete-se aos seguintes critérios: objetivo da órtese, segmento da coluna envolvido e movimento que será limitado (para as órteses imobilizadoras). Sendo assim, as órteses para tronco são divididas de acordo com o segmento da coluna o qual se deseja imobilizar ou tratar, tendo como referências coluna cervical, coluna torácica, coluna lombar e região sacral, podendo a imobilização se aplicar a um ou mais segmentos associados.

Podemos ainda classificar segundo a finalidade da órtese, entre e corretivas e imobilizadoras.

Órteses para região toracolombossacra

Para esse segmento da coluna vertebral, podem ser aplicadas órteses imobilizadoras e corretivas, dependendo do objetivo traçado pelo profissional de saúde. Entenda a diferença entre elas:

Órteses imobilizadoras restringem a movimentação total e intervertebral da coluna nos níveis de T7 a L4. Podem ser mais eficientes em níveis lombares inferiores (L3-L5). Lesões acima de T7 requerem extensão cervical da imobilização.

Órteses corretivas têm como objetivo a correção de deformidades de coluna, sendo as mais comumente tratadas nas escolioses, lordoses e cifoses.

As principais órteses toracolombossacras serão descritas a seguir:

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Colete de Boston

Esse colete geralmente é confeccionado em material termoplástico, como o polipropileno. Ele pode ser usado de maneira corretiva na escoliose lombar. Também se utiliza esse colete para promover a imobilização, pois restringe os movimentos da coluna torácica inferior. Sua construção ocorre a partir de um molde criado com gesso no tronco do paciente, podendo ou não, nesta etapa, promover correções com alinhamentos e pressões orientadas. O colete também pode ser recomendado em pessoas com diagnóstico de espondilólise e espondilolistese.

Colete Bivalvado

O colete de Boston pode ser confeccionado com duas partes (anterior e posterior), e essa variação é chamada de bivalvado ou com apenas uma abertura posterior, podendo ser deformado (aberto) para melhor colocação sem perder sua característica. Isso só é possível devido à flexibilidade do material. O ajuste e a fixação ocorrem por meio das correias com fecho de contato (tipo velcro) ou fivelas. Nessas órteses corretivas, as almofadas de pressão internas e “janelas” (aberturas) serão feitas de forma apropriada para corrigir possíveis desvios da coluna.

Colete Jewett

Esse colete é muito utilizado no tratamento conservador de fraturas da coluna toracolombar no nível de (T11-L2), pois promove o bloqueio da cifose torácica e limita a flexão com apoio anterior no esterno e no púbis. O apoio posterior fica no ápice da fratura ou deformidade, contrapondo a tendência de hipercifose por falha na coluna anterior. A grande desvantagem desse colete é que ele pode causar lesões cutâneas nas áreas de maior pressão, podendo não ser tolerado pelo paciente, o que limita a indicação de utilização.

Colete Providence

É feito sob medida, normalmente usando modelagem, e aplica forças compressivas e rotacionais à coluna vertebral. Por ser menos agressivo que os demais, o uso do colete só é viável na posição deitada e, portanto, sua indicação será para o uso noturno, para dormir.

Órteses para região lombossacra

Em geral, as órteses para região lombossacra são menos eficientes em restringir a mobilidade da coluna, principalmente quando comparadas às órteses toracolombossacras. Atuam entre L2 e L4, e podem ser usadas com a ajuda de extensores torácicos ou para as coxas, o que é pouco comum, melhorando a imobilização. Alguns estudos mostram que não existem evidências que suportem o uso das órteses lombares de maneira preventiva, ou na redução da incidência de dor lombar.

Elas podem melhorar a taxa de fusão ou resultar na melhora clínica dos pacientes com patologias lombares degenerativas, embora sejam utilizadas nas rotinas em muitos serviços. Entretanto, elas podem ser efetivas no tratamento de dor lombar aguda. Para ter melhores resultados, o uso das órteses rígidas são mais eficazes do que as macias. A seguir alguns dos principais coletes lombossacrais:

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Colete Knight

Construído em estrutura de alumínio, possui duas hastes posteriores paralelas que acompanham a coluna paralelamente de maneira que a coluna fique entre elas. Seu ápice posterior superior fica abaixo da escápula, e o inferior fica na altura da coluna sacral. As hastes laterais contornam de maneira anatômica o corpo, terminando na haste lateral que perfaz a linha coronal até um ponto abaixo das axilas.

O tecido é feito em algodão resistente (tipo lona) e é utilizado na parte anterior, possuindo fechamento em correias e fecho de contato (tipo velcro), utilizando passadores para facilitar o ajuste. Esse colete pode ter um prolongamento das hastes posteriores até a altura dos ombros, e as correias são chamadas de ombreiras, que contornam o ombro, passando por debaixo das axilas e prendendo-se novamente nas hastes abaixo da região da escápula. Dessa maneira, essa órtese passa a restringir também parte do movimento da coluna torácica. Ela pode ser chamada, devido a essa configuração, de colete de Taylor.

Cinta de Putti

Pode ser longa, chegando até a região torácica (sendo uma órtese toracolombossacra), ou curta, que é mais direcionada para região lombossacra. Essas órteses geralmente são pré-fabricadas, construídas em tecido, com barbatanas de alumínio na parte posterior. Esse tipo de cinta não promove restrição dos movimentos de forma efetiva. Elas são indicadas como coadjuvante para reduzir dores da região lombar, no período pós-operatório na coluna vertebral dorsal inferior ou lombar, em hérnia discal sintomática e em osteoporose grave, principalmente quando há achatamento de corpos vertebrais.

Órteses para tronco

Neste vídeo o especialista Pedro Pena irá abordar os diferentes tipos de órteses para tronco e suas principais características e indicações. Vamos lá?

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Materiais para confecção das órteses
Órteses para região toracolombossacra (Colete de Boston simples e bivalvado)

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MÓDULO 2


Identificar as órteses para escoliose e hipercifose

Deformidades da coluna

As deformidades ou desvios da coluna vertebral ocorrem com o aumento ou a diminuição das curvaturas da coluna, podendo afetar as regiões cervical, dorsal ou lombar. Veja a definição dos desvios em suas devidas regiões, e observe cada um deles na figura a seguir.

Hiperlordose cervical

Aumento da lordose cervical (curvatura) no plano sagital, sendo considerada anormal quando atinge um ângulo superior a 40°.

Hipolordose (retificação cervical)

Diminuição da lordose cervical no plano sagital, sendo considerada anormal quando atinge um ângulo inferior a 10°.

Hipercifose dorsal

Ocorre o aumento da curvatura cifótica no plano sagital da região dorsal, superior a 40°.

Retificação dorsal

A curvatura cifótica é inferior a 20° no plano sagital.

Hiperlordose lombar

A curvatura da lordose lombar é superior a 45° no plano sagital.

Hipolordose lombar

A curvatura da lordose lombar é inferior a 35°.

Inversão da lordose lombar (cifose)

A curvatura da lordose lombar é inferior a 10°.

Escoliose lombar

Presença de uma curvatura (escoliose em “C”) ou mais curvaturas (escoliose em “S”) no plano frontal, com convexidade para direita ou esquerda, entre os níveis de L1 a L5.

Escoliose toracolombar

Presença de uma ou mais curvaturas laterais no plano frontal, tanto na região torácica (dorsal) quanto na região lombar.

Sabemos que existem diversas deformidades que afetam a coluna vertebral, e elas podem ser adquiridas (funcionais) ou congênitas (estruturais). No entanto, quanto mais precocemente esses desvios forem descobertos, maiores serão as chances de sucesso no tratamento, tanto com a realização de exercícios posturais quanto com o uso das órteses. Exploraremos neste módulo a utilização das órteses nas hipercifoses torácicas e nas escolioses.

Órteses para escoliose

A escoliose é, sem dúvida, um dos desvios vertebrais que mais afetam a população mundial. Estima-se que 2% a 3% da população em geral apresentam algum tipo ou grau de escoliose.

Apesar de uma condição recorrente nos serviços de saúde, até hoje é um desafio determinar a origem dessa enfermidade, sendo conhecida como escoliose idiopática. Sendo assim, a maior prevalência dessa condição é em meninas, as quais apresentam até oito vezes mais chances de progressão da curvatura, principalmente na adolescência (Negrini et al., 2015).

Apesar de 80% dos casos terem origem idiopáticas, a escoliose pode aparecer em determinados momentos, sendo classificada como (KALICHMAN; KENDELKER; BEZALEL, 2016):

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Infantil

Um pouco mais rara, acontece antes dos 3 anos de idade.

Juvenil

Acontece entre 3 e 10 anos de idade, correspondendo de 20% a 30% dos casos.

Adolescência

Afeta os jovens a partir dos 10 anos de idade, sendo a forma mais comum, com mais de 80% dos casos. Nessa faixa de idade, as meninas têm maior prevalência.

Fase adulta

Pode estar presente desde a infância ou adolescência, porém, só é descoberta quando a pessoa tem mais de 18 anos.

No tratamento da escoliose, podemos pensar que quanto menor for o grau de comprometimento, melhor será a eficácia do tratamento, assim como quanto mais precoce forem descobertos os desvios, mais chances a pessoa terá de não progredir se fizer o tratamento correto.

Atenção

Desvios menores que 20° são normalmente descobertos em radiografias, e podem ser indicados exercícios posturais para melhora da condição física postural. Desvios entre 25° e 45° são casos moderados, e o uso de coletes podem ser indicados, principalmente, na fase da adolescência, na qual ainda há o crescimento ósseo com grande possibilidade de redução desse desvio. Em casos mais graves, acima de 50°, geralmente são indicados procedimentos cirúrgicos, mas não entraremos em detalhes.

As principais órteses recomendadas pelo consenso de especialistas em Tratamento Ortopédico e de Reabilitação em Escoliose (SOSORT), para essa condição serão listadas a seguir.

COLETE DE CHÊNEAU

O colete de Chêneau, inicialmente chamado de colete de Chêneau-Toulouse-Munster (CTM), foi desenvolvido na década de 1960. Atualmente, é aceito e usado em todo o mundo. Esse colete rígido fornece correção tridimensional e abre anteriormente. O colete de Chêneau é dividido em zonas, e fornece grandes espaços livres em locais de pressão. Esses mecanismos de correção da cinta de Chêneau são:

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Mecanismos passivos

Com a transferência do tecido de convexo para côncavo realizado por um sistema de três pontos, atuando em múltiplas dimensões com o objetivo de hipercorreção, alongamento e descarregamento da curva; isso desfaz a rotação do tórax e a flexão.

Mecanismos ativos

Utiliza o crescimento vertebral atuando como fator corretivo, movimentos respiratórios da caixa torácica guiados assimetricamente, reposicionamento do arranjo espacial dos músculos do tronco para proporcionar ação fisiológica e efeito antigravitacional.

O colete de Chêneau possui uma média de correção primária de 41% na região toracolombar, e uma correção de longo prazo de 14,2% apenas na região torácica e 9,2% apenas nas curvas duplas lombares: 5,5% torácica e 5,6% lombar. Também foi relatado, no final do tratamento, cerca de 25% de correção do ângulo de Cobb, e estabilização de cerca de 23%. Portanto, o colete de Chêneau não apenas interrompe a progressão, mas possivelmente melhora a curva escoliótica (ZAINA et al., 2014).

Ângulo de Cobb

O ângulo de Cobb é a técnica utilizada para mensurar o grau da escoliose na coluna vertebral, a partir de radiografias simples em AP (anteroposterior) e perfil.

COLETE RIGO-CHÊNEAU

Desenvolvido no início da década de 1990, na França, o Rigo-Chêneau é basicamente um colete do tipo Chêneau projetado de acordo com princípios biomecânicos redefinidos e uma nova classificação específica de padrão de curva.

O colete combina as forças necessárias para corrigir a escoliose de maneira tridimensional, uma vez que o projeto é baseado em critérios clínicos e radiológicos. Isso permite que possa associar alguns exercícios posturais específicos para obter melhor resultado. Esse colete também é muito utilizado na Alemanha.

Comentário

Podemos concluir que os resultados do uso do colete Rigo-Chêneau oferecem excelentes resultados clínicos no tratamento da escoliose idiopática do adolescente, principalmente do grau leve ao moderado.

Foi mostrado recentemente que a correção com o uso do colete no ângulo de Cobb foi melhorado em 53,7% para a curva principal e pacientes com curvas torácicas longas, e a correção da rotação axial foi de 55,9%, dos quais 76,7% das pessoas apresentavam essa alteração pela análise de Cobb (ZAINA et al., 2014). Portanto, esse é um colete amplamente indicado, principalmente nas escolioses idiopáticas dos adolescentes.

COLETE DE REDUÇÃO DA ROTAÇÃO DINÂMICA (DYNAMIC DEROTATION BRACE – DDB)

Esse colete foi desenvolvido em Atenas, Grécia, na década de 1980. O DDB é feito de polipropileno, com forro de polietileno de espuma macia, e abre posteriormente. O DDB é um colete do tipo TLSO (toracolombossacro), com lâminas antirrotatórias, que atuam como molas/dispositivos antirrotatórios, mantendo as forças de correção constantes nas áreas de pressão da cinta, enquanto produz movimentos em direções opostas das duas metades da cinta.

As lâminas de metal de redução da rotação são fixadas na parte posterior do colete, correspondendo à parte mais protuberante do tórax “corcunda”, ou tronco do paciente. Essas lâminas tornam-se ativas quando suas extremidades livres são colocadas embaixo do lado oposto do colete, e as correias do colete são apertadas. As forças aplicadas pelas lâminas são adicionadas às forças laterais exercidas pelo colete, e a mudança do ângulo para trás das lâminas as modifica.

Veja, a seguir, algumas informações:

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Os relatórios publicados detalham uma correção geral do ângulo de Cobb inicial de 49,54% e, após dois anos de acompanhamento, apresenta uma correção de 44,10%.


Também foi relatado que 35,70% das curvas melhoraram, enquanto 46,42% ficaram estáveis e 7,83% pioraram ou aumentaram (ZAINA et al., 2014).

2


3

No que diz respeito à cosmese (inclinação angular do tronco ou inclinação anterior torácica corcunda), o DDB melhora a aparência estética das costas em crianças com escoliose idiopática com quase todas as curvas torácicas à direita.

O estudo sobre a qualidade de vida após o tratamento conservador da escoliose idiopática do adolescente usando DDB com o Brace Questionnaire (BrQ), específico para o tratamento com uso de coletes, revelou uma influência na atividade escolar e no funcionamento social, mas não na percepção geral de saúde, funcionamento físico, funcionamento emocional, vitalidade, dor corporal, autoestima ou estética.

COLETE DE LYON

O colete de Lyon foi criado por Pierre Stagnara em 1947, e desenvolvido por Allègre e Lecante em 1958, que modificaram a cinta Lyon para sua forma atual, usando um material de alta rigidez. Esse colete possui uma cinta rígida ajustável sem um anel de pescoço, e o plástico termomaleável é feito de polimetilmetacrilato.

O tratamento é baseado em dois princípios básicos: um gesso inicial visa alongar os ligamentos profundos antes da aplicação do colete de Lyon e da aplicação subsequente da cinta ajustável.

As indicações para esse colete são pacientes entre 11 e 15 anos de idade com escoliose. Esse colete não se destina a pacientes mais jovens, a fim de evitar a deformação tubular do tórax.

Os resultados relatados detalham um índice de efetividade elevados para a curvatura lombar, para a curvatura toracolombar e para a curvatura torácica. A correção do ângulo de Cobb com uso do colete de Lyon é relatada em 12% dos casos para correção torácica, em 24% para região toracolombar e 36% para curvatura lombar (ZAINA et al., 2014).

COLETE DOBRÁVEL DE CHARLESTON

O colete de Charleston foi o primeiro sistema de órtese noturna desenvolvido por Frederick Reed e Ralph Hooper, em Charleston, Carolina do Sul, Estados Unidos, em 1979. A órtese dobrável Charleston foi desenvolvida para um paciente que se recusou a usar uma órtese em tempo integral. O colete Charleston demonstrou ser eficaz na estabilização ou melhora da progressão da escoliose em 84%, e 16% dos casos de escoliose progrediram (ZAINA et al., 2014).

Colete de Milwaukee

Esse colete foi desenvolvido inicialmente por Walter Blount e Albert Schmidt em Milwaukee, Wisconsin, Estados Unidos, por volta de 1945, para imobilização pós-operatória de pacientes com escoliose neuromuscular. O desenvolvimento dessa órtese representou um marco no tratamento da escoliose, pois se tornou a primeira órtese removível amplamente utilizada no tratamento da doença. O colete possui um design simétrico com uma abertura posterior, e a correção da curva pode consistir em mecanismos passivos e ativos.

Apesar de ser uma órtese pensada para tratamento da escoliose, o colete de Milwaukee também apresenta indicação para tratamento da cifose de Scheuermann, mas tem baixa adesão devido a questões estéticas. Muitas vezes, é indicado apenas para o período noturno. Outro problema dessa órtese é não ter boa eficácia no tratamento da escoliose: em um estudo de coorte, foram observados 1020 pacientes, e 22% dos casos tiveram intervenção cirúrgica (ZAINA et al., 2014).

Colete SpineCor

O colete SpineCor é uma órtese não rígida, com base em alças distintamente exclusivas, que depende do movimento do paciente para ativar os efeitos corretivos. Embora o uso por ortopedistas tenha diminuído, sua popularidade cresceu entre os quiropráticos. Desenvolvido por Christine Colliard e Charles Rivard, no St. Justine Hospital, Montreal, Canadá, em 1993, os princípios corretivos do SpineCor diferem significativamente dos outros coletes termoplásticos tradicionais, uma vez que a ação do colete é baseada principalmente no movimento corretivo ativo, em vez de força passiva.

Essa correção ativa tenta corrigir o alinhamento da coluna, influenciando a desorganização postural, a disfunção muscular e o crescimento não sincronizado da coluna. O SpineCor é composto por uma seção pélvica termoplástica, faixas de coxa e virilha, um bolero de algodão e faixas elásticas corretivas. Uma versão mais recente usa short de bicicleta de elastano para maior conforto.

Saiba mais

O ajuste para a colocação e tensão das bandas é baseado na apresentação da curva do paciente. Embora originalmente prescrito por ortopedistas e adaptado por ortotistas, a resposta inicial insatisfatória levou ao abandono da maioria dos profissionais de saúde. Em grande parte, devido à sua facilidade de aplicação e ajuste e à aceitação dos pacientes, os quiropráticos agora se adaptam à maioria dos aparelhos SpineCor na América do Norte.

Apesar dessa órtese ser supostamente bem tolerada e cosmeticamente aceitável, sua eficácia para curvas maiores tem sido questionada. Porém, em curvas moderadas, mostrou-se eficaz. A SpineCor estabilizou ou melhorou 64% dos pacientes, com apenas 18% dos pacientes necessitando de cirurgia (ZAINA et al., 2014).

COLETE DE SFORZESCO

O colete Sforzesco foi desenvolvido por Stefano Negrini e Gianfranco Marchini em 2004, em Milão, Itália. Com base no conceito SPORT (Simétrico, Orientado ao Paciente, Rígido, Tridimensional, Ativo), o colete Sforzesco combina características dos coletes de Lyon, Chêneau-Sibilla e Milwaukee.

Sua principal ação é impulsionar a escoliose da pelve para cima, essencialmente para desfazer a flexão, a rotação e restaurar o plano sagital com uma ação tridimensional.

As evidências mostram que os resultados obtidos foram superiores ao do colete de Lyon e semelhantes ao gesso de Risser, com menos efeitos colaterais, tornando o colete Sforzesco útil para os casos mais graves. Portanto, esse colete é baseado em princípios de correção de eficácia e aceitabilidade:

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Eficácia

Por esse colete ser ativo, o paciente pode ser incentivado a se mover livremente; sua eficácia mecânica é alcançada por impulsos, saídas, paradas e acionadores (sendo o último um conceito recém-desenvolvido com essa cinta); possui também eficácia devido à sua versatilidade e adaptabilidade; imprescindível no trabalho multidisciplinar desenvolvido por médicos, quiropatas e fisioterapeutas com o paciente e a família.

Aceitabilidade

O design da estrutura possui uma característica bem individual, uma vez que possui visibilidade mínima; apresenta também liberdade máxima para efetuar as atividades da vida diária; aceitação de responsabilidade; e principalmente, possui uma abordagem comportamental cognitiva.

Existem muitos outros coletes que também podem ser indicados para a escoliose, alguns foram descritos no módulo anterior como o colete de Boston e o Providence, no entanto, nem sempre apresentam grande eficácia quando essa condição já apresenta uma progressão avançada, havendo, em muitos casos, a indicação de uma intervenção cirúrgica.

Órteses para correção de escolioses e hipercifoses

Neste vídeo o especialista Pedro Pena irá abordar os diferentes tipos de órteses para correção das escolioses e hipercifoses, suas principais características e indicações. Vamos lá?

Tratamento fisioterapêutico baseado em exercícios

Os exercícios específicos para escoliose consistem em exercícios adaptados individualmente, ensinados aos pacientes, geralmente, em um centro de tratamento para escoliose. Os pacientes recebem um protocolo de exercícios personalizado, de acordo com suas avaliações médicas e fisioterapêuticas.

Esses exercícios incluem uma série de movimentos específicos, destinados a reduzir a deformidade. Eles equilibram mecanicamente a musculatura e outros tecidos moles da coluna. Também se acredita que os exercícios podem alterar o controle motor da coluna vertebral, por afetarem as alterações neurológicas que interagem entre si. O objetivo geral dos exercícios é reduzir a progressão da deformidade escoliótica e adiar ou evitar o uso de órteses.

Existem quatro abordagens principais de exercícios específicos para escoliose:

Método Dobosiewicz

Método de deslocamento lateral

Método Schroth

Abordagem do Exercício científico para a escoliose (SEAS)

A fisioterapia baseada em exercícios também é uma intervenção apropriada para escoliose idiopática do adolescente.

Comentário

Há evidências iniciais de que os exercícios podem ser eficientes na redução da taxa de progressão (principalmente no início da puberdade) e na melhora dos ângulos de Cobb (próximo ao final do crescimento). Os exercícios também se mostraram eficazes na redução da prescrição de coletes.

Existem alguns recursos comuns na maioria dos métodos baseados em exercícios. O exercício específico da escoliose incorpora exercícios terapêuticos de correção, técnicas respiratórias especiais e reeducação do sistema neuromuscular. A base comum de todos os métodos de exercício é a correção passiva e ativa das curvaturas nos planos coronal, sagital e horizontal, em combinação com exercícios respiratórios assimétricos.

Outro princípio básico dos exercícios específicos para escoliose é o uso de alongamento ativo da coluna. Com mecanismos de feedback sensório-motor, os pacientes aprendem uma rotina de correção individual (autocorreção ativa). Com a progressão do tratamento, os pacientes precisam manter a postura corrigida nas atividades de vida diária. A motivação e a cooperação são componentes essenciais desses métodos. Além disso, a fisioterapia baseada em exercícios é a única abordagem que auxilia na melhora da função respiratória. Se essa abordagem for administrada corretamente, poderá prevenir uma piora da curvatura. Ocasionalmente, o paciente não precisará usar qualquer órtese.

A combinação da órtese com exercícios de acordo com o SOSORT aumenta a eficácia do tratamento e apresenta melhores resultados em comparação com um único tratamento (órteses ou exercícios).

A órtese e o exercício são recomendados para ângulos de curva primária entre 25° e 40°, especialmente quando o sinal de Risser (usado como critério para avaliar o potencial de crescimento ósseo da criança ou adolescente) estiver entre 0 e 2.

Durante o tratamento com a órtese, exercícios específicos são recomendados para evitar efeitos secundários da órtese, como rigidez da coluna e perda de força muscular, bem como melhorar a eficácia do colete (correção ativa do lado da correção passiva da coluna) (KALICHMAN; KENDELKER; BEZALEL, 2016).

Órteses para hipercifoses

Mesmo entre os profissionais dos serviços de saúde, pouco se sabe sobre fisioterapia, reabilitação com exercícios e tratamento com coletes para pacientes com hipercifose. A fisioterapia para melhora postural é frequentemente recomendada, especialmente na Europa Central, com foco no alongamento dos peitorais e isquiotibiais e fortalecimento dos extensores do tronco, bem como na melhora da função nas atividades. As combinações desses tipos de exercícios também constituem abordagens modernas e mais estabelecidas para o tratamento.

Você sabia

A doença de Scheuermann foi inicialmente descrita como uma cifose rígida associada a corpos vertebrais em cunha, ocorrendo no final da infância. Essa doença foi de grande interesse ortopédico no passado, porque, às vezes, pode ser dolorosa durante sua fase relativa aguda. Pode causar deformidades significativas do tronco, que podem progredir.

Em 1964, critérios específicos para diagnóstico foram descritos de maneira que três vértebras adjacentes devem ser calçadas em pelo menos 5° cada (BETTANY-SALTIKOV et al., 2018). Mas, recentemente, alguns estudos usam critérios que incluem: aumento da cifose torácica, estreitamento do espaço do disco, placas terminais irregulares associadas a uma vértebra em cunha única, uma cifose de mais de 45° com duas ou mais vértebras em cunha, achados radiográficos característicos, cifose em cunha de corpos vertebrais, e irregularidades da placa terminal (como os nós de Schmorl).

A etiologia da cifose lombar de Scheuermann é desconhecida, mas existem fortes associações com atividades repetitivas, envolvendo carga axial da coluna imatura, favorecendo uma causa mecânica. Embora a aparência radiográfica possa ser semelhante, a etiologia da cifose lombar de Scheuermann é considerada diferente da cifose torácica de Scheuermann. Ao contrário da cifose torácica clássica de Scheuermann, o tratamento da doença de Scheuermann lombar não foi controverso, pois seu curso foi considerado não progressivo e seus sintomas podem ser resolvidos com repouso, modificação da atividade e tempo.

No entanto, essa perda da lordose lombar, nas áreas lombar ou toracolombar, significa que a doença de Scheuermann pode ser um dos preditores de desenvolvimento de dor lombar crônica na vida adulta. O estilo de vida sedentário contribui para a perda da lordose lombar, bem como da escoliose e da cifose toracolombar ou lombar.

As evidências demonstram que a hipercifose é mais favorável na região torácica superior, mas muito mal tolerada na coluna lombar.

Isso porque foi demonstrado que o aumento da lordose estabiliza a coluna em relação à deformidade lateral, então, o que podemos supor é que a redução da lordose ou cifose lombar desestabiliza a coluna, o que pode levar à dor lombar crônica. Esse é o raciocínio fisiológico subjacente em programas de tratamento estabelecidos.

O que se sabe é que a incidência da doença de Scheuermann foi estimada de 1% a 8% da população. A apresentação típica é no final do período juvenil, de 8 a 12 anos, com a forma fixa mais severa comumente aparecendo entre os 12 e 16 anos (BETTANY-SALTIKOV et al., 2018). Pacientes com dorso torácico, que têm doença de Scheuermann tipo I clássica, podem ter dor na região da coluna torácica, mas com frequência as principais preocupações do paciente e dos pais estão relacionadas à deformidade do tronco (sintomas estéticos).

Os pacientes com cifose de Scheuermann apresentam uma cifose torácica angular, muitas vezes, acompanhada de lordose lombar compensatória e aumento da lordose cervical. A posição da cabeça costuma ser de protrusão para frente (postura excessiva de cutucar o queixo) e os ombros costumam ser posicionados anteriormente. A inclinação para frente, em geral, acentua a deformidade cifótica, com uma curvatura aguda angulada observada na região torácica ou toracolombar. A deformidade é relativamente fixa, permanecendo fletida mesmo quando são feitas tentativas de extensão da coluna. A tensão dos isquiotibiais é comum, mas o exame neurológico, em regra, é normal. Até o momento não foi descrito outro padrão de curva além do Scheuermann torácico, embora os padrões da curva de Scheuermann toracolombar e lombar sejam de grande importância no que diz respeito à dor lombar crônica na idade adulta.

Comentário

As intervenções eficazes para adolescentes com cifose postural incluem exercícios para aliviar as contraturas dos membros inferiores e fortalecer a musculatura abdominal. Pacientes esqueleticamente imaturos com cifose de Scheuermann se beneficiam de um programa de exercícios semelhante, mas também requerem o uso de uma órtese espinhal.

A órtese da coluna em pacientes com cifose de Scheuermann pode resultar em uma correção permanente da deformidade vertebral, ao contrário da órtese em pacientes com escoliose idiopática. A evolução e avaliação de crianças e adolescentes com aumento da cifose torácica é um aspecto importante do processo de decisão usado para determinar intervenções apropriadas e requer profissionais especializados (BETTANY-SALTIKOV et al., 2018).

A cifose de Scheuermann é uma deformidade comum da coluna torácica ou toracolombar, causando dor significativa, preocupação estética e, às vezes, comprometimento neural. Desde que Holger Scheuermann, em 1920, fez a primeira descrição da doença que leva seu nome, estratégias de manejo não operatórias e operatórias têm sido defendidas. O manejo não operatório emprega a órtese, mais comumente com o colete de Milwaukee, tanto para a escoliose como para a cifose, sendo mais eficaz quando o tratamento é iniciado precocemente, antes do amadurecimento ósseo. Isso foi recomendado em uma revisão recente sobre o manejo do tratamento da cifose de Scheuermann (HUQ et al., 2020).

Colete de Milwaukee

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Deformidades da coluna
Tratamento fisioterapêutico baseado em exercícios (Exercícios fisioterapêuticos na escoliose)

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MÓDULO 3


Listar as principais órteses para região cervical

Principais órteses para coluna cervical

As órteses para região cervical são também conhecidas como colares, que ajudam a imobilizar a coluna cervical, quando necessário. Algumas dessas órteses podem ser feitas sob medida, mas em geral são pré-fabricadas. Dificilmente alguma órtese conseguirá restringir todos os movimentos da coluna cervical devido à alta mobilidade desse segmento, assim como a grande quantidade de tecidos moles.

Atenção

A órtese cervical não pode promover muita pressão nas partes moles, pois pode provocar desconforto e isquemia cutânea, resultando em formação de úlceras e outras complicações.

Alguns fatores de riscos devem ser analisados para a indicação no uso das órteses, por exemplo, quando pacientes são admitidos em unidade de terapia intensiva e precisam usar a ventilação mecânica, quando há necessidade de realizar ressonância magnética da região cervical, ou quando há demora na investigação radiológica da coluna cervical, postergando a retirada do colar. São pontos que merecem atenção.

Normalmente, são indicados três tipos de colares para região cervical: flexíveis, semirrígidos e rígidos.

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Colares flexíveis

O material utilizado para confecção dos colares flexíveis para a coluna cervical é a espuma, revestida em tecido e com o fechamento em velcro. São indicados para serem colocados envolvendo o pescoço, para promover a limitação parcial dos movimentos da coluna.

Colares semirrígidos

São órteses que possuem placas laminadas de polietileno para promover maior estabilidade.

Colares rígidos

Feitos em material de polipropileno, forrado nos bordos superior e inferior com uma espuma de média densidade, podendo ter ou não o apoio mentoniano.

Todos esses colares, sejam do tipo flexível, semirrígido ou rígido, são normalmente indicados quando há casos de hipermobilidade, pós-traumatismo, cervicalgias, torcicolos, pós-operatório de cirurgias cervicais, ou até mesmo nas artroses ou artrites leves. A escolha de cada um deles dependerá do grau de imobilização necessário para promover estabilidade e alívio dos sintomas. Para melhor escolhermos essas órteses, vamos conhecer as principais, a seguir.

Colar macio de espuma

Esse tipo de colar é do tipo flexível e costuma ser pré-fabricado, por isso possui um baixo custo. Tem melhor tolerância por ser mais confortável que os demais colares, no entanto, esses colares possuem pouca capacidade de imobilização. Normalmente, costuma ser indicado para promover alívio de contraturas musculares da região cervical e, por não promover grandes restrições de movimento, pode ser útil em cervicalgias agudas benignas.

Comentário

Não há um consenso nas evidências científicas para corroborar seu uso. Também é indicado para o uso noturno e na desabituação gradual após o uso de colar cervical rígido.

Colar cervical semirrígido

Os colares cervicais semirrígido são fabricados de maneira similar ao macio. São utilizadas espumas de poliuretano de média densidade, com um forro 100% algodão, e são fornecidos com uma forra adicional, amovível e lavável. Existe o colar cervical semirrígido da empresa Orthia, que possui adicionalmente uma placa de polipropileno, fixada com velcros na região exterior, o que promove maior conforto na utilização. Dessa maneira, pode-se retirar a placa e o colar para se ter a funcionalidade apenas de um colar cervical macio. Normalmente, esses colares são indicados para dor cervical, nevralgia cervicobraquial, entorse cervical benigno e traumatismo na cervical.

Colar cervical rígido

Os colares rígidos para região cervical são aqueles que permitirão uma imobilização maior da região cervical, pois seu material é composto de um plástico duro (polipropileno) revestido de espuma para promover maior conforto e adaptabilidade.

O principal objetivo dos colares rígidos é a restrição dos movimentos, podendo ter apoio anterior mentoniano ou posterior occipital.

Os principais colares rígidos para região cervical serão expostos a seguir.

Colar de Thomas ou Schantz

O colar de Thomas é produzido em larga escala, em três tamanhos: P, com a medida da circunferência cervical de 33 a 36cm; M, de 37 a 39cm e G, de 40 a 43cm. Esse colar é confeccionado em plástico perfurado para melhor ventilação. Sua borda é acolchoada e atoalhada, oferecendo mais conforto ao usuário. Possui fechamento em velcro, permitindo ajuste mais preciso e eficaz. Possui também botões de pressão e velcro na região anterior, para ajuste na altura do pescoço. É lavável e indicado para imobilização provisória em emergência (transporte em ambulâncias) ou no pós-operatório de cirurgia de coluna, mas não possui grande capacidade de restrição dos movimentos.

Colar de Philadelphia

Também produzido de maneira industrializada e em larga escala, promove pouca restrição dos movimentos, sendo, porém, mais eficiente do que os colares flexíveis e semirrígidos. Esse colar possui um apoio na região posterior (occipital) e anterior (mentoniano). É indicado em fraturas menores das vértebras áxis e do atlas, fraturas mínimas do corpo ou de processo espinhoso das demais vértebras cervicais, e no pós-operatório de procedimentos menores, como nas discectomias cervicais por via de acesso anterior.

A coluna cervical é difícil de imobilizar devido à pequena área de superfície de contato entre a órtese e o occipital, a mandíbula e a clavícula, e também pela possibilidade limitada de compressão dos tecidos moles da garganta. Como consequência, há certa mobilidade da coluna cervical durante a mastigação e a movimentação do ombro. Mesmo um colar Philadelphia rígido permite um movimento considerável: 29% para flexão e extensão, 44% para rotação e 66% para inclinação lateral (ZARGHOONI et al., 2013).

Órteses SOMI (imobilizador esterno-occipito-mandibular)

Essa órtese possui boa eficiência na imobilização da coluna cervical, principalmente em situações nas quais a limitação nos movimentos de flexão, extensão, rotação e flexão lateral são necessárias. Ela é produzida com hastes metálicas e almofadas de apoio para as regiões esternal, mandibular, occipital e torácica. Sua parte superior fica em contato com o queixo na região anterior e posteriormente na região occipital. Sua parte inferior fica localizada sobre o tórax no nível do esterno, na parte posterior da coluna torácica.

Nesse tipo de órtese, hastes metálicas verticais podem ser acopladas e ajustáveis, podendo ser estendidas da parte superior para a inferior. Podem ser confeccionadas com duas, três ou quatro hastes. A órtese com duas hastes limita a flexão e a extensão do pescoço, mas não é muito eficaz para controlar os movimentos de rotação e flexão lateral. A órtese com três hastes também pode ser chamada de imobilizador esterno-occipito-mandibular (IEOM).

Nessa órtese, existe uma haste vertical na linha média anterior, que termina em uma placa mandibular, e duas hastes verticais curvas que vão do tórax anterior até o occipital. É indicada para pessoas que precisam de limitação dos movimentos cervicais. A órtese com quatro hastes verticais apresenta duas hastes anteriores e duas posteriores, fixadas nas placas mandibulares e occipital. É indicada para limitação dos movimentos de flexão, extensão, rotação e flexão lateral da coluna cervical.

Colar Minerva

Também conhecido como colar cervicotorácico de contato total, ele é confeccionado com material termoplástico sobre molde de gesso. É indicado para os casos de instabilidade cervical baixa, e proporciona melhor imobilização da região cervical, promovendo controle mais efetivo sobre os movimentos. Há também a presença de duas hastes de placas semirrígidas na parte anterior, que se estendem do tórax até o queixo e na parte posterior, seguindo da região dorsal até a região parietal. Pode ser indicado em casos de pós-fratura, principalmente em lesão medular.

Órtese Halo (Halo vest)

Apenas esse tipo de órtese promove total imobilização da região cervical, pois é capaz de limitar os movimentos ao nível de C3 até a região occipital. Apresenta um halo fixado diretamente na calota craniana por parafusos e, por isso, trata-se de uma técnica invasiva. Ela é formada por um anel rígido colocado na cabeça que se liga a placas torácicas anterior e posterior por meio de quatro hastes. O anel é fixado na lâmina óssea externa do crânio por quatro parafusos.

Atenção

Esse é um procedimento cirúrgico, normalmente realizado por um ortopedista, auxiliado por um técnico em órtese e prótese para ajustar as hastes de altura. Por ser um procedimento invasivo, que requer intervenção cirúrgica, essa órtese costuma ser indicada para os casos graves de fraturas da coluna cervical alta.

Órteses para coluna cervical

Neste vídeo o especialista Pedro Pena irá abordar os diferentes tipos de órteses para coluna cervical, suas principais características e indicações. Vamos lá?

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Principais órteses para coluna cervical (Tipos de colares para a região cervical)
Órteses Halo (Halo vest) (Colete Halo – total imobilização da coluna cervical)

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Conclusão

Considerações Finais

As órteses para o tronco e pescoço (coluna vertebral) são ainda muito utilizadas no manejo de fraturas, traumas, dores agudas e crônicas nos serviços de saúde ao redor do mundo. Apesar de algumas órteses não apresentarem resultados satisfatórios, principalmente porque promovem desconforto e diminuem a autoestima dos pacientes, em muitos casos seu uso é de extrema importância.

Podemos concluir que a fisioterapia é um tratamento de grande relevância no manejo das deformidades da coluna, como nas escolioses e cifoses, e no tratamento de dores agudas e crônicas da cervical. Portanto, esse é um assunto muito importante na formação profissional do fisioterapeuta, participativo na recuperação dessas pessoas.

Podcast

Para encerrar, o especialista Pedro Pena falará sobre a fisioterapia em pacientes com órteses em tronco e pescoço. Confira!

CONQUISTAS

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Reconheceu os principais tipos órteses para tronco

Identificou as órteses para escoliose e hipercifose

Listou as principais órteses para região cervical