Descrição

Caracterizações técnicas dos tipos de ventilação, dos sistemas de ventilação e recomendações inerentes de projeto.

PROPÓSITO

Com a diversidade de situações ocupacionais em que o ar ambiente se encontra contaminado ou com temperatura anormal, é de grande importância o estudo de soluções, objetivando garantir um ambiente saudável.

Preparação

Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos papel, caneta, uma calculadora científica ou use a calculadora de seu smartphone/computador, para a realização das tarefas em aula.

OBJETIVOS

Módulo 1

Identificar conceitos, definições, tipologias e caracterizações associados aos sistemas de ventilação

Módulo 2

Reconhecer as recomendações de projeto dos sistemas de ventilação

O que significa ventilação industrial?

Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades.

MÓDULO 1


Identificar conceitos, definições, tipologias e caracterizações associados aos sistemas de ventilação

LIGANDO OS PONTOS

Você sabe o que significa ventilação geral diluidora e ventilação local exaustora? Conseguiria identificar em uma atividade do dia a dia uma situação de exposição ocupacional passível de ser reduzida ou eliminada com o emprego de ventilação industrial? Para entendermos os conceitos envolvidos, tomando por base uma situação prática, vamos analisar o case da Cozinha Industrial da Dona Bela, a seguir:

A Cozinha Industrial da Dona Bela está legalmente estabelecida, na cidade de Itaperuna, Rio de Janeiro, cuja velocidade média sazonal dos ventos, perpendiculares à parede, é de $$3,4m/s$$. A sede da empresa tem o seguinte detalhamento ambiental: área total de $$48,47m^2$$, com um pé direito de $$3,70m$$; duas janelas laterais e duas portas, sendo que cada uma das janelas possui dimensões de $$2m\ \times1m$$ (75% correspondem à área de abertura das janelas); iluminação artificial de lâmpadas fluorescentes econômicas; ventilação natural de portas e janelas e artificial local exaustora. Os principais equipamentos e dispositivos utilizados são: fogão industrial de quatro bocas $$0,90m\ \times\ 1m\ \times\ 0,80m$$ $$(c\ \times\ l\ \times\ h)$$; fogão industrial de seis bocas $$1,30m\ \times\ 1m \ \times \ 0,80m$$ $$(c\ \times\ l\ \times\ h)$$; duas fritadeiras, cada uma medindo $$1,19m\ \times\ 0,394m\ \times\ 0,768m$$ $$(p\ \times\ l\ \times h)$$, e forno. Cabe observar que cada um dos fogões possui uma coifa do tipo ilha central, responsável pela remoção das respectivas emissões, situada a 1,10m de distância da fonte de calor.

Da mesma forma, existe uma coifa para o conjunto das duas fritadeiras com $$1,10m$$ de distância das fontes de calor e uma coifa de $$1,20m\ \times 1,00m$$, exclusiva, para o forno com $$0,40m$$ de distância da fonte de calor. Você foi consultado para apresentar a sua posição técnica sobre o sistema de ventilação empregado, assim como propor novas configurações.

Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?

3. Você precisa concluir se, com o número de trocas por hora calculado, a Cozinha Industrial da Dona Bela atende ao recomendado pela American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers (ASHRAE), Guide and Data Book, 2001, para cozinhas industriais.

Como podemos classificar os sistemas de ventilação?

CONCEITOS E DEFINIÇÕES

A importância do ar para o homem é por demais conhecida sob o aspecto da necessidade de oxigênio para o metabolismo. Por outro lado, a movimentação de ar natural, isto é, através dos ventos, é responsável pela troca de temperatura e umidade que sentimos diariamente, dependendo do clima da região. A movimentação do ar por meios não naturais constitui o principal objetivo dos equipamentos de ventilação, ar-condicionado e aquecimento, transmitindo ou absorvendo energia do ambiente, ou mesmo transportando material, atuando em um padrão de grande eficiência sempre que utilizado em equipamentos adequadamente projetados.

Cabe ressaltar a forma pela qual se processa a transferência de energia e que dá ao ar capacidade de desempenhar determinada função.  A velocidade, a pressão, a temperatura e a umidade envolvem mudanças nas condições ambientais, tornando-as propícias ao bem-estar do trabalhador. A ventilação industrial tem sido e, continua sendo, a principal medida de controle efetiva para ambientes de trabalho prejudiciais ao ser humano.

No campo da higiene do trabalho, a ventilação tem a finalidade de evitar a dispersão de contaminantes no ambiente industrial, bem como diluir concentrações de gases, vapores e promover conforto térmico ao homem. Assim, a ventilação é um método para se evitarem doenças profissionais oriundas da concentração de pó em suspensão no ar, gases tóxicos ou venenosos, vapores etc.

O controle adequado da poluição do ar tem início com uma adequada ventilação de operações e processos industriais (máquinas, tornos, equipamentos etc.), seguindo-se uma escolha conveniente de um coletor dos poluentes (filtros, ciclones etc.). Todavia, ao se aplicar a ventilação em uma indústria, é preciso verificar antes, as condições das máquinas, equipamentos, bem como o processo existente, a fim de se obter a melhor eficiência na ventilação.

Saiba mais

A modernização das indústrias, isto é, mecanização e automação, além de aumentar a produção, melhora sensivelmente a higiene do trabalho com relação às poeiras, aos gases etc.


O Ar


O ar é a mistura de gases que constitui uma camada atmosférica de espessura de aproximadamente 500km.


Ar respirável (ar puro) é a camada atmosférica próxima ao nível do mar, de espessura aproximada de 1% a 2% do total da camada atmosférica. Essa camada permite, em condições normais, a sobrevivência do ser humano. A composição média do ar respirável apresenta os seguintes componentes principais:

  • N2 - 78,03%
  • O2 - 20; 99%
  • CO2 - 0,03%
  • H2O - 0,47%
  • Outros gases - 0,49%

Saiba mais

Os valores da pressão sofrem alterações à proporção que nos afastamos verticalmente em referência ao nível do mar, graças ao peso da camada de ar que reduz à medida que nos elevamos.

Por isso, a importância de conhecer mais sobre o ar e os processos que o envolvem. Confira a seguir!

Renovação é o processo de substituição do ar, que propicia o controle de temperatura e umidade do ar respirável atendendo a padrões permitidos por normas.
Taxa de renovação é o número de vezes que o volume de ar desse ambiente é trocado na unidade de tempo. É também chamado de número de trocas de ar.

Isto é:

$$ {T}\ =\ {Q}\ /\ {V}$$

Onde:

  • T - Taxa de renovação em l/h
  • Q - Vazão em m³/h
  • V - Volume do ambiente em m³
Vazão é o volume de ar que se desloca na unidade de tempo, em um ambiente ou em uma tubulação.

Isto é:

$$ {Q}\ =\ {V}\ /\ {t}$$

Onde:

  • Q - Vazão em m³/h
  • V - Volume em m³
  • t - Tempo em h

No quadro a seguir, são indicadas as relações de espaço ocupado e vazões necessárias para diversas situações.

ÁREA FUNCIONAL TAXA DE RENOVAÇÃO
(trocas/hora)
VAZÃO(ft³/min.)/pessoa
Hospitais (sala de anestesia) 8 – 12 -
Salas de animais 12 – 16 -
Auditórios 10 – 20 10
Hospitais (salas de autópsia) 8 – 12 10
Padaria e confeitaria 20 – 60 -
Boliches 15 – 30 30
Igrejas 15 – 25 5
Hospitais (salas de citoscopia) 8 – 10 20
Salas de aula 10 – 30 40
Salas de conferência 25 – 35 -
Corredores 3 – 10 -
Hospitais (salas de parto) 8 – 12 -
Escritórios 8 – 12 -
Cozinhas industriais 10 – 30 -
Quadro: Critérios para projetos gerais de ventilação de ambientes.
Adaptação parcial do autor de American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers (ASHRAE), Guide and Data Book, 2001.

Atenção

  • O quadro incorpora a remoção de odores corporais, nível de atividade do indivíduo e remoção de calor.
  • As trocas de até oito vezes por hora são suficientes para remover contaminantes emitidos por ocupantes.
  • O limite superior de cada faixa é recomendado para remover calor e vapor em zonas tropicais.
  • Em climas quentes, sugere-se o dobro dos valores considerados no quadro. Se ocorrer a presença de fumantes também deve ser considerado o dobro dos valores da tabela.
  • Não está previsto o uso de equipamentos de limpeza de ar.
  • O espaço não deve ser inferior a 150ft3 / pessoa (4,248m3 / pessoa) ou 15ft2 / pessoa (1,394m2 / pessoa).
  • (ft3/min.) / pessoa corresponde a (1,69m3/h) / pessoa.

Segundo Macintyre (1990), o cálculo da vazão volumétrica de ar que entra no recinto através de aberturas é dado por:

$$Q = {\varphi}\ \times V \times A$$

Onde:

  • Q - é a vazão volumétrica de ar, em m³/s
  • $$\varphi$$ - é o coeficiente de eficiência das aberturas (para ventos perpendiculares à parede: $$0,5\ \le\ \varphi\ \le\ 0,6$$ para ventos diagonais à parede: $$0,25\ \le\ \varphi\le\ 0,35$$).
  • V – é velocidade que corresponde a cerca de 50% do valor da velocidade média sazonal dos ventos locais, em m/s.
  • A – é a área total das aberturas de entrada ou de saída (consideradas iguais), em m².

TROCA DE CALOR COM O CORPO HUMANO


A temperatura, o calor e o deslocamento do ar são responsáveis pela troca de calor efetuada com o corpo humano, que, em condições ideais, promove receptividade térmica.


Esses fatores ajudam o metabolismo na transformação de matéria em energia vital, oferecendo condições de saúde e bem-estar. A energia produzida pelo organismo humano na unidade de tempo pode ser avaliada em função do consumo de oxigênio respirável absorvido pelo organismo, ou seja:

$${1}{kg}\ {O}_{2}\ \ \ \rightarrow\ \ {3}.{649}{kJ}\ =\ {3}.{260}{kcal}$$

Para tanto, o metabolismo depende de vários fatores, tais como:

Natureza, constituição, raça, sexo, idade, massa corporal, altura.
Clima, habitação, vestuário.
Saúde, nutrição, atividade.

Saiba mais

Homeotermia ou endotermia é a capacidade que alguns animais possuem de utilizar o metabolismo para manter sua temperatura corporal relativamente constante. A taxa metabólica (M) é a quantidade de energia por unidade de tempo, produzida no interior do corpo humano, que leva em consideração a atividade física exercida. Já a taxa metabólica média (M) é a média ponderada no tempo das taxas metabólicas obtidas em um intervalo de 60 minutos corridos.

São os seguintes os fatores ambientais e individuais que influenciam na sensação térmica:

Clique nos itens a seguir. Clique nos itens a seguir.
Temperatura do ar

Influi na troca térmica que ocorre entre o organismo humano e o meio ambiente, pelos mecanismos de convecção ou condução. Para uma temperatura maior do que a temperatura da pele, temos um ganho de calor do organismo.

Umidade do ar

Influi na troca térmica que ocorre entre o organismo humano e o meio ambiente pela evaporação.

Velocidade do ar

É a responsável por aumentar a troca térmica entre o corpo e meio ambiente, por condução/convecção.

Calor radiante

É a energia emitida pelos corpos aquecidos a partir de fontes de radiação infravermelha.

Taxa metabólica

Varia em função do tipo de atividade exercida pelo trabalhador. É estimada por tabelas disponíveis na legislação.

A exposição do trabalhador às temperaturas extremas pode ser entendida pela expressão a seguir (balanço térmico):

$${S}\ =\ +\ {M}\ \pm\ {C}\ \pm\ {R}\ – E$$

Onde:

  • S – Calor acumulado no organismo
  • M – Calor produzido pelo metabolismo
  • C – Calor ganho ou perdido por condução/convecção
  • R – Calor ganho ou perdido pela radiação
  • E – Calor perdido por evaporação

Atenção

Temperatura da superfície do corpo (tsc) × Temperatura ambiente (ta).

tsc > ta – corpo cede calor para as moléculas de ar.

tsc = ta – não haverá troca de calor.

tsc < ta – corpo recebe calor do meio ambiente e entra em sobrecarga térmica.

A seguir, vamos detalhar mais alguns conceitos importantes.

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Índice de bulbo úmido termômetro de globo (IBUTG)

É o índice utilizado para avaliação da exposição ocupacional ao calor que leva em consideração temperatura, velocidade e umidade do ar e calor radiante, já o índice de bulbo úmido termômetro de globo médio (IBUTGméd.) é a média ponderada no tempo dos diversos valores de IBUTG obtidos em um intervalo de 60 minutos corridos (60 minutos mais desfavoráveis da jornada).

Limite de exposição ocupacional

É o valor máximo de IBUTG relacionado à taxa metabólica média (M). Representa as condições sob as quais se acredita que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta, repetidamente, durante toda a sua vida de trabalho, sem sofrer efeitos adversos à sua saúde.

Valor teto

É o valor de IBUTG relacionado a uma taxa metabólica que define condições extremas nas quais o trabalhador não é mais capaz de manter o equilíbrio térmico, implicando em aumento da temperatura central de 1°C em menos de 15 minutos.

A avaliação da exposição ocupacional ao calor toma por base o índice de bulbo úmido termômetro de globo (IBUTG) relacionado à taxa metabólica (M), calculado pelas seguintes equações:

Para ambientes internos ou externos sem carga solar direta:

$$ {IBUTG}\ =\ {0},{7}{tbn}\ +\ {0},{3}{tg}$$

Para ambientes externos com carga solar direta:

$$ {IBUTG}\ =\ {0},{7}{tbn}\ +\ {0},{2}{tg}\ +\ {0},{1}{tbs}$$

Onde:

  • tbn - Temperatura de bulbo úmido natural em °C (70% – depende da umidade relativa do ar).
  • tg - Temperatura de globo em °C.
  • tbs - Temperatura de bulbo seco (temperatura do ar) em °C.

SISTEMAS DE VENTILAÇÃO

A ventilação de residências, espaços comerciais e escritórios é necessária para controlar odores corporais, fumaça de cigarro, odores de cozinha e outras impurezas odoríficas e, não, para manter a quantidade necessária de oxigênio ou remover o dióxido de carbono produzido pela respiração.

Isso é verdadeiro, pois a construção padrão de edifícios para ocupação humana não pode prevenir a infiltração ou a saída de quantidades de ar, mesmo quando todas as janelas, portas e aberturas no forro estiverem fechadas. Dados públicos sobre as quantidades de ar, normalmente, disponíveis pela ventilação natural ou infiltração, indicam que a sufocação por deficiência de oxigênio ou excesso de gás carbônico, como resultantes da respiração humana, é potencialmente impossível em construções não subterrâneas. Para a classificação dos sistemas de ventilação, é preciso levar em conta a finalidade a que se destinam.

Desse modo, os objetivos da ventilação são:

Manutenção do conforto

Restabelecer as condições atmosféricas em um ambiente alterado pela presença do homem. Refrigerar o ambiente no verão e aquecer o ambiente no inverno.

Manutenção da saúde e segurança do homem

Reduzir concentrações no ar de gases vapores, aerodispersoides em geral, nocivos ao homem, até que baixe a níveis compatíveis com a saúde. Manter concentrações de gases, vapores e poeiras inflamáveis ou explosivos fora das faixas de inflamabilidade ou de explosividade.

Conservação de materiais e equipamentos (por imposição tecnológica)

Reduzir aquecimento de motores elétricos e máquinas; isolar cabines elétricas, não permitindo entrada de vapores, gases ou poeiras inflamáveis, com a finalidade de se evitar explosão, por meio de faíscas elétricas; manter produtos industriais em armazéns ventilados, com o fim de se evitar a deterioração.

Os tipos de ventilação, empregados para qualquer finalidade, são assim classificados:

Ventilação natural.

Ventilação geral para conforto térmico.

Ventilação geral diluidora.

Ventilação local exaustora (sistema).

Os sistemas que requerem qualquer tipo de renovação do ar são classificados em:

  • Ventilação natural ou espontânea.
  • Ventilação artificial, forçada ou mecanizada.
Tipos de ventilação

A seguir, saiba mais detalhes sobre ventilação, seus tipos e suas especificidades:

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Ventilação artificial, forçada ou mecanizada

Requer a utilização de recursos mecânicos para promover maior arraste do ar do ambiente. Esse tipo de ventilação pode ser geral diluidora, diluidora por exaustão ou local exaustora.

Ventilação geral diluidora

É o processo em que a ar puro se mistura com o ar ambiente contaminado diluindo seus contaminantes antes de ser retirada do recinto. A diluição reduz as concentrações de elementos indesejáveis.

Ventilação diluidora por exaustão

É o processo em que, preferencialmente, o ar contaminado ou quente é retirado do recinto, permitindo que o ar puro entre por aberturas. Esse processo é amplamente utilizado em fábricas, nas quais o ambiente atmosférico apresenta altos índices de concentrações, nos casos de fundições, cabines de pinturas, jateamento, fornos etc. Quando o ar ambiente é limpo e necessita apenas de renovação para conforto e evitar contaminantes externos, o processo de insuflamento utilizado deve ser o de filtragem. Esses ambientes podem ser exemplificados por áreas administrativas devidamente climatizadas, como no caso das agências bancárias. Nelas, o insuflamento promove uma diferença de pressão do ambiente externo com o interno, desse modo, ampliando o conforto térmico e o controle da umidade. Quando houver restrições de saídas em função da elevada pressão, fato que poderá inclusive dificultar aberturas de portas e acesso, é fundamental que, especificamente neste caso, seja utilizado o sistema misto de exaustão simultânea.

Ventilação local exaustora

É aplicada nos casos em que os contaminantes estão concentrados ou localizados. Nesses casos, serão utilizados sistemas de captação que realizarão a retirada dos contaminantes, antes que eles possam entrar nos ambientes. Esse processo é muito utilizado em locais como laboratórios, restaurantes, entre outros ambientes que possuem as chamadas coifas. É importante considerar que esse procedimento, além de muito eficiente, é bastante econômico.


MÉTODOS DE DISTRIBUIÇÃO DO AR

Para os processos citados, quanto à renovação, podemos distribuir o ar no recinto de várias maneiras, conforme as condições apropriadas do recinto, definidas pelo projeto, seja arquitetônico ou de planta industrial.

  • Distribuição de cima para baixo.
  • Distribuição para baixo e para cima.
  • Distribuição de baixo para cima.
  • Distribuição cruzada.
  • Distribuição mista.
  • Distribuição especial em duto, em minas ou espaços confinados.

Saiba mais sobre cada uma delas a seguir!

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Distribuição de cima para baixo

O ar é introduzido pela parte superior do recinto e retirado pela parte inferior. Tem a vantagem de não permitir poeira no recinto. Funciona como fluxo pistão, empurrando o ar para saídas mais próximas, o que evita curto-circuito, ou turbulência.

Distribuição para baixo e para cima

O ar é introduzido e retirado pela parte superior. Dois são usualmente utilizados:

• Entrada superior formando jato circulatório em todo recinto com saída (grades de insuflamento) próxima da entrada.

• Boca de insuflamento no teto, que ocorre quando o ponto de entrada e de saída estão próximas empurrando o ar para baixo formando uma mistura e retirando o ar por insuflamento no centro da boca (típicos de lojas, bancos etc.).

Distribuição de baixo para cima

O ar é empurrado para cima pelas laterais do recinto e retirado por pontos no teto. Adotado em ambientes com carga térmica significativa. Com o aumento de temperatura, o ar de menor densidade tende a subir, o que é ótimo para arraste de calor de insolação de cobertura. A sobrepressão deve ser avaliada para evitar dificuldade de abertura de portas e janelas. Adotar, como referência, algo em torno de 10N/m² (1kg/m²).

Distribuição cruzada

Os pontos de entrada e saída (de insuflamento) ficam em lados opostos, situados pela parte superior do recinto, formando um fluxo dentro do recinto. Esse processo é utilizado em pequenos espaços, por sua eficiência.

Distribuição mista

É utilizado em recintos em que existem vários comportamentos na atividade e os contaminantes não apresentam uniformidades. Normalmente, a combinação de distribuição permite insuflar tanto para cima como para baixo. O ponto de insuflamento fica normalmente em altura mediana.

Distribuição em minas ou dutos

Utiliza técnica especial mecanizada para renovação do ar ambiente. Nesse caso, a ventilação pode ser a combinação de todos os casos citados, levando-se em consideração o tipo de contaminante, a área, o distanciamento até o ponto de descarte do ar, a temperatura, a pressão etc.


Ar-Condicionado

O ar pode ser condicionado artificialmente. Segundo definição da ASHRAE (2001),

"ar-condicionado é o processo de tratamento do ar, de modo a controlar simultaneamente a temperatura, a umidade, a pureza e a distribuição, para atender às necessidades do recinto condicionado", ocupado ou não pelo homem.

As aplicações do ar-condicionado são inúmeras e podemos citar as seguintes:

  • Processos de fabricação de certos produtos com controle de umidade, temperatura e pureza, por exemplo: fabricação de produtos farmacêuticos, alimentícios, impressão de cores, industriais têxteis, de solventes etc.
  • Conforto do indivíduo e produtividade.
  • Ambientes hospitalares: salas de operação, salas de recuperação e quartos para tratamento de doentes alérgicos etc.

Verificando o aprendizado

ATENÇÃO!

Para desbloquear o próximo módulo, é necessário que você responda corretamente a uma das seguintes questões:

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MÓDULO 2


Reconhecer as recomendações de projeto dos sistemas de ventilação

LIGANDO OS PONTOS

Você sabe o que significa ventilação geral diluidora e ventilação local exaustora? Conseguiria identificar em uma atividade do dia a dia uma situação de exposição ocupacional passível de ser reduzida ou eliminada com o emprego de ventilação industrial? Para entendermos os conceitos envolvidos, tomando por base uma situação prática, vamos analisar o case da Cozinha Industrial da Dona Bela, a seguir:

A Cozinha Industrial da Dona Bela está legalmente estabelecida, na cidade de Itaperuna, Rio de Janeiro, cuja velocidade média sazonal dos ventos, perpendiculares à parede, é de $$3,4m/s$$. A sede da empresa tem o seguinte detalhamento ambiental: área total de $$48,47m^2$$, com um pé direito de $$3,70m$$; duas janelas laterais e duas portas, sendo que cada uma das janelas possui dimensões de $$2m\ \times1m$$ (75% correspondem à área de abertura das janelas); iluminação artificial de lâmpadas fluorescentes econômicas; ventilação natural de portas e janelas e artificial local exaustora. Os principais equipamentos e dispositivos utilizados são: fogão industrial de quatro bocas $$0,90m\ \times\ 1m\ \times\ 0,80m$$ $$(c\ \times\ l\ \times\ h)$$; fogão industrial de seis bocas $$1,30m\ \times\ 1m\ \times \ 0,80m$$ $$(c\ \times\ l\ \times\ h)$$; duas fritadeiras, cada uma medindo $$1,19m\ \times\ 0,394m\ \times\ 0,768m$$ $$(p\ \times\ l\ \times h)$$, e forno. Cabe observar que cada um dos fogões possui uma coifa do tipo ilha central, responsável pela remoção das respectivas emissões, situada a 1,10m de distância da fonte de calor.

Da mesma forma, existe uma coifa para o conjunto das duas fritadeiras com $$1,10m$$ de distância das fontes de calor e uma coifa de $$1,20m\ \times \ 1,00m$$ , exclusiva, para o forno com $$0,40m$$ de distância da fonte de calor. Você foi consultado para apresentar a sua posição técnica sobre o sistema de ventilação empregado, assim como propor novas configurações.

Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?

3. Finalmente, cabe a você determinar a vazão na coifa do forno, que permitirá uma visão um pouco mais completa sobre as necessidades da Cozinha Industrial da Dona Bela. Apresente, então, a base de cálculos da vazão de ar necessária na coifa do forno.

Em que situações são empregadas a ventilação geral diluidora e a ventilação local exaustora?

ORIENTAÇÕES PARA O CÁLCULO DE INSTALAÇÃO DE VENTILAÇÃO MECANIZADA

Para projetar as instalações de ventilação mecanizada é importante que o engenheiro de segurança do trabalho verifique, corretamente, o dimensionamento de seus elementos e a determinação das perdas de cargas com o objetivo de determinar a potência mecânica de acionamento do motor para promover a renovação do ar ambiente. O dimensionamento dos diversos elementos está ligado, diretamente, à vazão, à velocidade e às áreas de entrada e saída do ar, segundo a equação geral:

$$ {Q}\ =\ {AV}$$

Onde:

  • Q – Vazão em m³/h
  • A – Área em m²
  • V – Velocidade em m/s

A vazão (Q) é calculada em função da renovação do ar. Nesses cálculos, deve-se ter o cuidado necessário com o arraste de poeiras, gotas, perdas de cargas, deslocamento excessivo de ventos, e com a velocidade do ar.

Para o caso da ventilação geral, as bocas de insuflamento ou difusores podem ser:

Para parede nas versões com grades de palhetas horizontais e verticais fixas, grades de palhetas horizontais e verticais flexionadas em um sentido, e grades de palhetas horizontais e verticais flexionadas em duplo sentido.
Para tetos, são encontrados: os difusores de placas perfuradas; com grades que jogam o ar horizontalmente; difusores com anéis ou palhetas embutidas sem indução; difusores com anéis ou palhetas em degrau, e difusores com iluminação no centro.

Atenção

Existem, no mercado, difusores com seções diferentes adaptados às diversas vazões, basta que o projetista determine a vazão de insuflamento.

Como já foi destacado, a ventilação local exaustora tem como objetivo principal captar os poluentes de uma fonte (gases, vapores ou poeiras toxicas) antes que eles se dispersem no ar do ambiente de trabalho, ou seja, antes que atinjam a zona de respiração do trabalhador. A ventilação de operações, processos e equipamentos, dos quais emanam poluentes para o ambiente, é uma importante medida de controle de riscos.

De forma indireta, a ventilação local exaustora também influi no bem-estar, na eficiência e na segurança do trabalhador, por exemplo, retirando-se do ambiente uma parcela do calor liberado por fontes quentes que eventualmente existam. Cabe destacar que também no que se refere ao controle da poluição do ar da comunidade, a ventilação local exaustora tem papel importante.

A fim de que os poluentes emitidos por uma fonte possam ser tratados em um equipamento de controle de poluentes (filtros, lavadoras etc.), eles têm de ser captados e conduzidos a esses equipamentos, e isso é realizado por um sistema de ventilação local.

Componentes de um sistema de ventilação local exaustora.

Onde:

  • 1 - Captor
  • 2 - Sistema de dutos
  • 3 - Ventilador
  • 4 - Equipamento de controle de poluição do ar

EMPREGO DA VENTILAÇÃO GERAL

Para a aplicação da ventilação geral, no tocante à manutenção das condições de conforto, diversos procedimentos devem ser atendidos, entre eles, o cálculo da quantidade de ar para produzir correntes de ar com as velocidades compreendidas entre 1,5 e 15m/min, já que esse intervalo é o recomendado para melhorar a sensação de conforto. Por exemplo, para um ambiente de escritório (10 trocas de ar/hora), com cerca de $$1.200m^3\ (30 \ \times 10\ \times 4m)$$, onde operam 30 colaboradores, o volume de ar necessário é de $$10\ \times \ 1200\ =\ 12.000m^3/h$$.

O emprego da ventilação geral diluidora, com sucesso, para a dispersão de contaminantes, depende dos seguintes aspectos:

  • O poluente gerado não deve estar presente em quantidade que exceda a que pode ser diluída com um adequado volume de ar.
  • A distância entre os trabalhadores e o ponto de geração do poluente deve ser suficiente para assegurar que os trabalhadores não estarão expostos a concentrações médias superiores ao limite de tolerância.
  • A toxicidade do poluente deve ser baixa.
  • O poluente deve ser gerado em quantidade razoavelmente uniforme.

Diversas razões levam à não utilização frequente desse tipo de ventilação para poeiras e fumos. A quantidade de material gerado é, usualmente, muito grande e a sua dissipação pelo ambiente é desaconselhável. Além disso, o material pode ser muito tóxico, requerendo, portanto, uma excessiva quantidade de ar de diluição.

A taxa de ventilação – $${Q}_{n}$$ é a vazão de ar que o sistema de ventilação diluidora introduz ou remove de seu ambiente. $${Q}_{n}$$ é determinada pela equação, a seguir:

$${Q}_{n}\ =\ {24},{1}\times{K}\times(\ {G}\ /\ {M}\ )\times\ ({106}\ /\ {Leo})$$

Onde:

  • K – Fator de segurança. Com o emprego de bons difusores para entrada de ar utilizar $$K\ =\ 6$$ (para substâncias moderadamente tóxicas) e $$K\ =\ 3$$ (para substâncias levemente tóxicas).
  • G – Taxa de geração da substância que se quer diluir (kg/h).
  • M – Massa molecular (g/mol).
  • Leo – Limite de exposição ocupacional (ppm) - (valor desejável).

Observe um exemplo de cálculo para a seguinte situação:

Um produto contendo 60% de tolueno como solvente está sendo aplicado em uma organização a uma taxa de $$1,5l/h$$. Determinar a taxa de ventilação necessária, ao nível do Leo. Considerar $$M\ =\ 92$$.

Clique nas barras para ver as informações. Objeto com interação.
Solução

a) Pela NR – 15 o LEO do tolueno é igual a 78ppm.

b) Da FISPQ do tolueno, temos como densidade relativa - $${G}_{E}:\ 0,865\ -\ 0,870a$$

$$20\ ºC (GE = 0,87)$$

$${G}_{E}\ =\ \rho_{tolueno}\ /\ ρágua$$

$$0,87\ =\ \rho_{tolueno}\ \ /\ 1kg/l$$

$$\rho_{tolueno}\ =\ 0,87kg/l$$

c) Determinação da taxa de geração

$$𝐺: (0,6 .1,5𝑙/ℎ) .0,87𝑘𝑔 / 𝑙 = 0,783𝑘𝑔/ℎ.$$

d)

$$Q_n\ =\ 24,1\ \times K\ \times(\ G\ /\ M\ )\times\ (106\ /\ Leo)$$

$$Q_n\ =\ 24,1\ \times6\ \times(0,783\ /\ 92)\times\ (106\ /\ 78)$$

$$Q_n\ =\ 12.354m^3/h.$$


EMPREGO DA VENTILAÇÃO LOCAL EXAUSTORA

Um sistema de ventilação local exaustora deve ser projetado de acordo com os princípios de engenharia, ou seja, de maneira a se obter maior eficiência com o menor custo possível. Por outro lado, devemos lembrar que, na maioria dos casos, o objetivo desse sistema é a proteção da saúde do homem. Assim, esse fator deve ser considerado em primeiro lugar, e todos os demais devem estar condicionados a ele.

Muitas vezes, a instalação de um sistema de ventilação local exaustora, embora bem dimensionada, pode apresentar falhas que a tornem inoperante, pela não observância de regras básicas na captação de poluentes na fonte. O enclausuramento de operações ou processos, a direção do fluxo de ar, entre outros fatores, são condições básicas para uma boa captação e exaustão dos poluentes.

Como exemplo, a seguir, temos a maneira correta de se proceder, comparada com as situações que tornam a exaustão inoperante, nos casos específicos de descarregamento de correias transportadoras e tanques de lavagem. Os captores envolvem todo o sistema não permitindo emissões fugitivas formando correntes de fluxo ascendente.

Captores

Dependendo das concentrações, não é permitido o lançamento para atmosfera, pois pode atingir a circunvizinhança, por isso, a necessidade de instalação de filtros ou dispositivos para reduzir as emissões atmosféricas. Como exemplos, temos: cortina de água, filtros de carvão, filtros de manga etc. São os equipamentos básicos do sistema de ventilação local exaustora:

  • Captores.
  • Coletores (ciclones) alguns resíduos ficam retidos.
  • Ventiladores.
  • Motores de acionamento.
  • Duto de canalização do ar contaminado.
  • Duto de saída do ar contaminado.
  • Dispositivos auxiliares de controle para descarte.

Os captores são pontos de captura de poluentes que, dimensionados convenientemente para uma fonte poluidora, irão enclausurar parte da fonte e, com um mínimo de energia, consegue-se a entrada desses poluentes para o sistema de exaustão.

Esses captores devem induzir, na zona de emissão de poluentes, correntes de ar em velocidades tais que assegurem que os poluentes sejam carregados por essas correntes de ar para dentro do captor. A velocidade do ar deve ser suficiente para captar o poluente no ponto mais desfavorável do sistema. Essas velocidades são fornecidas em tabelas relacionadas diretamente ao tipo e à formação do poluente.

Exemplo

Para soldagem elétrica, deve-se utilizar a velocidade de captura entre 30 e 60m/min., no ponto de origem para coifa suspensa. Já para operações envolvendo evaporação em tanque, eletrodeposição e desengraxamento a velocidade de captura – VC deve estar entre 15 e 30m/min.

Operação VC (m.s-1) Observação
Jatos abrasivos 2,5 Em cabines
Enchimento de barris 0,4 a 0,5 No ponto de operação
Corte manual de granito 1,0 No ponto de operação
Esmerilhamento 1,0 a 2,0 Grelha de fluxo descendente
Pintura a pistola 0,5 a 1,0 Face da cabine
Solda de prata 0,5 Face da coifa
Solda elétrica 0,5 a 1,0 No ponto de operação
Fogão da cozinha 0,5 a 0,75 Na face da coifa
Quadro: Velocidade de captura em função da operação.
Extraído de Costa, 2005, adaptado por Lucio Villarinho Rosa.
Redução da captura.

Usualmente, as dimensões do processo ou da operação determinam as dimensões do captor e sua forma. Vários tipos de captores são utilizados nas mais diversas aplicações industriais. No conjunto do sistema de ventilação local exaustora, os captores ficam instalados próximos à fonte de contaminação, de modo a arrastar todo o ar contaminado. No projeto, deve-se ter preocupação com a velocidade de captação próxima à boca do captor ou zona de captação.

A qualidade dos captores depende de vários aspectos:

Envolver toda a fonte contaminante.
Ter mínima seção de boca possível.
Aproveitar, em seu desempenho, do movimento inicial das partículas ao serem geradas.
Facilidade para o operador.
Facilidade de manutenção e limpeza.

Atenção

O bom dimensionamento do captor melhora o equilíbrio da potência mecânica instalada.

São os principais tipos de captores:

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Capelas

São armários normalmente usados em laboratórios.

Coifas

São captores para arraste de gases ou vapores (fogões, forjas, fornos etc.).

Fendas

São captores para gases ou vapores emitidos por tanques de banhos, instalados sobre o tanque com saída de arraste fora de centro pela lateral, a fenda cobre toda superfície do tanque.

Captores de politrizes esmeril

São captores que envolvem motores (rotores), permitindo captura do abrasivo e do material de corte ou desbasto.

Campânulas

São simples caixas que envolvem os equipamentos (serrarias, ensacadeiras etc.).

Simples bocas

São apenas aberturas onde entra o ar ambiente.

Captores.

A escolha do tipo de captor está relacionada ao coeficiente de entrada do gás (Ce) e ao coeficiente de atrito, que variam de acordo com a forma. Ambos influenciam a queda de pressão no sistema. O coeficiente Ce representa a razão entre vazão real e vazão ideal, caso a transformação de pressão estática em dinâmica não acarrete perdas.

Para Macintyre (1990), a pressão estática é a soma da pressão dinâmica $$h_v$$ com a perda de carga $$ \Delta p$$, na qual a energia de pressão se transforma em pressão dinâmica $$h_v$$ para vencer a perda de carga, ou seja:

$$P_{e\ (captor)}\ =\ P_e\ /\ \gamma\ =\ {h}_{v}\ +\ {\Delta p}$$

Sendo que a pressão dinâmica - $${h}_{v}$$ é determinada por:

$${h}_{v}=\ ({V}^{2}\ /\ {2}{g})\ .{\gamma}$$

Onde:

  • V – Velocidade no duto captor, em m.s-1.
  • $$\gamma$$ - Peso específico do fluido, em kgf.m-3
  • g - Intensidade do campo gravitacional, em $${m.s}^{-2}$$
  • $${h}_{v}$$ - Pressão dinâmica, em mmH2O

Já o fator de perda de carga F é determinado por:

$$F=\left(1-C_{e}^{2}\right) / C_{e}^{2}$$

Onde:

  • F - Fator de perda de\carga
  • Ce - Coeficiente de entrada

Cabe registrar, como exemplo, a formulação para o cálculo da vazão de aspiração do captor tipo coifa aberta, dado pela equação:

$${Q}{2}\ =\ {1},{4}\ \times{P}\ \times{D}\ \times{V}$$

Onde:

  • Q2 - É a vazão de aspiração do captor, em m³/s
  • P - É o perímetro do tanque, em m
  • V - É a velocidade de captura, em m/s
  • D - É a distância entre o tanque e a abertura (altura) da coifa, em m
Coifa comum do tipo aberta.

A seguir, são apresentados outros exemplos, a partir de recomendações normativas, sobre a determinação da vazão – Q.

Exemplo 1

Determine a vazão para a coifa tipo ilha (cozinha industrial), sabendo que:

Deve ser escolhido o maior valor, a saber: Vazão $$Q1\ =\ 2.300\ \times A1$$, sendo A1 = comprimento x largura, ou Vazão $$Q2\ =\ 915\ \times\ A2$$, sendo A2 = 2 x (comprimento + largura) x altura do fogão à coifa.

Dimensões da coifa:

Comprimento de 2m.

Largura de 1m.

Afastamento - Altura de 1m.

Clique na barra para ver as informações.Objeto com interação.
Solução

$$Q1\ =\ 2300\ \times\ 2\ \times1\ =\ 4.600m^3/h$$

$$Q2\ =\ 915\ \times\ 2\ (2\ +\ 1)\ \times\ 1\ =\ 5.490m^3/h$$

A vazão deve ser de $$5.490m^3/h$$


Exemplo 2

Determine a vazão para a coifa encostada em uma parede (cozinha industrial), sabendo que:

Deve ser escolhido o maior valor, a saber: Vazão $$Q1\ =\ 1.460\ \times\ A1$$, sendo A1 = comprimento x largura ou Vazão $$Q2\ =\ 915\times A2$$, sendo A2 = (2 x comprimento + largura) x altura do fogão à coifa.

Dimensões da coifa:

Comprimento de 1,5m.

Largura de 1m.

Afastamento - Altura de 1m.

Clique na barra para ver as informações.Objeto com interação.
Solução

$$Q1\ =\ 1460\ \times\ 1,5\ =\ 2.190m^3/h$$

$$Q2\ =\ 915\ \times\ 5\ =\ 3.202,50m^3/h.$$

A vazão deve ser de $$3.202,50m^3/h$$.

Para o cálculo da vazão de ar necessária em uma coifa de forno, utiliza-se a equação, a seguir:

$${Q}_{v}\ =\ {v}\ \times {A}$$

Onde:

  • $${Q}_{v}$$ - É a vazão de ar, em m³/s
  • A - É a área da coifa de forno, em m²
  • v - É a velocidade de face, em m/s (considera-se v = 0,5m/s)

Saiba mais

Segundo Macintyre (1990), os dutos são equipamentos responsáveis pela condução do ar contaminado até a entrada do ventilador e deste ao exterior, ou aos dispositivos e equipamentos de controle ambiental. A linha de dutos a ser instalada em um sistema de ventilação local exaustora deverá ter o menor comprimento possível, minimizando a perda de carga no sistema.

É importante salientar que os dutos do sistema de ventilação local exaustora devem possuir seção circular, sempre que possível, a fim de evitar arestas ou zonas de velocidade reduzida, que possibilitam a estagnação dos contaminantes. Como o sistema de exaustão possui uma série de tubos e elementos, a perda de carga deve ser considerada, pois ela ocorre por meio do atrito entre o gás e as paredes internas da tubulação, convertendo a energia mecânica em energia térmica.

O resultado desse atrito causa a diminuição no nível de pressão total do sistema, que deverá ser compensado posteriormente. Além da perda de carga pelo atrito entre o fluido e o duto, cotovelos, junções, curvas e reduções causam distúrbios no fluxo do ar, e representam pontos em que ocorrem perda de carga localizada. O dimensionamento do sistema de dutos está estruturado a partir da equação de continuidade e do princípio de conservação de energia para os fluidos em escoamento, ou equação de Bernoulli (MACINTYRE, 1990).

Na medida em que sabemos que $${S}\ =\ {Q}\ /\ {V}$$ podemos concluir que:

$$d=(4 \times S / \pi)^{1 / 2}$$

Onde:

  • Q - É a vazão, em m3.s-1
  • S - É a área transversal da secção de escoamento, em m2
  • V - É a velocidade média de escoamento do ar, em m.s-1
  • d - É o diâmetro do duto, em m.

A velocidade no duto interfere diretamente na perda de carga do sistema, ou seja, quanto maior a velocidade, maior será a perda de carga e, com isso, maior será a potência necessária do ventilador. Desse modo, é indispensável que a velocidade esteja levemente acima da velocidade mínima de transporte requerida para cada caso.

Tipo de contaminante Velocidade mínima para o contaminante - V (m.s-1)
Vapores, gases, fumos, poeiras muito finas (< 0,05mm) 10
Poeiras secas finas 15
Poeiras industriais médias 17,5
Partículas grossas 17,5 a 22,5
Partículas grandes, material úmido. > 22,5
Quadro: Velocidade na tubulação.
Extraído de Costa, 2005, adaptado por Lucio Villarinho Rosa.

A imagem fornece o diagrama para determinar a perda de carga em canalizações (trechos retos) em mmH2O, para duto circular, tendo uma junta por metro, à temperatura t = 10 a 32°C.

Perda de carga.

A seguir, são iniciados os cálculos referentes à definição da perda total de carga que o sistema irá apresentar. Levam em conta as perdas de carga em junções, curvas e joelhos, assim como os referentes às reduções de diâmetro e derivações observadas no projeto. Macintyre (1990) é de opinião que, para determinar a perda de carga $$\Delta p$$ em junções, curvas, derivações e joelhos, deve-se multiplicar o valor tabelado de K pela pressão dinâmica $$h_v$$.

$${\Delta p}\ =\ {K}\times\ h_v$$

Sendo que:

$$h_v\ =\ {V}^{2}\ /\ {16},{34}$$

Onde:

  • $$h_v$$ - Pressão dinâmica, em mmH2O
  • $$\Delta p$$ - Perda de carga na peça, em mmH2O

A seguir, a tabela para a determinação de K, quando no caso de derivações.

Ângulo k Ângulo K
15° 0,09 45° 0,28
20° 0,12 60° 0,44
30° 0,18 90° 1,00
Tabela: Determinação de K.
Extraído de Macintyre, 1990, adaptada por Lucio Villarinho Rosa.
Perda de carga.
Singularidades.

Basicamente, há dois tipos de ventiladores: os axiais e os centrífugos, conforme as imagens:

Tipos de ventiladores.

O ventilador de hélice consiste em uma hélice montada em uma armação de controle de fluxo, com o motor apoiado por suportes normalmente presos à estrutura dessa armação. O ventilador é projetado para movimentar o ar de um espaço fechado a outro, a pressões estáticas relativamente baixas. O tipo de armação e a posição da hélice têm influência decisiva no desempenho do ar e eficiência do próprio ventilador.

Um ventilador centrífugo consiste em um rotor, uma carcaça de conversão de pressão e um motor. O ar entra no centro do rotor em movimento na entrada e, acelerado pelas palhetas, é impulsionado da periferia do rotor para fora da abertura de descarga. Os seguintes dados são necessários para a seleção correta de um ventilador:

  • Capacidade ou vazão?
  • Pressão estática ou total?
  • Potência absorvida?
  • O ventilador será centrífugo ou axial?
  • Pode ser silencioso, de médio ou alto ruído?
  • Vai aspirar ar limpo, sujo, com pós, fiapos ou corrosivos?
  • Sendo corrosivo, quais são os agentes?
  • Qual a temperatura do ar aspirado?
  • Qual o diâmetro da peça onde vai ser ligado o ventilador, se for o caso?
  • Trata-se de instalação de ventilação para fins de conforto ou para fins de aspiração de poeiras, ou troca de calor, ou de ar-condicionado, civil ou industrial, ou torres de arrefecimento de água, ou de cabine de pintura?
  • Não sabendo a capacidade, indicar o volume do ambiente, o número de pessoas presentes, a potência instalada, os quilogramas por hora de óleo queimado etc.
  • No caso de o ventilador ser centrífugo, indicar a posição da boca de saída, olhando do lado do motor ou da polia.
  • Quais são o diâmetro e o comprimento dos dutos onde vai ser ligado o ventilador?
  • Quantas curvas tem esse duto?
  • Esse duto termina na atmosfera ou dentro de uma máquina? Como se chama essa máquina?
  • Se vai aspirar de uma coifa ou um captor, quais as suas dimensões?
  • No caso de substituição de ventilador existente, indicar: Motor = Potência HP; RPM; Volts e transmissão direta ou por polia? De que é feito o material?

 Segundo Macintyre (1990), a potência requerida do ventilador pode ser calculada pela seguinte equação:

$${N}\ =\ {Q}\ .{\Delta p}\ /\ {75}\ .\ {\eta}$$

Onde:

  • N - Potência motriz do ventilador, em cavalo vapor (Cv)
  • Q - Vazão do sistema, em m3/s
  • $$\Delta p$$ - Perda total de carga do sistema, em mmH2O
  • $$Ƞ$$ - Rendimento do ventilador

Exemplo

Considere que a perda de carga total do sistema, ou seja, o somatório das perdas de carga (captor, trechos de dutos, curvas, derivações) desde a entrada do captor até o ventilador seja de 200mmH2O e, que a pressão dinâmica $$h_v$$ seja de 7,6mmH2O. Agora, determine a potência do motor que aciona o ventilador, considerando que o rendimento do ventilador seja de 65% e que a vazão – $$Q$$, seja de $$1,176m^3.s^{-1}$$.

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Solução

a) Como primeiro passo, deve-se determinar a pressão total ou energia total que o ventilador deverá atender, ou seja:

$${P}_{{e}\ ({captor})}\ =\ {P}_{e}\ /\ {\gamma}\ =\ {h}_{v}\ +\ {\Delta p}$$

$${P}_{e}\ /\ \gamma\ =\ 200\ +\ 7,6\ =\ 207,6mmH_2O$$

b) Agora, deve-se determinar a potência motriz do ventilador, ou seja:

$${N}\ =\ {Q}\ .{\Delta p}\ /\ {75}\ .\ {\eta}$$

$$N\ =\ 1,176\ .\ 207,6\ /\ 75\ .\ 0,65$$

$$N\ =\ 5cv.$$

Segundo Macintyre (1990), os poluentes, uma vez captados e conduzidos em dutos pela ação dos ventiladores, devem ser coletados, eliminados do ar, recolhidos e tratados de modo com que o ar purificado possa ser liberado na atmosfera. Para Costa (2005), os principais equipamentos que realizam os objetivos de separar, coletar e dar uma destinação aos poluentes são:

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Câmaras gravitacionais

Em geral, são grandes caixas de decantação natural em que o ar contaminante assume uma redução drástica de velocidade, o que permite que as partículas se depositem no fundo do recipiente, pela ação da gravidade.

Ciclones

Trabalham em função da ação da força centrífuga que age sobre as partículas, empurrando-as na direção das paredes, e retirando-as dos fluxos gasosos.

Coletores úmidos ou lavadores de gás

Promovem a absorção do material particulado presente em fluxo gasoso por meio de um líquido, mediante contato direto.

Precipitadores eletrostáticos

Conduzem o fluxo de ar com os contaminantes por um campo elétrico de elevada diferença de potencial, em que o ar se ioniza e transmite sua carga elétrica para as partículas que podem ser atraídas por um eletrodo coletor de polaridade contrária.

Filtro de mangas

Os filtros de tecido operam de modo similar a um aspirador de pó, deixando passar o ar com as partículas menores e retendo as maiores.

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Conclusão

Considerações Finais

Como estudamos, para que haja segurança à saúde do trabalhador, a ventilação do espaço laboral é de extrema necessidade. Porém, vimos que existem algumas atividades específicas em que o controle da ventilação é de suma importância para garantir a segurança do trabalhador e garantir que o excesso ou a falta de ventilação não irá inviabilizar o cumprimento da atividade.

Aprendemos a importância do cálculo da taxa de renovação do ar, assim como, a sua medição por meio de fluxo do ar, e aprendemos o porquê de utilizar a medição do IBUTG para garantir a segurança da saúde do trabalhador. Por fim, examinamos que a renovação de ar no ambiente laboral garante qualidade de vida ao trabalhador e que ela deve ser tratada com muita seriedade.

Podcast

CONQUISTAS

Você atingiu os seguintes objetivos:

Identificou conceitos, definições, tipologias e caracterizações associados aos sistemas de ventilação.

Reconheceu as recomendações de projeto dos sistemas de ventilação.