Descrição
Os paradigmas da Educação Especial desde o modelo de segregação, a integração social à proposta de inclusão e o diálogo com as políticas e ações do período de adequação ao processo de atendimento às pessoas com deficiências.
Propósito
Conhecer a Educação Especial e a Educação Inclusiva, seus diálogos e diferenças fundamentais contribuirá para a reflexão de professores que atendem pessoas com necessidades específicas de aprendizagem e de produção de conhecimento.
OBJETIVOS
Módulo 1
Definir a Educação Especial e seu processo de segregação e integração
Módulo 2
Reconhecer a Educação Inclusiva como política educacional e suas consequências
Módulo 3
Identificar diferentes práticas e estratégias para a Educação Inclusiva
Introdução
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, observe as imagens a seguir que representam os processos de exclusão, segregação, integração e inclusão de pessoas com deficiência.
Neste tema, conheceremos a Educação Especial e seus paradigmas desde o modelo de segregação, passando pela integração com a criação das escolas especiais até a proposta de inclusão.
Reconheceremos a Educação Inclusiva como uma política educacional brasileira e o quanto as práticas educacionais e docentes foram modificadas a partir da Declaração de Salamanca (1994). A Educação Especial na perspectiva inclusiva concebe o espaço escolar como um local capaz de atender a todos os sujeitos, assegurando o direito de aprender e considerando as especificidades de cada um. A Educação Inclusiva garante a aprendizagem das pessoas com deficiências desde a Educação Infantil até o Ensino Superior.
Por fim, identificaremos as diferentes práticas e estratégias para a Educação na perspectiva inclusiva em diálogo com o ensino colaborativo; a importância da mediação entre pares; a necessidade de um Plano de Ensino Individualizado (PEI) e as estratégias comunicativas para estudantes sem fala funcional utilizando a comunicação alternativa.
Declaração de Salamanca
Resolução da ONU sobre a questão da mudança da perspectiva da Educação Especial, direcionando-a a uma perspectiva inclusiva.
MÓDULO 1
Definir a Educação Especial e seu processo de segregação e integração
A Educação Especial
Neste vídeo, apresentaremos os caminhos percorridos pela Educação Especial através dos anos.
Educação Especial: origem e importância
Antes de iniciarmos o diálogo sobre Educação Especial, precisamos ter em mente alguns marcos importantes:
Durante a Idade Média (séculos V a XV), as pessoas com deficiências eram excluídas da sociedade.
Somente a partir do período renascentista (XIV a XVI), com o desenvolvimento do pensamento científico, surge alguma preocupação em relação às pessoas com deficiências, mas o preconceito e a discriminação continuavam presentes.
A partir dos séculos XVII e XVIII, inicia-se um movimento assistencialista, em hospitais, voltado para as pessoas com deficiências, principalmente para aquelas mutiladas nas guerras, para os surdos e os cegos.
No Brasil, a Educação Especial surge no século XIX com uma composição assistencialista, mas também com um olhar para os serviços especializados. Somente no século XX iniciam-se ações educativas às pessoas com deficiências.
Brasil
No Brasil, destacam-se ações de D. Pedro II, com a fundação de escolas para esse fim, como o Imperial Instituto dos Meninos Cegos – atual Instituto Benjamin Constant.
Pensar a Educação Especial nos faz refletir sobre sua importância, marcos históricos, transformações e embates políticos voltados a necessidades, demandas, visibilidades e ao desenvolvimento das pessoas com deficiências. Assim, segundo Montoan (1998), o processo histórico da Educação Especial no Brasil pode ser dividido em três períodos:
Ações de investimentos privados.
Ações de âmbito nacional.
Ações a favor da inclusão.
Compreendemos a Educação Especial como uma modalidade da educação escolar e como um processo educacional que parte de propostas pedagógicas que devem assegurar os recursos e os serviços educacionais especiais.
Esses serviços especializados são necessários para apoiar os serviços educacionais comuns, muitas vezes complementados e, até mesmo, substituídos para garantir a educação escolar e potencializar o desenvolvimento dos estudantes que apresentam necessidades educacionais especiais.
Segregação
A imagem anterior representa o paradigma da segregação. No primeiro período, de 1854 a 1956, entendia-se que as pessoas com deficiências precisavam estar protegidas e cuidadas em ambientes separados. Assim, embora muitos hospitais e clínicas de reabilitação acolhessem essas pessoas, a invisibilidade dos sujeitos com deficiências era marcante na sociedade.
Podemos dizer que a Educação Especial se constituiu a partir de um modelo clínico, em que os médicos viram a necessidade de escolarização das pessoas com deficiências, mesmo com foco terapêutico. Nessas instituições especializadas, os atendimentos passavam pela Psicologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, entre outras.
A educação escolar não era considerada prioritária, ou mesmo possível, principalmente para aqueles com deficiências cognitivas, múltiplas ou distúrbios emocionais severos. O trabalho educacional era voltado para a autonomia nas atividades de vida diária (AVD) e relegado a um interminável processo de prontidão para a alfabetização, sem maiores perspectivas, já que não havia expectativas de que esses indivíduos ingressassem na cultura letrada formal.
(GLAT & BLANCO, 2007, p. 19-20)
No final do século XIX, houve um marco histórico na Educação Especial no Brasil. Em 1854, foi criado o Instituto dos Meninos Cegos, hoje conhecido como Instituto Benjamin Constant (IBC), na cidade do Rio de Janeiro. Após três anos, em 1857, foi criado o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) na mesma cidade.
Saiba mais
No decorrer dos anos, a Educação Especial evoluiu no país e algumas medidas e campanhas foram criadas. Por meio do Decreto nº 42.728, de 3 de dezembro de 1957, foram criadas a Campanha para Educação do Surdo no Brasil e a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação dos Deficientes Visuais com a finalidade de reabilitar, mas também educar
Surge, então, um diferente pensamento sobre o espaço social ocupado pelas pessoas com deficiências, o que trouxe redemocratização, políticas públicas e qualidade nos serviços e atendimentos.
Integração
O paradigma da integração oferecia aos estudantes com deficiências um ambiente menos “isolado”. Os estudantes das classes especiais e das escolas especiais eram preparados para entrar nas classes regulares das escolas e o atendimento especializado era oferecido de maneira paralela. No posterior ao Decreto nº 42.728, de 3 de dezembro de 1957, a busca por práticas, estratégias e intervenções era questionada e pensada com um olhar menos segregado. No entanto, o “problema” persistia: o estudante continuava segregado, isolado em escolas ou classes especiais por não conseguirem acompanhar as turmas regulares. Muitas vezes, o estudante era responsabilizado pelo insucesso da escola e pelo fracasso na aprendizagem.
Atenção
Um outro aspecto desse modelo da Integração era a ausência de diálogo entre os professores. Não havia troca de informações e reflexões entre os professores da sala de recursos e da classe comum — a responsabilidade pelos conteúdos escolares ficava com o professor especializado da sala de recursos. Os estudantes com deficiências continuavam “excluídos” na própria escola.
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A crítica contra esse paradigma, assim como as buscas para melhorias no desenvolvimento e aprendizagem dos sujeitos foram caminhando para uma nova proposta: a Educação Inclusiva , que veremos no próximo módulo.
Educação Especial e Inclusiva
Vamos entender alguns pontos trabalhados até agora neste bate-papo com os professores Rodrigo Rainha e Carla Marçal.
samoV rfetelir? Vamos refletir? - Foi estranho tentar entender e não conseguir não é?
É difícil entender a Educação Especial? É uma dificuldade social, construída pelo olhar da sociedade?
Até menos de dois séculos atrás, as crianças que nasciam com necessidades diferenciadas eram vistas como um problema. Muitas ficavam escondidas dentro de casa, porque, por fatores religiosos e sociais, eram consideradas “uma punição à família”. A ideia de que poderiam se inserir na sociedade parecia absolutamente distante da realidade.
Mesmo que disfarçassem as suas necessidades, as pessoas com deficiências eram entendidas como incapazes. Elas eram expurgadas da escola porque “não tinham condição de desenvolver o aprendizado da mesma forma que os demais”. Graus diferentes de autismo, síndromes, traumas, nada disso era objeto da escola em sua função de ensinar os conteúdos — e os que não acompanhavam eram excluídos, fosse em turmas ou mesmo em ambientes educacionais próprios.
O filme Forrest Gump ilustra bem esta situação, em que o sujeito, por ter QI abaixo do considerado mínimo, deve ir a uma escola que o estigmatiza: de um lado, uma escola excludente e, de outro, uma escola especial que o deixaria ainda mais marcado.
Centros de excelência de Educação Especial foram constituídos e instrumentalizaram de forma singular os grupos para sua integração. Dessa forma, o aprendizado de Braille ou Libras, o domínio da utilização de piso tátil, a conscientização dos direitos individuais são vitórias poderosas que devem ser historicizadas. Esse tipo de olhar para Educação Especial ratifica a sua função e seu papel social no desenvolvimento de habilidades e competências.
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MÓDULO 2
Reconhecer a Educação Inclusiva como política educacional e suas consequências
Educação Inclusiva – Um desafio mundial
Neste vídeo, apresentaremos os desafios enfrentados pela Educação Inclusiva no mundo.
O que muda com a Educação Inclusiva
A Educação Inclusiva defende que os estudantes sejam inseridos nas classes regulares independentemente de qualquer deficiência. A escola é responsável por todo atendimento diferenciado e precisa garantir o direito de aprender considerando as especificidades de cada aluno, suas necessidades motoras, visuais, cognitivas e linguísticas.
A política educacional inclusiva refere-se à responsabilidade dos governos e sistemas escolares com a qualificação de todas as crianças e jovens, sobretudo no que tange aos valores, conceitos e experiências voltadas para o processo de ensino e aprendizagem. Assim, os estudantes com necessidades educacionais especiais têm a oportunidade de aprendizado nos mesmos espaços das pessoas que não apresentam deficiência. Para isso, é necessária a adequação das propostas pedagógicas para potencializar habilidades e competências, superando as dificuldades sociais, linguísticas e motoras dos sujeitos.
DELARAÇÃO DE SALAMANCA
A Declaração de Salamanca (Espanha, 1994) é um marco histórico para a Educação Inclusiva. Essa resolução das Nações Unidas trata dos princípios, políticas e práticas em Educação Especial e apresenta os “Procedimentos-padrão das Nações Unidas para a Equalização de Oportunidades para Pessoas com Deficiência”.
O documento aborda a educação para todos, pautada nos direitos humanos, colocando o sujeito como centro de todo o processo educativo. Gerencia também questões políticas, a fim de discutir e propor políticas de Educação Especial com o objetivo de garantir o acesso à escola às pessoas com deficiências.
Segundo essa linha de ação, as escolas devem acolher todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou linguísticas. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem-dotadas, crianças que vivem nas ruas e que trabalham, crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas desfavoráveis ou marginalizadas (UNESCO, 1994, p. 17-18).
A Educação Inclusiva é a política educacional do Brasil. Ela surge após o paradigma da integração, período em que, como vimos, o processo de exclusão acontecia no interior da própria escola, apesar de muitas conquistas, reflexões e debates. Há muitos desafios a serem enfrentados em nosso país, especialmente em relação à questão estrutural, econômica, social e de formação inicial e continuada de professores. Para isso, o diálogo e a busca por melhorias desse paradigma são necessários.
Para as escolas, os desafios são grandes. É preciso uma reestruturação desde sua organização até o Projeto Político Pedagógico (PPP) com mudanças avaliativas, metodologias e estratégias de ensino. É preciso uma nova cultura escolar. Segundo Guthierrez e Walter (2020), faz-se necessário pensar a Educação Inclusiva para além da matrícula do aluno com deficiência na turma comum. Mais que um espaço para socialização e convivência, a escola é um local que favorece a aprendizagem e os conteúdos socialmente valorizados para todos os estudantes do ano de escolaridade. Mas, para isso, é fundamental refletir sobre acessibilidade curricular.
Acessibilidade curricular
Para que haja aprendizagem e para que a educação seja inclusiva, é fundamental a acessibilidade curricular. Ela garante modificações nos objetivos, nas metodologias e no conteúdo das disciplinas, mas também na didática do professor, sobretudo em relação ao tempo e às estratégias na organização das avaliações. Sem acessibilidade não é possível atender às diversidades e eliminar as práticas excludentes na escola.
Proporcionar uma educação para todos em termos de igualdade de direitos e oportunidades significa oferecer um ambiente educacional favorável às diferentes formas de aprender. Para isso, é preciso um Atendimento Educacional Especializado (AEE) para realizar a flexibilização da prática educacional para atender a todos, como, por exemplo, a atuação de professores mediadores na escola junto a estudantes com necessidades especiais
Percurso da Educação Inclusiva após a década de 1990
Após a Declaração de Salamanca, em 1994, a Educação Inclusiva passou a se estruturar seguindo diferentes aspectos e legislações.
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva
Trouxe a definição do público-alvo da Educação Especial: alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades/superdotação. Além de especificações quanto à realização do atendimento no contraturno à escolarização, na própria escola ou em centros de Atendimento Educacional Especializado (AEE), de forma complementar ou suplementar (BRASIL, 2008a). É importante destacar que, até este momento, o atendimento era visto “como um tipo de educação que, eventualmente, poderia substituir a educação no ensino regular” (KASSAR, 2011, p.65)
Decreto nº 6.571/2008
Após a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva, houve mudanças para a realização do Atendimento Educacional Especializado para a sala de recursos multifuncionais da própria escola (onde o aluno é escolarizado) ou de outra, além de estabelecer a dupla contabilização pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e de Valorização dos Profissionais da Educação – para o aluno matriculado na classe regular e no atendimento educacional especializado (BRASIL, 2008b; PLETSCH, 2010, 2014; KASSAR, 2011).
Decreto nº 7611/2011
A proposta da Política Nacional foi reafirmada, além do apoio técnico e financeiro às “instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com atuação exclusiva na Educação Especial, conveniadas com o Poder Executivo competente” (BRASIL, 2011, Artigo 14°).
Nota técnica nº 4
Emitida em 2014, a nota técnica nº 4 foi considerada como um princípio de independência do modelo clínico, tendo em vista que seu texto ressalta a não obrigatoriedade de apresentação de laudo médico para a realização do atendimento educacional especializado (ARAÚJO, OLIVEIRA & PLETSCH, 2014). Isso é muito importante, pois sabemos que muitas instituições de ensino ficam aguardando o laudo para iniciar as intervenções necessárias. Portanto, frisamos que não há obrigatoriedade do laudo médico para o início das intervenções pedagógicas diferenciadas.
Assim, a Educação Inclusiva é compreendida por um processo progressivo da entrada e da permanência do estudante com deficiência na escola comum. Mas também é necessário pensar, refletir e proporcionar uma formação inicial e continuada aos professores .
Educação Inclusiva
Neste bate-papo, os professores Rodrigo Rainha e Carla Marçal discutem um pouco mais sobre Educação Inclusiva como política educacional do Brasil.
Vamos refletir?
A professora Maria Luiza mostra sua luta e indignações, mostrando que não é nada fácil trabalhar pela inclusão.
O que realmente significa incluir? Aqui estamos colocando um conjunto social relevante, grupos com necessidades especiais — cadeirantes, cegos, surdos, síndrome de Down, entre outras – que foram excluídos. Mas, conceitualmente, pensamos em um processo muito mais intenso do que esse. Uma escola em que homens e mulheres não são excluídos ou discriminados por questões de gênero e que não permita a reprodução das violências cotidianas. É uma escola comprometida em romper anos de exclusão em violência contra grupos de ameríndios e descendentes de escravizados.
Quando o mundo passa a compreender o papel social da escola, sua função para sociabilidade, organização, liberdade, os grupos mais diversos passam a ser incluídos e plurais.
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MÓDULO 3
Identificar diferentes práticas e estratégias para a Educação Inclusiva
Feedback – Práticas e Reflexões
Neste vídeo, vamos ter acesso a alguns feedbacks de atividades já desenvolvidas pela educação especial e inclusiva.
Práticas e estratégias para uma Educação Inclusiva
Para vivenciarmos a Educação Inclusiva, precisamos de um ambiente educacional favorável a todos os estudantes. Anteriormente, dialogamos sobre a importância da acessibilidade curricular, condição para garantir uma Educação Inclusiva de fato.
A partir dessa premissa, é preciso identificar as diferentes e possíveis práticas inclusivas no cotidiano da escola. Veja algumas delas.
Ensino Colaborativo (EC) e a mediação entre pares
Ações pedagógicas são necessárias para atender a demanda por uma escola inclusiva diante das questões apresentadas pelos estudantes e pelos professores. Assim, podemos considerar o Ensino Colaborativo (EC) como uma ação pedagógica inclusiva construída no dia a dia da escola conjuntamente entre os professores de atendimento educacional especializado e os de sala de aula comum. Sabemos o quanto o diálogo entre os professores é imprescindível para a construção de práticas inclusivas e para a produção de conhecimento e desenvolvimento dos estudantes com deficiências.
Repetimos que o Ensino Colaborativo consiste em uma parceria entre os professores de Educação Regular e os professores de Educação Especial, na qual um educador comum e um educador especial dividem a responsabilidade de planejar, instruir e avaliar os procedimentos de ensino a um grupo heterogêneo de estudantes (FERREIRA; MENDES; ALMEIDA; DEL PRETTE, 2007, p. 1).
Com essa ação pedagógica, é possível estar atento às demandas dos estudantes com deficiências e/ou necessidades educacionais especiais e, assim, contribuir para a aprendizagem de todos e, principalmente, garantir uma atenção diferenciada.
O EC vai para além do suporte e diálogo entre os professores, pois permite a presença de dois professores em sala de aula para realizar a mediação dos estudantes, planejar e avaliar. Essa estratégia, chamada de co-ensino ou bidocência (BEYER, 2005; FONTES, 2009), proporciona a mediação entre pares, seja entre o estudante e o professor, seja entre os estudantes. Os professores podem e devem mediar todo o processo de troca e aprendizado entre os sujeitos.
Essa ação pedagógica viabiliza a construção de conhecimentos dos estudantes, podendo garantir a individualização do ensino sem a exclusão do estudante com deficiências em seu grupo/ano de escolaridade.
Plano de Ensino Individualizado (PEI)
Famílias e profissionais da Educação relatam que alguns estudantes com deficiências são aprovados nos anos de escolaridade sem alcançar os objetivos básicos de acordo com os planos de curso. Muitas vezes, isso acontece devido à falta de direcionamento pedagógico e, principalmente, à ausência de um Plano de Ensino Individualizado (PEI) para os estudantes público-alvo da Educação Especial que precisam de diferenciação pedagógica.
Portanto, construir um Plano de Ensino Individualizado é fundamental para que o processo de ensino e aprendizagem aconteça de maneira favorável e inclusiva. Além disso, esse documento é construído a partir da demanda de cada estudante, auxiliando no currículo oficial e especificando quando é preciso um apoio profissional.
O PEI deve seguir algumas funções (GINÉ & RUIZ , 1995):
I
Estabelecer uma conexão lógica entre a avaliação psicopedagógica e a programação individual.
II
Preparar e coordenar as atuações educacionais regulares e especiais direcionadas ao estudante.
III
Proporcionar o máximo possível ao estudante e, quando convier, ambientes menos restritivos.
IV
Eliminar, na medida do admissível e quando convier, os recursos educacionais especiais e devolver ao estudante circuitos, serviços e situações escolares os mais normais.
V
Descrever, especificar e justificar a resposta educacional dirigida ao estudante, de forma clara e compreensível, a fim de que todas as pessoas envolvidas no crescimento pessoal desse estudante — e o próprio estudante, sempre que possível — possam participar, efetivamente, na tomada de decisões educacionais relacionadas à elaboração, desenvolvimento e avaliação do programa individualizado.
Importante compreender que cada instituição de ensino deve elaborar seu PEI. Não há um padrão, um único modelo. O mais importante é considerar as especificidades dos estudantes. Não é possível utilizar o mesmo programa educacional no PEI para os estudantes, pois a elaboração deve ser individual.
Entende-se que o PEI é necessário para os estudantes que não estão aptos a terem as mesmas aprendizagens esperadas dentro do currículo padrão. São estudantes que precisam de acessibilidade curricular. Assim, é possível alcançar expectativas da aprendizagem e avançar no desenvolvimento do estudante.
LARPI é uma das importantes práticas inclusivas, um laboratório que permite a diferenciação pedagógica para os estudantes da Educação Especial e inclui a acessibilidade curricular. Foi implementado pela professora Carla Marçal y Guthierrez, em 2018, em uma escola pública do Rio de Janeiro, para organizar os recursos pedagógicos inclusivos criados a partir dos conteúdos escolares trabalhados em sala de aula.
Para a implementação de um LARPI, é necessário criar um acervo organizado e sistematizado dos produtos. A observação semanal dos estudantes em sala de aula é fundamental para compreender as dificuldades em relação aos conteúdos aplicados e desafios enfrentados no cotidiano escolar, considerando as dificuldades motoras, cognitivas e sociais dos estudantes, para que sejam trabalhadas no atendimento educacional especializado.
Os produtos abrangem o conteúdo visto em sala de aula para que o estudante com deficiência envolva-se com os recursos pedagógicos, aprenda e se desenvolva em seu ano de escolaridade.
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Os produtos podem ser utilizados por todos os estudantes, com ou sem deficiências, e são em grande parte produzidos com materiais acessíveis em sala de aula, como papel, cartolina, tesoura, cola, material para escrita. Quando há necessidade, utilizam-se recursos exteriores como a impressão em gráfica e a plastificação para melhor conservação do item. Esses produtos são então categorizados segundo o conteúdo e o ano de escolaridade, através de um acervo digital criado com tabela enumerada (em geral, no Excel)
A produção e a categorização dos materiais contam com 38 (trinta e oito) produtos que abrangem jogos lúdicos (como de tabelas de multiplicação), jogos de memória baseados em textos trabalhados em sala de aula, cartões de CAA (comunicação alternativa e ampliada), entre outros. Eles podem ser usados para ilustrar ações cotidianas realizadas dentro e fora do ambiente escolar, servindo de apoio e estímulo para comunicação e interação entre os estudantes sem fala funcional, suas professoras e colegas. Veja alguns produtos nas figuras a seguir.
É preciso aprimorar a qualidade do ensino e trabalhar com princípios educacionais válidos para todos, incluindo os estudantes com deficiência. Segundo Marçal-Guthierrez, Paula, Quintanilha e Ribeiro (2019, p. 139), para que haja respeito à diversidade na escola, é necessário que todos sejam reconhecidos como iguais em dignidade e em direito, porém sem deixar de considerar as inúmeras formas de diferenciação que existem entre os indivíduos e os grupos. Devemos fornecer o apoio e os recursos necessários para que não haja tanta desigualdade nas oportunidades e no acesso aos recursos.
Atenção
Os desafios enfrentados na escola e no convívio social, gerados pelas diferenças entre os indivíduos, devem ser minimizados ao máximo, para que não ocorra segregação e discriminação entre os estudantes. As necessidades de aprendizagem e comunicação são pessoais: é preciso uma visão individualizada quanto a essas questões. (VIEIRA; QUINTANILHA; GUTHIERREZ, 2020)
Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA) e
as estratégias comunicativas para estudantes sem fala funcional
A Comunicação Alternativa e Ampliada envolve o uso de sistemas e recursos alternativos que oferecem aos indivíduos sem fala funcional possibilidades para se comunicar. Tais mecanismos são elaborados através de sinais ou símbolos pictográficos, ideográficos e arbitrários, que substituem ou suplementam a fala humana com outras formas de comunicação (NUNES, 2003; GLENNEN, 1997).
Saiba mais
Tecnologia Assistiva é uma expressão que identifica os recursos e serviços que contribuem para ampliar ou proporcionar habilidades funcionais às pessoas com deficiências.
Segundo Nunes (2017), o emprego da Comunicação Alternativa e Ampliada em sala de aula ou em qualquer outro ambiente nos leva a refletir sobre em que consiste a comunicação humana. A comunicação é um processo contínuo entre os interlocutores.
Fazem parte da Comunicação Alternativa e Ampliada (VON TETZCHNER, 1997; GLENNEN, 1997):
Gestos manuais
Expressões faciais e corporais
Símbolos gráficos
Voz digitalizada ou sintetizada para a comunicação dos indivíduos não oralizados
Quando nos deparamos com um estudante sem fala ou sem fala funcional, como nos comunicamos com ele? O uso da Comunicação Alternativa e Ampliada é um suporte imprescindível nestes casos e, portanto, devemos utilizá-la como uma prática inclusiva em nossas salas de aula e fora dela.
A comunicação dos estudantes sem fala é um direito humano e deve ser vista com urgência.
Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente da sua raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição. Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, liberdade de opinião e expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre outros. Todos têm direito a estes direitos, sem discriminação.
(ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1948)
Recursos de CAA de baixa tecnologia
Os recursos de baixa tecnologia são desenvolvidos com materiais de baixo custo, como por exemplo, as pranchas de Comunicação Alternativa e Ampliada.
Recursos de CAA de alta tecnologia
Os recursos de alta tecnologia são os programas de computadores, softwares e sistemas de comunicação, assim como acionadores e comunicadores.
A seguir, temos um exemplo de atividade pedagógica com o uso da CAA . Responda às perguntas e monte uma história.
- CHAPEUZINHO VERMELHO É UMA MENINA OU MENINO?
- O QUE A CHAPEUZINHO FOI LEVAR PARA A CASA DA VOVÓ?
- QUEM QUERIA PEGAR A CHAPEUZINHO?
Chapeuzinho vermelho é uma MENINA.
Chapeuzinho foi levar um BOLINHO para a casa da vovó.
O LOBO queria pegar a chapeuzinho.
A história fica da seguinte forma:
Chapeuzinho Vermelho é uma MENINA, que leva um BOLINHO para casa da vovó e que está sendo perseguida pelo LOBO.
Relatos de Experiência
Neste vídeo, a professora Carla Marçal fará alguns relatos de suas experiências na prática da educação especial e inclusiva.
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Conclusão
Considerações Finais
Em nosso estudo, conhecemos a origem da Educação Especial desde o paradigma da segregação e integração à Educação Inclusiva. Dialogamos sobre a inclusão e a política educacional brasileira, assim como algumas práticas e estratégias inclusivas necessárias, sobretudo do ambiente escolar.
Assim, compreendemos que a inclusão é ação política, social, educacional e, sobretudo, humana. Todos têm direito de aprender e se desenvolver como indivíduo em suas especificidades.
Podcast
Agora, o professor Rodrigo dos Santos Rainha encerra o tema fazendo um resumo dos pontos trabalhados.
FALA, MESTRE!
Mestres de diversas áreas do conhecimento compartilham as informações que tornaram suas trajetórias únicas e brilhantes, sempre em conexão com o tema que você acabou de estudar! Aqui você encontra entretenimento de qualidade conectado com a informação que te transforma.
Sinopse: Dra. Ivone Caetano, primeira juíza negra do Estado do Rio de Janeiro e primeira desembargadora negra do TJRJ, relata o racismo existente em processos da vara de infância e juventude envolvendo religiões de matriz africana.
Sinopse: Dra. Ivone Caetano, primeira juíza negra do Estado do Rio de Janeiro e primeira desembargadora negra do TJRJ, relata o racismo existente em processos da vara de infância e juventude envolvendo religiões de matriz africana.
Sinopse: Dra. Ivone Caetano, primeira juíza negra do Estado do Rio de Janeiro e primeira desembargadora negra do TJRJ, compartilha suas memórias do período em que atuou na vara de infância e juventude e o seu compromisso com a sua função.
Sinopse: Dra. Ivone Caetano, primeira juíza negra do Estado do Rio de Janeiro e primeira desembargadora negra do TJRJ, compartilha suas memórias do período em que atuou na vara de infância e juventude e o seu compromisso com a sua função.
CONQUISTAS
Você atingiu os seguintes objetivos:
Definiu a Educação Especial e seu processo de segregação e integração.
Reconheceu a Educação Inclusiva como política educacional e suas consequências.
Identificou diferentes práticas e estratégias para a Educação Inclusiva.