Objetivos
Principais afecções cutâneas
Reconhecer os conceitos das principais afecções dermatológicas no que se refere às alterações no tecido cutâneo.
Dermatites, dermatoelioses, tricoses e onicoses
Reconhecer as dermatites e as dermatoelioses, bem como as tricoses e as onicoses.
Neoplasias cutâneas
Reconhecer as principais características clínicas e a classificação das neoplasias cutâneas.
Neste conteúdo, aprenderemos a identificar as principais afecções da pele, que, como maior órgão do corpo humano, apresenta como principais funções a proteção e a termorregulação imunológica, de percepção e secretória. É por isso que, a depender de cada estímulo recebido, a pele apresenta respostas e alterações específicas.
Veremos que esse é o órgão mais sujeito a afecções, pois está constantemente exposto ao meio ambiente e, por conseguinte, às alterações patológicas relacionadas aos hábitos de vida e ao envelhecimento. Logo, é imprescindível que os profissionais envolvidos no campo do embelezamento e da saúde estética estejam habilitados a reconhecer alterações precoces com segurança.
É fundamental que o profissional da área saúde estética conheça a fisiologia e a fisiopatologia do sistema cutâneo para que possa desenvolver habilidades específicas e refletir quanto à multiplicidade de fatores que incidem diretamente na resposta e na alteração da pele. Desse modo, esse profissional poderá traçar um plano terapêutico pautado no conhecimento científico e de acordo com a especificidade de cada indivíduo e sua pele.
O que são?
As lesões elementares cutâneas, também conhecidas como afecções dermatológicas, são alterações na superfície da pele causadas por estímulos físicos, químicos, psíquicos e imunológicos por vezes desconhecidos que podem ter etiologia relacionada a fatores locais ou sistêmicos, tais como: processos inflamatórios, metabólicos, genéticos, degenerativos e neoplásicos.
As lesões elementares são classificadas de acordo com os seguintes grupos:
Vamos conhecer um pouco mais a respeito de cada grupo?
Alterações de cor
As máculas ou manchas são alterações de coloração da pele sem modificação de relevo ou consistência que podem ser de base vásculo-sanguínea (relacionada a alterações de vaso sanguíneo) ou pigmentar (relacionada ao depósito de melanina no tecido cutâneo).
As máculas ou manchas de origem vásculo-sanguínea são alterações de coloração da pele decorrentes de vasodilatação (aumento do vaso sanguíneo), vasoconstricção (diminuição do vaso sanguíneo) ou extravasamento de hemácias do vaso sanguíneo para a superfície da pele.
Veja alguns tipos:
Eritema
Mancha de coloração vermelha, apresenta vasodilatação de capilares que desaparece à digitopressão (técnica de palpação utilizada aplicando leve pressão sobre a superfície da lesão com a polpa digital do dedo polegar ou indicador), podendo apresentar tonalidade e formato variados. Veja a imagem acima de um eritema palmar.
Púrpura
Mancha de coloração vermelho-violácea que não desaparece à digitopressão, o que representa o extravasamento de hemácias na derme. É apresentada na epiderme por meio da equimose (maior do que 1 cm) ou das petéquias (menor do que 1 cm).
Telangiectasia
Mancha vascular filamentar e tortuosa, apresenta-se como vasos sanguíneos de pequeno calibre conhecidos popularmente como “vasinhos”. Aparece com maior frequência no nariz e nos lábios, podendo ser de origem congênita (presente no indivíduo desde o nascimento) ou adquirida (surge devido ao envelhecimento, à exposição solar e à gestação, entre outros fatores).
Mancha angiomatosa
Mancha de coloração vermelha e plana relacionada à neoformação vascular (formação de novos vasos sanguíneos) na derme. Ela regride à digitopressão.
Mancha anêmica
Mancha de coloração permanente relacionada à diminuição ou à ausência de rede vascular, sendo delimitada.
Em tempos de pandemia relacionada à covid-19, as publicações científicas do tipo relato de caso têm descrito uma série de casos sugerindo o aparecimento de exantema, petéquias, pápulas eritematosas e vesículas distribuídas principalmente no tronco como manifestações cutâneas sugestivas da covid-19. (MARZANO et al., 2020).
Veja a seguir as máculas ou manchas de origem pigmentar:
Mancha leucodérmica
Mancha de coloração branca relacionada à ausência (acromia) ou à diminuição (hipocromia) da melanina na epiderme.
Mancha hipercrômica
Mancha relacionada ao acúmulo de pigmento (melanina ou outro pigmento) na epiderme. A hiperpigmentação pode ser localizada ou generalizada. Exemplo de manchas hipercrômicas: melasma.
A Acantose nigricans é caracterizada por uma afecção aveludada, papilomatosa, com mancha hipercrômica de coloração marrom escura e placas hiperqueratóticas em certas regiões, como pescoço (93-99%), área axilar (73%) e, com menor frequência, dedos (6–8%).
A associação da Acantose nigricans é comum em obesos e em casos de resistência à insulina. Estudos têm sugerido que sua presença também pode indicar diabetes tipo 2, síndrome metabólica e síndrome dos ovários policísticos; portanto, o seu reconhecimento precoce e o atendimento especializado são essenciais para a prevenção e o controle desses agravos (VIEIRA, 2013).
Acantose nigricans.
Formações sólidas
São afecções cutâneas relacionadas ao processo inflamatório ou neoplásico. Essas formações caracterizam-se por alteração sólida e palpável da pele e podem comprometer apenas uma das camadas da pele ou, em conjunto, a epiderme, a derme e a hipoderme. Veja os tipos:
Pápula
Lesão sólida, delimitada, elevada e menor do que 1cm. Pode ser dolorosa. Geralmente, precede o aparecimento de vesículas ou pústulas.
Placa
Lesão de superfície plana maior do que 1cm capaz de apresentar-se descamativa, crostosa ou queratinizada. Ela pode ser formada pela junção de várias pápulas, sendo, assim, chamada de placa papulosa.
Nódulo
Lesão sólida, de consistência dura e delimitada, sendo geralmente palpável. Ela mede de 1 a 3cm e é localizada na hipoderme.
Tumor ou nodosidade
Lesão sólida, de consistência dura e delimitada, geralmente palpável. Ela é maior do que 3 cm e, em geral, está relacionada a um processo neoplásico. A imagem é um exemplo de carcinoma basocelular nodular.
Tubérculo
Lesão sólida do tipo pápula ou nódulo cuja evolução deixa uma cicatriz.
Vegetação
Lesão sólida, pápula elevada, de superfície dura, irregular, inelástica e de coloração amarelada. Também é chamada de verrucosidade ou lesão verrucosa.
Comedões
Lesão sólida, de coloração escura e visível, está relacionada à obstrução do folículo piloso devido ao acúmulo de queratina e sebo, conhecido como cravo. Pode ser aberta (ponto negro) ou fechada (ponto branco).
Mílio (em latim, milium)
Pequenos cistos subdermais de ceratina em forma de grão que apresentam consistência dura e coloração branca ou amarela. As áreas de maior acometimento são em torno dos olhos e ouvidos.
Elevações edematosas
São elevações bem delimitadas e circunscritas ocasionadas por edema na derme e epiderme, podendo haver um comprometimento até o nível subcutâneo. Elas podem se apresentar de forma local ou sistêmica. A dor é variável, apresentando uma alteração de cor no local afetado.
Vamos conhecer os tipos:
Urticária
Elevação irregular na forma e no tamanho, de coloração variável (do branco-rosáceo ao vermelho) e pruriginosa. Essa afecção resulta do extravasamento de plasma, ocorrendo um edema circunscrito.
Edema angioneurótico
Edema circunscrito que acontece no subcutâneo e provoca uma elevação na superfície da pele.
Coleções líquidas
São lesões caracterizadas pela presença de conteúdo líquido em seu interior de aspecto seroso, purulento ou sanguinolento. Podem apresentar uma lesão única ou múltiplas lesões, geralmente com a presença de sinais flogísticos (dor, calor, rubor e edema). Veja estes exemplos:
Lesão de pequena extensão, elevada e delimitada, com conteúdo líquido claro em seu interior e tamanho aproximado de 1cm.
Lesão com elevação da pele maior do que 1cm com conteúdo seroso e claro, podendo evoluir para purulento ou hemorrágico.
Lesão elevada, delimitada, de até 1cm e com conteúdo purulento.
Lesão elevada, de tamanho variável, com conteúdo líquido purulento e geralmente associado a sinais flogísticos (calor, rubor, dor e edema). Veja na imagem que, ao redor da lesão, existem, como citamos, sinais clássicos de inflamação.
Lesão fechada, delimitada, cujo conteúdo varia de líquido a pastoso; geralmente, trata-se de tumores benignos.
Lesão de formato irregular, sua coloração se modifica conforme a evolução, apresentando melhora ou piora geralmente localizada. Tem conteúdo sanguíneo e é relacionado a traumas, distúrbios hematológicos e outros.
Alterações de espessura
Lesões que se caracterizam pela alteração da consistência/espessura da pele, estando relacionadas com a modificação da textura dela (fina, lisa, grossa etc.).
Vamos conhecê-las um pouco mais?
Queratose
Lesão por espessamento circunscrito ou difuso da pele, tem aspecto endurecido, inelástico e coloração que varia da esbranquiçada até a amarelada, que ocorre devido ao aumento da camada córnea. Existe também a ceratose solar, ocasionada pela exposição contínua à luz solar, sendo resultado do efeito cumulativo da radiação UV do sol. Essas lesões são avermelhadas e descamativas; discretamente elevadas, são pré-cancerosas e devem ser acompanhadas por serviço médico especializado.
Edema
Lesão pelo aumento da espessura da pele, sendo depressível. Apresenta cor própria da pele ou róseo-avermelhada.
Liquenificação
Lesão caracterizada pelo espessamento da pele com acentuação de fissuras e pela coloração, que comumente torna-se castanho-escura na área de coçadura.
Esclerose
Lesão por alteração da espessura e da consistência da pele, pode apresentar hipercromia ou hipocromia com coloração branca e brilhante, tornando-se mais palpável do que visível.
Atrofia
Lesão relacionada à diminuição dos elementos cutâneos normais, oferecendo à pele um aspecto enrugado, elevado ou diminuído em relação aos planos circunjacentes. Pode ser relacionada a processos inflamatórios, infecciosos e idiopáticos.
Perdas e reparações teciduais
Trata-se de lesões relacionadas à eliminação exagerada ou à destruição de tecido cutâneo. Conheça a seguir seus tipos:
Lesão resultante do acúmulo de queratinócitos, sendo geralmente acompanhada de eritema. Pode ter aspecto seco ou gorduroso.
Lesão relacionada à perda da epiderme com a presença de exsudato. Geralmente, ela é secundária à ruptura da bolha.
Lesão relacionada à perda de epiderme e derme, podendo comprometer a hipoderme e os tecidos subjacentes.
Lesão com aspecto de fenda linear, estreita e profunda; com isso, a pele torna-se inelástica, quebradiça ou macerada. Geralmente, está presente em situações, como, por exemplo, intertrigo (irritação e ruptura da pele, maceração) e eczema crônico.
Lesão formada pelo exsudato liberado na área de perda tecidual, que é resultado da eliminação de exsudato seroso, purulento ou sanguinolento.
Lesão de espessura relacionada à reparação de tecidos destruídos, a cicatriz pode ser plana, retraída ou elevada, apresentando aspecto brilhante.
As lesões elementares podem surgir isoladamente, mas, em alguns casos, estão associadas ou combinadas. Há, assim, uma variedade de expressões descritivas, como eritematopapulosa, papulonodular, vesicobolhosa, atrófico escamosa e inúmeras outras (RIVITTI, 2014).
Há ainda outras expressões descritas em relação às lesões elementares, porém, neste módulo, procuramos pontuar as mais encontradas em práticas clínicas hospitalares e que poderão estar presentes em clínicas e centros de estética.
Profissionais de estética, a partir de uma avaliação detalhada (anamnese, inspeção e palpação), poderão realizar um diagnóstico diferencial, já que há afecções cutâneas que são exclusivamente de atuação médica. Cabe ao esteticista avaliar e orientar o paciente a procurar atendimento específico e, se for o caso, retornar para iniciar um tratamento estético após alta médica.
Assista ao vídeo a seguir e saiba mais sobre a aplicabilidade na estética.
O que é?
Dermatite é um termo utilizado para definir a lesão inflamatória das camadas superficiais da pele que geralmente se apresenta com os seguintes sinais e sintomas: bolhas, prurido, edema, eritema, crosta, escamação e, às vezes, exsudação, entre outros. Seu aparecimento pode ser de origem sistêmica (por todo o corpo) ou devido a fatores locais irritativos por meio do contato.
Tendo em vista a prática clínica no campo da estética, vamos aprender neste módulo a reconhecer as principais alterações inflamatórias da pele.
Classificação das dermatites
As dermatites são classificadas de acordo com critérios clínicos. As mais comuns são as apresentadas a seguir:
Dermatite seborreica
Afecção inflamatória crônica não contagiosa que causa principalmente descamação e vermelhidão no local afetado. Ela acomete regiões ricas em glândulas sebáceas, como couro cabeludo, áreas da face, nariz e orelhas.
Dermatite de contato ou eczema de contato
Afecção inflamatória da pele ocasionada pelo contato com alérgenos específico (por exemplo, medicamento, cosmético ou alimentos) ou metal, sendo caracterizada pelo aparecimento de prurido, edema, eritema e vesícula.
A imagem exibe um caso de dermatite de contato ocasionada devido ao uso da fivela de metal.
Dermatite atópica
É uma afecção inflamatória crônica alérgica da pele relacionada à predisposição genética. Geralmente, aparece na infância, sendo caracterizada por eczema atópico, ressecamento cutâneo, erupção com crostas e prurido.
As principais regiões de aparecimento são nos braços e atrás dos joelhos. Alguns fatores podem desencadear esse tipo de dermatite, como mofo, ácaros, irritantes ambientais, fragrâncias, produtos de limpeza, infecções e estresse emocional, entre outros.
Dermatite numular ou eczema discoide
Tipo de afecção inflamatória da pele caracterizada pelo aparecimento de erupções arredondadas ou ovais em formato de moeda, podendo ser local ou sistêmico. As lesões apresentam um eritema bem definido, prurido e crostas, podendo liberar exsudato. Essa dermatite pode ser desencadeada por substâncias irritantes e tem forte componente genético.
Dermatite estase
Refere-se a uma afecção inflamatória da pele também conhecida como dermatite ocre. Acomete as extremidades distais dos membros inferiores e está diretamente relacionada à insuficiência venosa crônica. Apresenta-se com prurido, descamação e hiperpigmentação de coloração marrom-avermelhada. Se for não tratada em seu estado inicial, poderá evoluir para uma ulceração.
O que é?
São afecções da pele desencadeadas por exposição à luz solar devido à sensibilidade aumentada ou à exposição à luz artificial. Provocam lesões degenerativas que se caracterizam por inelasticidade, atrofia, descamação, manchas hipercrômicas, hipocrômicas e ressecamento cutâneo.
Classificações
As fotodermatoses mais comuns são:
Esse tipo de afecção cutânea aparece em períodos específicos, ou seja, é sazonal. A EPL ocorre predominantemente na primavera e no início do verão, após as exposições de maior intensidade.
A maior incidência é em jovens e mulheres de fototipo baixo. A apresentação clínica se dá por meio de lesões variadas, incluindo pápulas, pápulo-vesiculares bolhosas, edematosas ou lesões do tipo prurido (coceira) ou eritema exsudativo (com secreção). Além disso, há uma distribuição assimétrica da lesão nas áreas de exposição solar.
Surge após contato com uma planta sensível ao sol (fotossensibilizante) e à radiação dele. É comum, por exemplo, quando há o contato do limão com a luz solar. Suas manifestações clínicas ocorrem de 24 a 48 horas após a exposição. Apresenta lesões avermelhadas, em geral, nas regiões expostas ao sol. Em alguns casos, formam-se bolhas.
Trata-se de uma fotodermatose adquirida. Rara, a DAC tem incidência predominante em indivíduos do sexo masculino e acima de 50 anos, tendo um caráter persistente com agravamento no verão (PAEK; LIM, 2014). Apresenta lesões e placas extensas, além de aumentar a espessura da pele, que também a torna rígida.
É uma doença crônica que se apresenta recidiva, ou seja, retorna, embora pareça estar curada em alguns períodos.
Mácula pigmentada ou conjunto de máculas que forma placas cuja coloração varia entre o castanho e o preto. As máculas estão localizadas na face, nos ombros, no colo e lábios. Apresenta origem hereditária ou surge em função da exposição solar.
Caracteriza-se por lesão nas fibras elásticas na derme, acarretando flacidez e quebra dos tecidos.
Causada em áreas de exposição solar. A pele apresenta uma deficiência de pigmentação cutânea em decorrência da diminuição ou do desaparecimento da melanina, ocasionando áreas no corpo com manhas brancas.
A recomendação do uso de filtros solares é diária para prevenção de manchas cutâneas, manchas de envelhecimento e câncer de pele. A exposição aos raios ultravioleta é a causa de cerca de 90% dos tumores de pele. Para uma melhor proteção dela, é recomendado o uso do filtro químico e do físico, protegendo-a, assim, com duas barreiras.
Assista ao vídeo a seguir e saiba mais sobre dermatoelioses ou fotodermatoses, verificando como elas podem ser prevenidas.
São afecções que comprometem o couro cabeludo e a fibra capilar. Podem ser de origem congênita, adquirida ou decorrer de outros problemas, se caracterizando por uma alteração qualitativa (como está o fio do cabelo) e/ou quantitativa (número de fios) da haste capilar. Essas alterações podem ser divididas em displasias pilosas congênitas ou adquiridas, além das alopecias.
Observe nos quadros a seguir as características das principais displasias pilosas congênitas:
Afecção | Perfil dos pelos |
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Moniletrix | Afecção na espessura. Rara e hereditária, surge na infância. Os pelos se caracterizam pela apresentação de dilatação e pelos estreitamentos alternados ao longo da haste capilar. Esses estreitamentos são curtos devido às fraturas que ocorrem. |
Tricorrexis invaginata | Afecção caracterizada pela diminuição ou escassez dos pelos. Aspecto de cabelos “ralos” e frágeis. Pelos em bambu. |
Tricopoliodistrofia | Afecção cujos pelos apresentam-se espiralados, ou seja, torcidos em torno do próprio eixo, sem brilho e quebradiços; está relacionada à deficiência de cobre. Pelos em textura de palha de aço. |
Displasias pilosas congênitas.
Quem nunca amanheceu e teve dificuldade em pentear os cabelos?
Nos Estados Unidos, Taylor McGowan é portadora de uma displasia pilosa congênita rara conhecida como síndrome do cabelo impenteável. Ela e sua família contam um pouco dessa história como um diário no Facebook.
Essa afecção é resultado de uma mutação genética na qual os cabelos crescem lentamente, ficando finos e desordenados. O fato é que há apenas 100 casos dessa síndrome descritas no mundo.
Nos quadros a seguir, veja as características das principais displasias pilosas adquiridas:
Afecção | Perfil dos pelos |
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Tricorrexe nodosa | Afecção da haste do cabelo caracterizada por nódulos ao longo dos fios, principalmente nas pontas; está relacionada à alteração longitudinal e à transversal. É uma resposta dos fios ao trauma físico ou químico. |
Tricoptilose | Afecção caracterizada por cabelos frágeis e bifurcados, popularmente conhecida como “pontas duplas”. Sua causa principal está relacionada ao uso indevido de produtos químicos. |
Tricotilomania | Afecção comportamental no campo dos transtornos psiquiátricos, caracterizado por regiões de alopecia relacionadas à tração intencional, ou seja, ao impulso recorrente de arrancar os próprios cabelos. |
Displasias pilosas adquiridas.
Agora verifique nestes quadros as características das principais alopecias:
Afecção | Perfil |
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Alopecia androgenética | Afecção caracterizada pela queda de cabelos, popularmente conhecida como calvície. É comum na população e, geralmente, torna-se aparente entre 40-50 anos de idade. Em geral, as mulheres são acometidas mais na área central do couro cabeludo, e os homens na área central e frontal (entradas). |
Alopecia areata | Caracterizada por áreas de alopecia arredondadas ou ovais, locais, generalizadas ou até universal, com perda total de pelos e sem sinais inflamatórios. Etiologia desconhecida. Pode estar associada a fatores emocionais, metabólicos e imunológicos. Em geral, sua evolução é favorável e a repilação (nascimento de pelos) ocorre entre 2 e 6 meses. |
Alopecia cicatricial | Afecção caracterizada pela ausência ou diminuição dos pelos devido à destruição dos folículos pilosos causada por processo inflamatório, traumatismo, queimaduras ou agentes químicos. Apresenta atrofia cicatricial. Neste caso, não haverá mais crescimento dos cabelos. |
Alopecias.
São infecções fúngicas que acometem a lâmina ungueal (unha), provocando espessamento, endurecimento, descoloração e desintegração da unha. Podem ser causadas por várias espécies de fungos.
Geralmente, os pés são mais afetados, por enfrentarem ambiente úmido e quente com maior frequência do que as mãos. Esse ambiente é considerado ideal para o crescimento dos fungos. Sua ocorrência está relacionada a fatores, como: higiene pessoal, idade, sexo, comorbidades (por ex. diabetes), atividade social, entre outros.
(MARTINS et al., 2007)Essa afecção pode ser classificada de acordo com suas características clínicas, as quais, por sua vez, são determinadas pelo modo como o fungo invade a unidade ungueal. Veja a seguir:
Tipos | Definição |
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Onicomicose subungueal distal | Neste caso, o fungo acomete primeiramente a camada endurecida da epiderme sob a borda livre da unha e progride de maneira lenta e progressiva para o lado debaixo da lâmina ungueal lateral e proximal. |
Onicomicose subungueal superficial | Acomete a superfície da lâmina ungueal e produz “ilhas” brancas de infecção. É comumente encontrada nas unhas dos pés. |
Onicomicose subungueal proximal | O fungo acomete a unidade ungueal via dobra ungueal proximal através da cutícula e progride distalmente. |
Onicodistrofia total | Acomete toda a lâmina ungueal, permanecendo apenas restos de queratina aderidos ao leito ungueal. |
Apresentação das onicomicoses:
Onicomicose subungueal distal.
Onicomicose superficial branca.
Onicomicoses subungueal proximal.
Onicomicoses por cândida.
O uso da terapia fotodinâmica tem apresentado resultados seguros e promissores no tratamento de onicomicose por meio da interação da luz vermelha (ou LED), que é emitida pelo equipamento de laser com o uso de um fotossensibilizador aplicado no leito ungueal. Com isso, observa-se um resultado rápido e eficaz.
Conceito
Neoplasia é o crescimento celular atípico na pele devido a um processo patológico de multiplicação celular anormal que pode resultar no desenvolvimento de um tumor. O termo “tumor” refere-se a um aumento do volume de uma parte do organismo; entretanto, ele é comumente usado como sinônimo de neoplasia. As neoplasias podem ser classificadas como benignas ou malignas.
Entre as principais causas para a ocorrência dessa alteração, destacam-se o fumo, o álcool, os hábitos alimentares e a exposição prolongada e repetida à radiação ultravioleta. As neoplasias podem atingir diferentes órgãos e tecidos do nosso corpo. Neste módulo, entenderemos aquelas que acometem o tecido cutâneo.
Classificações
Neoplasia cutânea benigna
São tumores benignos da pele com as seguintes características: ser bem delimitados, ter crescimento lento, não invadir tecidos adjacentes e não provocar metástases.
Os tipos mais comuns observados são:
É uma afecção benigna caracterizada pelo aparecimento de pequenas pápulas de 2 a 4mm. Com coloração escura, elas são assintomáticas e discretamente elevadas, sendo mais comuns em indivíduos com fototipo alto e em mulheres. Essa dermatose atinge principalmente a face, o pescoço e o colo.
Trata-se de uma afecção benigna caracterizada pelo aparecimento de pápulas com tamanho entre 2 e 5mm. De coloração amarelada, elas são arredondadas e, por vezes, com centro afundado. Essa afecção está relacionada ao aumento das glândulas sebáceas, e as regiões mais afetadas são a frontal da face, o arco zigomático e o nariz.
Estudos apontam que sua causa está relacionada à diminuição da circulação de hormônios androgênicos (hormônios sexuais femininos, como, por exemplo a testosterona). A taxa de amadurecimento dos sebócitos (células epiteliais que formam as glândulas sebáceas) é diminuída, causando um aumento da concentração de sebócitos primitivos (ou imaturos) dentro das glândulas sebáceas, o que resulta em seu aumento de volume. (TAGLIOLATTO; ALCHORNE; ENOKIHARA, 2011).
Afecção benigna caracterizada por pequenas manchas de coloração marrom formadas pelo acúmulo de melanócitos (células que produzem o pigmento da pele). Regulares e podendo ficar ou não elevadas, são popularmente conhecidas por pintas e sinais. Seu aparecimento tem forte componente genético e exposição solar.
É uma afecção benigna ocasionada pelo crescimento das células das glândulas sudoríparas, caracterizada por pápulas da cor da pele, de 1 a 5mm, as quais, em geral, são múltiplas e, às vezes, isoladas. Assintomáticas, elas surgem de forma mais frequente em mulheres adultas, sendo predominantes em indivíduos brancos. A área mais acometida é a face - em particular, as pálpebras e as regiões periorbitárias.
É uma afecção benigna caracterizada por nódulos consistentes arredondados ou ovalados, juntos ou isolados. De coloração castanha, marrom ou negra, eles são revestidos por escamas espessas que se assemelham a uma grande verruga. Seu tamanho, em média, é de 1 a 2cm, sendo, por vezes, maior. As áreas mais afetadas são a face, o dorso e as mãos.
É uma afecção benigna caracterizada por pápulas pendiculares, arredondadas, de consistência mole e elástica. Com pequenas dimensões (em média, de 2 a 10mm), elas podem ser únicas ou múltiplas, apresentando uma tendência a crescimento progressivo e sem involução espontânea. Sua origem é desconhecida: provavelmente, está relacionada a fatores hormonais. As áreas mais afetadas são a região cervical, a axilar, a inguinal, a perineal e a inframamária, assim como as pálpebras.
Segundo estudos, os acrocórdons são marcadores de resistência insulínica e de potencial síndrome metabólica, ou seja, sinalizam para um estado de pré-diabetes. Sua ocorrência vai muito além de uma questão estética. Por isso, oriente seu cliente. Fique atento!
Neoplasia cutânea maligna
No Brasil, a estimativa para cada ano do biênio 2018-2019 é que ocorram 6.260 casos novos de melanoma (2.920 em homens e 3.340 em mulheres) e 165.580 de câncer de pele não melanoma (85.170 em homens e 80.410 em mulheres). As maiores taxas do Brasil são encontradas na região sul (BRASIL, 2017).
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), câncer é o nome dado a um conjunto de mais de cem doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos, podendo metastizar-se, isto é, atingir outros órgãos e tecidos. (BRASIL, 2006).
De acordo com Apalla e demais autores (2011), de 60 a 65% das neoplasias primárias de pele surgem de lesões pré-neoplásicas previamente diagnosticadas, como, por exemplo, a ceratose actínica. Os fatores extrínsecos são radiação ultravioleta, radiação ionizante, carcinógenos químicos e papiloma vírus humano (HPV 16 e 18). Já os intrínsecos são genética, lesões precursoras e fatores imunológicos.
O principal fator de risco para o câncer de pele é a exposição à radiação ultravioleta (UV), que agride diretamente a estrutura do DNA, provocando alterações estruturais e oxidação.
(KABIR et al., 2015)Didaticamente, elas são divididas em neoplasias não melanomas, representadas basicamente por carcinoma basocelular e espinocelular, e melanomas, cuja representação se dá pelas diversas apresentações do melanoma maligno cutâneo. Verifique a seguir:
É uma lesão elevada e arredondada com cor da pele ou rosada brilhante. Indolor e de crescimento lento, ela invade o tecido, mas raramente produz metástases. Representa 70% dos cânceres não melanomas. De acordo com Apalla e demais autores (2017), surge em áreas fotoexpostas, como nariz, orelhas, face, pescoço e dorso das mãos, embora possa aparecer em qualquer área do corpo. É frequente em indivíduos de pele clara.
Lesão que se origina na camada mais superficial da epiderme, afetando as células escamosas que constituem a maior parte das camadas superiores da pele. Cerca de 20% dos cânceres de pele são carcinomas espinocelulares. Geralmente, afeta áreas do corpo expostas ao sol: rosto, orelhas, lábios, pescoço e dorso da mão. Pode surgir ainda em cicatrizes ou feridas crônicas em qualquer parte do corpo (com menor frequência). Também é capaz de se formar na pele dos genitais.
O melanoma maligno é, entre as neoplasias de pele, a de pior desfecho e sobrevida. Seu desenvolvimento é resultante de múltiplas e progressivas alterações no DNA celular que podem estar associados aos seguintes fatores: lesões pigmentadas (como efélides), exposição solar, queimaduras solares (especialmente durante a infância), uso de câmaras de bronzeamento, melanoma cutâneo prévio e histórico familiar. O melanoma representa 4% do total dos cânceres cutâneos, sendo menos frequente que os carcinomas basocelular e espinocelular. Entretanto, apesar de ter uma incidência relativamente baixa, assume grande importância devido ao seu elevado potencial de gerar metástases e letalidade. É frequente em pessoas de pele clara, afetando, principalmente, a faixa etária dos 30 aos 60.
Melanoma em um corpo masculino, um câncer que se desenvolve a partir de células melanócitos contendo pigmentos.
Identificação
Segundo Gomes (2017), é possível utilizar o teste do ABCD, porém não compete ao esteticista realizar o diagnóstico de câncer: é responsabilidade do profissional da área da saúde não médico avaliar a lesão e orientar o paciente a procurar um serviço especializado.
Muitas pessoas procuram centros ou clínicas de estética queixando-se de alguma lesão ou mancha no corpo. Quando o profissional tem um pouco mais de experiência, consegue suspeitar de que pode ser algo mais grave, mas nem todos conseguem fazer essa análise e acabam mexendo ou indicando cosméticos de uso home care.
Por isso, sempre se faz necessária uma avaliação inicial detalhada, uma vez que a lesão cancerígena apresenta modificação ao longo do tempo.
Veremos agora o A, B, C, D, que pode ser aplicado no momento da avaliação física de uma lesão:
A: Assimetria
Deverá indicar duas partes iguais se for traçada uma linha imaginária sobre a lesão.
B: Borda
Tem de ser regular.
C: Cor
Precisa ter cor única.
D: Diâmetro
Não deve ultrapassar 6mm ou 0,6cm.
Assista ao vídeo a seguir e saiba mais sobre neoplasias e saúde, assim como sobre beleza e bem-estar.
As afecções cutâneas são prevalentes no Brasil e, consequentemente, na prática assistencial dos profissionais de saúde estética. Nesse sentido, apresentamos neste conteúdo as alterações cutâneas e suas principais características com o intuito de construir uma discussão apropriada acerca da aplicabilidade teórico-prática frente às principais lesões elementares, dermatites, onicomicoses, tricoses e neoplasias.
Dessa maneira, a temática aqui abordada considerou os principais subsídios científicos para a execução de uma assistência segura e eficaz no campo da estética. Nosso objetivo é que você se torne um profissional com a habilidade de orientação, execução de um plano de tratamento adequado e, quando necessário, encaminhamento para atendimento especializado, visando à qualidade e à segurança do atendimento prestado na área estética.
Para encerrar, ouça agora um resumo dos principais pontos abordados neste conteúdo.