Descrição

Os anos iniciais do ensino fundamental e a relação dos seus diversos componentes curriculares com a Educação Física.

PROPÓSITO

Conhecer os aspectos estruturantes da Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental, compreendendo seus elementos constitutivos, suas diversas possibilidades corporais e práticas de aula é essencial aos profissionais que atuarão na área.

OBJETIVOS

Módulo 1

Identificar as caraterísticas dos anos iniciais do ensino fundamental em articulação com os componentes curriculares e as dimensões da Educação Física

Módulo 2

Reconhecer a organização da Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental, em associação com os elementos e as práticas corporais

Módulo 3

Identificar a estrutura didático-pedagógica de uma aula a partir de elementos previamente estabelecidos

Introdução

O ensino fundamental, etapa da educação básica que possui nove anos de duração, abrange os estudantes entre os 6 e os 14 anos de idade, dividindo-se em duas fases: anos iniciais (1º ao 5º ano) e anos finais (6º ano 9º ano). Os anos iniciais, em destaque neste conteúdo, como continuidade da educação infantil, trazem em sua estrutura o aperfeiçoamento da etapa anterior (a educação infantil) e promovem a contextualização com os interesses dos alunos, ampliando, assim, seu aprendizado de forma significativa.

A Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental é o componente curricular que proporcionará práticas corporais das mais diversas manifestações expressivas e culturais, entendendo de forma consciente o corpo e as suas possibilidades de movimento. Aspectos como cidadania e autonomia devem estar presentes nas aulas de Educação Física deste segmento, sendo abordadas de forma lúdica e valorizando a criatividade dos alunos.

MÓDULO 1


Identificar as caraterísticas dos anos iniciais do ensino fundamental em articulação com os componentes curriculares e as dimensões da Educação Física

Ensino fundamental do 1º ao 5º ano na Base Nacional Comum Curricular

Em dezembro de 2017, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi homologada em sua versão final. Este documento torna claro os objetos do conhecimento e da aprendizagem para todas as escolas do nosso país, da educação infantil ao ensino médio. Porém, para o ensino médio, a homologação só ocorreu no ano seguinte. Com a BNCC, os sistemas educacionais podem oferecer e garantir igualdade nos processos educativos.

Um dos destaques da BNCC são as 10 competências gerais da educação básica, as quais destacamos abaixo, em sua forma mais direta e ampla. Veja:

1. Conhecimento

2. Pensamento científico, crítico e criativo

3. Repertório cultural

4. Comunicação

5. Cultura digital

6. Trabalho e projeto de vida

7. Argumentação

8. Autoconhecimento e autocuidado

9. Empatia e cooperação

10. Autonomia e responsabilidade

Cada uma dessas competências pode dialogar com os diversos componentes curriculares e se articular de maneira didática nas três etapas da educação básica: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.

O ensino fundamental no contexto da educação básica nos anos iniciais e suas competências específicas

O ensino fundamental em seus anos iniciais é a etapa da consolidação da alfabetização, da leitura e da escrita, aspectos esses importantes para o desenvolvimento e que se aprimoram ao longo dos 5 anos desta etapa.

Outros aprendizados fundamentais são o domínio dos princípios matemáticos e científicos, a noção de tempo e espaço, e o desenvolvimento das habilidades motoras. A chegada dos alunos neste segmento deve ser muito bem planejada pelos sistemas educacionais (estados e municípios) e pelas escolas e seus profissionais.

Ao encerrar a educação infantil, a criança deve ter garantida a continuidade do seu desenvolvimento e aprendizagem. Para que isso ocorra de fato, dois aspectos devem ser levados em consideração: a adaptação e o acolhimento.

Atenção

Na adaptação, é importante destacar que se trata de crianças ainda muito pequenas, por volta dos 6 anos, recém-completados ou que ainda se completarão. O que nos remete a outro aspecto, o acolhimento. Receber essa criança significa promover um olhar de atenção, de respeito e de percepção aos seus comportamentos.

Questões como mudança de escola, de turma ou de turno, também devem ser muito bem planejadas. Isso porque a transição da educação infantil para o ensino fundamental já é, por si só, um grande desafio e, se a criança estiver em um ambiente diferente, pode ser ainda mais desafiador.

Para o alcance das questões listadas acima, a BNCC (2018) nos apresenta as 10 competências gerais para toda a educação básica (já mencionadas neste texto).

Competências: são o conjunto de habilidades, conhecimentos, atitudes e valores a serem desenvolvidos de forma sistematizada e interdisciplinar. Neste sentido, os diversos componentes curriculares (disciplinas) devem abordar cada parte desse conjunto de habilidades no interior de seus conteúdos e, ao mesmo tempo, interligando-se aos outros componentes.

Vale destacar algumas dessas competências gerais (as competências 1, 2 e 4, agora, apresentando-as em sua essência) e tecer alguns comentários. Vamos lá:

Clique nas setas para ver o conteúdo. Objeto com interação.

COMPETÊNCIA 1 – Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

Observação: Os alunos devem experimentar atividades em que possam reconhecer a história e os conhecimentos que surgiram com a evolução dos tempos sob diversas fontes de informação. Dessa forma, buscando desenvolver atitudes individuais e coletivas, para que, dentro do seu núcleo social e de forma global, as pessoas convivam de forma igualitária para que não ocorram mais experiências preconceituosas.

COMPETÊNCIA 2 – Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive, tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

Observação: A escola deve ser incentivadora da busca pelo conhecimento, e não simplesmente trazer um saber pronto para os alunos, permitindo que reflitam, questionem e criem a partir de espaços de compartilhamento dos diversos saberes.

COMPETÊNCIA 4 – Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

Observação: A comunidade escolar precisa estar atenta aos diferentes tipos e formas de expressão, entendendo que as crianças possuem maneiras particulares de se expressar e isso é o que as torna seres únicos.

Atenção

Aqui, foram inseridas apenas 3 das competências gerais, para que você possa compreender como elas devem estar relacionadas ao conteúdo, mas é importante a leitura da BNCC (2018) para o conhecimento das demais competências.

Em seguida, temos as competências específicas da Educação Física para o ensino fundamental, de acordo com a BNCC (2018):

1

Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual.


2

Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.


3

Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas corporais e os processos de saúde/doença, inclusive no contexto das atividades laborais.


4

Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e estética corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na mídia e discutir posturas consumistas e preconceituosas.


5

Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus efeitos e combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas corporais e aos seus participantes.


6

Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam.


7

Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade cultural dos povos e grupos.


8

Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o envolvimento em contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e a promoção da saúde.


9

Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, propondo e produzindo alternativas para sua realização no contexto comunitário.


10

Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo.

A articulação horizontal e vertical entre as áreas, perpassando por todos os componentes curriculares

A articulação entre os componentes curriculares ocorre a partir da necessidade de a aprendizagem acontecer de forma significativa e, assim, obtendo melhores resultados acadêmicos.

É importante, portanto, considerar uma intencionalidade cada vez maior do processo educativo, com objetivos e ações muito bem traçados, respeitando sempre as características locais e estruturais de uma escola. Esse processo será capaz de se realizar a partir de um corpo docente comprometido com o desenvolvimento do currículo escolar.

Devemos ter, então, professores preparados para efetuar uma prática de ensino colaborativa e interdisciplinar, de forma que os conteúdos a serem abordados possam garantir sequencialidade dentro das etapas escolares. Tudo isso sob uma coordenação pedagógica objetiva, mas que proporcione e potencialize as qualidades de cada sujeito pertencente ao grupo.

Características motoras, afetivas e cognitivas de crianças de 6 a 10 anos

Você poderá identificar agora as diversas características que compõem o período de desenvolvimento das crianças que se encontram nos anos iniciais do ensino fundamental.

Características motoras

O desenvolvimento motor do indivíduo implica em mudança de comportamento, que tem total relação com a idade da criança, mas que sofre influência também dos estímulos que ela recebe, principalmente, nos seus primeiros anos de vida.

Trata-se de um processo contínuo, o qual segue uma sequência à medida que o ser humano progride, iniciando nos movimentos mais simples em direção às habilidades motoras mais complexas, as quais demandam maior organização. Esse processo ocorre de acordo com o desenvolvimento de cada criança. Contudo, existe um tempo esperado e, caso ele seja ultrapassado, cabe aos adultos (aos pais em casa, a nós nas aulas de Educação Física e demais educadores) ficarem atentos.

Um exemplo é a lateralidade, que, de acordo com Rosa Neto e outros colaboradores (2013), a preferência é utilizar uma das partes de seu corpo (pé, mão, ouvido e olho) de maneira simétrica (ou não), de um dos lados. Na fala do autor, essa definição ocorre por volta dos 6 anos. Trata-se, portanto, de um parâmetro pelo qual os pais e educadores devem se balizar.

O ser humano tem a capacidade de se desenvolver ao longo de toda a vida. Gallahue e Ozmun (2005, p. 57) apresentam a ampulheta do desenvolvimento motor:

Ao observarmos essa ampulheta, é possível perceber a existência de 4 fases de desenvolvimento. São elas:

(a) Motora reflexiva, compreende os bebês de 4 meses de nascimento até um 1 ano de idade.

(b) Motora rudimentar, abrangendo crianças de 1 a 2 anos de idade.

(c) Motora fundamental, partindo de crianças aos 2 anos de idade até os 7 anos.

(d) Motora especializada, entre os 7 e os 14 anos de idade.

Todas as fases possuem estágios de desenvolvimento e cada estágio compreende uma idade ou faixa etária.

Em se tratando de crianças que se encontram na faixa etária dos 6 aos 10 anos, fase que compreende os cinco anos iniciais do ensino fundamental, destacam-se duas fases de desenvolvimento: a fase motora fundamental e a fase motora especializada. Sobre elas, são necessários alguns apontamentos.

Fase motora fundamental ou de movimentos fundamentais

Nesta fase, as crianças estão buscando a experimentação de capacidades do seu corpo em relação ao gestual motor. Elas experimentam movimentos que são classificados como estabilizadores (andar de forma satisfatória e com equilíbrio), locomotores (pular e correr) e manipulativos (chutar, arremessar). No que tange aos estágios desenvolvimentistas desta fase, as crianças dos anos iniciais se encontram no estágio maduro (5-6 anos), quando os movimentos mencionados são caracterizados por uma execução mais eficiente, com maior coordenação e controle corporal.

Fase motora especializada ou de movimentos especializados

Os movimentos fundamentais apresentam condições de dar base para a especialização de práticas corporais, como os esportes, jogos e as atividades recreativas. Um exemplo é o chute, que, na fase anterior, era um movimento livre e espontâneo, como em uma brincadeira com copinhos no chão. Agora, será especializado para uma das principais ações motoras do futebol, que é atingir a bola de forma proposital em direção a um companheiro (passe) ou com o objetivo de converter em gol (chute). Com relação ao estágio desenvolvimentista, temos o estágio transitório (7-10 anos), quando as crianças começam a combinar os movimentos naturais com habilidades especializadas, por exemplo, utilizam o equilíbrio que aprenderam para ficar de pé e o andar, e executam um caminhar sobre uma corda.

Características cognitivas

Os processos cognitivos estão diretamente ligados à maneira como aprendemos e registramos esse aprendizado. Depois que se torna um novo aprendizado, é hora de aplicarmos esse conhecimento, o que também faz parte dos processos cognitivos, bem como a capacidade de resolver um conflito eminente e as diversas formas de linguagens que utilizamos no dia a dia para nos comunicarmos.

O desenvolvimento cognitivo passa por várias fases em decorrência do crescimento e amadurecimento. Como crescimento e desenvolvimento são aspectos que ocorrem no ritmo de cada indivíduo, significa que a cognição também respeitará esse processo natural e individual. Porém, ao mesmo tempo, será o resultado das interações com o ambiente, com outras pessoas, com objetos e circunstâncias.

Como foi dito no tópico anterior acerca das características motoras, apesar de compreendermos que existe o tempo de desenvolvimento de cada indivíduo, é prudente considerar que existem parâmetros que precisam ser observados para perceber se uma criança está aquém ou além do que é esperado para cada fase de sua vida em seus processos cognitivos. Isto é, sua aprendizagem.

De acordo com os estudos de Cavicchia (2010), apresentamos Jean Piaget, que foi um cientista suíço e um dos grandes pesquisadores sobre desenvolvimento e aprendizagem. Ele nos mostrou que crianças são capazes de construir seu próprio aprendizado e que não pensam como adultos. Para Piaget, o desenvolvimento ocorre em quatro estágios, são eles: sensório-motor (até os 2 anos), pré-operacional (dos 2 aos 7-8 anos), operações concretas (entre os 7-8 e 11-12 anos) e operações formais (começa por volta dos 12 anos de idade).

Nosso foco são crianças entre os 6 e os 10 anos de idade, o que nos leva a entender que os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental encontram-se entre dois dos estágios de desenvolvimento cognitivo de Piaget: pré-operacional e operações concretas.

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Pré-operacional

Estágio em que há o surgimento da linguagem e a representação do mundo através de símbolos. Podemos considerar que os alunos estão no momento final deste estágio, pois já possuem essa linguagem desenvolvida. Caso contrário, já se deve aceitar a possibilidade desta criança estar com algum atraso no desenvolvimento da linguagem, principalmente, se forem crianças entre 6 e 7 anos, quando a linguagem já deveria estar desenvolvida e pronta para passar ao próximo estágio.

Operações concretas

Este estágio caracteriza-se pela aquisição da noção de reversibilidade, ou seja, a criança é capaz de entender que um objeto, por exemplo, pode ir e voltar. É capaz também de discriminar objetos, utilizando critérios como diferenças e similaridades. Podemos pensar nessa discriminação como a organização de bolas que têm a mesma cor e a separação de cordas com o mesmo tamanho. Esse processo é possível para a criança, pois ela está começando a dominar a habilidade de fazer associações.

Características afetivas

Afetividade e emoção estão intimamente ligadas. As emoções podem ser demonstradas (ou não) de acordo com o nível de afeto em que a pessoa se encontra. Para a criança, demonstrar suas emoções pode ser um grande desafio, considerando sua maturidade ainda em construção e a capacidade de lidar com as próprias emoções de forma eficaz.

Os aspectos afetivos e emocionais têm grande influência na aprendizagem, pois uma criança que não sabe lidar com suas emoções e não sabe expressar seus sentimentos terá dificuldades em gerenciar novos aprendizados, não conseguirá dizer onde está sua dúvida e, por consequência, poderá não aprender.

Rodrigues (2013) nos apresenta alguns valores/atitudes que devem ser abordados nas aulas para que o social e a personalidade possam se desenvolver e, assim, as crianças tornarem-se pessoas com autonomia e com iniciativa para interagir com outras pessoas.

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Autoconceito

É o conhecimento do que fomos e fizemos, e tem a função de orientar para decidirmos o que queremos ser no futuro; portanto, auxilia na compreensão de nós mesmos e o controle do ajuste de nosso comportamento.

Autodefinição

Nesta idade a criança desenvolve um conceito da pessoa sobre si mesmo e sobre como gostaria de ser.

Autoestima

É a autoavaliação positiva, a autoimagem do seu conceito, ou seja, é a opinião positiva de si próprio.

Outra questão muito importante para o afeto na faixa etária dos alunos dos anos iniciais é a amizade. Esses laços afetivos já se iniciaram e conduzem a criança a criar o conceito de pertencimento. A ideia de pertencer a um grupo contribui para a autoafirmação e a criação da própria identidade.

Ao estabelecerem um relacionamento, desenvolvem a comunicação, aprendem a ser tolerantes e desenvolvem comportamentos assertivos. Aprendem a ceder e quando devem ajudar os demais. Essas experiências afetivas contribuem para o aprendizado da criança, pois elas percebem que são capazes de aprender umas com as outras. Aprendem ainda a dividir a atenção, a esperar a sua vez e a emprestar seus brinquedos. Todas essas questões fazem parte dos relacionamentos e dos processos afetivos.

ENSINO FUNDAMENTAL DO 1º AO 5º ANO NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

O especialista José Ricardo Martins Machado fala sobre a relação entre as competências gerais da BNCC e as competências específicas da Educação Física para o ensino fundamental.

Verificando o aprendizado

ATENÇÃO!

Para desbloquear o próximo módulo, é necessário que você responda corretamente a uma das seguintes questões:

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MÓDULO 2


Reconhecer a organização da Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental, em associação com os elementos e as práticas corporais

Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental

O conhecimento sobre os aspectos relacionados à pedagogia da Educação Física no ensino fundamental foi construído ao longo de muitos anos. Assim foram criadas unidades temáticas, de forma a estruturar o ensino com base na cultura corporal de movimento.

Unidades temáticas

Unidades temáticas são as práticas corporais abordadas ao longo de todo o ensino fundamental, as quais representam as mais diversas manifestações culturais na Educação Física escolar. São elas:

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Brincadeiras e jogos

Atividades que permitem aos indivíduos envolvidos, a criação e a alteração de regras, assim como a definição de local e tempo para sua realização. Uma característica importante é que essas práticas podem variar de acordo com a região em que são realizadas, tendo regras alteradas e até o próprio nome do jogo é diferente, como a tradicional brincadeira do “Bobinho”, em que uma criança no centro da roda tenta tirar a bola dos demais companheiros. Essa brincadeira também é encontrada com o nome de “Peruzinho”.

Esportes

Diferentemente das brincadeiras e jogos, os esportes têm suas regras devidamente institucionalizadas, ou seja, sua prática tem as mesmas características de execução em qualquer lugar do mundo. Um exemplo que podemos citar é o voleibol. Com seis jogadores titulares em cada equipe, uma quadra com 18 metros de comprimento e 9 metros de largura e disputa de sets de 25 pontos. Esta regulamentação torna a prática institucionalizada. Contudo, em uma aula de Educação Física, podem ocorrer alterações neste formato devido às características da escola, turma ou do grupo de alunos em específico. Quando isso ocorre, o esporte deixa seu lugar de prática original para se adequar às necessidades do grupo. Esse fato é muito comum nas escolas, inclusive no processo de ensino e aprendizagem, onde o esporte propriamente dito é desconstruído para que a criança possa aprender de forma gradativa os fundamentos, regras e técnicas.

De acordo com a BNCC (2018), os esportes podem ser classificados com base em uma lógica interna e com as seguintes características:

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Marca: conjunto de modalidades que se caracterizam por comparar os resultados registrados em segundos, metros ou quilos.

Precisão: conjunto de modalidades que se caracterizam por arremessar/lançar um objeto, procurando acertar um alvo específico, estático ou em movimento, comparando-se o número de tentativas empreendidas, a pontuação estabelecida em cada tentativa.

Técnico-combinatório: reúne modalidades nas quais o resultado da ação motora comparado é a qualidade do movimento segundo padrões técnico-combinatórios.

Rede/quadra dividida ou parede de rebote: reúne modalidades que se caracterizam por arremessar, lançar ou rebater a bola em direção a setores da quadra adversária.

Campo e taco: categoria que reúne as modalidades que se caracterizam por rebater a bola lançada pelo adversário o mais longe possível, para tentar percorrer o maior número de vezes as bases ou a maior distância possível entre as bases.

Invasão ou territorial: conjunto de modalidades que se caracterizam por comparar a capacidade de uma equipe introduzir ou levar uma bola (ou outro objeto) a uma meta ou setor da quadra/campo defendida pelos adversários.

Combate: reúne modalidades caracterizadas como disputas nas quais o oponente deve ser subjugado, com técnicas, táticas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço.

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Ginásticas

Práticas corporais com diversos direcionamentos, sendo: ginástica geral; ginásticas de condicionamento físico; ginásticas de conscientização corporal.

A ginástica geral, objeto de conhecimento dos anos iniciais é uma modalidade que também pode ser chamada de ginástica para todos, engloba práticas corporais constituídas de elementos organizadores. São eles: a exploração das possibilidades acrobáticas e expressivas do corpo, a interação social, o compartilhamento do aprendizado e a não competitividade. Esses elementos permitem que as ginásticas se desenvolvam com vistas para o aprendizado sistematizado e considerando o amadurecimento de cada fase escolar.

Danças

Prática corporal que se utiliza de movimentos ritmados, os quais seguem uma progressão sequenciada, relacionadas, geralmente, a coreografias. Podem ser realizadas de forma individual, em duplas ou em grupos.

Lutas

As lutas têm como foco os confrontos corporais, com o intuito de desequilibrar, atingir ou excluir o oponente de um determinado espaço ou a imobilização dele. Nessas práticas corporais, incluem-se as lutas brasileiras, como marajoara, capoeira e huka huka, assim como as lutas conhecidas em diversas parte do mundo, como karatê, jiu-jitsu, sumô, boxe, entre outros.

Observação: A BNCC prevê esta unidade temática a partir do 3º ano do ensino fundamental.

Objetos do conhecimento e habilidades

Acompanhe a estrutura que a BNCC apresenta para a Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental:

UNIDADES TEMÁTICAS
1º e 2º ano 3º ao 5º ano
OBJETOS DE CONHECIMENTO OBJETOS DE CONHECIMENTO

Brincadeiras e jogos

Brincadeiras e jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário e regional

Brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo

Brincadeiras e jogos de matriz indígena e africana

Esportes

Esportes de marca

Esportes de precisão

Esportes de campo e taco

Esportes de rede/parede

Esportes de invasão

Ginasticas

Ginástica geral

Ginástica geral

Danças

Danças do contexto comunitário e regional

Danças do Brasil e do mundo

Danças de matriz indígena e africana

Lutas

Lutas do contexto comunitário e regional

Lutas de matriz indígena e africana

Quadro: Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental.
Extraído: Base Nacional comum curricular, pág. 225.

A seguir, observe os objetos do conhecimento e suas respectivas habilidades, de acordo com os anos iniciais de escolaridade do ensino fundamental com um exemplo de prática corporal em cada unidade temática.

EDUCAÇÃO FÍSICA - 1º e 2º ano

UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES

Brincadeiras e jogos

Brincadeiras e jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário e regional

  • Experimentar, fruir e recriar diferentes brincadeiras e jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário e regional, reconhecendo e respeitando as diferenças individuais de desempenho dos colegas.
  • Explicar, por meio de múltiplas linguagens (corporal, visual, oral e escrita), as brincadeiras e os jogos populares do contexto comunitário e regional, reconhecendo e valorizando a importância desses jogos e brincadeiras para suas culturas de origem.
  • Planejar e utilizar estratégias para resolver desafios de brincadeiras e jogos populares do contexto comunitário e regional, com base no reconhecimento das características dessas práticas.
  • Colaborar na proposição e na produção de alternativas para a prática, em outros momentos e espaços, de brincadeiras e jogos e demais práticas corporais tematizadas na escola, produzindo textos (orais, escritos, audiovisuais) para divulgá-las na escola e na comunidade.
Quadro: Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental.
Extraído: Base Nacional comum curricular, pág. 226.

Prática corporal: Estilingue

O estilingue também é conhecido em algumas regiões como “Baladeira” ou “Badoque”. É um brinquedo feito de galhos de madeira em forma de V (forquilha) e em cada extremidade deve ser amarrada uma borracha, que terá uma ligação feita por um pedaço de couro. O brinquedo é tradicionalmente utilizado para acertar, usando pedras, os alvos (latas, garrafas e outros objetos).

O educador deve criar espaços para o brincar seguro. Deve solicitar que as crianças criem torres utilizando caixas de fósforos e desenhem no chão uma linha a uma distância de dois metros.

O objetivo do grupo é acertar e derrubar o maior número de objetos/alvos, sempre fazendo o lançamento de trás da linha desenhada ao chão. Para maior segurança, pode ser utilizado no lugar das pedras bolinhas de papel.

UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES

Esportes

Esportes de marca

Esportes de precisão

(EF12EF05) Experimentar e fruir, prezando pelo trabalho coletivo e pelo protagonismo, a prática de esportes de marca e de precisão, identificando os elementos comuns a esses esportes.

(EF12EF06) Discutir a importância da observação das normas e das regras dos esportes de marca e de precisão para assegurar a integridade própria e as dos demais participantes.

Quadro: Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental.
Extraído: Base Nacional comum curricular, pág. 226.

Prática corporal: Jacarezinho (salto em distância)

As crianças estarão em fila e, a uma distância aproximada de dez metros, o educador colocará uma corda em forma de “V” (boca do jacaré).

As crianças, uma a uma, deverão saltar sobre a corda, não podendo cair dentro da boca do jacaré. Conforme elas vão conseguindo atingir o objetivo, o educador elevará o desafio, aumentando o ângulo da boca do jacaré. Vencerá a criança que conseguir saltar a maior distância.

UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES

Ginásticas

Ginástica geral

(EF12EF07) Experimentar, fruir e identificar diferentes elementos básicos da ginástica (equilíbrios, saltos, giros, rotações, acrobacias, com e sem materiais) e da ginástica geral, de forma individual e em pequenos grupos, adotando procedimentos de segurança.

(EF12EF08) Planejar e utilizar estratégias para a execução de diferentes elementos básicos da ginástica e da ginástica geral.

(EF12EF09) Participar da ginástica geral, identificando as potencialidades e os limites do corpo, e respeitando as diferenças individuais e de desempenho corporal.

(EF12EF10) Descrever, por meio de múltiplas linguagens (corporal, oral, escrita e audiovisual), as características dos elementos básicos da ginástica e da ginástica geral, identificando a presença desses elementos em distintas práticas corporais.

Quadro: Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental.
Extraído: Base Nacional comum curricular, pág. 226.

Prática corporal: Ponte

Posicione um colchonete no chão e a bola em cima do colchonete. Organize os alunos em uma coluna. Um aluno por vez, com o seu auxílio, deverá sentar-se na bola e aos poucos ir encostando as costas nela e, por último, a cabeça, para que o corpo se molde ao formato da bola.

Por fim, o aluno apoiará as mãos no colchonete, com os dedos voltados em direção à bola. Quando as mãos encostarem no chão, o aluno deverá apoiar o corpo, de forma que ele desgrude da bola, realizando o movimento da ponte por cima dela.

Caso não tenha uma bola, uma criança ficará na posição fetal e a outra criança, com sua ajuda, fará o mesmo movimento solicitado, porém exercendo pouca (ou nenhuma) carga sobre o corpo do colega que está abaixado.

UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES

Danças

Danças do contexto comunitário e regional

(EF12EF11) Experimentar e fruir diferentes danças do contexto comunitário e regional (rodas cantadas, brincadeiras rítmicas e expressivas), e recriá-las, respeitando as diferenças individuais e de desempenho corporal.

(EF12EF12) Identificar os elementos constitutivos (ritmo, espaço, gestos) das danças do contexto comunitário e regional, valorizando e respeitando as manifestações de diferentes culturas.

Quadro: Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental.
Extraído: Base Nacional comum curricular, pág. 226.

Prática corporal: Ações corporais

Distribuir as crianças pelo espaço. O educador solicitará algumas ações, como: caminhar, saltar, girar, cair, expandir e contrair. Lembrando que estas ações já devem ter sido trabalhadas com as crianças, pois precisam ter repertório de movimento para realizar esta atividade.

A movimentação deve ser realizada ao som de músicas diferenciadas e os comandos para cada movimento devem ser feitos durante a música, nas trocas de ritmo ou com algum sinal combinado previamente.

UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES

Brincadeiras e Jogos

Brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo

Brincadeiras e jogos de matriz indígena e africana

(EF35EF01) Experimentar e fruir brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, e recriá-los, valorizando a importância desse patrimônio histórico-cultural.

(EF35EF02) Planejar e utilizar estratégias para possibilitar a participação segura de todos os alunos em brincadeiras e jogos populares do Brasil e de matriz indígena e africana.

(EF35EF03) Descrever, por meio de múltiplas linguagens (corporal, oral, escrita, audiovisual), as brincadeiras e os jogos populares do Brasil e de matriz indígena e africana, explicando suas características e a importância desse patrimônio histórico-cultural na preservação das diferentes culturas.

(EF35EF04) Recriar, individual e coletivamente, e experimentar, na escola e fora dela, brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, e demais práticas corporais tematizadas na escola, adequando-as aos espaços públicos disponíveis.

Quadro: Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental.
Extraído: Base Nacional comum curricular, pág. 228.

Prática corporal: Alemanha – esconde-esconde ao contrário

A brincadeira consiste em um participante que irá se esconder enquanto os demais irão “contar” e sair para procurar. Quando alguém encontrar, este se esconde também, juntando-se ao que já está escondido. Assim, segue até que reste apenas uma única criança para procurar as demais.

UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES

Esportes

Esportes de campo e taco

Esportes de rede/parede

Esportes de invasão

(EF35EF05) Experimentar e fruir diversos tipos de esportes de campo e taco, rede/parede e invasão, identificando seus elementos comuns e criando estratégias individuais e coletivas básicas para sua execução, prezando pelo trabalho coletivo e pelo protagonismo.

(EF35EF06) Diferenciar os conceitos de jogo e esporte, identificando as características que os constituem na contemporaneidade e suas manifestações (profissional e comunitária/lazer).

Quadro: Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental.
Extraído: Base Nacional comum curricular, pág. 228.

Prática corporal: Rúgbi

Jogo composto por duas equipes de quinze jogadores, no entanto, na escola, cabem adaptações no que se refere a esse número. O objetivo é pontuar na linha de fundo do adversário, colocando a bola no chão, deixando evidente a posse de bola. Uma adaptação possível para os pontos de chute é determinar uma distância e o jogador executar o chute na própria trave disponível na escola. No rúgbi, é possível o passe para o lado e para trás.

Uma adaptação para o adversário ter a posse de bola é a retirada da bandeira da cintura do oponente. Para realizar o jogo na escola, a utilização de cinto com bandeirinha ou “TNT” é imprescindível, pois se evita o contato físico, o que facilita a inserção da modalidade na escola.

UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES

Ginásticas

Ginástica geral

(EF35EF07) Experimentar e fruir, de forma coletiva, combinações de diferentes elementos da ginástica geral (equilíbrios, saltos, giros, rotações, acrobacias, com e sem materiais), propondo coreografias com diferentes temas do cotidiano.

(EF35EF08) Planejar e utilizar estratégias para resolver desafios na execução de elementos básicos de apresentações coletivas de ginástica geral, reconhecendo as potencialidades e os limites do corpo e adotando procedimentos de segurança.

Quadro: Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental.
Extraído: Base Nacional comum curricular, pág. 228.

Prática corporal: Equilíbrio no avião

Posicione os alunos em uma coluna, de frente para o banco sueco, que estará em posição invertida (base menor para cima). Caso você tenha auxiliares e maior disponibilidade de materiais, é possível realizar mais estações. O primeiro aluno subirá no banco, ficando apoiando em meia ponta dos pés. Ele fará uma sequência de cinco passos e a execução de um movimento de avião, inclinando o tronco e estendendo os braços para frente, elevando uma das pernas para trás.

Instrua os alunos a manter o olhar para frente, e não para baixo. Ao terminar o trajeto, o aluno voltará para o final da coluna e o próximo dará sequência ao exercício.

UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES

Danças

Danças do Brasil e do mundo

Danças de matriz indígena e africana

(EF35EF09) Experimentar, recriar e fruir danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana, valorizando e respeitando os diferentes sentidos e significados dessas danças em suas culturas de origem.

(EF35EF10) Comparar e identificar os elementos constitutivos comuns e diferentes (ritmo, espaço, gestos) em danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana.

(EF35EF11) Formular e utilizar estratégias para a execução de elementos constitutivos das danças populares do Brasil e do mundo e das danças de matriz indígena e africana.

(EF35EF12) Identificar situações de injustiça e preconceito geradas e/ou presentes no contexto das danças e demais práticas corporais e discutir alternativas para superá-las.

Quadro: Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental.
Extraído: Base Nacional comum curricular, pág. 228.

Prática corporal: Pezinho

Constitui-se uma das danças mais simples e, ao mesmo tempo, uma das mais belas danças gaúchas. É uma dança de pares independentes, com características das contradanças, tendo sua origem na ilha dos Açores (Portugal), e possuindo intensa popularidade no litoral dos estados brasileiros de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. É uma dança popular rio-grandense em que todos os dançarinos obrigatoriamente cantam, não se limitando, portanto, à simples execução da coreografia.

UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES

Lutas

Lutas do contexto comunitário e regional

Lutas de matriz indígena e africana

(EF35EF13) Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas presentes no contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana.

(EF35EF14) Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas do contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana experimentadas, respeitando o colega como oponente e as normas de segurança.

(EF35EF15) Identificar as características das lutas do contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana, reconhecendo as diferenças entre lutas e brigas e entre lutas e as demais práticas corporais.

Quadro: Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental.
Extraído: Base Nacional comum curricular, pág. 228.

Prática corporal: Pega rabo

Para essa atividade, vamos precisar de um pedaço de pano, ou uma fita, cortada com, aproximadamente, 1 metro. Alunos dispostos em um espaço, onde cada um recebe um “rabo”, fita ou pano e coloca preso na bermuda abaixo das costas. Ao sinal, começa uma disputa de um pegar o rabo do outro. Quem tiver seu rabo retirado, deve sair e esperar a próxima rodada. Quem ficar por último com rabo vence.

EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ANOS INICIAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL

O especialista José Ricardo Martins Machado fala sobre a relação entre os objetos do conhecimento e as habilidades da Educação Física para os anos iniciais do ensino fundamental, apresentando algumas propostas de atividades.

Verificando o aprendizado

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MÓDULO 3


Identificar a estrutura didático-pedagógica de uma aula a partir de elementos previamente estabelecidos

Plano de ensino da Educação Física no ensino fundamental (1º ao 5º ano)

A partir de agora serão abordados tópicos que devem ser considerados para a elaboração de um plano de ensino no ensino fundamental. É importante ressaltar que todo plano de ensino é flexível e carece de readequações de acordo com os resultados e as necessidades que surgem durante o processo.

Espaços de aprendizagem coletiva nas escolas

A escola é um ambiente propício para o aprendizado. Sua estrutura e organização estão diretamente voltadas para que estudantes e educadores tenham condições de desenvolver seus processos de ensino e aprendizagem. Para a Educação Física, este espaço representa um local de segurança, pois o pátio, a quadra, entre outros ambientes possíveis, estão sob a supervisão de diversos profissionais prontos para atender e auxiliar na realização das aulas, dar suporte físico e emocional e com a dinâmica coletiva.

A educação ocorre na interação entre as pessoas e com os objetos do conhecimento. Como visto anteriormente, esses objetos na Educação Física compõem as unidades temáticas, que são: os jogos e as brincadeiras, as ginásticas, danças, lutas e os esportes.

No contexto das aulas de Educação Física, a interação torna-se ainda mais importante, visto que o aprendizado coletivo é capaz de contribuir para o desenvolvimento pessoal e vice-versa. É muito importante que os alunos interajam com seus pares, com crianças mais novas e mais velhas para que as diversas experiências sejam compartilhadas. Neste aspecto, a Educação Física pode ser um canal para que a centralização do conhecimento e do processo educacional em classes seriadas se modifique.

Atenção

Não estamos refutando os princípios norteadores para a organização das salas de aula e, por consequência, a divisão das turmas e progressão de conteúdos. São questões muito importantes e devem continuar.

Para Thurler (2001, p. 63): “o isolamento de cada um em sua classe, a portas fechadas, garante uma forte centração sobre o acompanhamento intensivo dos alunos e permite construir um ambiente estável e uma dinâmica previsível”. Isso permitiu a escola se organizar de forma eficiente. Contudo, escola, professores e alunos devem estar abertos à possibilidade de momentos de interação para além dessa divisão.

Na Educação Física, podemos perceber esse encontro de forma mais presente. A exemplo disso, temos os eventos, como: gincana, campeonatos, festivais, torneios e as diversas festas temáticas (junina, da família, aniversário da escola, olimpíadas, entre outros) que estão, geralmente, sob organização e supervisão dos professores de Educação Física.

Nesses eventos, os alunos interagem com outros estudantes de diversas idades, turmas e turnos. A importância disso se dá na intenção de que cada um possa construir em seu universo particular a ideia de viver em comunidade e que isso não significa estar apenas próximos daqueles da mesma idade ou mesma turma.

Cidadania e saúde como temas indispensáveis

Conceitos como cidadania e saúde devem fazer parte do cotidiano dos alunos desde cedo.

Nas aulas de Educação Física, por exemplo, esse tema é abordado de forma bem clara quando um aluno tem a oportunidade de iniciar uma brincadeira e, em seguida, concede esse direito a outro aluno. Então, percebemos direitos e deveres lado a lado, pois ao ter o direito de iniciar o jogo, a criança entende que deve passar esse direito para outra pessoa em um momento futuro.

A saúde e a Educação Física estão intimamente ligadas. Jogos, brincadeiras e demais atividades corporais permitem o movimento. Esse movimento desenvolve habilidades motoras e, quando bem estimuladas desde cedo, podem refletir na percepção de cada aluno sobre a importância da prática de atividades físicas. Assim, eles podem descobrir suas preferências e desenvolver o hábito de regularmente praticar um esporte, dançar ou qualquer outra prática, de forma a beneficiar sua saúde, tanto física quanto mental.

Conteúdos de plano de aula, unidades, objetos do conhecimento, habilidade, procedimentos, atividade e pós-atividade

Veremos agora uma organização de aula abordando elementos indispensáveis para a estrutura didático-pedagógica da Educação Física. Elementos como conteúdos (aqui, representado pela unidade temática e objetos do conhecimento) e as habilidades já foram elucidados ao longo do texto.

Outros elementos estão presentes nesta estrutura:

Clique nas informações a seguir. Clique nas informações a seguir.
Procedimentos

São as ações de forma coordenada a serem desenvolvidas (apresentação da aula, execução da atividade programada e encerramento, utilizando a conversa com os alunos para entender a percepção do grupo).

Atividade

Será aplicada com vistas a abordar de forma prática e aplicável a habilidade descrita.

Pós-aula

Já descrito no procedimento, para que os estudantes sejam encaminhados à reflexão da prática realizada, de forma a verbalizarem suas percepções coletivamente.

Atenção

Não existe um modelo de plano de aula mais correto, tampouco perfeito. O que você deve considerar são os aspectos fundamentais de todo planejamento, como: saber o que é necessário a ser abordado em uma aula de acordo com as necessidades do grupo, qual será o passo a passo a ser seguido, quais as atividades mais adequadas para o que se quer desenvolver e de que maneira será feita a avaliação daquela aula em específico.

Agora, você poderá visualizar um possível caminho para a elaboração de uma aula para cada um dos 5 anos iniciais do ensino fundamental.

Clique nas barras para ver as informações. Objeto com interação.
1º ano - unidade temática : BRINCADEIRAS E JOGOS

OBJETOS DO CONHECIMENTO

Brincadeiras e jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário e regional.

HABILIDADE

(EF12EF01) Experimentar, fruir e recriar diferentes brincadeiras e jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário e regional, reconhecendo e respeitando as diferenças individuais de desempenho dos colegas.

PROCEDIMENTOS

1º momento: apresentação da aula, dos objetivos e das etapas a serem vivenciadas.

2º momento: vivência da atividade.

3º momento: debate sobre a atividade experimentada.

ATIVIDADE

Queimada alerta: Escolher um dos participantes para iniciar o jogo. Este ficará com a bola nas mãos à frente e de costas a uma distância aproximada de um metro para o restante do grupo, que se espalha atrás dele. O jogador lança a bola com força para o chão – para que ela quique bem alto – ao mesmo tempo em que fala o nome de uma criança do grupo. Esta deve correr e pegar a bola, enquanto os outros participantes correm no sentido contrário a ela. Ao pegar a bola o jogador deve gritar: “alerta”. Neste momento, todos os jogadores devem parar onde estão.

O jogador que está com a bola deve dar três saltos para “queimar” alguma outra criança. Assim que for queimado passa a ter a função de reiniciar o jogo lançando a bola para o alto. Caso o jogador que lançou a bola não queimar alguém, ele permanecerá na função inicial. Encerramento: Após a realização da atividade descrita acima, os alunos devem se reunir no centro da quadra, pátio ou outro local em que a aula tenha sido realizada.

Os alunos serão questionados sobre como se sentiram durante a prática:

Quais foram as dificuldades? Quicar a bola ao mesmo tempo que se chama o nome de um colega foi simples? Como foi pegar a bola e depois tentar queimar um colega? O que vocês fariam diferente nesta atividade para melhorar o seu desempenho e dos demais colegas?

2º ano - unidade temática: GINÁSTICAS

OBJETOS DO CONHECIMENTO

Ginástica geral

HABILIDADE

(EF12EF07) Experimentar, fruir e identificar diferentes elementos básicos da ginástica (equilíbrios, saltos, giros, rotações, acrobacias, com e sem materiais) e da ginástica geral, de forma individual e em pequenos grupos, adotando procedimentos de segurança.

PROCEDIMENTOS

1º momento: apresentação da aula, dos objetivos e das etapas a serem vivenciadas.

2º momento: vivência da atividade.

3º momento: debate sobre a atividade experimentada.

ATIVIDADE

Salto grupado: Amarre uma corda em dois cones, formando uma barreira. Faça isso com cones e cordas sobressalentes, formando três barreiras. Em caso de disponibilidade de outros materiais, pode-se confeccionar mais barreiras ou usar objetos similares com o mesmo objetivo. Coloque as três barreiras em uma coluna, com uma distância de um passo entre elas. Organize os alunos em coluna, sendo que um aluno por vez realizará o exercício. O primeiro aluno da coluna ficará de frente para a primeira barreira, devendo realizar um impulso com as duas pernas unidas, flexionando os joelhos simultaneamente em direção ao tórax, passando por cima da barreira. Instrua o aluno a realizar o mesmo procedimento pelas três barreiras. Ao terminar, o aluno voltará ao final da coluna. Quando o primeiro aluno saltar a terceira barreira, o próximo aluno dará início à sequência de saltos grupados.

ENCERRAMENTO

Terminado a vivência, os alunos devem ser convidados a pensar em novas possibilidades de movimento, utilizando dos mesmos elementos (braços estendidos, joelhos flexionados).

3º ano - unidade temática: DANÇAS

OBJETOS DO CONHECIMENTO

Danças do Brasil e do mundo

HABILIDADE

(EF35EF10) Comparar e identificar os elementos constitutivos comuns e diferentes (ritmo, espaço, gestos) em danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana.

PROCEDIMENTOS

1º momento: apresentação da aula, dos objetivos e das etapas a serem vivenciadas.

2º momento: vivência da atividade.

3º momento: debate sobre a atividade experimentada.

ATIVIDADE

Vamos jogar? Nesta atividade, vamos “jogar” com ritmo do tambor. O tambor, historicamente, vem de pulsação, que pode se relacionar com o som do coração, vibração e comunicação. Pode-se utilizar um ou mais tambores, podendo inclusive, serem confeccionados com as crianças. A dança-jogo acontece com os tambores sendo tocados, propondo o compasso de uma caminhada, ora intensificado, ora suavizando o tempo. O desafio é jogar com o corpo no tempo do tambor, andando pelo espaço. Cada vez que o tambor parar, ficar na frente da pessoa mais próxima e, novamente ao som do tambor, jogar com o corpo do outro, buscando espelhamento e relação. O tambor para novamente, interrompendo a relação da dupla, que retorna a se relacionar com o coletivo.

ENCERRAMENTO

Como conclusão desta atividade, pretende-se que os alunos se reúnam e conversem entre si sobre as percepções que cada um teve ao se movimentar seguindo o ritmo do tambor.

Conseguiu propor uma movimentação para que alguém o seguisse? Como foi a experiência de seguir a movimentação de um colega? Foi mais fácil imitar ou propor o movimento? Por quê?

4º ano - unidade temática: LUTAS

OBJETOS DO CONHECIMENTO

Lutas do contexto comunitário e regional; lutas de matriz indígena e africana

HABILIDADE

(EF35EF14) Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas do contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana experimentadas, respeitando o colega como oponente e as normas de segurança.

PROCEDIMENTOS

1º momento: apresentação da aula, dos objetivos e das etapas a serem vivenciadas.

2º momento: vivência da atividade.

3º momento: debate sobre a atividade experimentada.

ATIVIDADE

Não me toque: Dividir os alunos em duplas. O jogo inicia com as duplas de frente um para o outro. Será dado o comando da parte do corpo que deve ser tocado no adversário. Por exemplo: Ombro, só pode tentar tocar no ombro. A cada toque marca-se um ponto. A cada tempo mude a parte do corpo e o adversário.

ENCERRAMENTO

Convidar os alunos a pensarem novas formas de executar a atividade. Que tal em trios? Encerrando a prática, é o momento de investigar juntos aos alunos quais foram as sensações.

Foi mais fácil tentar tocar ou se proteger do toque? Houve respeito à integridade física do seu oponente durante as tentativas? E você, foi respeitado?

5º ano - unidade temática: ESPORTES

OBJETOS DO CONHECIMENTO

Esportes de campo e taco

HABILIDADE

(EF35EF05) Experimentar e fruir diversos tipos de esportes de campo e taco, rede/parede e invasão, identificando seus elementos comuns e criando estratégias individuais e coletivas básicas para sua execução, prezando pelo trabalho coletivo e pelo protagonismo.

PROCEDIMENTOS

1º momento: apresentação da aula, dos objetivos e das etapas a serem vivenciadas.

2º momento: vivência da atividade.

3º momento: debate sobre a atividade experimentada.

ATIVIDADE

Polo de cadeira: O campo de jogo será a marcação da quadra de vôlei, nas linhas de fundo terão os gols de dois metros de largura feitos com cones. Cada equipe terá doze jogadores sendo quatro de defesa, quatro de armação e outros quatro de ataque. No campo de jogo terão seis fileiras com quatro cadeiras, onde as equipes estarão intercaladas por fileiras. Os jogadores deverão ficar sentados nas cadeiras com posse de um taco para passar a bola para seus companheiros, bater a bola para o gol e para impedir da equipe adversária de marcar o gol.

ENCERRAMENTO

Após a vivência desta atividade, inclusive, depois de permitir que os alunos passem por todos os setores de jogo (defesa, armação e ataque) na sua equipe, o grupo deve se reunir para refletir sobre as estratégias criadas por cada grupo para fazer com que a bola passasse pelas fileiras. Em seguida, é interessante relacionar a experiência de criar estratégias deste jogo realizado pela turma com outras práticas esportivas. Pelo fato de o jogo ter sido desenvolvido nas marcações da quadra de vôlei, o debate pode iniciar por este esporte, buscando detectar também o que os alunos conhecem do esporte.

Plano de Ensino da Educação Física no Ensino Fundamental (1º ao 5º ano)

O especialista José Ricardo Martins Machado fala sobre a estrutura de um plano de aula.

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Conclusão

Considerações Finais

Neste tema, você identificou a importância da chegada e transição das crianças para os anos iniciais do ensino fundamental e que esse acesso deve ocorrer de forma que o aluno se sinta acolhido em sua nova fase da vida. A escola, como local de aprendizagem, deve desenvolver uma dinâmica que articula os componentes curriculares para que o estudante tenha uma aprendizagem significativa e não fragmentada e, assim, também contribuir para a adaptação dos alunos.

Também conheceu as 10 competências gerais para a educação básica previstas na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), bem como as competências específicas da Educação Física para todo o ensino fundamental.

Outro ponto importante que esteve presente no tema foram os componentes de organização interna da Educação Física: as brincadeiras e jogos, lutas, ginásticas, esportes e dança, que são as unidades temáticas, bem como os seus objetos do conhecimento e as diversas habilidades para cada objeto adequadas aos anos de escolaridade.

Por fim, foi apresentada uma estrutura básica com elementos importantes para a organização de uma aula, entendendo, porém, que não é adequado um planejamento inflexível. Ou seja, o professor tem autonomia para definir seu planejamento considerando as necessidades de cada turma.

Podcast

Neste podcast, o profissional deve apresentar um resumo do conteúdo desenvolvido, priorizando as seguintes questões:

  • A importância do planejamento na execução de cada aula.
  • Aspectos do desenvolvimento importantes para a elaboração de uma aula.
  • Exemplos de atividades relacionadas às habilidades.

CONQUISTAS

Você atingiu os seguintes objetivos:

Identificou as caraterísticas dos anos iniciais do ensino fundamental em articulação com os componentes curriculares e as dimensões da Educação Física.

Reconheceu a organização da Educação Física nos anos iniciais do ensino fundamental, em associação com os elementos e as práticas corporais.

Identificou a estrutura didático-pedagógica de uma aula a partir de elementos previamente estabelecidos.