Objetivos
Vias de administração de medicamentos locais e enterais
Listar as vias de administração medicamentosa locais e enterais.
Vias de administração parenterais
Listar as vias de administração medicamentosa parenterais.
Preparo das medicações endovenosas
Identificar os métodos para preparo, diluição e gotejamento de soluções.
Cálculos de medicamentos
Aplicar fórmulas para a resolução dos cálculos de medicamentos.
Neste conteúdo, vamos reconhecer os princípios gerais da administração segura de medicamentos. A administração de medicamentos é uma das principais atividades de enfermagem, que demanda grande empenho e conhecimento dos profissionais de enfermagem, com vistas a realizá-la de forma segura e eficaz.
Para tanto, é preciso reconhecer as vias de administração medicamentosa, compreendendo como administrar os medicamentos em cada via, além de aplicar conceitos de anatomia, farmacologia, fisiologia, bioquímica, entre outros.
Abordaremos técnicas que, além de auxiliar e tornar mais eficaz a administração dos medicamentos, também possibilitam minimizar dor e complicações no paciente.
Vamos aplicar fórmulas para a resolução dos cálculos de medicamentos, considerando os princípios básicos da matemática, que permitem a realização do preparo, da diluição e do gotejamento de soluções.
Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades.
O conhecimento da equipe de enfermagem quanto à pluralidade de vias para a administração medicamentosa é fundamental para a correta execução do procedimento. Portanto, é importante que tenhamos atenção para a prescrição medicamentosa, compreendendo as características inerentes ao medicamento e a possibilidade da utilização da via recomendada na prescrição medicamentosa. Para tal, é necessário o conhecimento sobre farmacologia, fisiologia e anatomia para a melhor prática na administração medicamentosa. Outras condições que vão influenciar a escolha da via de administração são: a rapidez com que se deseja o resultado, a natureza e quantidade da droga a ser administrada e as condições do paciente.
Vias locais
Nas vias locais, a ação do fármaco acontece no mesmo lugar onde foi administrado. É importante destacar, entretanto, que, em algumas dessas vias, o fármaco pode ser absorvido em concentrações suficientes para exercer ação sistêmica, como é o caso da administração de anticoncepcionais por via transdérmica. Vejamos, a seguir, as principais vias locais de administração de medicamentos.

Via otológica
A via otológica é utilizada para administração de medicamentos no conduto auditivo externo com vistas ao tratamento de patologias inflamatórias ou infecciosas locais. O efeito, portanto, é local, e sua ação depende de fatores como a adequada limpeza do conduto auditivo antes da utilização do medicamento. Toda solução medicamentosa que for administrada na via otológica deve ser estéril, livre de contaminações de outros pacientes por contato e deve ser administrado o número correto de gotas prescritas pelo médico.

Via oftálmica
A utilização da via ocular envolve a administração de medicamentos nos olhos para tratamento de múltiplas condições, como glaucoma, conjuntivite e lesões de córnea, entre outras. A apresentação se dá em formulações líquidas, em creme ou em gel. A administração dos colírios (líquidos) é mais simples, porém a perda do medicamento torna-se mais fácil. A capacidade máxima do olho é de 1 gota cada, então devemos seguir a prescrição para evitar perda de medicamentos. A administração de cremes e pomadas é mais difícil de se realizar, e há a tendência de turvação da visão, portanto, um cuidado de enfermagem é orientar o paciente a aguardar por um período a absorção do medicamento após a administração. Quando for realizar a administração, é preciso tomar cuidado para não encostar em nenhuma parte do olho, visto que pode acabar fazendo contaminação cruzada entre os pacientes.

Via nasal
Os medicamentos utilizados por via nasal são administrados por formulações líquidas gotejadas nas narinas, promovendo a absorção por meio da mucosa nasal. Devemos considerar se o paciente consegue realizar sozinho o procedimento, ou se o profissional deve realizá-lo. Nesse caso, precisamos posicionar a pessoa que está sendo atendida, deitando-a com a cabeça para trás e pingando ou instilando a medicação nas narinas. Existem diversos dispositivos de aplicação de medicação nasal, entre os quais conta-gotas, frascos e sprays. É importante sempre orientar o paciente para que ele realize a limpeza da ponta que irá em contato com a mucosa do nariz, para evitar infecções.

Via inalatória
A administração de medicamentos por meio de nebulização utiliza o mecanismo da vaporização como meio para a introdução de medicamentos ou líquidos na mucosa brônquica. O procedimento de nebulização permite melhor umidificação de vias aéreas, fluidificando secreções presentes na árvore brônquica e facilitando a excreção das secreções. Além disso, permite instilação do medicamento diretamente no local de tratamento, a exemplo do fenoterol, um broncodilatador utilizado em crises asmáticas e doenças que se caracterizam por estreitamento reversível das vias respiratórias.
A mucosa brônquica possui as vantagens de ser uma membrana biológica de fácil travessia, com ampla superfície de absorção e rica vascularização sanguínea. A desvantagem é que, se a medicação não for na dose correta, pode causar taquicardia, já que a medicação broncodilatadora tem afinidade com células pulmonares e cardíacas.

Via vaginal
A administração de medicamentos por via vaginal é o ato de aplicar o medicamento no canal vaginal por meio de um dispositivo auxiliador quando o medicamento se apresenta em creme ou consiste na inserção de óvulo, anel, gel ou supositório.
A ação do medicamento ocorre de forma local, devendo priorizar a administração em períodos do dia nos quais o paciente permanecerá em decúbito dorsal após a administração, facilitando sua absorção e evitando sua saída do local.
Utiliza-se a via vaginal para tratamento de patologias vaginais, indução do trabalho de parto, inibição de contrações uterinas e administração de hormônios para a menopausa.

Via tópica
A administração tópica consiste na administração do medicamento sobre a pele, a unha ou os cabelos, considerando o tratamento de afecções locais. A vantagem correlaciona-se com a minimização da ocorrência de efeitos adversos sistêmicos e a redução dos efeitos de primeira passagem hepática. Dentre as desvantagens, podemos citar a possibilidade de reações de fotossensibilidade, a irritação local e alergias derivadas do uso do medicamento. Nesse caso, precisamos orientar que a pele esteja limpa e seca, e que a medicação seja passada apenas no local indicado pelo médico o número de vezes indicado na prescrição.

Via transdérmica
A via transdérmica consiste na instalação de dispositivos sobre a pele, por um adesivo, permitindo a liberação da substância de forma contínua e programada. A predileção na utilização dessa via é fazê-la em áreas com grande vascularização e em superfícies planas (livre de articulações, por exemplo), como a parte superior do tórax e os membros superiores. O local de aplicação do medicamento sobre a pele não deve apresentar irritações ou lesões. Dentre os principais fármacos utilizados, citam-se a nicotina, os anticoncepcionais (Norelgestromina, Estradiol, Etinilestradiol, Gestodeno), Fentanil e Buprenorfina (analgésicos opioides). A pele deve ser limpa e seca antes da aplicação do adesivo; além disso, deve-se escolher o local onde há menos movimentação e fricção, para evitar que o adesivo se solte durante o período de utilização.

Via uretral
A via uretral é utilizada para a administração de medicamentos por meio da uretra com o objetivo de inseri-los na bexiga. Tal via é utilizada quando não há possibilidade da utilização de medicamentos por via oral com a finalidade de tratamento de uma condição vesical, pois, devido aos efeitos sistêmicos, eles não são tolerados. Essa é a melhor via também para a administração de anestésicos antes da sondagem vesical ou de uma cirurgia, visto que, por via uretral, os efeitos serão somente locais. A contraindicação dessa via consiste na estenose uretral. A desvantagem é que só serve para medicações que atuem em nível uretral e da bexiga. Quanto às vantagens, destacamos o efeito rápido na uretra e bexiga. Ademais, é importante que o profissional de enfermagem conheça a diferença de anatomia que existe entre homens (20 cm de comprimento em média) e mulheres (4 cm de comprimento) para que não lesione o paciente na hora a administração. Outros cuidados que devemos ter: deixar o paciente o mais confortável possível, manter a sua privacidade e realizar a higienização e antissepsia no local. No caso, quando se tratar de mulheres, para melhor visualização, recomenda-se dobrar as pernas em posição de borboleta e injetar a medicação através do meato urinário.
Todas as máscaras e os circuitos de inalação têm que passar pelo processo de limpeza e desinfecção de baixo nível (em hipoclorito de sódio), para serem utilizados em outros pacientes.
Devemos orientar a mulher a conhecer a sua anatomia previamente e a encontrar uma posição confortável para não se machucar na hora da aplicação. Essa aplicação deve seguir a prescrição médica, mas, em sua maioria, é realizada na hora que a mulher vai dormir, para a medicação ficar mais tempo em contato com a mucosa da vagina. É importante ressaltarmos que o aplicador é de uso único e deve ser descartado após a aplicação, evitando infecções.
Locais onde podem ser instalados os adesivos de medicação transdérmica.
Tanto a via tópica quanto a transdérmica são aplicadas sobre a pele. Você consegue dizer qual a diferença entre elas?
Na via tópica o efeito é realmente local e a absorção para a circulação sistêmica é mínima ou inexistente. No entanto, na via transdérmica, embora a aplicação ocorra sobre a pele, o objetivo é que o fármaco permeie as diferentes camadas e atinja a circulação sanguínea, tendo um efeito sistêmico.
Vias enterais
As vias de administração enterais são aquelas cuja absorção do fármaco acontece ao longo do trato gastrointestinal. Vejamos, a seguir, os detalhes de cada uma delas.
Via oral
Comprimidos, drágeas e cápsulas.
A administração medicamentosa por via oral é a mais utilizada e consiste na oferta de medicamentos que serão deglutidos; os quais podem ser encontrados em diversas apresentações, tais como: comprimidos, drágeas, cápsulas (gelatinosas e duras), soluções, suspensão e pó.
Vantagens
As vantagens inerentes a essa via perfazem a facilidade na administração do medicamento, o baixo custo financeiro e a utilização de uma metodologia menos invasiva e, portanto, com menor risco ao paciente.
Desvantagens
Dentre as desvantagens, destacam-se a demora de ação quando comparada à via intravenosa, o sabor desagradável de alguns medicamentos, a possível dificuldade de fracionamento de comprimidos, a variação na taxa de absorção, o efeito de primeira passagem hepática e a irritação da mucosa gástrica.
Uma fração do medicamento administrado por via oral não adentra a circulação sistêmica por ser metabolizado inicialmente no fígado.
Antes de tudo, devemos verificar qual a condição do paciente para tomar os medicamentos, pois pode ser necessário adaptar maneiras de facilitar sua administração, como o uso de seringas para dar remédios líquidos por via oral a crianças.
Após a administração do medicamento por via oral, o profissional de enfermagem deve conferir se o paciente deglutiu a medicação, para garantir a eficácia do tratamento.
Veja a seguir a apresentação de medicamento líquido e formas de administração:
Atenção!
Pacientes inconscientes, com dificuldade de deglutição (disfagia), nauseados e que apresentam vômito ou diarreia não deverão utilizar a via oral como meio para administração medicamentosa.
Os medicamentos por via oral podem ser diluídos quando em apresentação de comprimido. O volume a ser determinado depende de fatores clínicos e do modo de administração. Por exemplo, pacientes em uso de sonda nasoentérica podem receber medicamentos diluídos em uma seringa de 10mL. Entretanto, assim que o remédio diluído for administrado, é importante que a sonda seja lavada com água destilada estéril, de modo a garantir que todo o conteúdo administrado pela sonda chegue ao intestino ou estômago.
A avaliação da dose na prescrição medicamentosa é importante. Alguns comprimidos podem ser fracionados (partidos) quando a apresentação disponível é maior do que a dosagem prescrita para o paciente. O fracionamento só é possível quando o comprimido apresenta um sulco que o separa em duas partes iguais. Quando não são sulcados, fica inviável a identificação correta do local onde o comprimido deve ser partido, o que pode levar a erros na dose a ser administrada.
Importante destacar que essa medida não garante a quantidade exata nas duas partes, mesmo em comprimidos que possuem sulco central; desta forma, recomenda-se que a outra parte seja guardada para futura administração ao mesmo paciente.
Via sublingual
Os medicamentos administrados por via sublingual devem ser alocados abaixo da língua, onde deve acontecer a maior parte da absorção do fármaco. Não se deve ingerir líquidos, alimentos ou conversar até a absorção total. Suas formas são em comprimidos ou líquidos.
A via sublingual favorece a absorção rápida do fármaco, uma vez que ele é absorvido pela rede de capilares sublingual, promovendo efeito sistêmico em curto intervalo de tempo. Essa é uma via de predileção, por exemplo, em tratamento de síndrome coronariana aguda associada à dor torácica.
Administração de medicação líquida sublingual.
É importante considerar que medicamentos de administração sublingual são identificados pelo fabricante na embalagem. Essa indicação deve ser respeitada e comprimidos sublinguais não devem ser administrados por outra via, como a via oral.
Vantagens
Facilidade de adesão à terapêutica, principalmente de pacientes com dificuldade de deglutição; absorção de forma rápida e impedimento da inativação do fármaco pelo suco gástrico.
Desvantagens
Sabor desagradável e poucos medicamentos são adequadamente absorvidos, além de ser contraindicado a pacientes inconscientes ou não cooperantes.
Via retal
Apresentação de medicação via retal: supositório.
A administração medicamentosa por via retal prevê a inserção do medicamento na ampola retal, de modo que apresente efeitos sistêmicos ou locais.
A apresentação do medicamento pode ser na forma líquida ou sólida, quando supositório, ou em pomada.
Forma correta de inserção do supositório.
Recomendação
Geralmente, medicamentos administrados por via retal são indicados aos pacientes com contraindicação da utilização da via oral e indisponibilidade de outra via, como em recém-nascidos, nos quais a rede venosa é limitada; ou a pacientes que necessitam de estímulo intestinal com vistas à evacuação, como em pacientes idosos, crianças e portadores de intestino neurogênico. Não obstante, o tratamento de patologias que afetam a região retal pode ser implementado por meio de medicamentos administrados por essa via, tais como hemorroida ou plicoma com sinais flogísticos. A via retal pode ainda ser utilizada para a inserção de fármacos, visando ao preparo do intestino para exames diagnósticos ou procedimentos cirúrgicos.
As contraindicações envolvem distúrbios do trato gastrointestinal, como sangramento retal, diarreia ou doenças inflamatórias intestinais e dores abdominais de causa desconhecida, pois o aumento da peristalse intestinal causada pela aplicação pode complicar quadros de apendicite. As desvantagens envolvem o constrangimento do paciente, a administração incompleta devido à dificuldade de administração (no caso de líquidos), o potencial risco de estímulo ao nervo vago e irritabilidade da mucosa anal.
O paciente deve ficar confortável, ter sua privacidade respeitada e ser colocado em decúbito lateral para facilitar a aplicação da medicação por via retal; ao administrar a medicação, converse com o paciente para que ele possa relaxar e não contrair o esfíncter, evitando, assim, lesões.
O vídeo abordará os principais cuidados que a equipe de enfermagem deve ter ao realizar a administração de medicamentos pela via enteral.
As vias parenterais são aquelas que utilizam agulhas e seringas para a administração de medicamentos. Os fármacos administrado por essas vias agem mais rapidamente que as vias enterais e apresentam maior biodisponibilidade. Chamamos, genericamente, os medicamentos administrados por essas vias de medicamentos injetáveis.
Antes de especificarmos cada uma das vias parenterais, vamos entender melhor as possíveis formas de apresentação para medicamentos injetáveis, bem como os acessórios utilizados e os cuidados a serem tomados durante a preparação e administração desse tipo de forma farmacêutica.
Tipos de frascos de medicamentos injetáveis
Ampolas
Ampolas de vidro.
São frascos de vidro, que trazem dose única de medicação, disponíveis de 1mL a 10mL. Têm uma área de reentrância, que é o gargalo, onde será realizada a abertura da ampola. Na parte superior, terá uma marcação de 1 ponto, indicando o ponto de pressão realizado pelo profissional para abrir a ampola, ou uma linha na reentrância que indica que pode ser quebrada em qualquer direção.
Confira a seguir o passo a passo de como se faz a abertura correta de ampolas.
Realizam-se pequenas batidas na ampola para retirar o líquido da porção superior.
Imagem: POTTER; PERRY. (2013, p. 642).
Coloca-se uma gaze logo acima do gargalo (topo) da ampola.
Imagem: POTTER; PERRY. (2013, p. 642).
Quebra-se a ampola e retira-se o gargalo de perto das mãos.
Imagem: POTTER; PERRY. (2013, p. 642).
Recomendação
Ao quebrar a ampola, observe se realizou uma quebra limpa. Se apresentar esmagamento do vidro, descarte o medicamento, por conter fragmentos de vidro, e pegue uma nova ampola.
Frascos
São recipientes que contêm uma ou mais doses do medicamento, com uma membrana de borracha na parte superior que veda o seu conteúdo e uma capa de metal que envolve essa membrana. Esses frascos podem conter líquidos ou a forma liofilizada do medicamento. Esse tipo de forma farmacêutica precisa ser diluído em água destilada ou soro fisiológico antes de ser administrado, sendo a quantidade de solução definida pelo fabricante. Além disso, é indispensável que realizemos a solubilização completa do medicamento liofilizado para que ele possa ser retirado do frasco com auxílio de seringa e agulha.
Frascos com membrana de borracha.
Medicamento que foi transformado em pó para garantir sua estabilidade.
Ao realizarmos a aspiração do conteúdo do frasco, uma vez que é um sistema fechado a vácuo, devemos injetar um pouco de ar com a agulha e seringa. Além disso, como esse frasco pode conter mais de uma dose do medicamento, devemos tomar cuidado ao manipular e perfurar a membrana de borracha, realizando a assepsia dela antes de qualquer aspiração.
O prazo de validade do medicamento com mais de uma dose, após aberto, deve ser respeitado. Ele é indicado pelo fabricante.
Dispositivos para administração de medicamentos injetáveis
Seringas
São tubos cilíndricos com uma ponta específica para encaixar no canhão da agulha e um êmbolo firme. Existem seringas de diferentes tamanhos que variam entre 0,5mL a 60mL, cada uma com sua função específica. Por exemplo, a seringa de 1mL é usada para aplicação mais conhecida como seringa de insulina, as de 3mL e 5mL para administração de medicamentos, a de 10mL e 20mL para realização de medicamentos que precisam ser diluídos e a de 60mL para alimentação por sonda. Esses dispositivos possuem gradação legível em toda a extensão do corpo e são descartáveis (uso único).
Saiba mais
A seringa de 1mL (de insulina) é graduada em 0,1mL cada marcação, correspondentes a 10UI, logo uma seringa completa tem 100UI. Nas demais seringas, a graduação é proporcional ao volume.
Vamos conhecer alguns tipos de seringa e suas divisões:
A - Seringa de 0,5mL; B - Seringa de 3mL; C - Seringa de tuberculina marcada em 0,1 (centésimos) para doses menores que 1mL; D - Seringa de insulina marcada em unidades (50).
Divisões de uma seringa.
Agulhas
As agulhas são dispositivos utilizados para as técnicas de administração de medicamentos parenterais e são descartáveis; elas são feitas de aço inoxidável e variam de comprimento e calibre, que deve ser avaliado antes da administração da medicação, conforme características físicas e idade do paciente e o tipo de solução que será injetado.
Na hora da administração da medicação IM, devemos observar o bisel e a posição da fibra muscular.
Conheça a seguir os tipos de agulha e suas divisões:
Tipos e tamanhos de agulhas.
Partes de uma agulha.
Utilizamos uma agulha para a aspiração do medicamento (geralmente a 40x12) e, em seguida, realizamos a troca por outra agulha para a administração do medicamento no paciente.
O quadro a seguir mostra informações relevantes para a escolha da agulha:
Espessura da tela subcutânea | Soluções aquosas | Soluções oleosas e suspensões | |
---|---|---|---|
Adulto |
• magro • normal • obeso |
• 25x6 ou 7 • 30x6 ou 7 • 40x6 ou 7 |
• 25x8 ou 9 • 30x8 ou 9 • 40x8 ou 9 |
Criança |
• magra • normal • obesa |
• 20x6 ou 7 • 25x6 ou 7 • 30x6 ou 7 |
• 20x8 • 25x8 • 30x8 |
Elaborado por Loreta Toffano.
Agora que você já conhece as formas de apresentação dos injetáveis e sabe como selecionar os acessórios adequados para o preparo e a administração desses injetáveis, vamos explorar os detalhes de cada uma das vias de administração.
Via intradérmica – ID
Formação da pápula após a administração da ID.
A via intradérmica consiste na aplicação de medicamentos na derme, geralmente utilizada para realizar testes alérgicos e aplicação de vacinas. Para ter certeza de que a técnica foi corretamente executada, precisamos confirmar se ocorreu a formação da pápula no local de administração da medicação.
Área de aplicação:
• face interna do antebraço; e
• região escapular.
Elevação da pele pelo acúmulo de líquido na derme, formando uma forma arredondada.
Para a realização da técnica ID, é necessária a utilização de agulhas de pequeno calibre, como as 13x4,5 e 13x3,5, e a seringa de 1mL, porém a capacidade máxima dessa via é de 0,5mL. A angulação da entrada da agulha deve ser de 15° em relação à pele, e o bisel da agulha deve ser introduzido com a abertura para cima.
As imagens a seguir demonstram uma profissional executando a técnica de administração da ID e a representação da administração da ID. Observe:
Foto da técnica de administração da ID – vacina de BCG.
Representação da administração da ID.
Via subcutânea – SC
A utilização da via subcutânea ou hipodérmica consiste na introdução do medicamento na região subcutânea, ou seja, no tecido celular subcutâneo, anterior à musculatura. Essa via de administração permite absorção lentificada do medicamento, de forma contínua e segura. É uma via de predileção para administração de determinados medicamentos, como heparina, insulina e algumas vacinas.
Conheça os locais onde pode ser realizada a SC:
Locais onde pode ser realizada a SC.
O volume máximo a ser administrado é de 1,5mL; levando em consideração a área corporal a ser administrada, os locais mais adequados para aplicação são aqueles afastados das articulações, nervos e grandes vasos sanguíneos, tais como:
• parte externa e interna superior dos braços;
• região escapular;
• face lateral externa e frontal da coxa;
• região gástrica e abdome (periumbilical), exceto a linha da cintura e da pelve;
e
• glúteos.
Para tanto, é necessário utilizar uma agulha que comporte administração hipodérmica e uma seringa preenchida com o medicamento.
Antes da administração do medicamento, a angulação da agulha e o tipo de agulha devem ser considerados; quando utilizada a agulha 13x4,5, específica para administração hipodérmica, deve ser feita em ângulo de 90°.
Observe, nas imagens a seguir, demonstrações da técnica SC:Foto da realização da técnica.
Demonstração da técnica SC.
Conheça agora suas vantagens e desvantagens:
Vantagem
Fácil administração, permitindo autoadministração do paciente.
Desvantagem
Podem ocorrer hematomas por atingir algum vaso no trajeto da agulha.
Por ser um procedimento invasivo, é necessário treinamento do profissional ou paciente.
Via intramuscular – IM
Injeção intramuscular.
A administração intramuscular consiste na administração do medicamento no tecido muscular. Essa via de administração é a segunda via mais rápida a respeito da absorção de medicamentos, sendo, por isso, a mais usada para administração de determinados medicamentos, como antibióticos, antieméticos e vacinas.
Os locais de aplicação são variados, dentre eles os músculos: deltoide, dorso glúteo, face anterolateral da coxa e ventroglúteo, conforme descrito a seguir.
As agulhas deverão ter comprimento e largura que comportem a administração intramuscular. Precisamos avaliar o local, o biótipo do paciente, a idade e o tipo de solução que será administrado, evitando lesões e traumas e diminuindo a dor durante a aplicação.
Antes da administração, devemos realizar apenas a limpeza da pele com algodão seco, escolher a área de acordo com o tipo e volume de medicação, inserir a agulha em ângulo de 90° perpendicular à pele, não entrando com toda a agulha, prestar atenção na forma da fibra muscular para inserção do bisel da agulha lateralizado a essa fibra (com isso afastaremos a fibra e não a cortaremos, diminuindo a dor durante a administração). A posição do paciente também é muito importante, pois se ele estiver mal posicionado, irá contrair a musculatura e irá fazer com que doa mais, podendo haver sangramento.
Antes da administração da medicação, com a agulha introduzida no músculo, devemos aspirar com a seringa, para ter certeza de que está no músculo, e não em um vaso sanguíneo. Se houver sangue na aspiração, devemos retirar a agulha, preparar nova medicação e administrá-la em outra musculatura.
Atenção!
A escolha do local para a aplicação é muito importante, por isso, precisamos levar em consideração os seguintes aspectos:
• distância em relação a vasos e nervos importantes;
• musculatura suficientemente grande para absorver o medicamento;
• espessura do tecido adiposo;
• idade do paciente;
• irritabilidade da droga;
• atividade do paciente; e
• volume do medicamento.
Vejamos as especificidades da administração medicamentosa nesses locais:
Deltoide -D
O músculo deltoide comporta a administração de medicamentos em menor volume, abaixo de 3mL. Para a correta administração, imagine um triangulo invertido a partir do acrômio do úmero e insira a agulha na parte medial (centro) do triângulo. Devemos ter uma medida de 4 dedos deitados abaixo do acrômio para o local de inserção correto da agulha.
Em pacientes que sofreram mastectomia com esvaziamento axilar, evite fazer a IM no lado que foi operado, por conta de a rede linfática ter sido retirada, podendo causar complicações.
Aplicação de injeção intramuscular.
Aplicação de injeção intramuscular.
Ventro-glúteo – VG
Técnica da IM em região VG.
Musculatura afastada de vasos sanguíneos calibrosos e terminações nervosas, volume máximo de 5mL, mesmo sendo uma região ampla e segura para a IM, é pouco utilizada por necessitar de conhecimento técnico e anatômico para realizá-la.
Para realizá-la, é necessário que você coloque o paciente em decúbito lateral, com as pernas dobradas, posicione a palma da sua mão sobre o trocânter maior do quadril do paciente, aponte o polegar para a região da virilha e os demais dedos para trás da crista ilíaca, formando um V, que será o local de inserção da agulha. Recomendamos que a agulha seja dirigida ligeiramente à crista ilíaca.
Técnica da IM em região VG.
Técnica da IM em região VG.
Dorso-glúteo – DG
Local correto da IM na região DG.
O músculo glúteo externo comporta a administração de altos volumes ou medicamentos mais densos, como a penicilina benzatina. Para melhor prática na administração medicamentosa, é a região que tolera o maior volume, no máximo de 5mL.
Para administrar o medicamento corretamente nesta região, deve-se desenhar uma linha imaginária que vai do final do sacro em direção à pelve e uma linha que divide o glúteo em direito e esquerdo, inserindo a agulha no quadrante superior externo.
Recomendação
Em crianças menores de 2 anos, não realizar a IM em região DG, pois anatomicamente o nervo ciático não está ainda alinhado, podendo, assim, ser atingido durante a administração, o que levaria à lesão do nervo e paralisia do membro inferior do lado que foi administrada a medicação.
Face ântero-lateral da coxa – FALC
O músculo vasto lateral é amplamente utilizado na pediatria, por ser um local de fácil acesso e menor risco. O volume a ser administrado nesse músculo é de até 3mL e, para melhor administração, devemos inserir a agulha no terço médio lateral da coxa.
Musculatura do vasto lateral e administração de IM.
Musculatura do vasto lateral e administração de IM.
O ângulo da agulha deve ser de 45o em direção ao pé, ou de 90º, dependendo da musculatura, da idade, do tecido adiposo e do tamanho da agulha, com o bisel lateralizado para afastar a musculatura.
Ângulos de inclinação da agulha para cada técnica parenteral.
Via de administração intravenosa – IV – ou endovenosa – EV
A utilização da via intravenosa, que consiste na inserção do medicamento dentro da corrente sanguínea e, portanto, dispensa a fase de absorção medicamentosa, demanda diversos conhecimentos do enfermeiro. Por isso, o profissional de enfermagem deve ter conhecimento da anatomia venosa antes de realizar a punção.
Locais mais comuns para punção venosa:
• Dorso da mão: veias metacarpianas palmares;
• Lateral entre a mão e o antebraço: veia radial e ulnar;
• Antebraço: veias basílica e cefálica;
• Fossa cubital: veia intermédia do cotovelo, intermédia do antebraço, veia cefálica
e
basílica; e
• Membros inferiores: veia safena magna e parva.
Principais locais dos vasos para punção venosa.
Acesso venoso periférico em dorso da mão.
Vias de acesso especiais para administração de medicamentos parenterais
Temos algumas vias de administração parenterais mais específicas e que são menos utilizadas. São elas:
Utilizada em grandes traumas, quando o medicamento e a solução são administrados dentro da medula óssea dos ossos longos (ex.: fêmur) e quando não há possibilidade de outro acesso. Nesse caso, devemos ter treinamento específico para realizar essa punção.
Utilizada quando há a necessidade de administrar medicações no espaço articular, como infiltrações. Nesse caso, precisamos usar agulhas mais longas e calibrosas e seringa, além de termos treinamento específico.
Via de acesso utilizada em recém-nascidos, em que se realiza punção na veia umbilical do cordão, com cateter específico. Puncionado logo após o nascimento, o prazo para permanência do cateter é de 5 dias. O profissional para realizá-la deve ter treinamento específico e conhecimento de anatomia.
É a união de uma artéria a uma veia, a fim de que a parede vascular fique mais firme e calibrosa, para a realização da punção mais calibrosa para a hemodiálise, feita apenas pelo cirurgião vascular.
Administração de injeção intra-articular.
Passagem do cateter umbilical.
União de uma artéria a uma veia
Esquema da fístula arteriovenosa.
No vídeo, a especialista apresentará as técnicas e estratégias utilizadas durante a administração da injeção intramuscular que minimizam a dor e o trauma no paciente.
Antes da administração das medicações endovenosas, temos que compreender alguns conceitos sobre os equipamentos necessários para a realização do procedimento.
Equipamentos do sistema de infusão.
O sistema de infusão consiste nos dispositivos de inserção periféricos ou centrais, equipo e conectores, que se conectam às bolsas de soluções.
Todo sistema de infusão e acessórios devem estar de acordo com o procedimento estabelecido, segundo as instruções de uso do fabricante.
Além disso, todas as suas partes devem ser compatíveis, a fim de garantir a segurança das conexões.
Dispositivos de inserção periféricos
São inseridos dentro da rede venosa periférica (superficial) do paciente. São eles:
O cateter tem agulha fixa, que ficará dentro da
veia
durante toda a terapia medicamentosa. É utilizado para infusão de
medicações
por curto espaço de tempo. Possui diversos tamanhos e calibres que devem
ser
avaliados de acordo com a idade do paciente, avaliação prévia das redes
venosas e tipo de infusão, de modo que, quanto maior o número, maior o
calibre. Ex.: Scalps.
Scalp tipo borboleta.
O cateter apresenta um guia de metal, que após a
punção será removido, ficando o cateter de teflon maleável que permanece
dentro do vaso durante a terapia medicamentosa mais prolongada; deve ser
trocado entre 72 horas e 96 horas conforme protocolo da instituição de
saúde, ou quando obstruído ou perdido o acesso.
Demonstração de uma punção venosa com Jelco/Abocath em veia da fossa cubital.
A seguir, veremos a classificação do cateter agulhado:
Tamanho | Cor | Indicação |
---|---|---|
19G | Bege |
• veias mais calibrosas; • infusão de grande volume; e • uso em adultos. |
21G | Verde |
• veias de calibre mediado; • coletas de sangue; • infusões de medicações; e • uso em adultos, idosos e adolescentes. |
23G | Azul |
• veias de calibre mediado; • infusão de medicações; • coletas de sangue; e • uso em adultos, idosos e adolescentes |
25G | Laranja |
• veias de pequeno calibre; • utilizado em crianças e recém-nascidos; e • infusão de pequeno volume. |
27G | Cinza |
• veias de pequeno calibre; • utilizado em crianças e recém-nascidos; e • infusão de pequeno volume. |
Elaborado por Loreta Toffano.
Vejamos, a seguir, a classificação do cateter sobre agulha:
Tamanho | Cor | Indicação |
---|---|---|
14 | Laranja |
• veias mais calibrosas; • infusão de grande volume; • uso em adultos e adolescentes; e • administração de hemoderivados. |
16 | Cinza |
• veias mais calibrosas; • infusões de medicações; • uso em adultos e adolescentes; e • administração de hemoderivados. |
18 | Verde |
• veias mais calibrosas; • infusões de medicações; • uso em adultos, crianças, adolescentes e idosos; e • administração de hemoderivados. |
20 | Rosa |
• veias de calibre mediano; • infusão de medicações; • uso em adultos, crianças, adolescentes e idosos; e • mais utilizado em cirurgias. |
22 | Azul |
• veias de pequeno calibre; • utilizado em crianças e recém-nascidos; e • infusão de pequeno volume. |
24 | Amarelo |
• veias de pequeno calibre; • utilizado em recém-nascidos; e • infusão de pequeno volume. |
Elaborado por Loreta Toffano.
Bolsa e frasco de solução
As bolsas e os frascos para infusão, preferencialmente, devem ser confeccionados de material flexível, transparente, que permita o escoamento total da solução, sem necessidade de desconexão do sistema. Devem possuir dados de identificação do produto (nome, data de fabricação, validade, lote), dispositivo de sistema fechado para adição de medicamentos, além de ser de fácil manuseio, livre de látex e autosselável.
Observe as imagens:
Exemplo de bolsas de solução.
Saída da bolsa de soro sendo conectada ao equipo de soro.
Alguns medicamentos são fotossensíveis; para essas situações deve-se proteger a bolsa de infusão da luz, com uma capa específica.
Sensíveis à luz, perdendo a ação do medicamento.
Equipos
Apresentação de um equipo simples.
Os equipos simples devem apresentar, na porção proximal, um adaptador na forma pontiaguda para conexão com bolsas e frascos de soluções com protetor e uma câmara gotejadora transparente. O tubo extensor confeccionado em PVC ou polietileno deve ser transparente, translúcido e flexível. Para administração de medicamentos fotossensíveis, o equipo deve ser de coloração âmbar, deve apresentar pinça tipo rolete para controle efetivo do gotejamento e interrupção total da infusão, sem danos ao tubo extensor.
O injetor lateral, confeccionado de material autosselável isento de látex, se utilizado, deve ser destinado a conexões apenas sem agulhas (sistema luer lock). Na porção distal do equipo, contamos com a presença de um filtro na tampa protetora da porção distal do equipo, para eliminação do ar durante o preenchimento do tubo extensor, mantendo o sistema fechado.
É importante destacar que o equipo deve ser trocado periodicamente, dependendo do tipo de infusão. O quadro seguinte apresenta algumas condições nas quais a troca do equipo é requerida:
Tipo de infusão | Intervalo ou condição para troca do equipo |
---|---|
Infusões contínuas | 72 horas |
Infusões intermitentes | 24 horas |
Emulsões lipídicas e nutrição parenteral | A cada troca de frasco |
Hemocomponentes | A cada bolsa infundida |
Extraído de COREN-SP - Parecer nº 015/2010.
O sistema de infusão deve ser trocado na suspeita de infecção primária de corrente sanguínea.
Equipo com válvula (respirador) lateral.
Um equipo graduado deve sempre apresentar um tubo extensor proximal conectado à bolsa e ao frasco de solução; além de transparente e flexível, também deve ter um adaptador perfurante para conexão entre bolsa e frasco de solução com protetor; e apresentar câmara graduada de corpo rígido, transparente, graduada em mililitro, com filtro de 0,22 micras e injetor autosselável, livre de látex.
Equipo graduado (bureta).
Conectores
Todos os conectores dos sistemas de infusão devem ser de material transparente, capazes de fazer a ligação entre as diversas partes do sistema com o objetivo de manter o circuito fechado, sem contaminação. As saídas laterais que eles possuem devem ter sistemas de vedação e, antes de serem utilizados, devemos realizar a assepsia com álcool a 70%, realizando fricção por 3 vezes no local. Todos serão trocados quando forem trocados os equipos, ou na presença de obstrução.
As dânulas (torneirinhas) devem ter sistema indicativo para o sentido do fluxo e ser de fácil manuseio.
As entradas das dânulas devem ser recobertas com tampas estéreis, e estas devem ser trocadas a cada uso.
Conectores multivias (polifix) podem ser tipo em “Y” ou com uma dânula na porção distal, contendo o conector sem agulha e devendo possuir sistema de conexão luer lock para adaptação segura nos cateteres ou extensores.
Manutenção do acesso venoso periférico
A manutenção do acesso venoso periférico passa pela avaliação constante do sítio de inserção, estabilização adequada do cateter, manipulação livre de danos e administração medicamentosa propriamente dita.
Estabilizar o cateter significa preservar a integridade do acesso, prevenir o deslocamento do dispositivo e sua perda. Essa estabilização deve ser realizada utilizando técnica asséptica. As fitas adesivas não estéreis (esparadrapo comum e fitas do tipo microporosa não estéreis, como micropore) não devem ser utilizadas para estabilização ou coberturas de cateteres. Existem mecanismos de estabilização integrados, combinados com um curativo de poliuretano com bordas reforçadas ou um cateter periférico tradicional combinados a um dispositivo adesivo específico para estabilização.
Punção imobilizada em região dorsal da mão em criança.
Atenção!
As veias de membros inferiores não devem ser utilizadas a menos que seja absolutamente necessário, em virtude do risco de embolias e tromboflebites.
Para pacientes pediátricos, selecione o vaso com maior probabilidade de duração de toda a terapia prescrita, considerando as veias da mão, do antebraço e braço (região abaixo da axila), e deve-se realizar fixação e imobilização do membro puncionado. Evite a área anticubital.
No vídeo, serão apresentadas as medidas de biossegurança no preparo das medicações.
O cálculo de medicamentos é fundamental para a administração de medicamentos, isso porque, para a correta execução da terapêutica prescrita, é preciso adequar a apresentação do medicamento.
Nesse sentido, conhecimentos básicos sobre matemática e sua aplicabilidade são fundamentais para ajustar a dose adequada e implementar uma assistência. A seguir, discorreremos sobre os cálculos matemáticos que ajudam a desvendar as respostas desejadas.
O sistema métrico decimal e de tempo utilizado em hospitais tem como unidades básicas o metro (m), o litro (L), o grama (g) e o segundo (s).
O litro (L) é a unidade básica de volume.
Unidades de volume: 1000L.
Unidades de volume: 1cc ou cm³ (centímetros cúbicos).
Unidades de volume: 1dL = 0,01L.
Unidades de volume: 0,1L.
Unidades de volume: 3 microgotas.
O grama (g) é a unidade básica de massa. A seguir, as principais correlações entre as unidades de massa:
Unidade de massa: 1000 gramas (g).
Unidade de massa: 1000 miligramas (mg).
Unidade de massa: 1000 microgramas (µg ou mcg).
Unidade de massa: 0,1 grama (g).
O segundo (s) é a unidade básica de tempo. É comum para relacionarmos as medidas de volume com tempo. Veja a seguir algumas dessas unidades:
É equivalente a 1mL/h.
Corresponde a mcg/min.
Razão, proporção, regra de três e porcentagem
Razão
Chamamos de razão o quociente entre números, por exemplo: 2/12 ou 2:12. Essa operação é empregada para que quantidades sejam comparadas. Para que você entenda melhor, veja o exemplo a seguir.
Em um hospital, existem 30 leitos de UTI adulta e 15 leitos de UTI pediátrica. Se compararmos essas quantidades por meio de uma divisão (30/15 = 2; 30:15 = 2), significa que para cada 2 leitos da UTI pediátrica existe 1 leito de UTI adulta.
Proporção
A proporção é a igualdade entre duas razões, por exemplo: $$ \frac{24}{4}=\frac{12}{2} $$
Ou seja, o resultado da divisão entre essas razões é igual. Veja como esse conceito se aplica:
Se 4 frascos de um medicamento são suficientes para 5 doses, isso é igual, em termos de razão, a dizer que precisaremos de 8 frascos para que 10 doses sejam administradas.
Regra de três
A regra de três é uma relação entre grandezas proporcionais quando uma das razões não está completa. Ela ocorre quando se está trabalhando com duas informações distintas, que utilizam grandezas: tamanho, volume, preço etc.
Pode ser classificada de duas formas:
Direta
Implica aumento conjunto dos fatores, ou seja, ao aumentar um fator, aumenta também o outro.
Indireta ou inversa
Implica uma relação inversa dos fatores, ou seja, ao aumentar um fator, o outro diminui.
Cabe reforçar que, na prática profissional da enfermagem, a regra de três direta é a forma mais utilizada.
Para entender melhor, veja o exemplo:
Uma ampola de metoclopramida contém 2mL. Quantos mL temos em 5 ampolas?
O cálculo é realizado alinhando grandezas iguais (ampola abaixo de ampola, mL abaixo de mL, neste caso). Na primeira linha, é inserido o que já obtemos como parâmetro para a comparação. A seguir, na segunda linha, inserimos o que queremos descobrir.
$$ \begin{gathered} 1 \text { ampola } - 2 \mathrm{mL} \\ 5 \text { ampolas }-\mathrm{x}~ \mathrm{mL} \\ \mathrm{x}=5.2=10 \mathrm{mL} \end{gathered} $$
Porcentagem
A porcentagem significa “partes de cem”. É representada pelo símbolo % (por cento). Quando se descreve que um paciente teve 18% da área corporal queimada, compreende-se que a área total de pele da superfície corporal é igual a 100 e, portanto, esse paciente teve 18 partes de um total de 100 da sua pele queimada.
Podemos utilizar diversas formas de descrição numérica para a porcentagem, tais como: 18%, 18/100 e 0,18.
Um paciente apresentou agitação psicomotora no momento da administração medicamentosa. O técnico de enfermagem aproximou-se do leito e observou que 80% do medicamento já havia sido administrado. Sabendo que o volume total do medicamento é de 100mL, qual volume que resta da solução medicamentosa?
$$100 \mathrm{mL}-100 \%$$ (dado que possuo) x mL $$-80 \%$$ (quantidade administrada)
$$ \begin{gathered} 100 \mathrm{x}=100.80 \\ 100 \mathrm{x}=8000 \\ \mathrm{x}=\frac{8000}{100}=80 \mathrm{mL} \end{gathered} $$
O volume infundido do medicamento é igual a 80mL, porém a pergunta questiona qual o volume que resta na solução. Para isso, basta subtrairmos os dados.
100mL (volume total do medicamento) - 80mL (volume administrado) = 20mL.
O volume que resta na solução medicamentosa não infundida é igual a 20mL.
Sistema caseiro x sistema métrico
O sistema caseiro não é muito preciso e, por isso, está caindo em desuso. É interessante entendermos a sua relação com o sistema métrico. Vejamos:
Sistema caseiro | Sistema métrico |
---|---|
20 gotas | 1mL ou cc (cm³) |
60 microgotas | 1mL |
1 colher de sopa | 15mL ou 15g |
1 colher de sobremesa | 10mL ou 10g |
1 colher de chá | 5mL ou 5g |
1 colher de café | 2/3mL ou 2/3g |
Quadro: Medidas de volume e massa.
Elaborado por Loreta Toffano.
Cálculos de soluções terapêuticas
Em muitos casos, antes de serem administrados, os medicamentos precisam ser transformados ou diluídos em uma solução.
Mas o que é uma solução?
Chamamos de solução uma mistura homogênea constituída de um soluto (nesse caso, o medicamento) e um solvente (água e soluções).
Vamos conhecer os tipos de soluções injetáveis?

Soro fisiológico a 0,9%
SF 0,9% – solução conhecida como cloreto de sódio a 0,9%, sendo a mais utilizada na saúde.

Soro glicosado a 5%
SG 5% – é uma solução muito utilizada para repor nível de glicose no paciente.

Ringer lactato
Sua composição é rica em substâncias como sódio, potássio, cloreto e cálcio, e é muito utilizada para reidratação do paciente.

Água destilada
Para injeções.
Como saber qual quantidade de medicamento e de solvente usar?
Para determinarmos, de maneira correta, a quantidade de medicamento e de solvente a serem utilizados, precisamos realizar alguns cálculos.
O primeiro passo para se preparar a solução de um medicamento é ler o rótulo do medicamento e observar com atenção a quantidade e a forma de apresentação do soluto. Em seguida, devemos ler com atenção a posologia descrita na prescrição médica e compará-la aos dados contidos no rótulo por regra de três.
Veja os exemplos a seguir:
Em uma prescrição, é prevista a administração de 0,25mg de atropina intramuscular (IM). Temos disponíveis ampolas de 0,5mg/2mL. Qual será a quantidade que deve ser aspirada da ampola?
Visto que cada ampola contém 0,5mg a cada 2mL, podemos prever o volume a ser aspirado com a seguinte relação:
2mL de solução -0,5mg de atropina
x mL de solução -0,25mg de atropina
$$ \begin{gathered} 0,5 \cdot x=2 \cdot 0,25 \\ x=\frac{2 \cdot 0,25}{0,5}=1 \mathrm{mL} \end{gathered} $$
Na enfermaria, há frascos de Cefazolina sódica de 1g. A diluição deverá ser realizada em um volume de 5mL de solvente, obtendo uma solução final de 5mL. Para compreender quanto de Cefazolina há em cada mL da solução final, deve-se seguir o seguinte cálculo:
Inicialmente, realizamos a conversão de grama para miligrama 1g = 1000mg
Posteriormente, aplicamos a regra de três.
$$ \begin{gathered} 1000 \mathrm{mg}-5 \mathrm{mL} \\ x~ \mathrm{mg}-1 \mathrm{mL} \\ 5 \mathrm{x}=1000 \\ \mathrm{x}=\frac{1000}{5}=200 \mathrm{mg} \end{gathered} $$
O resultado demonstra que cada mL da solução contém 200mg de Cefazolina.
Saiba mais
A penicilina cristalina, antibiótico de largo espectro da classe dos beta-lactâmicos, tem sua diluição (reconstituição) diferenciada dos demais medicamentos. Devemos considerar 2mL para cada 5.000 UI do medicamento além do volume injetado no interior do frasco. Dessa forma, considera-se que ao inserirmos 8mL de água destilada em um frasco-ampola de 5.000 UI, a solução final conta com 10mL. No frasco-ampola com 10.000 UI de penicilina cristalina, recomenda-se a inserção de 6mL de solvente.
Gotejamento
O cálculo de gotejamento nada mais é do que a verificação de quantas gotas ou microgotas devem ser dispendidas da solução final por minuto para que se consiga cumprir a prescrição medicamentosa no intervalo de tempo prescrito.
nº de gotas/minutos = V/T x 3
V = volume em mL
T = tempo em horas
3 = constante
nº de microgotas = nº de gotas x 3
Atenção!
Quando não chegarmos a encontrar valores precisos, devemos realizar a regra de aproximação de valores, abaixo de “,5” arredondar para baixo, e acima de “,5” arredondar para cima.
Bomba infusora
Bomba infusora.
É um equipamento utilizado para administrar soluções ou alimentação com a máxima precisão, infusão contínua e com alarmes de interrupção de fluxo. Existem diversos tipos e modelos de bombas de infusão que vão variar de acordo com volume, tipo de solução a ser administrado e local de administração. Para a utilização dessa bomba, além dela, tem que ser utilizado um equipo específico para a bomba.
Transformação de soluções
A utilização de uma solução na prática clínica da enfermagem tem algumas finalidades, como hidratação venosa, realização de curativos, solvente de medicações (ampolas), compressas de natureza diversa, entre outras.
Algumas propriedades são inerentes às soluções, sendo uma muito importante para a classificação desses solventes, que é a osmolaridade. Nesse contexto, podemos classificar as soluções em:
Solução isotônica
A concentração é igual ou próxima à do plasma sanguíneo.
Solução hipertônica
A concentração é maior que a do plasma sanguíneo.
Solução hipotônica
A concentração é menor que a do plasma sanguíneo.
Tais soluções são passíveis de modificação da concentração inicial, por meio da manipulação pela equipe de saúde. Entretanto, para tal feito, é necessário compreender os princípios matemáticos envolvidos na transformação da solução. Dessa forma, aumentamos ou diminuímos a concentração das soluções, conforme evidenciado a seguir.
Cálculo de diluição de soluções
Chamamos de diluição o procedimento pelo qual preparamos uma solução menos concentrada a partir da adição de solvente a determinada quantidade de uma solução mais concentrada.
Podemos obter uma solução diluída a partir de duas maneiras. Acompanhe a seguir.
Mistura de soluções com mesmo soluto
Nesse caso, a concentração desejada é resultado da mistura de duas soluções que possuem o mesmo soluto e concentrações diferentes. Para esse cálculo, usamos a seguinte fórmula:
• C - concentração desejada
• V - volume desejado
• C2 - concentração complementar
• C1 - concentração disponível
• V1 - volume disponível
• V2 - volume complementar
Para:
• C3 - concentração final desejada
• V3 - volume final desejado
• C1 - concentração disponível
• V1 - volume disponível
• C2 - concentração complementar
• V2 - volume complementar
Prescrição médica: 500mL de soro glicosado a 10%; no estoque, há 500mL de soro glicosado a 5% e 5 ampolas de 20mL de glicose a 50%.
Resolução:
C3 = 10% = 0,1
V3 = 500mL
C1 = 5% = 0,05
V1 = (500-V2)
C2 = 50% = 0,5
V2 = V2
$$ \begin{gathered} C 3 . V 3=C 1 . V 1+C 2 . V 2 \\ 0,1 \times 500=[0,05 \times(500-V 2)]+0,5 \mathrm{~V} 2 \\ 50=25-0,05 \mathrm{~V} 2+0,5 \mathrm{~V} 2 \\ 50-25=0,5 \mathrm{~V} 2-0,05 \mathrm{~V} 2 \\ V 2=\frac{25}{0,45}=55,6 \mathrm{~mL} \mid \end{gathered} $$
Ou seja, para obter uma solução de glicose a 10%, precisamos primeiramente retirar 55,6mL do frasco de 500mL da bolsa mais diluída e, em seguida, adicionar 55,6mL da solução de 50% à bolsa (serão necessárias 3 ampolas). Dessa forma, teremos uma bolsa de 500mL com a concentração desejada.
Diluição simples
Na diluição simples, é necessário que combinemos a amostra mais concentrada com determinado volume de solvente suficiente para se alcançar a concentração da solução diluída desejada. Para isso, utilizamos a seguinte fórmula:
• C1 - concentração da solução mais concentrada
• V1 - volume da solução mais concentrada
• C2 - concentração da solução mais diluída (solução desejada)
• V2 - volume final da solução mais diluída
Qual volume de uma solução a 50% de glicose é necessário para preparar 60mL de solução de glicose a 30%.
Nesse caso:
• C1 = 50%
• V1 = ?
• C2 = 30%
• V2 = 60mL
$$ \begin{gathered} C 1 . V 1=C 2 . V 2 \\ 50 . V 1=30.60 \\ V 1=\frac{30.60}{50}=36 \mathrm{mL} \end{gathered} $$
Ou seja, para preparar 60mL de solução de glicose a 30%, a partir de uma solução de glicose a 50%, devem ser misturados 36mL da solução a 50% com quantidade de solvente suficiente para 60mL.
Aumentando a concentração de uma solução:
Inicialmente, precisamos retomar alguns conceitos básicos, lembrando a quantidade de soluto disposto em um solvente a partir da concentração final, destacado a seguir.
Solução glicosada a 5%
Tem 5g em 100mL.
Solução glicosada a 10%
Tem 10g em 100mL.
Solução glicosada a 15%
Tem 15g em 100mL.
Solução fisiológica a 0,9%
Tem 0,9g em 100mL.
Portanto, o passo inicial para aumentar a concentração de uma solução é identificar qual a concentração do soro prescrito e qual a concentração da solução disponível para a conversão. É a mesma ideia de quando falamos em duas soluções de mesmo soluto e concentrações diferentes.
Prescrito solução fisiológica a 7,5% em 500mL. Na unidade, encontramos disponível frascos de solução fisiológica a 0,9% de 500mL e ampolas de 10mL de NaCl a 20%. Como realizar a transformação da solução?
Vamos começar utilizando a fórmula que vimos para tratar de mistura de soluções com mesmo soluto:
$$ C 3 . V 3=C 1 . V 1+C 2 . V 2 $$
Onde:
C3 = 7,5% = 0,075
V3 = 500mL
C1 = 0,9% = 0,009
V1 = (500-V2)
C2 = 20% = 0,2
V2 = volume que precisaremos utilizar da solução mais concentrada.
Logo,
0,075×500=0,009×(500-V2)+0,2×V2
37,5=4,5-0,009V2+0,2V2
37,5-4,5=0,2V2-0,009V2
V2=172,8mL
V2 corresponde ao volume de solução de NaCl a 20% que precisaremos utilizar. No entanto, precisamos atentar para a capacidade total do frasco de solução, que descreve 500mL Portanto, precisamos retirar o volume de 172,8mL de solução fisiológica 0,9% do frasco de 500mL para que ele comporte mais 172,8mL da solução concentrada de cloreto de sódio a 20%.
Para saber quantas ampolas precisaremos, devemos fazer a seguinte regra de três:
$$ \begin{gathered} 1 \text { ampola }-10 \mathrm{mL} \\ x \text { ampolas }-172,8 \mathrm{mL} \\ x=17,28 \text { ampolas } \end{gathered} $$
Ou seja, precisaremos de 18 ampolas. 17 delas serão usadas integralmente (170mL) e precisaremos ainda de 2,8mL da 18ª ampola.
Precisamos nos atentar para a capacidade total do frasco de solução, que descreve 500mL. Portanto, precisamos retirar o volume de 165mL de solução fisiológica 0,9% do frasco de 500mL para que ele comporte mais 165mL da solução concentrada de cloreto de sódio a 20%.
No vídeo a seguir, debateremos a respeito da importância do cálculo correto durante a preparação do medicamento, por meio de exemplos de operações matemáticas que são realizadas durante o preparo dos medicamentos.
Como vimos durante o estudo dos 4 módulos, a administração de medicamentos é um procedimento que exige do profissional de enfermagem muito conhecimento técnico-científico e prática, tudo isso com o objetivo maior de prestar a assistência ao paciente de forma segura e qualificada. Cada etapa do processo de preparo de medicação deve ser executada de forma precisa e com a atenção redobrada, evitando-se erros nesse processo que podem levar não só à não obtenção do objetivo da terapia, mas também ao agravamento do quadro de saúde ou, em alguns casos, a óbito.
A equipe de enfermagem é a última barreira capaz de bloquear o erro em administração e, portanto, é importante a compreensão das formas de administrar essa medicação bem como o conhecimento das vias disponíveis. A ação do medicamento, a dosagem e, principalmente, o conhecimento do paciente que está sendo atendido devem permear suas atividades assistenciais.
Para concluir este estudo, o podcast discutirá sobre os riscos que algumas medicações têm de gerar lesões vasculares.